Sangue e Alma escrita por FireboltVioleta


Capítulo 20
Sangue e Alma




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RONY

Ver Hermione saudável e alegre outra vez ela deliciosamente maravilhoso.

Desde que a Batalha terminara, qualquer sorriso, qualquer gesto, qualquer olhar dela mexia comigo de um jeito novo e fantástico. Eram aquelas pequenas reações que me faziam sentir irracionalmente feliz. Eu não entendia como uma simples garota podia me deixar tão embasbacado com coisinhas tão bobas, ainda mais depois de tudo que nós havíamos sofrido nos últimos tempos.

Revirei os olhos para mim mesmo. Hermione nunca fora uma simples garota.

"Se não fosse por ela, você nem estaria aqui para discutir isso", acusou minha mente. "Você e Harry já teriam morrido.".

Minha consciência culpada tinha razão. Mas lembrar o que Hermione já havia feito por mim só me doía, pois também me lembrava o que eu já havia feito à ela em troca.

Hermione voltou à mesa da Grifinória minutos após o discurso de Kingsley, depois de conversar com Luna. Enquanto ela voltava a se sentar, Dino tagarelava com Harry ao meu lado.

– Você acha que os Comensais que ainda estão foragidos vão atacar outra vez de um jeito organizado?

– Talvez - Harry suspirou, rodando a panqueca no prato - mesmo que eles não tenham algum objetivo à não ser retaliar a derrota de Voldemort, duvido que vão desistir ou se render tão cedo.

– Grande coisa - brinquei, erguendo os olhos para eles - quando eles vierem, estaremos prontos para acabar com a a raça deles, como fizemos todo esse tempo.

– Como você disse, maninho... - Gina piscou para mim - se tivermos a Hermione, não tem parede de hospício que fique em pé.

Hermione fez uma careta na tentativa fracassada de fingir aborrecimento. A expressão dela era adorável.

Fiquei lembrando, com carinho, de todas suas expressões de vampirizada na hora de demonstrar emoções.

Tinha que confessar que a Hermione vampirizada me fascinara tanto quando tua personalidade normal. Era como se tudo nela tivesse sido realçado: as qualidades, como sua coragem, sua imponência, sua inteligência e sua beleza... e os defeitos, como sua eterna teimosia e irritação. Era como uma caricatura... a mais bela caricatura do mundo.

Mas vê-la normal outra vez me aliviava imensamente.

– Então, Hermione? - Harry indagou, interessado - o que Luna falou?

Hermione riu baixinho, me dando uma piscadela.

– Ela disse que, depois de refletir um pouco, se deixar levar por um destino tão mundano quanto se apaixonar e dar ósculos por aí não parece tão ruim assim.

Todo mundo caiu na risada, menos Neville, que fuzilou Hermione com o olhar.

– Traduzindo, ela adorou - completou Hermione, ainda rindo.

– Óscu o quê? - Dino arrulhou, secando as lágrimas de riso que lhe escorriam no rosto.

– Para você, significa beijo - Gina olhou de relance, corando quando Harry ergueu a sobrancelha - e beijo para você, não se preocupe.

Ver Hermione se retorcendo de rir era um quadro peculiar e engraçado... ou era eu, que estava tão apaixonado, que tudo que ela fazia me parecia divertido?

Neville parecia mastigar a língua, estalando os dedos para Hermione e fazendo cara feia.

– A culpa é sua.

– Qual é? - Hermione piscou inocentemente - só fui sincera.

Hermione, ainda se sacudindo de rir, encostou a cabeça em minha bochecha, deixando-a muito quente e dormente. Seu toque, por mais simples que fosse, causava reações muito estranhas e profundas em meu corpo, como se meus músculos e minha pele fossem fios desencapados de um núcleo de varinha.

Quando Hermione se ajeitava em meu ombro ou em meus braços, eu não podia deixar de me maravilhar com o fato de seu corpo parecer se moldar tão bem ao meu. Como se tivesse sido feito sob medida para mim.

"Droga, Rony", pensei. "Você a ama. Demais. Não pode mais ver seu futuro sem ela. Diga logo o que sente".

– Hermione, você quer... ahn... dar uma volta?

Hermione arregalou os olhos, surpresa, mas assentiu.

– Tudo bem... nós voltamos daqui a pouco, tá, gente?

– Vai na paz - Gina respondeu por todos, o rosto quase rachando ainda de tanto dar risada.

