Tríplice escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 11
Adorável noiva


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!!! Não deixem de ler as notas finais!



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Capítulo 11

Natalie.

Os sons de passos ficavam cada vez maior pelo corredor, Natalie estava sentindo-se patética, enquanto observava Anna deslumbrar-se com a quantidade de vestidos ali disponíveis para as duas. Estavam se vestindo para o café da manhã com a família real. Tentava recusar o mutirão de mulheres ali para cuidar das duas, mas não podia fazer nada. Havia entendido três coisas:

1: Eram as damas da rainha.

2: Não devia confiar nelas.

3: Toda gentileza era fingimento.

Nada pôde fazer quando uma das damas deixou escapar o burburinho sobre ela ser noiva do ministro do Rei, e agora ser um dos nomes cotados para ser a rainha da Inglaterra. Não disse nada, mas deixou transparecer um olhar de vergonha e preocupação. Torceu o nariz para um riso irônico da mulher ácida que despejou o comentário maldoso, mas também não fizera nada quanto a isso.

Distanciou-se da porta, deixando de lado a movimentação de pessoas do lado de fora de seus aposentos e escolheu o primeiro vestido que seus olhos alcançaram. Era negro como uma noite sem estrelas, e hoje, como seu humor. Dispensou a ajuda para coloca-lo, mas não conseguiu dispensar as três mulheres na hora de arrumar o cabelo. Um coque alto fora feito, não havia um fio se quer de fora. As duas jovens damas estavam prontas e magnificas.

— Agnes deveria estar aqui e aproveitar conosco! — Anna soltou a frase quando admirou sua imagem no reflexo espelhado.

— Ela logo voltará... — O tom de preocupação era gritante em Natalie, desviou os olhos quando a irmã lhe estirou a língua como uma criança birrenta — Devemos ir.

O silêncio fez-se presente quando as irmãs Ratcliff adentraram o salão. A mesa estava posta e somente o Rei e a Rainha encontravam-se nela. Os dois cessaram uma calorosa discussão, ensaiaram um sorriso largo e olharam as belas donzelas. Anna curvou-se primeiro, exibindo sua fileira de dentes branquíssimos, depois Natalie imitou roboticamente os movimentos da irmã, quando voltou a sua postura ereta teve sob ela os grandes olhos expressivos de Henry. Ele lhe estendeu a mão e seu coração disparou-se com o ato. Quis correr para ele, como quisera desde os dias que seus olhos o viram pela primeira vez. Mas como nada em sua vida era simples, respirou apenas e andou o mais lento que conseguira, lembrando-se de manter um sorriso calmo. Sem desespero, Natalie, pensou.

Henry levantou-se quando ela se aproximou, a demonstração de afeto estava surpreendendo a todos, provavelmente. Natalie fatalmente acabaria se acostumando. Ao menos era isso que ela pensava agora, não teve tempo de pensar em mais nada. As mãos de Henry enlaçou sua cintura, com calma, mas o gesto fizera seu corpo tremer e queimar.

— Eu pensei em você a noite toda — Ele sussurrou contra seus lábios e Natalie quis beijá-lo. O contato durou menos do que ela gostaria, logo ouviu a rainha pigarrear e sentiu as mãos ágeis fora de seu corpo. Pronto, estavam separados novamente.

— Por favor, querida, sente-se — Katherine a encarou, Natalie assentiu — Filipe e Edward ainda não chegaram. Devemos esperar por eles? — A próxima pergunta fora direcionada ao rei, que contragosto negou.

— Filipe saiu para negociar grãos, Edward está... Temporariamente ausente.

— Ausente? — Ana, que até então estava calada, encarou seu rei, não podia controlar a própria língua e sua inútil curiosidade.

— Depois do fático erro! — A rainha exclamou ironicamente — Esperemos que Filipe não tenha se enganado também, lady Anna.

O silêncio novamente fez-se presente, só se eram ouvido talheres fazendo atrito contra a louça e a respiração cansada e entediada de Natalie.

— Minha querida, eu estive pensando... Acho propicio para uma rainha deposta ceder algumas damas para você. Não há ninguém de melhor preparo nesse castelo para cuidar de uma rainha. Você estará em ótimas mãos, o que achas?

Natalie a encarou, forçou um sorriso e pensou muito antes de responde-la.

— Eu estive pensando bem nisso... Eu adoraria, mas não posso aceitar majestade.

— Mas...

— Acredito que você sentiria mais falta delas do que a minha necessidade em tê-las. Terei Anna, Agnes e Dores. Ainda assim... Obrigada — Ela interrompeu a rainha que deixou seu garfo cair inerte sob seu prato.

— Henry... Sua noiva está... Sendo adorável... — Sua voz era engasgada e fria, o filho encarou a mãe, respirou fundo e sorriu.

— Pelo o que você acha que eu me apaixonei, mãe?

