Sangue e Alma escrita por FireboltVioleta


Capítulo 21
Epílogo - Austrália




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557612/chapter/21

HERMIONE

Casseta, eu estava tão feliz que podia até dizer "casseta" sem ficar constrangida.

Aquilo que eu e Rony havíamos vivenciado dentro da sala de Transfiguração ficaria completamente trancado à três chaves aladas e embaixo de um cão de três cabeças.

Eu tinha o péssimo pressentimento de que aquela seria a última vez que Rony diria que me amava.

E, ao mesmo tempo, o ótimo pressentimento de que dizer isso não seria mais necessário... eu já me sentia amada. Como se eu pudesse sentir o contrário depois de tudo o que Rony fizera e sofrera nos últimos meses.

Saímos da sala de mãos dadas, como quando voltamos para o castelo após o fim da batalha. Eu nunca havia percebido o como a mão de Rony, apesar de grande e desajeitada, era macia em contato com a minha. Ou era eu, que estava tão feliz que estava completamente sensível aos estímulos ao meu redor.

Harry sorriu quando voltamos à mesa da Grifinória.

– Aonde vocês foram? - xeretou Gina, franzindo a testa.

– Não é da sua conta, Gina... - Rony resmungou.

Para minha surpresa, Gina deu um sorriso contente.

– Ah... meu irmãozinho voltou. Graças a Deus - ela rodou a talher que segurava uma empada, rindo - senti falta da sua língua afiada. Você finalmente voltou ao normal.

– É - afaguei o ombro dele com a bochecha, sem segurar um sorriso - ele voltou.

– Não voltei não - Rony puxou minha mão e, para espanto geral, a beijou - nunca mais vou ser como antes.

– Ah, que fofo... - Parvati se derreteu, cutucando Heloísa, que tinha a mesma expressão derretida.

– Cala a boca, Parvati - também resmunguei, fracassando miseravelmente em esconder meu sorriso.

– Afe, sentem aí antes que eu vomite - Gina gemeu, porém, sem disfarçar o contentamento em sua voz.

– E aí, o que vamos fazer agora? - Rony indagou quando sentamos.

– Como assim? - perguntei, confusa.

– Bom... - Rony piscou, parecendo tenso - agora que, sabe, tudo acabou... você não vai ir atrás de seus pais?

A pergunta, apesar de ser sincera, preocupada e gentil, me apunhalou como uma faca enferrujada nas costas.

Senti meus olhos formigarem quando lembrei de minha família. Como estariam meus pais? Onde estariam agora? Será que eu conseguiria encontrá-los? E como faria isso? E - senti um mal estar ao pensar - será que eu conseguiria reverter o Feitiço da Memória, sendo que eu nunca havia feito isso antes?

Me angustiava não ter resposta para essas perguntas.

Rony pareceu ler meu pensamento, tão bem quanto fazia quando eu estava vampirizada.

– Nós vamos encontrá-los, Hermione. Não se preocupe.

Não deixei de perceber o pronome que ele usou.

– Nós? - murmurei, aturdida.

– Ah, fala sério, Hermione - Rony revirou os olhos - acha mesmo que vai sozinha atrás deles? Não viaja... já imaginou na encrenca que você ia se meter com o Ministério aqui? Se você vai se encrencar mundo afora, é bom ter uma companhia, nem que seja para não ir presa sozinha - ele riu.

"Você sabe que se o Ministério da Magia descobrir que você lançou o Feitiço de Memória nos seus pais", continuou Rony. "Você vai se enrolar legal com o Tribunal da Magia quando tudo se acertar, já que tudo isso envolveu arriscar expor nosso mundo e o escambau. Não podemos contar com eles agora, mesmo que fossem ajudar, já que ainda há uma pá de outras coisas para resolver aqui depois da queda de Voldemort. Agora, o Ministério da Magia australiano já é outra história."

Pisquei, chocada.

– Você andou estudando? O livro "Processos Jurídicos da Magia", ainda por cima?

Rony riu.

– Isso foi tudo que você absorveu do que eu te disse?

– Não, entendi o resto - foi minha vez de revirar os olhos. O que Rony havia dito fazia todo o sentido.

O problema era sair de fininho da Inglaterra sem ninguém desconfiar e, mais importante, puxar Rony comigo.

– Seus pais, Rony - eu balancei a cabeça, preocupada - eles acabaram de perder um filho... não vai ficar melhor se outro também desaparecer do nada... e, como você disse, não vai ser um passeio. Se você se "encrencar" comigo, eu não vou me sentir nada bem se algo te acontecer.

Rony franziu o rosto, com uma expressão de tristeza e cansaço.

– Eu sei... - ele ergueu o olhar, e congelei ao ver o como seu olhar me perfurou - e eu não vou ficar melhor se a garota que eu amo também sumir do nada... não vai ser um piquenique ali na esquina, Hermione. Não.. - ele arfou baixinho, fechando os olhos - ... não posso deixar você ir sozinha. Não posso... não entende?

Suspirei. Ah, Rony...

– Entendo sim - eu deitei a cabeça em seu ombro.

– Então está certo? - Rony sorriu levemente - vamos para a Austrália?

RI baixinho, segurando sua mão embaixo da mesa.

Como se nós dois nunca tivéssemos entrado numa enrascada antes. "Ah, que se dane", gemeu meu bom senso.

Bom, pior do que entrar numa guerra não ia ser, não é? O que podia acontecer?

Eu não sabia de nada, inocente como eu era. Mais uma vez, não sabia qual era o tamanho do buraco em que eu ia saltar.

– Sim... - respondi - vamos para a Austrália.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue e Alma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.