A História dos Selvagens - Parte 2 - Raiva escrita por ShiroMachine


Capítulo 21
Fernando: Aprendo a controlar o meu poder




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Rangi os dentes enquanto os Rebeldes nos tomavam como reféns. A garota que liderava o grupo deu uma gargalhada.

_Ora, ora, alguém aqui parece guardar rancor de nós.

Ela me lançou seu melhor olhar de escárnio, e eu lancei a ela meu melhor olhar de ódio.

Eu já havia encontrado os Rebeldes uma vez, e não recomendo a experiência pra ninguém. De alguma forma, três Rebeldes acharam minha casa no meio da floresta no meu aniversário de 15 anos, e quase me mataram. Meu cavalo foi quem me salvou, dando coices e patadas neles. Dessa vez, meu cavalo não estava ali pra me ajudar, o que me deixou triste.

O grupo nos levou até um local distante da casa de Erick. O problema era que a casa de Erick ficava no meio do nada. O grupo nos fez ficar de joelhos, e a garota se virou pra nós. Ela devia ter uns 20 anos, tinha cabelos loiros e olhos azuis. Tinha várias cicatrizes no rosto.

_Não conseguiu fugir dessa vez, não é, espião?

Erick tomou uma expressão de ódio.

_Pensei que ia se esconder no seu covil pra sempre desde que tomou aquela surra do Governo.

A garota riu com desdém.

_Agora você não trabalha mais por Governo espião. Eles não vêm mais ajudar você.

Erick grunhiu. Fiquei feliz ao ver que ele sentia tanto ódio dos Rebeldes quanto eu.

A garota olhou pra mim e pra meus amigos. Seu olhar se fixou em Felipe primeiro.

_Ora, você trouxe um grupo tão bonito._ Ela apertou o rosto de Felipe, que tirou as mãos dela com um gesto brusco.

_Olha, que garoto hostil._ Então se voltou pra Letícia. _Creio que sua amiguinha aqui não seja tão agressiva.

Ela ergueu o rosto de Letícia.

_Não toque nela!_ Gritei.

Só então ela pareceu notar que eu estava ali. Ela se aproximou, e fez a mesma coisa que fez no rosto de Felipe no meu rosto.

_Ah, esse sim é um herói._ Ela riu.

A raiva tomou conta de mim. Eu cuspi no rosto dela. Foi a vez dela ter a expressão tomada pela raiva.

_Filha da...

Eu ri, estranhando a minha própria risada. Era quase... insana. A garota olhou pra mim, com os olhos tempestuosos.

_Matem esse primeiro!_ Exclamou ela. _Fiquem com a espada dele!

_Não!_ Exclamou Letícia. Felipe começou a se debater contra as cordas que prendiam suas mãos.

A garota apontou a arma pra eles.

_Diga pra seus amigos ficarem quietos, ou eu atiro.

Eu olhei pra eles. Letícia estava a beira das lágrimas e Felipe me lançava um olhar do tipo: “Não ouça essa megera!”.

_Fiquem tranquilos._ Eu disse. _Eu vou sair dessa.

Tentei lançar um sorriso confiante a eles, mas não era fácil com quatro pistolas apontadas pra minha cara.

Os capangas dela me levaram pra longe de meus amigos. Eles me fizeram ficar parado enquanto faziam um círculo ao meu redor.

_Antes de me matarem..._ Falei, pensando em um plano. _me deem 10 segundos.

Os capangas se entreolharam, mas concordaram. Então eu me concentrei. Fechei os olhos, pensando no que eu senti quando lutei contra os lobos, quando estava nos tuneis subterrâneos com os relatórios da minha mãe e do meu pai e quando pulei pro carro de Erick para não morrer pela chuva ácida. Eu me sentira mais poderoso, e sabia que não era por acaso. Os Rebeldes começaram a contagem regressiva.

_10!

Pensei na minha mãe, que havia morrido pelas mãos do meu pai.

_9!

Pensei no meu pai, a pessoa que eu mais odiava naquele momento.

_8!

Pensei nos anos que vivi com meu pai adotivo.

_7!

Pensei no momento em que me tornei um eco sobrevivente.

_6!

Pensei no momento em que havia saído naquela missão, quando conheci Felipe e Letícia.

_5!

Pensei nas pessoas que havia conhecido na missão até agora.

_4!

Pensei nos revolucionários.

_3!

Pensei no Governo.

_2!

Pensei em Jaqueline, a garota que entendia o que eu sentia.

_1!

Pensei nos meus amigos, que precisavam de mim.

E então, senti o poder fluir dentro de mim.

Os Rebeldes atiraram, e de repente o tempo pareceu desacelerar. As balas se aproximavam lentamente. Eu pulei para me desviar delas, pulei mais alto do que qualquer outra pessoa jamais conseguiria. Parei de pé, e olhei para os quatro Rebeldes, que pareciam atônitos. Soltei as minhas mãos.

Corri para o Rebelde mais próximo. Pulei e o chutei na cara, nocauteando ele. Quando ele desabou, eu peguei sua arma, e me virei para os outros três, que saíram de seu transe. Corri para outro Rebelde, me desviando das balas, e o nocauteei com outro chute. Atirei nos dois restantes.

Parei, sentindo o poder esvair. No chão, os quatro Rebeldes jaziam no chão, inconscientes.

_Tenho que salvar meus amigos._ Sussurrei.

Recarreguei a arma e voltei para onde meus amigos estavam.

Eu tentei ficar escondido por um tempo. Letícia estava chorando aquela altura, e Felipe tinha o olhar de ódio. Erick olhava para o chão, com um olhar triste. A garota que liderava o grupo ria.

_Viu só? Está morto. E vocês são os próximos. Vou só esperar aqueles idiotas chegarem.

_Acho que isso não vai acontecer tão cedo._ Falei, saindo de meu esconderijo.

A líder dos Rebeldes me olhou como se eu fosse um fantasma.

_Como você...?

_Seus capangas são bem idiotas mesmo._ Desafiei.

Eu não queria explicar o que havia acontecido contra os Rebeldes. Não com a líder e Erick ali.

A garota grunhiu, e apontou sua arma pra mim. Eu pensei no poder que havia sentido, e ele voltou pra mim. Ela atirou, mas eu desviei da bala. Atirei nas duas pernas dela, e ela caiu no chão, me xingando de uns nomes bem feios. Meus amigos e Erick olhavam pra mim, atônitos. Os libertei.

_Temos que correr._ Falei. _Eu só desmaiei os caras.

Felipe e Letícia me questionavam com o olhar, os dois claramente felizes em me verem vivo. Fiz o meu melhor olhar de “depois eu explico”.

Erick nos levou de volta a casa dele. Nos despedimos, ele agradeceu mais uma vez por ter salvado a vida dele, e me deu um último olhar de questionamento. Então, eu e meus amigos seguimos nosso caminho rumo aos revolucionários.


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