Paraíso de Verão escrita por Sorvete de Limão, Risurn


Capítulo 8
Lá e de Volta Outra Vez.


Notas iniciais do capítulo

~Risurn: Sim, tem título de O Hobbit porque sim u.u
Olha, eu espero, de verdade, que os comentários cheguem algum dia... Porque olha, eu tô' desistindo de pedir, porque é chato. Sério.
A gente quase se mata pra fazer... Enfim, tá' um capítulo bem interessante, leiam pra ver ^^
~Sorvete de Limão: Oi oi tortinhas de limão *---*
Então como vai a vida de vocês? Sabe eu estou meio desapontada, poucos comentários e eu estou achando que ninguém quer realmente ganhar o concurso. Então deem suas opiniões porque elas são muito importantes para nós :3
Boa leitura!



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— Frederick Chase? – perguntou o homem que deveria ser o médico enquanto virava as folhas de uma planilha, quase metade das pessoas na sala de espera levantou imediatamente.

— Sim? – respondi enquanto levantava e andava na direção dele, eufórica. — O que ele tem doutor? É grave? Como ele está?

— Você é?

— Sou filha dele.

— Certo, senhorita Chase, seu pai sofreu um acidente muito sério, mas tudo indica que ele não estava alcoolizado e...

— Mas é óbvio que não estava! Meu pai não bebe. A culpa foi do outro carro! Não dele!

— Certo, acalme-se. – ele virou para o lado e chamou uma mulher — Traga um calmante para a Senhorita Chase, sim?

Abracei meus braços.

— Não preciso de calmante.

— Certo, ele fraturou algumas costelas, uma das penas ficou extremamente sensível pelo impacto, receio que nos próximos dois meses ele terá de ficar em uma cadeira de rodas. Além, é claro, de ter quebrado o braço esquerdo. Acredito que ele tenha levantado instintivamente para se proteger. Nós tivemos de fazer uma pequena cirurgia no paciente, pois uma das costelas ameaçava furar o pulmão direito. Fora isso, ele não corre riscos.

Respirei fundo, aliviada. Ele não corre riscos.

— Posso vê-lo?

— Claro.

Ao longe, Brooke se levantou.

— E eu?

— Bom, é uma ala delicada, prefiro que vá uma por vez. A Senhora, quem é?

— Sou a esposa dele.

Não quis ouvir a discussão, adentrei as portas e procurei pelo quarto do meu pai. A ala de acidentes era logo a frente.

Continuei andando até chegar na ala onde não se podia entrar no quarto e você apenas via os pacientes por meio de grandes janelas. Estavam em estado deplorável. Travei ao reconhecer um dos pacientes na maca.

— Papai! – gritei batendo no vidro, corri em direção a porta e girei a maçaneta, tentando entrar. Bati na porta com força — Papai!

Olhei para o lado e vi o médico correr em minha direção.

— Você disse que eu podia vê-lo. – murmurei com lágrimas que já escorriam na minha face.

— E você pode. Mas pelo vidro, seu pai ainda está um pouco sensível. Ele vai dormir por pelo menos três dias ainda.

— Três dias? Meu deus.

Voltei para a janela e olhei para dentro. Meu pai estava lá, com um lençol lhe cobrindo o corpo, as pernas estavam engessadas e içadas para circulação de sangue, assim como o braço esquerdo. Em seu braço direito haviam agulhas das bolsas de soro. Usava tubinhos em seus nariz para respirar e seu peito estava completamente enfaixado e muito inchado. Seu rosto e corpo exibiam diversas marcas roxas. Não consegui me conter, logo mais lágrimas corriam de meus olhos.

— Papai — murmurei — por favor, não me deixe. Não do mesmo jeito que a mamãe. Por favor, não.

Fiquei alguns minutos ali, só olhando para a respiração irregular dele.

— Eu preciso ir. – murmurei correndo para a saída, Brooke passou reto por mim e foi logo para a ala do meu pai.

— Como você tá? – perguntou Thalia. Ela havia ficado comigo ali a noite toda, pude ver olheiras fundas no seu rosto e seu cabelo não estava nada bonito também. Imaginei que eu não estava muito melhor.

— Eu só quero ir pra longe daqui.

***

O problema de tudo isso é que você fica acabada. Minha mente fica divagando sobre todas as possibilidades. O que não é uma coisa boa. Isso se deve pelo curso de primeiros socorros que fiz e por ser viciada em séries médicas. E grande parte por causa do acidente de minha mãe.

Então, digamos que eu não estou em uma boa situação.

Já fazia uma semana que o acidente havia acontecido. E por mais que os médicos nos tranquilizassem os milhões de “E se?” estão pipocando na minha mente e eu acho que se ficar muito tempo assim, vou acabar explodindo.

