Stay escrita por With


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo, aos poucos a doença de Evan vai se desenrolando.
Espero que gostem, fiz com muito carinho.
Boa leitura!



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Stay

Capítulo 4

Bárbara sabia que exames demoravam, por isso desceu até a cantina para comprar um copo duplo de café. Reparou que nesses dois dias se alimentava apenas disso, começou a ficar enjoada. Porém, a cafeína a ajudaria a ficar acordada e atenta. Soltou um longo suspiro e sentou-se numa mesa próxima, observando o movimento do hospital aquela noite. Poucas pessoas compunham o cenário, deixando o local ainda mais mórbido. Hospitais nunca lhe deram medo, entretanto agora era como se uma pedra tivesse se instalado em seu peito. Há cinco anos ela fingira não se importar com os sentimentos, afinal médicos estão sujeitos a erros e perdas de pacientes, todavia a situação se invertera e ela aguardava por notícias boas. Ela precisava acreditar que House descobriria o que seu filho tinha.

— Nosso filho... — Ela murmurou pesadamente, tendo ciência de que nunca poderia usar aquela frase quando se referisse a Evan na frente de Gregory. Até o momento ele apenas dizia “seu filho” ou “o garoto”. Nunca o chamara pelo nome, o que significava que não desejava estreitar os laços, por menores que fossem. Também sabia que exigia muito dele. Sorveu mais um longo gole de café, percebendo pelo canto dos olhos que alguém dividia a mesa com ela. E Bárbara não se sentiu tentada a descobrir quem era, seu corpo deduziu. Em trinta anos jamais um homem teve tamanho poder sobre ela, contudo sempre soube que o único em sua vida seria Gregory House.

— Isso vai te prejudicar. — House advertiu, apontando para o copo de café. — Acho que está querendo ocupar a cama ao lado do garoto, mas por outro lado está mais alerta. Que bom, assim eu não preciso repetir nada.

— Sem joguinhos, Greg, fale logo o que deu nos exames. — Bárbara o encarou, ansiosa por ouvir a voz dele novamente.

— Negativo para esclerose múltipla. — Ele despejou a notícia frustrado. — Erramos novamente.

— E não sente nem um pouco por isso. — Quando dera por si já havia sido rude. — Agora eu entendo como os pacientes se sentiam. É assustador quando todas as suas esperanças se dissolvem.

— Por enquanto estamos fazendo o tratamento sintomático, eu acho que você deve se lembrar o que é isso. — House alfinetou, observando como as feições dela mudaram. No primeiro dia que a vira Bárbara encontrava-se radiante, bonita e jovem, agora a jovialidade era destruída aos poucos pela preocupação. E não lhe era agradável vê-la daquele jeito. — O garoto não reclama mais de dor, mas os espasmos e a fala continuam os mesmos.

— Já é um começo. Falho, mas ainda assim um começo. — Ela sorveu mais um gole de café, logo afastando o copo vazio. — Vou ficar com Evan. — Bárbara levantou-se e conseguiu dar um ou dois passos antes que House a fizesse recuar. Os olhos azuis brilhavam com intensidade naquele momento, destruindo qualquer barreira que ela houvesse construído para mantê-lo longe. — O que foi?

— Não faça isso, a chance de sucesso é mínima. — House proferiu categórico, o semblante mais fechado do que de costume. — Sabe que chantagens emocionais não me intimidam, não me fazem refletir sobre o meu modo de agir. Muito menos com você.

— E quem disse que isso tudo é por você? — Barbara desvencilhou-se do toque com profundo desinteresse.

— Se tem uma coisa da qual me orgulho é te conhecer e saber quando está mentindo. — Havia um ínfimo sorriso adornando os lábios do médico. — Você nunca conseguiu mentir para mim, Bárbara. — E aquela era a primeira vez que ele a chamava pelo nome diante dela. — E eu fico feliz por ser o único capaz de te desvendar.

— Talvez não seja o único. — Ela não prolongou a conversa, apenas caminhou apressada até sumir da vista de House.

Sem dúvida ele se tornara um homem capaz de abalar todas as células do seu corpo, e isso a deixava frustrada. Sim, Bárbara se conhecia o suficiente para ter querido mais do que um simples toque. Ela desejava reviver cada momento do passado quando esteve nos braços dele, embora a possibilidade se reduzisse a cinzas. Algo bom, pelo menos após Evan se curar ela poderia voltar para Atlantic City sem remoer o que deixara de fazer porque não havia o que se rebater.

Evan despertara há alguns minutos e teve com a mãe assim que as enfermeiras saíram. O menino já tivera uma aparência melhor e doía em seu coração não fazer nada para ajudá-lo. Sentou-se na cama e beijou-lhe a testa, tendo os olhos azuis presos em sua imagem. Seu filho exigia respostas e ela por sua vez não se sentia disposta o suficiente para cedê-las.

— Cadê o papai? — Evan procurou por cima dos ombros de Bárbara, esperançoso em captar qualquer coisa que viesse de House. — Ele prometeu que me dava pirulitos.

