Coração de Vidro escrita por Karina A de Souza


Capítulo 31
Não é Só Uma Lenda


Notas iniciais do capítulo

Chegueeeeeeei



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—Não chega perto de mim!-Gritei, me afastando. Não havia saída, não havia como fugir. Eu precisava ir, me esconder. Eles iam me pegar, me prender de novo.
—Avery, eu não quero machucá-la.
—Eu posso machucá-lo, Loki! Eu! Não sabe das notícias? Então olhe o spoiler: eu sou um monstro! Eu preciso ir embora. Eu tenho que ir.
—Ninguém vai vir pegá-la, eu prometo.
—Você não pode prometer o que não vai cumprir! Sei por que me tirou da Terra! Porque quer me matar. Quer o Coração de Vidro, me tirou deles por isso. -Limpei o rosto com a mão. Eu estava mais do que descontrolada. Falava depressa, minhas mãos tremiam. Minha cabeça não era a mesma. Eu estava completamente louca.
—Você está descontrolada. Não vou discutir com você.
—Eu quero ir! Não pode me prender, não pode!-Lancei vidro contra ele, Loki conseguiu desviar. -Se não me deixar sair, eu vou matar você.
—Assim como fez com os agentes em Midgard?
Foi como cair. Me abaixei no chão, colocando as mãos na cabeça. Lágrimas vieram com força. Eu era uma assassina. Eu matei muitas pessoas, machuquei outras. Deus, o que eu tinha me tornado?
—O que foi que eu fiz?-Sussurrei. -Por que...
—Avery?-Loki tentou me levantar, o empurrei com força.
—Não chega perto de mim! Me deixa em paz!-A porta abriu. Eu não gostava de celas, esperava que quem estivesse ali, me libertasse. Thor entrou. Olhou de Loki pra mim, algumas vezes. Então se aproximou. -Me leva embora?
—Como quiser. -Ele disse.
—Mas... Vai me levar pra onde?
—Ainda não sei. Nossos amigos vão cuidar disso.
—Então... Tudo bem. -Segurei o braço dele. Loki tentou reagir, mas Thor ergueu a mão, fazendo-o desistir.
Enquanto íamos, eu não olhei pra trás, mesmo sabendo que o deus da trapaça olhava para nós.
***
—Ela está como Selvig. -Ouvi. Era a voz de Bruce. Eu queria falar com ele, mas não queria que soubessem que eu estava acordada.
Thor tinha me trazido para uma casa que estava no nome de Tony, os outros estavam ali, menos meu pai. Eu queria vê-lo, mas diziam que ele ainda não havia chegado, que ele viria quando pudesse.
Eu estava em um dos quartos, fingindo estar dormindo. Pelo menos não me levaram para a SHIELD.
—Como vamos trazer Avery de volta?-Natasha, com certeza. -Ela não pode ficar assim para sempre.
—Ela tem que ser controlada. -Bruce disse. -E acho que se passar por um acompanhamento psicológico, talvez seja mais fácil.
—Apagar o que aconteceu da mente dela não seria bom?-Esse era Tony. Me levantei num pulo e corri pra sala.
—Nem tentem!-Gritei. -Se o fizerem... Eu... Eu os mato!
—Avery... Se acalme.
—Eu... Eu não quero me acalmar! Eu quero... Voltar a ser eu. Não consigo pensar.
—Vamos dar um jeito nisso. -Nath disse. -Confie em nós.
*** Meses Depois...
Era minha última visita obrigatória à Ellen, minha psicóloga. Ela havia sido muito útil, e legal. E então, aos poucos, a antiga Avery foi voltando. Ela tinha me ensinado uns truques legais para me manter no controle.
Então, depois disso, não foi difícil eu me acertar com a SHIELD.
Eu ainda tinha o peso daquelas mortes nos ombros, mas teria que lidar com isso. Eu estava fora de controle, mas ainda sim, foram minhas mãos e meu poder. Eu tinha medo de mim mesma, ainda, mas isso passaria. Eu podia me controlar. E aqueles acessos de descontrole estavam desaparecendo aos poucos.
—Preciso ser responsabilizada por isso, Fury?-Perguntei. Era uma reunião dos Vingadores, mas nenhum havia chegado ainda, e eu ainda não estava oficialmente na equipe novamente.
—Não. Você não precisa.
—Tem certeza? As coisas que eu fiz...
