Stay escrita por With


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo de "Stay", espero que gostem.
Boa leitura!



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Stay

Capítulo 1

Mais um dia comum na vida de Gregory House, embora não fosse animador. Fazia alguns meses que não recebia nenhum caso raro, o que dificultava ainda mais o humor do infectologista. Devido à escassez de pacientes complicados, fora obrigado a pagar as horas de Clínica que devia. E chatice definia muito bem a sua manhã ensolarada. Tratar de casos simples como gripe, alergias e dores nas costas não lhe eram prazerosos. House gostava de quebra-cabeças, de travar jogos contra as doenças até que ele saísse vencedor, o que muita das vezes acontecia.

Então, seu semblante entediado nunca passava despercebido pelos pacientes que consultavam suas queixas, fazendo com que o médico inspirasse tediosamente. Ele não se sentia culpado em demonstrar o quanto estava infeliz naquela situação, cuidando e escutando os sintomas que apenas por olhá-los ele conseguia diagnosticar. Entretanto, ele tentava adquirir alguma coisa boa nessa rotina de meses. Com piadas e conceitos certeiros sobre a vida dos pacientes, House arrumava um jeito de se divertir naquele meio parado.

E sorriu quando James Wilson, seu único e melhor amigo, apareceu na porta solicitando que fosse com ele. House fez um comentário maldoso e chamou uma enfermeira para cuidar dos pacientes faltantes, enquanto ele caminhava com Wilson até a ala da pediatria. O que passou a ser estranho, pois House nunca ia até aquela ala, a não ser que fosse para buscar Robert Chase. O semblante impassível de Wilson não conseguia ocultar o nervosismo, os olhos castanhos do amigo sempre se desviando quando percebia que os seus azuis e rudes o inspecionavam a procura de uma abertura. Escutou Wilson suspirar pesadamente, percebendo então que a situação era mesmo grave.

— Até quando vamos caminhar nesse silêncio? — House interrogou, porém Wilson não precisou respondê-lo.

A apenas meio metro de distância deles, a figura feminina foi a chave para todas as questões. House deteve os passos mancos, encarando com vigor a mulher que não o notara, os olhos preocupados voltados para o conteúdo no interior do quarto. Cinco anos havia se passado desde que se deitara com Bárbara Shaw naquela noite aterradora e excitante, e sua mente foi incapaz de esquecer em como ela havia estado bela sob ele. Vê-la despertou todas as sensações de outrora e House teve que se conter a se aproximar sem qualquer aviso. Algo na postura dela indicava-lhe que muitas surpresas esperavam por ele, pois ele sabia que Bárbara jamais viria procurá-lo se não fosse importante.

No entanto, ele deixou-se vagar pelos cabelos compridos e castanhos, pela pele morena e suave, pelas curvas acentuadas e completamente mais atrativas... Ele era um homem que prezava a beleza das mulheres e não se automutilava por apreciá-las descaradamente, afinal House sempre comentava sexualmente sobre os atributos de sua chefe, o que lhe rendia altas doses de satisfação. Todavia, por mais cafajeste que pudesse parecer, a presença de Bárbara ali não lhe agradava. Não que estivesse sendo ruim revê-la depois de anos, eles tinham muito que conversar sobre épocas remotas, porém o impacto de amplas sensações fazia sua mente vagar por caminhos e consequências diversas.

House sabia que Bárbara não sumiria se algo de importante não tivesse acontecido na vida dela, ela era o tipo de mulher que evitava problemas e buscava soluções. Contudo, quando Bárbara finalmente pareceu notá-lo, a surpresa e alívio estampado nas feições dela não lhe deram garantias de algo bom. Receosa, a mulher caminhou para ele e o envolveu em um abraço misto de felicidade e nostalgia, e foi nesse momento que Wilson tomou uma atitude e preferiu deixá-los sozinhos a se envolver, afinal o que viria a seguir não lhe interessava.

Uma pessoa normal teria retribuído o afeto, contudo House era um ser humano complexo e apenas permaneceu estático enquanto Bárbara não se mostrava abalada pelo descaso dele. Em cinco anos ela imaginou que Gregory House não tivesse comprado atitudes que não lhe condiziam, por isso apenas sorriu quando ele a observou de um jeito indecifrável. Os olhos extremamente azuis dele, que a assombravam em sonhos, tinham poder sobre ela de maneira que a levavam a desejá-lo ainda agora.

No entanto, ela não podia esquecer os motivos de estar ali, buscando-o depois de anos. E o mais importante: Como seria a reação de House quando descobrisse que ela havia tido um filho? Com otimismo ganharia apenas uma piada maldosa e ambos seguiriam suas vidas afastadas como sempre fora, todavia ela sabia que seria bem mais complicado do que aparentava. Afinal, Bárbara fantasiava a respeito de House. Nunca quisera mudá-lo, ela gostava dele com sua personalidade ácida e rude, porém apenas naquele momento ela desejou que House fosse mais flexível.

— Quem é o garoto? — House interrogou, indicando-o com um gesto de cabeça.

— Evan, meu filho. — Bárbara mediu o tom de voz para não parecer nervosa. — Ele caiu de bicicleta e não acordou.