— Ele está ocupado agora. — Ela controlou-se para não transparecer seu abalo. — Eu posso buscar para você.

— Não... — O menino abaixou a cabeça, visivelmente incomodado. — Ele não gosta da gente?

E era contra essa pergunta que Bárbara viera lutando em cinco anos. Cedo ou tarde Evan gostaria de saber por que viviam separados, por que todos os amiguinhos tinham uma família completa e ele não. Embora estivesse satisfeito por ter a mãe, uma figura paterna fazia-lhe falta. E ele jamais iria admitir seus sonhos em voz alta.

Bárbara tentou diversas vezes ter um namorado, porém sempre terminavam pela falta de atenção dela. Entraram em sua vida homens legais, atenciosos, baixos e altos, rudes e anti-sociais... E incrivelmente o fio que os conectava se rompia ao menor movimento. E o único fio que ela queria que tivesse sido mais forte, fora o mais fraco de todos. Com o tempo, aprendeu a deixar algumas coisas escaparem e deveria estar sendo fácil ignorar a onda de sentimentos dentro dela.

— Tome. — House ofereceu o pirulito ao menino, que sorriu para ele em agradecimento. — Vai te causar cáries.

— Eu não ligo. — Evan deu de ombros, olhando de relance para o vidro. — Por que a mamãe saiu?

— Sua mãe é fresca, agora come esse negócio logo. — O médico o ajudou a desembrulhar o doce.

— Você gosta dela? — E parecia que Evan não se daria por vencido até obter uma resposta convincente.

— Você é muito curioso, já faço muito andando até aqui só pra te dar esse pirulito. Contente-se com isso.

— Isso não é resposta. — Evan emburrou-se, inspecionando o pai de perto. — Ela gosta de você.

— Todos gostam de mim. — House teatrizou, observando a forma que Bárbara andava de um lado para o outro. — E pode parar de bancar o cupido.

— O quê? — O menino franziu o cenho, confuso.

— Nada, esqueci que você é apenas um pirralho.

— Meu nome é Evan!

— Já sei, que irritante.

— Por que você usa isso? — Evan apontou para a bengala, que House constantemente ritmava no chão. Um gesto impaciente.

— Mesmo que eu explique, você não vai entender. — House fez menção em se levantar, porém a mão infantil segurou a sua com palpável brusquidão. E por esse simples ato o médico conseguiu captar um leve tremor. Olhou o garoto com atenção, notando que Evan mantinha a cabeça baixa. — O que foi?

— Fiz xixi na cama. — A vergonha estava estampada no semblante infantil e quando House afastou os lençóis para olhar, ele teve certeza de que o líquido vermelho não era urina. — Desculpa.

Após as enfermeiras trocarem as roupas de cama, Evan ainda não conseguia encarar House, principalmente a mãe. Ele era um menino grande, que não deveria mais precisar utilizar aquela coisa de bebês. Recusava-se até mesmo a dizer mentalmente o nome. Fraldas, era o cúmulo do ridículo!

— Ele está arrasado. — Bárbara segredou com House, que apenas afirmou com a cabeça.

— Sabe o que precisamos fazer, não é? — De alguma forma, diferente de todos os tons que usara com a mulher desde que ela chegara, esse com certeza foi o mais suave de todos. — Me dê autorização para fazer uma colonoscopia.

— Não vai ter outro jeito, certo? — Ela comentou ressentida, observando o filho que dormia havia alguns minutos. — Tudo bem, Greg.

— Vou pedir que preparem a papelada. — E House já se encaminhava para o elevador. — O exame está marcado para hoje.

E como House confirmara, o exame fora naquele mesmo dia. Bárbara acompanhou tudo de perto, acalmando o filho que sentia um grande desconforto. O objetivo do exame era visualizar o reto a fim de descobrir a causa do sangramento. Ora ou outra Evan se remexia, os cantos dos olhos guardando lágrimas. O que o ajudava a aguentar o exame era sentir a mãe por perto, dizendo que ele estava indo muito bem e que logo acabaria.

— Não há rupturas nem úlceras. — O doutor Chase informou, as imagens sendo mais do que satisfatórias. — Seja lá o que causou o sangramento, não veio daqui.

Bárbara não sabia se considerava um bom sinal ou se deixava a preocupação avançar. Tinha que haver uma explicação, afinal sangramentos retais não ocorrem apenas porque sentiram vontade. Ao final do procedimento Evan descansava, aguardando que o efeito da anestesia passasse, porém a todo o momento ele não se soltava da mãe. O quarto, repentinamente, começou a lhe parecer frio e assustador. Logo leves batidas no vidro a despertaram.

— Posso falar com você? — House a chamava com impaciência. Se a colonoscopia não funcionara, ele tinha outros métodos que definitivamente iriam surtir efeitos.

E quando Bárbara notou folhas na mão do médico, sua postura enrijeceu imediatamente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Não se esqueça de dizer o que gostou, o que não gostou, o que deve ser melhorado, dar sugestões... Tudo será bem vindo.
Até o próximo!
Beijos.