—É o mesmo que culpar Banner pelos estragos causados do Hulk. -Ouvimos os outros chegando. -Assunto encerrado. Senhores, sentem-se. - Os Vingadores obedeceram.
Fury entregou tablets para eles, onde haviam informações. Estava mandando-os para missões. Uma para Tony e Bruce, outra para Nath e Thor, e outra para Steve e Clint. Nada para a Vingadora contratada novamente. O Homem de Ferro saiu na frente, conversando com Bruce, assim como Natasha e Thor. Steve e Clint permaneceram sentados ao meu lado.
—Algum problema?-Fury perguntou.
—Sim, na verdade. -Steve respondeu. -Achei que Avery estava de volta na equipe.
—E ela está.
—Então por que não dar uma missão a ela?
—Não acho que Avery esteja preparada, mesmo depois de tudo.
—Eu sei me controlar. -Afirmei. -Eu sei que consigo. Por favor, diretor Fury. Por favor. -Suspirou.
—Tudo bem, Dhenings. Você vai com os dois. -Nos levantamos. - Agente Barton, Capitão, senhorita Dhenings... Boa sorte.
—Obrigada.
Após vestir os trajes, nós saímos para o pátio, onde pegaríamos um jato. Distraídos com a conversa, e com a missão (verificar um possível armazém de armas ilegais que vieram de fora) que deveria ser simples, nem percebemos a movimentação estranha ali fora. Apenas quando eu levantei a cabeça pra ver o caminho, foi que eu vi. Estávamos cercados.
—Gente... -Comecei. Tiros vieram na nossa direção. Clint foi atingido. Eu consegui fazer um escudo de vidro, antes que fossemos atingidos novamente. -Droga! Clint. -Me abaixei perto dele. Agentes da SHIELD surgiram até do nada, armados e prontos para atirar nos invasores. Uma equipe apareceu e levou Clint. -E agora? Steve... espera, Steve?-Um carro parou ao meu lado. -Ah, é aí que você se meteu.
—Entra!-Dei de ombros e entrei no carro. Steve acelerou. Um carro pequeno, preto e com um símbolo esquisito estava na nossa frente. O Capitão estava seguindo-o.
A perseguição foi parar numa estrada de chão, estávamos saindo da cidade, por um dos caminhos da SHIELD.
—Tem que ter uma arma aqui!-Resmunguei, revirando o porta-luvas. -Que coisa...
—Você não precisa de armas, ou esqueceu?
—Ah, é. Droga. -Atirei várias estacas e bolas de vidro contra o carro na nossa frente. - Continue guiando em linha reta. E não faça movimentos bruscos, nem freie.
—O que vai fazer?
—Você já vai ver.
Fiquei de pé no banco, já que o nosso carro era aberto em cima. Pulei pro capô, jogando mais estacas, uma acertou o pneu do carro da frente, que perdeu o controle e saiu da estrada.
Pulei de onde estava, e corri pro outro carro, que havia capotado. Mesmo que aquelas pessoas tivessem tentado nos matar, eu os ajudaria. Era um instinto extra. Não podia deixá-los morrer.
—Avery, não é uma boa ideia. -Steve alertou. O motorista do outro carro me viu, então ergueu a mão, aproximando-a de um botão no painel do carro. -Avery...
—Espera, o que vai...
—Avery!
O homem apertou o botão. O carro explodiu, me lançando longe, assim como o loiro atrás de mim. Eu atingi o chão com força, e quando tentei me mexer, percebi um corte na testa, estava sangrando.
—Eles... Eles se mataram. -Murmurei, tentando sentar. Steve também estava machucado. - Explodiram o carro.
—E quase explodiram você. -Estendeu a mão, me ajudando a levantar.
—Eu nem pensei. O que a gente faz agora?-Olhei em volta, nosso carro também tinha sido atingido.
—Não faço ideia. Acho que esperamos.
—Essa espera vai ser longa...
***
—Está tendo muitas emoções desde que entrou pra equipe, não é?-Bruce perguntou.
—É, muitas. Mas não é tão ruim. Talvez começar a enlouquecer, mas... As coisas tem melhorado... Algumas.
Havia se passado uma semana desde que a SHIELD quase foi invadida, e que Clint tinha sido baleado. Tudo estava bem, mas se olhasse de perto, podia perceber algo errado. Fury não quis me contar quem tentou invadir a base, e eu fiquei sabendo que quase roubaram alguns arquivos dias atrás. Alguém estava tentando nos derrubar, e não eram os Deuses Vingadores, nós paramos.
