Sangue e Alma escrita por FireboltVioleta


Capítulo 19
Chamas




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HERMIONE

Eu me sentia completamente viva outra vez.

Desde que o dia amanhecera, eu tinha vontade de gritar, correr e pular feito uma louca. O fato aquela tenebrosa semana de vampirização ter finalmente acabado, bem como o de Rony ter - pasmei - dormido comigo na mesma cama e praticamente ter oficializado nosso namoro, me deixava indecentemente feliz.

Meu corpo já não doía nem choramingava por sangue. Eu devorei a panqueca que Rony me empurrou antes da Cerimônia no Salão Principal com a voracidade que eu sempre criticara nele. Nunca aquela combinação de ovos, farinha e mel me pareceu tão deliciosa.

Mas eu tinha a leve impressão que Rony parecia um tanto chateado por eu ter me curado. Mas eu não podia culpa-lo... apesar de tudo, foi uma semana um tanto interessante.

E eu tinha que admitir que eu sentiria falta de algumas coisas da vampirização.

Por exemplo, eu tinha a desculpa de ser um monstro descontrolado para demonstrar desagrado ou raiva como eu bem entendesse, sem me ater á códigos de ética e moral. Ao mesmo tempo, eu podia dar a desculpa de estar fraca e necessitada para ficar mais tempo e mais próxima de Rony.

E também, no fundo, sentiria falta da satisfação interna que eu tinha ao me alimentar de seu sangue. Era algo idiota, mas eu sentia, naqueles momentos bizarros, que eu fazia parte da vida de Rony tanto quanto seu sangue fazia parte de meu corpo ao entrar nele. Me sentia irracionalmente amada, protegida e bem cuidada.

E era impressão minha, ou Rony também parecia sentir a mesma coisa.

Mais importante ainda foi poder me sentir parte importante de algo grande como me senti ao liderar meus colegas contra os Comensais da Morte. A sensação de ser algo letal e útil também não era nada ruim.

– Hermione, devagar - Rony riu ao me ver estraçalhar a panqueca, batendo em minhas costas de leve.

Olhei para ele, dividida entre dar uma resposta malcriada e responder com outra risada.

– Rony, eu tomei sangue durante uma semana. Um bagulho gosmento com gosto de sal e ferrugem. Me... deixa...comer...em...paz. Tá?

Harry também riu, balançando a cabeça.

– É, Rony. Nossa Hermione está de volta.

– Graças a Deus - Rony sorriu, e meu estômago recém-recuperado estremeceu em resposta.

Droga... como ele mexia assim comigo?

Neville surgiu do nada atrás de Rony, vermelho e definitivamente evitando o olhar dos colegas.

– Ahn... o que aconteceu, Neville?

Neville ficou ainda mais vermelho.

– Luna...

– Aham... - Gina revirou os olhos - o que ela fez com você?

– Não foi o que ela fez comigo - o queixo dele tremeu enquanto os olhos e arregalaram - foi o que eu fiz com ela...

Comecei a rir por trás da mão que estava em minha boca. Enquanto eu havia ido atrás de Luna após o episódio chocante no dormitório, eu encontrara Neville prensando a pobre garota contra a parede do Corredor Norte. Luna parecia tão atordoada que nem conseguia fechar os olhos enquanto ele a beijava.

Neviile me olhou como se dissesse "pode falar... se quiser morrer".

– Qual é a graça? - indagou Rony, reagindo á minha risada abafada com um sorriso confuso.

– Nada não - eu deixei meu olhar pairar na mesa, até chegar na mesa da Corvinal. Cho, finalmente coradinha e tagarela outra vez, amparava uma Luna escarlate como rabanete, que parecia vidrada de um jeito anormal... ou normal, no caso dela.

A professora McGonagall subiu á tribuna e pediu silêncio com um aceno da varinha.

– Com a palavra, o Ministro da Magia, Kingsley Shacklebolt - ela se afastou para que Kingsley subisse.

– Ah, não, vai começar a patacoada - brincou Parvati ao meu lado.

– Todos já sabemos o que ocorreu na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts durante as últimas semanas, o que, naturalmente, dispensa apresentações agora. Porém, além dos bravos heróis da batalha que se travou na última semana, agora existem novos heróis do novo confronto que sucedeu na noite passada.

"Estes jovens que agora estão no meio de tantos outros que também lutaram contra os bruxos das Trevas adoeceram com uma doença que nós bruxos conhecemos como vampirização. Nesta posição, eles eram tão vítimas quanto quaisquer outros feridos que havia no castelo... o que não impediu que usassem sua nova condição ao seu favor e lutassem para proteger seus amigos e entes queridos.

Gostaria de pedir um agradecimento a não só estes jovens, como todos os presentes aqui que tomaram partido contra Voldemort e os Comensais da Morte durante todo este tempo. Vocês fizeram algo que também entrará para a História."

Uma salva de aplausos irrompeu no Salão... mas todos estavam direcionados a um único lugar.

Eu corei quando notei que todos olhavam para mim enquanto aplaudiam.

Mesmo aqueles que haviam adoecido comigo, que haviam lutado comigo... eles também olhavam para mim. Rony e Harry aplaudiam... todos eles.

Meus olhos ficaram estupidamente úmidos.

– Droga, Rony - murmurei baixinho, acotovelando Rony de leve. Ele me abraçou, rindo.

– Você é a heroína da semana, Hermione - ele murmurou em resposta - o que esperava?

"Não foi nada", eu quis responder. "Só saí matando gente por aí".

– Porém - Kingsley continuou, e a barulheira silenciou bruscamente - esta não foi a primeira nem última batalha que alguns de vocês travarão. Ainda há Comensais e bruxos das Trevas escondidos por nosso mundo, apenas esperando uma nova oportunidade para atacar. Mas eu posso dizer que, enquanto ainda houver coragem, companheirismo e pessoas de caráter em nosso meio, mesmo quando finalmente atacarem, será impossível que o Mal e as Trevas saiam vitoriosos.

– O cara sabe motivar as pessoas, não é? - Harry deu um soquinho de brincadeira no ombro de Rony.

– Ele tem razão, caramba - Rony apertou o abraço que ainda dava em minha cintura - enquanto houver Hermiones por aí, não haverá Comensais da Morte que aguentem.

– Nada disso que aconteceu fui eu, Rony - fiquei vermelha e gaguejei.

– Não... só você e mais trinta pessoinhas - Gina bateu palmas.

– Fala sério, Hermione - Rony olhou para mim... um olhar cheio de um não sei o quê que me derreteu toda - você é a bruxa que todos tinham esperança que você se tornasse. Só isso.

Encostei a cabeça em seu ombro. Meu legume insensível, bobo e petulante o suficiente para ser um vegetal, mas corajoso, altruísta, amoroso e maravilhoso, só como o melhor dos bruxos - e namorados - poderia ser.

Kingsley tinha razão. Enquanto nós tivéssemos um ao outro e nós dois tivéssemos nossos amigos, nem o pior Mal da face da Terra poderia se manter de pé.


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