Então peguei o café que estava na minha frente e dei um longo gole. Fiz uma careta logo em seguida. Açúcar é uma coisa que faz muita falta.

— Como você está? – perguntou Thalia enquanto eu abria todos os pacotinhos de açúcar e tacava no meu café.

— Como você acha?

— Péssima.

— Isso e mais um pouco.

— Assustada? Com medo? Nervosa?

— É. Misture tudo isso em uma pessoa só. O resultado está na sua frente.

— Uma garota loira, pálida, com muitas olheiras e, recentemente, viciada em café? Parece um pesadelo.

— Minha vida é um pesadelo agora. O que eu vou fazer se o meu pai morrer naquele hospital? Não é como se eu fosse viver com Brooke.

— Sua mãe e seu pai têm irmãos sabe? Eles estão vivos. E você tem a mim.

— Você é melhor do que todas as alternativas.

— Isso soou meio lésbico. – Sorri.

— Ah querida você sabe que eu te amo. – ela sorriu.

— Ok, o que você vai fazer agora?

— Beber café. E depois comer pizza tá afim?

— Você acha que dinheiro dá em árvore?

— Tecnicamente, sim. – dei de ombros.

— Pensei que você não ia desgrudar do leito de seu pai.

— Eu também. Mas não consigo ficar ali por mais de meia hora. Não com Brooke e suas lamurias. E Charlotte e Heather. O aniversário dela foi ontem e ninguém lembrou por causa do meu pai, só Brooke, no final do dia. Então ela está mais dramática que o normal e, consequentemente, mais irritante. Nem a minha surpresa foi capaz de alegrar ela, já que nem eu lembrei.

— O que era a surpresa?

— Um pôster de um carinha aí.

— Que surpresa!

— Heather e seus gostos estranhos.

— Não sei nem porque você se dá o trabalho.

— Nem eu. – suspirei. – Perdi a vontade de comer pizza. Tudo o que eu quero é voltar para a praia e esquecer todos esses problemas.

— Antes que as aulas voltem.

— Não me lembre disso. – ela suspirou. Olhou pro café, olhou para mim.

— Você... Você tem falado com alguém?

— Sim. – fiz uma careta. – Com você, com meu pai e com Heather.

— Não. Você tem falado com alguém lá da praia?

— Tenho. – bufei. – Abby me mandou umas mensagens e Percy me ligou algumas vezes.

— Vocês se falaram?

— Só expliquei rapidamente a situação para Abby, eu disse que poderíamos voltar, mas não tenho tanta certeza.

— E com Percy?

— Não retornei nenhuma ligação.

— Você acha que nós podemos voltar?

Ponderei a ideia por um segundo.

— Seria muito indiferente, dada a situação do meu pai, mas com aquele tanto de gente em cima dele nem notaria.

— Acho que seria bom voltarmos, acho que te faria bem. Não adianta negar, o seu lugar é a praia.

— Meu pai vai sair do hospital em, no máximo, três dias.

— É o suficiente para arrumar as malas.

— Eu nem desfiz.

— Ótimo.

Sou uma filha terrível. Mas quem se importa? Meu pai pode entender isso.

***

POV Thalia

Se eu achei Annie indiferente? Muito. Principalmente por que ela só tem o pai dela e, no mínimo, ficaria ali chorando e fazendo drama.

Mas ela não fez o que é ótimo!

Porque essa é a Annie que eu conheço, minha amiga, ela está preocupada com o pai dela, mas sabe que ele vai ficar bem.

Isso se chama confiança.

Poucos sabem usar, poucos tem.

Se você for pensar, na verdade, é bem corajoso, mas eu não vou entrar em detalhes.

Annabeth sabe o que faz da vida. Ela sempre fora bem independente e acho que isso se deve ao fato de sua mãe ter morrido, da raiva da Brooke e por que ela não teve a melhor das relações com o pai dela – com essa coisa de família nova e tudo mais.

Enfim, eu só estava pensando no quanto seria legal voltarmos. Não tinha nada planejado, mas festas, saídas com garotos, bronzeados e conhecer a cidade com Annabeth era garantido.

Só não queria nada repetitivo. Não queria só festas, festas, mas também não queria passar o dia todo em casa.

Sendo assim deixei Annabeth em casa e fui para a minha. Meu pai e Hera não estavam lá o que não era novidade. Apesar de morarmos em um apartamento, ele parecia sempre vazio e maior que a nossa última casa – pra falar a verdade, nos mudamos de lá porque muita gente se perdia. Então, é uma cobertura. Triplex, piscina com uma vista magnífica da cidade. Subi até o andar da piscina e George está a limpando. George é um senhor bem simpático com seus 60 e poucos anos e muitas boas histórias que ele sempre contava e sempre ouvíamos. Não que tivéssemos alternativa.