Fury também me levou ao cemitério, pois eu pedi. Os túmulos dos agentes mortos não eram os mais recentes, mas havia flores e fotos.
Visitei um por um, com lágrimas nos olhos. Culpa, eu sentia culpa, e ela estaria sempre comigo. Jamais me abandonaria. Um dos agentes tinha uma filha de quatro anos, que achava que o pai estava em missão. Essa informação só me fez chorar mais.
Naquela manhã, Bruce e eu estávamos na rua, após uma tentativa frustrada do doutor no laboratório. Estava distraindo-o.
—Nem tudo pode ser perfeito. -Ele disse.
—É, tem razão.
—Avery!-Alguém chamou. Ellen estava na nossa frente, sorrindo. Ela era uma boa pessoa. Trinte e sete anos, cabelos castanhos, morena. Uma pessoa encantadora. Aquela que dá abraços de mãe e sorrisos encorajadores. Ela combinava com Bruce. -Eu estava falando de você agora mesmo. Esse é Chad, meu filho.
—Filho?-Olhei para o rapaz de cabelos encaracolados ao lado dela, ele sorriu. -Não sabia que tinha filhos.
—Apenas um. Doutor Banner. -Apertou a mão de Bruce.
—Pode chamá-lo de Bruce. -Ele olhou pra mim, como se estivesse me mandando cuidar com as próximas palavras.
—Aceitam almoçar com a gente?
—Mas é claro, não é, Bruce? Nós adoraríamos
—Então vamos. Por aqui, sei de um lugar ótimo.
Ellen, a querida Ellen, logo engatou uma conversa com Bruce. Chad e eu ficamos de fora, apenas observando e trocando algumas palavras. Estávamos mais interessados com a socialização dos adultos.
—Com licença, eu já volto. -Ellen pediu. O celular de Bruce tocou, ele levantou e saiu, dizendo que logo voltaria.
—Está tentando juntar minha mãe com Bruce?-Chad perguntou.
—Hã... -Comecei. -... Por quê?
—Porque eu acho uma ótima ideia. Ela está divorciada há cinco anos, e faria bem sair com algum cara. Esse seu amigo parece legal.
—Acha que tem chance de eles...
—Talvez. Se dar bem eles já se dão. Agora... Acho que eles precisam de uns empurrãozinhos.
—Pode apostar que sim. Bruce é tímido.
—Minha mãe é muito aberta, mas quando o lance é namorar... -Balançou a cabeça negativamente. -Espero que dê certo.
—Eu também.
Depois do almoço, Chad e eu demos a desculpa de que queríamos sorvete, então saímos, deixando Ellen e Bruce conversarem. Banner não gostou muito disso, parecendo desconfiado, mas não disse nada, enquanto eu me levantava e acenava pra eles.
—Ele é um cara legal. -Chad disse, andando com as mãos no bolso da calça. -Por mais que vire o Hulk.
—As notícias correm.
—Não tem ideia.
—E você não se preocupa? Bruce é demais, porém o Hulk pode ser meio... Você sabe, estressado.
—Eu sei. Mas... Minha mãe é boa em acalmar os outros. Ela vai dar um jeito nele, pode apostar.
Bruce e eu só voltamos para a Torre Stark quando passava das oito da noite. Não comentei nada sobre Ellen, mas estava quase fazendo isso. Quando entramos na sala, a equipe toda estava ali. Nos sentamos com eles, enquanto Tony distribuía copos.
—E pra você. -Entregou um pra mim.
—Vai mesmo embebedar uma garota de dezessete anos?-Natasha perguntou. -O pai dela te mata.
—Falando no meu pai... -Comecei. -Cadê ele?
—Foi dormir.
—Já? São apenas oito e meia.
—Ele não tem nada pra fazer, coitadinho. -Tony disse. -Ele devia arrumar uma namorada. E não é o único. -Encheu os copos. Mesmo nunca tendo interesse por bebidas, eu comecei a tomar, tentando dizer pra mim mesma que era apenas um copo, e só. -Bruce precisa...
—Bruce vai sair com Ellen Reynolds de novo, né Bruce?
—De novo? O que eu perdi? Espera, essa não é sua psicóloga?
—Ela era.
—Tentando conseguir consultas de graça, Dhenings?-Mostrei a língua pra ele. -Vamos ver uma coisa... Eu tenho Pepper, Thor tem Jane, Natasha tem Clint... Falta o Picolé, você e Bruce, que provavelmente não vai aguentar a senhorita Reynolds.