Peguei a mão de Hermione e a puxei em direção ao Corredor Sul.

– O que foi? - ela indagou, quando já estávamos longe o suficiente da barulheira do Salão Principal.

– Nada - desconversei - só queria que tivéssemos, hum... um tempinho a sós.

Hermione me olhou de um jeito humorado enquanto andava, como se dissesse "e a noite passada na cama foi o quê, então?".

Chegamos até uma sala vazia de Transfiguração, onde entramos. Fechei a porta atrás de nós dois.

– Tudo bem, Rony - ela sentou em cima de uma das carteiras - desembucha.

– Desembuchar o quê? - fiquei desagradavelmente quente em meu rosto.

– Você não me isolaria do mundo todo só para passear ou "passar tempo a sós" - ela fez aspas com as mãos, Minha Hermione sarcástica havia voltado com força total.

Sentei na carteira ao lado da dela, com o olhar perdido.

– Lembra do que eu te disse antes dos Comensais invadirem o castelo?

– Aquela carochinha de que você me amava? - Hermione murmurou, tentando fingir desinteresse e incredulidade, mas pude ver algo muito forte no fundo de seu olhar que a desmascarava. Seus olhos brilhavam e ela arfou baixinho.

– É... - olhei para ela, enquanto puxava sua mão - na hora, pareceu loucura mesmo. Mas não foi um comentário. Agora sei que eu só falei uma simples verdade.

Hermione estreitou os olhos, parecendo estranhamente triste e confusa.

– Sério?

Me levantei de um salto, indo até Hermione. Puxei seu corpo pela cintura até o meu, me surpreendendo com a facilidade com que ela deixou-se levar pelos meus braços. Estava muito magra ainda depois da vampirização, mas pude sentir uma oposição em suas pernas que Hermione não tinha quando vampirizada, o que indicava que já estava mais forte do que antes.

Ela pousou as mãos em meu peito, corando adoravelmente. desviou um pouco a cabeça, não de um modo relutante, mas de um jeito envergonhado.

Fiquei satisfeito ao voltar seu rosto para mim e beijar seus lábios tímidos.

Fiquei pasmado com a diferença do beijo de Hermione. No nosso primeiro beijo, tudo havia sido fruto de adrenalina e desespero, resultando em algo aflito e urgente. Quando Hermione estava vampirizada, havia sido algo cheio de paixão e volúpia.

Mas agora, naquele momento, nós tínhamos certeza quanto a nós dois e nada a perder ao nosso redor. E Hermione nunca me parecera tão vulnerável, inocente e mansa. Era assustador ver a timidez e o amor presente no beijo que ela me retribuiu.

Enquanto idolatrava aquele momento sublime, não pude deixar de pensar no como Hermione ficaria desprotegida se alguém se passasse por mim. Céus... seria tão fácil amaldiçoa-la com ela desarmada... enfiar uma faca em seu corpo entregue e próximo... a simples ideia me fazia querer vomitar.

Hermione pareceu captar o que eu estava pensando. Ela separou os lábios dos meus, apenas para me abraçar e encostar a cabeça no meu pescoço.

– Você foi incrível essa semana, Rony - ouvi sua voz quebrar um pouco, como se ela quisesse chorar - eu não pude, e acho que nunca vou poder, agradecer pelo que fez. Nenhuma outra pessoa seria tão louca e corajosa.

Retribuí seu abraço, apertando-a contra meu peito. O amor que agora latejava cruelmente em meu coração era quase insuportável... assim como a ideia de perdê-la.

– Eu te amo. Sério, de verdade - sussurrei em seu ouvido - e nunca mais vou ficar longe de você... é uma promessa.

– Acho que não posso fugir disso - ela murmurou em resposta, sorrindo.

– E não vai - respondi, acariciando seus cabelos.

Senti uma paz imensa quando Hermione colou sua testa na minha, fechando os olhos.

Pude sentir, em seu peito colado ao meu, a batida frenética de seu coração.

Sim, eu a amava. Um fato idiota, simples, e maravilhoso.

– E você, também me ama? - brinquei, ainda de olhos fechados.

Nunca uma sala de aula me parecera tão clara... ou era minha felicidade explodindo em ondas nas paredes. Senti uma alegria intensa quando ela respondeu.

– De sangue e alma...

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"O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno."

Henry Van Dyke


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