— Ele deve ter batido a cabeça, mandarei que façam uma radiografia. — Ele depositou as informações asperamente, fazendo menção de rumar para sua sala. Nem sempre temos tudo o que queremos, ele pensou ao sentir a mão de Bárbara segurando-lhe o braço.

— Converse comigo e me explique o que está acontecendo. — A mulher quase gritou, encarando-o com seriedade. — Sei que odeia dar informações para os seus pacientes, mas Evan não é apenas mais um. Então, seja lá o que tenha em mente, me diga.

House respirou fundo, ajeitando a postura e livrando-se do contato. Uma das características mais irritantes em Bárbara Shaw era a insistência, tanto que o levaram a assumir o controle de algo completamente insano anos atrás. Evidente que o médico havia juntado dois mais dois, em todo caso ele se recusava a admitir as suspeitas para si mesmo. House era cético, mas compreendia que a ciência poucas vezes se mostrou equivocada. Vendo-se refletido nos olhos castanhos, ele soube que Bárbara não o deixaria ir enquanto não expusesse suas teorias.

— Sem uma base nos exames, não posso afirmar nada. Sabe disso. — House iniciou o monólogo, na voz um tom macio e indiscutível. — Preciso começar com algo, então me deixe levá-lo para radiografia e espere quietinha enquanto eu faço o meu trabalho.

Bárbara engoliu as palavras, causando-lhe desconforto. Ela tinha muito que dizer a House e escutar também, mas no momento o mais importante era que o filho acordasse. Afastou-se do médico, colocando-se de frente para ele. Embora não lhe alcançasse os ombros, tentou olhá-lo com altivez.

— Promete que vai me avisar se achar alguma coisa?

— Faz parte de ser médico. — Ele retrucou no limite da paciência.

— Não me venha com arrogância agora, estou preocupada. — Bárbara cruzou os braços, olhando de relance para o menino deitado a alguns metros deles. Evan era tão parecido com House, orgulhava-se tanto dele...

— Você também é médica, e o único motivo para ter trazido o garoto aqui é porque precisa de mim. — House proferiu brilhantemente, causando menos impacto do que gostaria.

— Depende de qual personalidade vai me mostrar. — Os olhos fixaram-se no homem alto como imã. — O Greg médico ou o Greg pai.

— Qual você gostaria? — House deu um passo, desafiando-a, encurtando a distância entre eles. E não se surpreendeu ao ver que Bárbara permaneceu no mesmo lugar.

Ainda inspecionando-o, Bárbara não refreou os movimentos quando suas mãos seguraram a abertura do blazer claro que House usava e que lhe caía tão bem, deixando-o elegante como ela se lembrava. Até quando conseguiria camuflar seus sentimentos? É uma tentativa falha, afinal eu sempre fui um livro aberto para ele, ela pensou puxando-o para mais perto, surpreendendo-se quando House atendeu ao convite.

House não precisou abaixar-se muito para encostar o nariz nos cabelos dela e aspirar o mesmo perfume de cinco anos atrás. Sua mão livre descansando na cintura delgada, dando o apoio que ela exigia. Por que rejeitá-la se tornava uma tarefa árdua? House gostaria muito de obter a resposta, embora estivesse dentro dele o tempo todo e se negava a ver.

— Eu preciso ir e é melhor você ficar com o garoto, ele pode acordar a qualquer momento. — O médico a afastou, notando que não precisou aconselhar novamente, Bárbara já havia entrado no quarto sem dizer absolutamente nada.

(...)

Em sua sala particular, House avaliava as novas notícias: Bárbara estava de volta e com um filho, que certamente também possuía metade de seus genes. E por que ele não duvidava? Pelo simples fato de saber que Bárbara era correta demais para colocar a culpa em outra pessoa.

Enquanto esperava o resultado da radiografia, evitava transformar aquilo em um problema. Ele jamais pensou em ser pai um dia por motivos pessoais e agora sua realidade havia mudado com a aparição daquela criança. Deveria conhecê-lo ou deixar como estava?

— Tudo bem? — James Wilson apareceu em sua sala, curioso. — Trouxe o resultado da radiografia. — Agitou as chapas, incitando a curiosidade de House.

Sem nada dizer, o médico grudou-as no painel iluminado, tendo visão completa do crânio de Evan. Tudo estava em ordem, nenhuma rachadura ou anomalias, o que só restava esperar por mais sintomas que o ajudassem a diagnosticar o que o garoto escondia.

— E Chase e Foreman? — Quis saber de repente, fugindo das perguntas que estavam prontas na boca de Wilson.

— Atendendo na Clínica. — James sentou-se, encarando o amigo com diversão. — É apenas uma criança, você consegue.

— Não quando essa criança é metade sua. — House desligou o painel, deparando-se com o semblante pasmo de Wilson. — Qual é, eu preciso mesmo explicar como fizemos o menino?

— Não, eu só estou surpreso por você não estar arrancando os cabelos e estar à vontade com a novidade.

— Não estou à vontade, ainda estou processando a informação. Se o garoto não tivesse ficado doente, Bárbara jamais iria trazê-lo a Princeton.

— Está se queixando? Meu Deus, quem é você e o que fez com House?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, espero que tenham gostado.
Qualquer dúvida, crítica construtiva ou sugestões será muito bem vindo.
Até o próximo.
Beijos!