—Eu acho que vai. -Olhei pra ele, que revirou os olhos. -Fazem um lindo casal.
—Você vai acabar saindo com ele e Steve, eu estou prevendo isso. Gosta de caras mais velhos? Ah, é, tem o Loki. Viu, vocês três tem futuro.
—Alguém cale a boca dele. -Natasha pediu. -Ou vou costurá-la.
—Eu vou dormir. -Bruce anunciou. -Boa noite. -Acenei pra ele, enquanto saia da sala. Olhei para Tony.
—Eu acho que você já está bêbado, Stark. -Acusei.
—E eu estou. -Ele disse. -Viva eu!
—Coitada da Pepper, como ela te aguenta?
—Ela me ama. Eu sou o melhor ser humano da Terra. Pepper não vive sem mim.
—Vai sonhando. -Clint disse. -Qualquer dia desses, ela te joga pra fora da Torre.
—Seria uma linda cena. -Nath provocou. Thor riu, virando o copo todinho de bebida. -Wou, devagar aí.
—Essas bebidas da Terra são fracas. -Ele reclamou. -Não tem graça.
—E como são as bebidas de Asgard?-Steve perguntou.
—Quando puder, eu trago um pouco.
—Um pouco não. -Tony disse. -Traga o suficiente pra guardarmos. Vamos festar uma festa à Asgard.
—Viajou. -Murmurei, balançando a cabeça negativamente.
Ficamos uma ou duas horas ali, jogando conversa fora. Eu acabei bebendo mais do que um copo, e decidi que Thor devia ter pirado, pois a bebida não era nem um pouquinho fraca. Imagina as de Asgard, meu Deus.
Murmurando alguma coisa impossível de se entender, eu me levantei e fui pro meu quarto, quase caindo pelo caminho. Assim que fechei a porta, dei de cara com alguém que não devia estar ali de jeito nenhum.
—Loki? Que diabos você... Tá fazendo no meu quarto?
—Você está bêbada. -Ele disse, como se isso fosse estranho.
—Eu não estou... Ok, eu estou. Mas só um pouquinho.
—Você mal consegue ficar de pé.
—Mas que mentira, eu estou em ótimo est... -Quase caí no chão, Loki conseguiu me segurar antes. -Como entrou aqui?
—Não foi difícil. Podemos conversar?
—Eu não tenho nada... Pra... -Solucei. -Por que eu bebi tanto? Meu Deus... Eu... Me sinto tonta.
—Você nem se lembra do seu nome, uma conversa é impossível.
—Ah, vai se danar. Meu nome é... Natasha.
—Não, seu nome é Avery.
—Ah, é, Natasha é a ruiva... Ela é mais bonita que eu.
—Não, não é. Você é linda.
—E você um mentiroso. Se não sair eu grito. Fora do... Meu quarto. -Ele suspirou e me obrigou a deitar.
—Durma.
—Você não é meu pai.
—Que bom. Mas eu já sei disso.
—Vá se ferrar... Rena de Asgard. -Meus olhos se fecharam.
—Eu vou voltar, Avery.
—Que se dane...
***
—JARVIS, tinha alguém aqui ontem?-Perguntei, levantando da cama. Minha cabeça estava doendo. O que tinha acontecido, mesmo?
—Loki esteve aqui, senhorita Dhenings.
—Por que não avisou?
—Ele não tinha más intenções, senhorita. -Revirei os olhos.
Troquei de roupa e fui pra cozinha. Todos estavam lá, com uma impressionante cara de ressaca, menos Natasha. Bruce e meu pai saíram assim que cheguei, dizendo que tinham muito que fazer.
—Mais uma que bebeu demais. -Pepper comentou, me entregando uma xícara de café.
—Foi culpa do Tony. -Acusei. -Ele que disse pra eu beber.
—Eu?-Ele perguntou. -Foi você quem bebeu, criança.
—Se me chamar de criança eu acabo com as suas armaduras.
—Que menina agressiva, você.
—Eu sou, sim.
Depois do café, eu fui ver o que meu pai e Bruce estavam fazendo, os dois estavam concentrados. Me sentei em uma das cadeiras e comecei a girar no lugar, esperando que os dois terminassem o que estavam fazendo.
—Ô Vidradinha, quer parar com isso?-Tony perguntou, me fazendo parar. -Atrapalha os dois.