— Boa tarde senhorita Grace.

— Oi. – suspirei e me joguei em uma espreguiçadeira. – Você sabe onde está o resto da família?

— Seu pai foi até a empresa, seu irmão, Jason, foi até a casa da namorada dele e...

— Namorada? Adaline?

— Não. Era outra.

— Mas ele estava com Adaline semana passada. – fiz uma careta. – Bailey? – George balançou a cabeça.

— É um nome diferente.

— Caia? Kara? Mabel? Addison? Beatrice?

— Não. – ele bateu na cabeça. Seus olhos se arregalaram e apontou um dedo pra mim. – Piper! Isso! Piper!

— Piper? – disse com uma careta. Isso é um nome? - Nunca ouvi falar dela. Aliás, que raios de nome é Piper?

— Não faço ideia, mas que raios de nome era Reyna também? Nem precisa decorar o nome dela senhorita, semana que vem ele já está com outra. E todos esses nomes, foram namoradas do seu irmão?

— Sim, namorada, ficante. Tanto faz. – me levantei.

— Esses jovens de hoje, sabe senhorita Grace. Eu só me casei uma vez. Uma vez. Com a mulher da minha vida, Adelaide. Ela me deu uma vida ótima e três lindos filhos.

— O que aconteceu com ela?

— Câncer.

— Ah. – abaixei a minha cabeça.

— Dez anos atrás. Mas a vida continua senhorita Grace e a propósito, sua mãe Hera foi até o shopping.

— Ela não é minha mãe George! – disse saindo dali.

— Aceite senhorita Grace! – com um sorriso fui até o meu quarto.

George na verdade, afirma e conta pra todo mundo que Hera e eu somos mãe e filha. O que não faz nenhum sentido porque não nos damos bem. “Não precisa ser de sangue filha, só de consideração. Eu sei que Hera não é a melhor pessoa do mundo, mas eu lembro quando você era menor e o suporte que ela te deu. Sabe filha, nem sempre as coisas vem do jeito que queremos, mas se elas vêm, já é uma benção.” Ele me falara isto uma vez. E, simplesmente, não me sai da cabeça.

Hera é egoísta e imatura. Deve ser porque ela é filha única e tem 25 anos.

Um lado bom dessa história é que Hera não planeja ter filhos, então eu posso me garantir por mais uns dez anos sendo a única menininha do meu pai. Ele não fala isso, mas eu gosto de pensar do mesmo jeito. Mas se ele falar isso um dia, vou simplesmente revirar os olhos e sair.

Entrei no quarto, que consegui com muita bajulação, que tem uma vista para o outro lado da cidade. Sabe a parte ligada, elétrica. Essa vista me faz sentir assim: animada, elétrica. Mas eu não demonstro óbvio. Deitei na cama e olhei o teto, quando eu era menor colei aquelas figuras de estrelas e planetas que brilham no escuro. O tempo passou e eu fiquei com preguiça de tirar então elas ficaram aí. Apesar de ainda ser dia conseguia ver os contornos e as formas. Bufei e fui pegar as malas.

***

POV Annie

Flagrei-me observando a paisagem passar em um borrão, Thalia dirigia a toda velocidade para a praia, conseguimos sair sem o menor dos problemas, ao que parece ninguém liga pra filha problemática do homem que está internado.

Eu me culparia eternamente por não ficar para vê-lo acordar, mas se eu ficasse por lá, talvez não visse mesmo. Eu morreria antes pela agonia. Flashes invadiam a minha mente com o passado. Tudo se repetia dentro de mim, parecia até que ele já havia morrido. Ele entenderia, claro que sim. Meu pai sempre me entendia, sobre tudo.

— Ei loira, tudo bem?

Assenti ante a pergunta de Thalia e continuei a observar a estrada com o cheiro da maresia tomando conta de mim, me senti instantaneamente renovada.

Meu celular vibrou e uma mensagem ocupou a tela:

“Estou precisando urgentemente de uma perdição para o meu verão. Meu pesadelo loiro foi embora”

Sorri antes de responder.

“Pode ficar tranquilo, sua dor de cabeça acabou de chegar, o verão mal começou e eu quero ir ao Paraíso desta vez”


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Notas finais do capítulo

~Risurn: Nos amem, comentem, favoritem, recomendem, nos amem de novo u.u
Porque tá difícil, desanimando aos pouquinhos, mas tudo bem.
~Sorvete de Limão: Então o que acharam? Gostaram da foto? Estou ansiosa para saber quem vai ganhar o concurso u.u
Sobre Thalia eu queria explorar esse lado dela, o lado familiar, adolescente e tudo mais. Eu acho que não vou fazer mais momentos assim, mas se vocês gostarem teremos :)
Comentem ;D
Beijos e cócegas,
Sorvete de Limão.