***

Os jardins estavam floridos. A primavera atingira em cheio o coração do castelo. Havia margaridas e girassóis por todos os lados, Natalie andou por entre as flores e pensou em colhê-las, mas não teve coragem. Que pecado seria ceifar a vida das pobres florzinha, que bastasse a sua! Ora, nada mais podia deprimi-la que ver-se trancada e privada do seu direito de estar em casa nesse momento. Queria apenas sentar-se na sala e admirar a vista de sua janela, provavelmente olhando os trigos serem colhidos. Ou até mesmo colocar uma de suas botas velhas de couro puído e ir ajudar seu pai, como sempre fazia quando era criança. Seu presente estava tão distante de tudo que sempre foi. Adornada de joias e olhos por todos os lados, esse Natalie não gostava do que tinha, nem do que era.

Mãos em seu ombro a fizeram tremer de susto, virou-se rapidamente até ser surpreendida por olhos castanhos, completamente duros e gélidos. Ela não conseguia manter seu olhar assustado por muito tempo, sabia que seus olhos verdes acinzentado nesse momento estava sem vida.

— Deixe-me ver... Um, dois, três, quatro, cinco... Seis? Há seis desses atrás de você? — Ele apontou para um dos guardas a paisana que a seguia pelo extenso jardim do palácio — Henry realmente está de olho em você.

Natalie não respondeu, não de início. Nem poderia. O que diabos ela iria dizer? O duque a encarava com sangue nos olhos. A voz era fria, como nunca o ouvira dizer antes. Ela sabia que ele não era a pessoa mais bondosa do mundo, tinha lá seu charme. Era galanteador e simpático, mas nunca pensou que suas primeiras concepções sobre ele poderia ser verdade. Ele estava se mostrando asqueroso. Frio e sombrio, alguém medonho. O olhar psicopata a fazia tremer. Sua mão estava gelada e agora começava a suar.

Pensou nos comentários... O povo já estava falando sobre ela. Sobre estar noiva de um, agora de outro. Ela era o centro de todas as atenções possíveis. Não havia recebido ordens para se distanciar do homem, o rei nem se quer havia pronunciado o nome do ex noivo durante as conversas que tiveram, mas ela sabia como os dois eram vaidosos. E como não aceitariam comentários dissimulados sobre ela.

Tentou desviar do caminho dele, decidindo ignora-lo, mas também viu que o duque não a deixaria sair tão facilmente. Ele a cercou, bloqueando sua passagem. Natalie suspirou pesadamente, não hesitaria em chamar o guarda mais próximo se sentisse sua vida ameaçada.

— Duque! — Ouviu a voz genuína atrás de si, logo virou-se para encarar a irmã, como sempre Anna sorria.

— Lady Anna — Ele a cumprimentou, ainda mantendo o tom sádico e agora franzia os lábios em um sorriso de escarnio — Eu soube da sua chegada. Pretende residir?

— Oh, sim... Em breve. Tem o meu casamento, mas principalmente porque serei uma das damas da nossa futura Rainha — Anna aproximou-se mais de Natalie e as duas entrelaçaram o braço — Aliás, você não deveria ficar tão perto da minha irmã — A próxima fala não fora tão gentil quanto soou, Anna estreitou os olhos para Edward, que não se intimidou.

— Por que não? — Questionou ele.

— O rei poderia não gostar... Veja bem, depois de tudo que aconteceu... Não é adequado.

— O que é adequado para sua família, Lady Anna? Você ficou noiva antes mesmo de sua irmã mais velha ficar.

Referiu-se a Agnes, Natalie quase rosnou para ele. Poderia importuná-la o quanto quisesse, mas deveria deixar sua família em paz. Nesse momento as irmãs era tudo que ela mais amava na vida, mesmo que seu coração estivesse abrindo espaço para um rei caprichoso.

— Adequado para nossa família, nesse momento, é fazer as pessoas entenderem o seu grande equivoco. Fique longe da minha irmã, por favor. Pelo bem de todos — Anna tentou puxar Natalie, mais uma vez tiveram a passagem bloqueada.

— Nós sabemos bem que não houve nenhum equivoco. Esta é a minha noiva. E ela fora tomada de mim. — As palavras fluíram com muita facilidade da boca de Edward, fazendo o estomago de Natalie revirar com a verdade, estava colocando a versão contada pelo rei em sua cabeça, mesmo sabendo que a verdade não era aquela.

— Não sou mais a sua noiva!

O silêncio permaneceu por alguns segundos entre os três. Natalie segurou com força os braços da irmã.

— Boa tarde — Uma voz grossa os sobressaltou — Senhoras... Edward. Algum problema?

Os olhos de Natalie percorreu a face da irmã. O rosto de Anna estava completamente corado, desprendendo o olhar do rosto envergonhado, Natalie encarou o homem que lhe abordava. Sua farda dizia claramente que ele era do exercito. E as dezenas de medalhas dizia que sua patente era alta.

— Nenhum, William. Apenas conversando com as belas damas... Quer se juntar a nós? Poderíamos tomar um pouco de vinho...

— Dispenso, meu caro. Estou encarregado de levar Lady Natalie e sua irmã até o Rei — O homem disse quase roboticamente.