—Eles nem estão me ouvindo. O que estão fazendo?
—Tentando colocar um fim no Hulk, e nas suas crises.
—Eu não tenho crises. Eu posso me controlar agora.
—Ah, é? Vamos irritar você.
—Se fizer isso, provavelmente acabará morto. E não será bonito de se ver.
—Perigo...
—Tony, não irrite a Avery. -Bruce pediu, sem olhar para nós. -Você sabe o que acontece.
—Ela é só um bebê.
—Vou te mostrar o bebê, Lata de Sardinha. -Avisei.
—Me chamou de que?
—A idade está chegando, Stark? Está ficando surdo.
—Olha só, ela provoca!
—Estou tentando não me irritar com você, acredite. Mas é difícil. Você é irritante.
—Eu não sou.
—Na verdade, é. -Bruce disse. -Por que vocês não vão discutir na sala? Precisamos de silêncio.
—Foi mal. -Murmurei, levantando e empurrando Tony pra fora do laboratório. -Vamos discutir lá fora.
Por mais que discutisse o tempo todo com Tony, eu sabia que ele era parte da minha família, assim como os outros. Bruce e ele eram meus tios, assim como Pepper, minha tia preferida. Nath era minha irmã, a irmã que eu nunca tive, e que havia achado em Lally. Steve, Clint e Thor eram meus irmãos mais velhos, protetores eles já eram, então ok.
Perdi muita coisa, mas ganhei uma grande família, da qual papai e eu adorávamos fazer parte. Eles eram loucos, tudo bem, nós também éramos.
Do nada meu pensamento voou para Loki. Ele esteve ali, de verdade. Mas o que ele queria? Eu não conseguia me lembrar direito do que falamos. Eu estava caindo de bêbada, não conseguia lembrar.
Eu só esperava que ele não voltasse. Havia guardado o colar que Frigga me deu, deixando-o na gaveta. Thor havia se recusado a levar de volta. Disse que era um presente, e eu não podia devolvê-lo.
Não queria nada que me lembrasse de Loki, mas estava meio difícil não pensar nele.

"Você nunca será forte o bastante
Você nunca será bom o bastante
Você nunca foi concebido no amor
Você não vai evoluir"

Ele era um mentiroso, se seu coração estava tão cheio de cheio de ódio, rancor, o que eu esperava? Que ele se apaixonasse por mim e quisesse mudar? Que um coração destruído como o dele, poderia sentir algo tão puro? Apenas eu para acreditar nisso. Apenas eu para ser tão burra.
Toda aquela raiva por Thor ser melhor que ele, por não ser escolhido por Odin, por não ser rei... Havia tudo aquilo nele, o transformando naquele Loki, no mentiroso, trapaceiro. Mas eu achei que existia outro Loki. Um melhor, um que podia amar.
Idiota. Eu era a Avery burra e idiota.
***
Um alerta de JARVIS acordou todo mundo em plena madrugada. Fury nos queria na base imediatamente. Algo tinha dado errado.
Thor não foi com a gente, aliás, eu nem havia o visto. Nós simplesmente estávamos todos agitados, mesmo com a hora, e nos vestimos rapidamente, para em seguida, ir pra SHIELD imediatamente.
Ao chegarmos lá, pudemos perceber o caos que aquilo tudo estava. O que tinha acontecido?
—Por que raios nos acordou essa hora?-Tony perguntou.
—Vejam isso. -Fury apontou para uma tela grande ao lado dele. A imagem era de uma... Coisa enorme, que parecia um cachorro. Bem, cachorros não eram daquele tamanho, e não tinham dentes tão afiados.
—O que é essa coisa?-Perguntei, sem conseguir tirar os olhos da besta.
—Não sabemos. Mas não é da Terra.
—Definitivamente não. -Alguém disse, ao meu lado. Loki.
—Quem o trouxe?-Murmurei.
—Eu. -Thor respondeu. -Toda ajuda é bem vinda.
—Dele?-Ninguém respondeu. Me afastei de Loki e cruzei os braços.
—Isso não é de nenhum planeta conhecido.
—Essa coisa deve ter uns cinco metros. -Natasha comentou. O animal era de um branco que parecia encardido. -Isso não vai ser fácil.
—Aquilo são músculos?-Clint murmurou, se aproximando da tela, sendo seguido por Bruce.
—Ok, o que fazemos?-Steve perguntou.
