A História dos Selvagens - Parte 2 - Raiva escrita por ShiroMachine


Capítulo 20
Lucas: Nosso novo desafio começa




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Eu fiquei fitando o reflexo, aterrorizado com o que estava vendo.

_Lucas?_ A voz de Tatiane me trouxe de volta à realidade. Olhei pro lado, e ela era ela de novo. Olhei pro espelho e não era mais Fernando que estava no reflexo. _Está tudo bem?_ Ela franziu a testa.

Eu esfreguei a mão na testa.

_Sim._ Menti.

Seu rosto assumiu uma expressão de preocupação.

_Conseguiu conversar com ela.

Assenti, e contei a ela a conversa com a mãe-natureza. Quando terminei, ela franziu os lábios.

_Bem, se a mãe-natureza concorda com a gente sobre o destino do pai de Felipe e Letícia...

_Isso é mal._ Concluí.

Ela se limitou a assentir.

_Bem, conseguimos pelo menos acertar no nosso próximo destino. Amazonas.

_Mas como as coisas vão ficar mais complicadas é a questão._ Eu afirmei.

Tatiane deu de ombros.

_Talvez tenhamos mais visões, ou coisa do tipo.

O próximo assunto já era mais delicado.

_O pai de Fernando alojou o instinto selvagem. Mas ele não o aguentou, e enlouqueceu.

Tatiane suspirou.

_E pensar que tudo isso foi apenas um reflexo do que aconteceu aqui. É perturbador, não é?

_O que, sabe que não podemos errar?_ Eu dei um risinho. _Nem.

Rimos muito depois disso. Rimos tanto que acordamos Vitor.

_Se os dois pombinhos não calarem a boca, eu taco meu travesseiro em vocês.

Isso só gerou mais gargalhadas pra mim e pra Tatiane, apesar de sentir meu rosto esquentando ligeiramente. Tatiane ficou séria de repente, e olhou pro nada.

_O que houve?_ Indaguei, franzindo a testa.

_Nada._ Ela suspirou. _Só... um pressentimento.

Vitor se levantou, e olhou sério para ela.

_Como assim?

_A próxima fita._ Disse Tatiane. _Quer dizer, o nosso voo é hoje a noite, não é?

Eu assenti.

_Então..._ Continuou ela. _estou com uma sensação que vamos receber a fita antes ou durante o voo.

Eu entendi o ponto dela. Havíamos recebido a segunda fita pouco antes de virmos pra Salvador.

_Talvez._ Falei, dando de ombros. _Mas não temos como saber. Vamos só... tentar nos manter sãos até o fim do dia.

Vitor e Tatiane assentiram em concordância, mas algo parecia incomodar Vitor.

_Gente._ Disse ele. _Eu tava pensando sobre esse negócio do instinto selvagem... parece... representar as características primordiais humanas.

Eu franzi a testa.

_Como assim?

_Tipo..._ Ele tentou continuar. Vitor tinha uma dificuldade imensa em se expressar. _O instinto de sobrevivência humano e tudo o mais, entendem?

Eu ponderei sobre o que ele disse. Tatiane concordou, mas eu fiz o contrário.

_Não parece isso._ Não me pergunte da onde eu tirei minhas próximas palavras, eu não vou saber responder. _O instinto humano é um tanto parecido com o instinto animal. Quando estamos em perigo, nos comportamos de maneira semelhante a animais. É por isso que muita gente acredita na teoria da evolução.

Eu fitei Vitor e Tatiane, pra ver se entendiam o que eu estava dizendo. Eles fizeram gestos para que eu continuasse, e assim eu fiz.

_O instinto selvagem parece realçar características únicas do ser humano.

Vitor ergueu a sobrancelha.

_Por exemplo?

_A loucura._ Falei. _O pai de Fernando ficou louco por causa do instinto selvagem. O ser humano é o único que pode ficar louco sem ser por instinto.

Meus amigos olhavam pra mim, um tanto atônitos. Eu olhei pra Tatiane.

_É só o que eu pensei._ Disse, levantando os ombros.

Ela suspirou e olhou pro nada.

_Na verdade, até que faz sentido. Apesar de que você podia ter explicado de uma maneira melhor.

_Sinto muito.

Ela sorriu.

_Bem, vamos esquecer isso por hora._ Ela olhou pra Vitor. _Vamos nos preocupar com o que vamos fazer quando chegarmos no Amazonas.

Ele franziu a testa, mas pareceu entender. Não podíamos simplesmente chegar e entrar na Floresta Amazônica.

_Certo._ Disse Vitor. Ele deve ter ouvido o som do meu estômago roncando, pois disse. _Vamos comer, antes de mais nada. Eu estou morrendo de fome.

Horas mais tarde, entramos no avião que ia rumo ao Amazonas. Eu estava com o toca-fitas na mão, por via das dúvidas. Eu, meus amigos e nossas mães nos acomodamos nos lugares. Meus amigos se sentaram ao meu lado. Por algum motivo, eu me sentia totalmente exausto.

_Talvez seja um chamado da mãe-natureza._ Disse Tatiane. _Talvez ela esteja querendo conversar de novo.

Eu franzi a testa, duvidando daquilo. Seria meu pior pesadelo se eu sonhasse com a mãe-natureza por duas noites seguidas. Mas decidi que não havia nada a perder. Disse pra Tatiane que me acordasse caso tudo desse errado. E então, fechei os olhos.

Naturalmente, assim que meus olhos se fecharam, eu sonhei.


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