— Henry inquiriu o general para cuidar de seu brinquedi... Rainha?

— Nunca sabemos onde está o perigo, não é mesmo, duque? Muitas vezes se encontram na nossa própria casa — O impasse entre os dois fora travado, Natalie estava mais que agradecida por William estar ali — Devemos ir, senhoras.

As duas contornaram Edward e andaram a passos largos e rápidos para dentro do castelo, sabiam que atrás dela estava o general, que as seguia acompanhando os movimentos. Natalie observou a irmã arfar, e sabia que Anna nesse momento tinha o pensamento longe. Queria estar a sós com a caçula para indaga-la sobre o comportamento estranho na presença do oficial, mas nesse momento temia pelo seu próprio pescoço.

Quando atingiram o salão principal puderam respirar tranquilamente, ali havia algumas pessoas. Uma música tocava e parecia italiana, algumas mulheres dançavam. Uma dança diferente, Anna e Natalie não reconheceram os passos, mas ficaram instigadas a experimentá-lo, por fim, foram conduzidas pelo general até o anfitrião da festa. Henry tinha uma taça de ouro nas mãos e ria alegremente falando com um homem mais ou menos da sua altura e alguns anos mais velho.

— Aqui está ela! — Ele exclamou assim que a viu, Anna soltou a irmã e Natalie finalmente sentiu sua pulsação normalizar — Querida, esse e Luigi Bertolli, um grande amigo da Itália.

Ela não esperava pela recepção, mas deixou-se ser abraçada pelo homem. Não era de costume tamanha intimidade, pensou que os italianos eram libertinosos a esse ponto. Henry não estranhou o comportamento do amigo, então ela não deveria estranhar.

— Sua rainha é muito bela! — O sotaque arrastado e o jeito estranho deixou a frase engraçada. Natalie riu.

— Ela é! — Henry concordou — Deveríamos dançar!

No próximo minuto ele arrastava Natalie pelo salão, a música tinha um ritmo alto e Natalie encarou as mulheres ao seu redor dançar. Elas suspendiam seu vestido até que os pés estivessem a mostra, então remexiam-se em pulos alegres em torno do parceiro, que dançava da mesma forma, aplaudindo a mulher. Henry e ela tentaram, ele riu dela, Natalie estava inibida, mas logo recebeu um olhar animado de incentivo, quando percebera parecia uma italiana dançando. Observou o noivo, ela poderia dizer que ele passara a vida toda dançando e bebendo vinho, era magnifico em qualquer coisa que fizesse. Fosse o que fosse.

Quando a música cessou encontrou-se sem ar, com o rosto úmido de suor e a face dormente das risadas. Percebeu que estava feliz, fazia tempo que não se sentia daquela forma. Percebeu também que nunca sentiu o coração acelerar e o estomago doer do jeito que se sentia quando Henry a puxava contra ele, nesse momento ele a abraçava, afastando um fio de cabelo que desprendera de seu coque.

— Odeio que prenda o cabelo — Ele disse em um tom divertido, ela sorriu assentindo.

— De hoje em diante não o prenderei — Prometeu, ele ficou satisfeito com a resposta. Tateou seus dedos pelo coque da noiva e encontrou os grampos que o prendiam, Natalie não imaginou que ele fosse fazê-lo, mas sorriu quando sentiu seu cabelo soltar e cair por seus ombros, completamente ondulados e sem forma.

— Muito melhor... — Ele sussurrou.

Natalie não conseguiu responder dessa vez. Ela suspirou duas vezes, sentindo a respiração ofegar, sorriu e sentiu o rosto queimar pelo jeito invasivo que o Rei a encarava, então, coberta pela surpresa, desfaleceu quando os lábios dele a tomaram. O beijo era simples, de início. Ela imaginou o tempo inteiro como era tê-lo em seus lábios, mas não imaginou que ficaria completamente parada, enquanto a língua dele a invadia perigosamente. Nunca havia beijado, mas instintivamente passou sua língua pela dele, sentindo o delicioso gosto do vinho que ele estava bebendo. Reagiu o abraçando pelo pescoço e sentiu as mãos dele adentrarem pelo emaranhado de seu cabelo, fazendo um nó entre os dedos dele. Quando se separaram, ambos estavam entregues. Totalmente. Buscavam pelo ar com desespero, e depois de minutos inteiros começaram a rir. Estavam sendo palco de um grande espetáculo. Natalie corou completamente quando percebeu os olhos no salão atentos aos dois.

— Nos casaremos na próxima semana... — Ele sussurrou selando seus lábios com o dela — Eu preciso de você.


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Notas finais do capítulo

Peço um trilhão de desculpas, acontece que estou sem notebook e não tinha como avisar. Pensei até em criar um capítulo de aviso, mas fiquei com medo de receber alguma advertência. Sei que tem pouco interesse por essa fic, mas eu a amo e nunca vou abandoná-la, então... Pode até demorar, mas ela vai ser concluída! Um beijo, espero que gostem e peço paciência e perdões.



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