—Ele está no deserto. -Fury disse. -Vocês vão pra lá, agora mesmo. -Começamos a sair. -E Loki, - O deus se virou. -é bom estar do nosso lado.
Ninguém falou nada enquanto íamos. Todos pareciam nervosos, e estavam. Steve parecia tentar armar algum plano, mas não conseguia saber como. Thor girava Mjolnir com a mão, o olhar perdido no nada. Natasha e Clint estavam lado a lado, sem se olharem. Tony e Bruce analisavam as imagens do “cachorro grande”. Loki... Estava olhando pra mim, o que me fez desviar o olhar.
Assim que pousamos, em ruinas de pedra, não vimos aquela coisa. Onde estava a besta? Do nada, uma sombra passou acima de nós. O monstro.
—Escondam-se!-Steve mandou, num grito sussurrado. Encostei as costas numa parede semidestruída e espiei. A coisa era maior ao vivo.
—Meu Deus. -Murmurei. -Que droga é essa?-O monstro se afastou das ruínas, correndo rápido. Ninguém sequer se mexia.
—Como matamos isso?-Clint perguntou.
—É uma boa pergunta.
—Eu tenho um plano. -Tony disse. -Steve sabe qual.
—Oi?
—Ataquem!-E saiu voando até o bicho. Dei de ombros e o segui correndo, assim como os outros.
Hulk parecia louco para detonar o bicho e o puxou pelo rabo, que parecia ter espinhos. Com uma patada, o verdão voou longe. Natasha começou a atirar, e Thor lançou Mjolnir. Nada parecia feri-lo muito.
—O que diabos é essa coisa?-Gritei, atirando estacas de vidro no monstro. -Como chamamos essa coisa?
—Cão do Inferno?-Tony sugeriu. Tive tempo de revirar os olhos, e então correr, pois a criatura se virou na minha direção.
Vários monstros como aquele surgiram, só que eram menores, como cães de verdade, só que horríveis. Eles me lembravam daquele bicho estranho em Alice no País das Maravilhas, o que pertencia à Rainha Vermelha, e então ficou “amigo” da Alice.
Loki estava mais afastado, apenas assistindo, e então pareceu voltar para a realidade quando um dos mini cães malignos tentou mordê-lo. Eu matei uns três, e então tentei acertar o grande, só que ele era rápido, e esperto.
Sim, esperto. Ele parecia deixar os pequenos na frente, para nos atacarem. Como se pensasse: “Os deixe ir primeiro, quem sobreviver desses humanos, eu mato depois”. Ainda bem que era um deserto, ou mais uma cidade seria destruída.
Nenhum de nós conseguia acertar o grandão, os mini monstros nos atacavam antes. Natasha foi mordida por um deles na perna e caiu, segurando um grito. O machucado era feio.
—Clint, a tire daqui!-Gritei.
Gavião mirou nos olhos do bicho, acertando o olho esquerdo. Em seguida correu para Nath, pegando-a no colo. Steve o mandou ir mais rápido. Clint correu, mas alguns dos mini monstros o seguiu. Thor foi atrás, tentando ajudar.
Fiz as asas de vidro aparecer e fui pro céu, parando ao lado de Tony, que analisava a situação.
—E aí?-Perguntei. -O que a gente faz?
—Não sei. Mas essa coisa não pode sair daqui.
—Então tá. Vamos acabar com ele.
Dei um mergulho no nada, atirando tudo o que tinha. O monstro me acertou com o rabo, lançando-me no chão. Eu só tive tempo de ver uma de suas patas vindo pra cima de mim, então Loki me tirou debaixo dele.
—Ah, meu Deus. -Murmurei. -Obrigada.
—Você está bem?
—É, eu acho que sim. -Me levantei e corri, tendo uma ideia. -Se afastem do monstro, agora!
Hulk e Steve se afastaram, correndo pro meu lado, Tony voou para cima de nós. Ergui as mãos e fiz uma jaula de vidro grande o suficiente pra prender o monstro, mas pequena o suficiente pra ele não se mover dentro dela.
—Acha que vai segurá-lo?-Tony perguntou, pousando atrás de mim.
—Eu não sei. Ele parou de se mover, viram?-Hulk esmagou dois dos mini monstros.
—Esquisito.
—Essa coisa é um Glauvek. -Loki disse, se aproximando.
—E que diabos é isso?
—Um cão de caça e destruição. Achei que era apenas uma lenda Asgardiana.
—Ele é que de mundo?-Steve perguntou.
—Não sei. Eu não me lembro de toda lenda.
—Dane-se o que é isso. -Resmunguei. -Temos que matá-lo, e logo. -Thor voltou.
—Clint levou Natasha para o jato. -Ele avisou. -Como estamos aqui?
—Boas novas: isso é um Glauvek.
—O que? Como veio parar aqui?
—Não faço ideia. Aliás, essas coisinhas são filhos dele?-Hulk esmagou mais deles, de novo.
—Digamos que sim.
—E o que é a mãe?
—Ele é a mãe e o pai. –Fiz cara de nojo.
—Eu não devia ter perguntado.
—É o seguinte. -Steve disse. -Nós vamos...
Então tudo explodiu. Meu vidro se despedaçou como se fosse a coisa mais frágil do mundo, e nos lançou longe. Glauvek rugiu, se erguendo com as patas traseiras.
—Acho que o irritamos. -Tony disse.
—Também acho. -Murmurei. -E agora?
—Vamos distraí-lo. Eu e Thor vamos enrolar ele. Hulk, Capitão, Loki, vocês ficam com o resto da cria dele. -Mais filhotes de Glauvek vindo na nossa direção.
—E eu?
—Você? Faça uma estaca de vidro, a maior que puder, e mais afiada. Vamos empalar esse monstro.
—Certo. Vamos lá.
Eu me afastei, esperando por um sinal de Tony. Estava reunindo toda minha energia, para fazer a estaca que poderia matar Glauvek. Não demorou até Steve, Loki e Hulk acabarem com todos os filhos, então só restou o Papai Monstro.
Irritado com Thor, por este ter lançado Mjolnir na sua cabeça, Glauvek se ergueu novamente nas patas traseiras, rugindo ainda mais alto.
—Agora!-Tony avisou.
Me ergui no ar com as asas, bem na altura do monstro, e então lancei a maior estaca que pude. Ela se enterrou no coração do Glauvek, fazendo-o tombar.
Voltei ao solo, assim como Tony.
—Ele morreu?-Perguntei, começamos a nos aproximar dele.
—Eu acho que não é uma boa ideia. -Steve disse. -Vocês dois, se afastem dessa coi... -O monstro abriu o olho, o único bom, já que Clint havia furado o outro. Tony e eu nos afastamos, mas Glauvek não se mexeu mais.
—Foi só um último movimento.
—Conseguimos.
—Nós matamos o monstro. -Thor disse. -Nós vencemos!-Ele bateu no ombro de Steve, quase derrubando o coitado. Fez o mesmo com Tony (que levou sorte por causa da armadura), e Loki. Hulk e ele apenas bateram os punhos (eu tenho certeza que o verdão fez pra machucar) e então me puxou pra um abraço.
—Está me esmagando!-Reclamei.
—Desculpa. -O jato sobrevoou sobre nós.
—Vingadores, subindo agora. -Clint disse, no comunicador. -Natasha precisa de um médico.
—Vamos. -Steve disse. -Hora de ir pra casa.
—Vamos todos comer shawarma!-Tony exclamou, enquanto o jato pousava.
—Comer o que?-Perguntei.
—Você não sabe o que é?
—Não.
—Vai adorar experimentar. -Os outros riram.
—Eu nem vou fazer comentários.
—Eu pago, galera! Vamos logo.


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Notas finais do capítulo

Não, esse monstro coisado ali q eles enfrentaram não existe... Eu acho...
No próximo cap... Mais treta.
"-Acontece, Dhenings, que eu não estou confiando em Loki, e você não tem experiência.
—Ah, então lutar para defender a Terra não significou nada? Tudo bem, na próxima eu fico do lado dos maus.
—Dhenings.
—Era brincadeira."
...
"-Avery?-Olhei pra cima. Steve. Thor estava atrás dele. O Capitão soltou as correntes que prendiam meus braços. -Você está bem?
—Mataram a Nath. Mataram ela.
—O que?
—Deram três tiros. Ela... morreu. E eu não pude fazer nada..."
...
"-Avery, querida... -A mulher começou. -... Por que você não volta ao seu quarto?
—Quarto? Aquilo é uma cela! E... -Lágrimas começaram a cair. -O que está acontecendo com a minha cabeça?
—Você está ficando instável. Mas vai ficar bem.
—Então você vai me ajudar?
—Vou. "
Bjs!!!



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