Off with her Head escrita por Ghost Writer


Capítulo 7
Casório em fuga - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Ano 4 - 1787

(Para meu caros leitores que estavam um tanto revoltados pelo fato do James SEMPRE "dar pra trás" na hora H com nossa Bourbon favorita (suponho que seja Edmontine), agradeço pela paciência e irei retribuir a mesma neste capítulo, mas não de forma explícita, sinto muito! Boa leitura!).

P.S: Este capítulo será dividido em duas partes porque escrevi o dia todo e estou com sono, contentem-se com isso, até.



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Ficou paralisada, como se não tivesse mais a capacidade de mover nem um músculo. Desabou na cama ainda sem nenhuma reação. O silêncio foi cortado a partir do momento em que ela começou a rir freneticamente. Levantei-me da banqueta e fui até a cama ainda coberta por lençóis empoeirados e olhei para baixo, onde estava Edmontine esparramada na cama.

–Você está bem?- perguntei calma e lentamente.

Puxou-me pela blusa e me derrubou em cima de si. Não parava de gargalhar, e cada vez mais alto. Tampei sua boca por receio que nos ouvissem. Depois de um tempo sem rir, Edmontine tirou lentamente minha mão de sua boca e sorriu levemente.

–Eu aceito- abriu um sorriso maior- Se...

–Se..?- questionei.

–Só se prometer que vamos viver em um lugar com céu aberto e em uma casinha simples e linda- disse rindo.

–Céu aberto e casinha simples e linda, certo- listei rindo.

Peguei Edmontine pelos cabelos e a beijei apaixonadamente como nunca antes. Só de pensar que eu me casaria com a única mulher que já amei em minha vida, meu coração quase saiu do peito. Eu a levantei da cama e a girei no ar; seu vestido prendia em todos os lençóis dos móveis e os derrubava, fazendo com que uma avalanche de poeira nos cercasse. Edmontine ria a ponto de seu rosto ficar rosado. Eu a abracei com uma felicidade inexplicável. Após girá-la várias vezes, fiquei um pocado tonto e desabei na cama, levando minha amada junto, que deu um grito espontâneo. Quando caímos levantamos ainda mais poeira. Não parávamos de rir. Entre beijos e gargalhadas, a felicidade era explícita. Eu a amava e ela a mim, nada podia nos impedir de nada agora,a não ser a luminosidade vinda da fresta da porta disfarçada.

–Já é dia?!- exclamou Edmontine ainda ofegante pelos risos.

–Seria mais fácil responder se houvessem janelas neste quarto- respondi debochadamente.

–Tolo! Não sei como vou me casar com alguém tão infantil!

–Ah é? Prefere um duque almofadinha do que um homem meio infantil?

–Almofadinhas tem suas vantagens- disse em tom de deboche.

–Liste uma.

–Eles saberiam me comprar roupas de qualidade- disse rindo- Mas nada além disso.

–Acho bom mesmo- disse sorrindo, indo em direção ao rosto de minha amada e a beijando de leve.

– Tenho que me vestir para sair daqui despercebida- disse desfazendo os laços que fechavam o vestido branco- Me ajuda com o espartilho?

–Claro- disse sem hesitar, ela estranhou e me fez uma careta confusa- O que há? Agora você é minha noiva, não tenho do que ter vergonha.

Me olhou impressionada, sorriu e continuou a desamarrar os laços. Estava meio apreensivo de vê-la despida mas alguma hora eu teria que encarar isso. Estava distraído com toda a bagunça que fiz ao levantá-la que ao me virar para a mesma, me deparo com o tecido leve do vestido branco deslizar sob suas costas e em seguida suas pernas, deixando-a completamente nua. Ao dar um passo para trás, tropecei no banquinho da penteadeira e caí sentado no chão. Ao se virar, Edmontine cobriu o busto com os braços e puxou um dos lençóis empoeirados para improvisar uma saia. Começou a rir e veio em minha direção para me ajudar a levantar. Não sei por que mas fiquei imóvel; ela riu em baixo tom, abaixou-se e beijou minha testa.

–Espantado?- sentou-se no chão ao meu lado com os cabelos cacheados e volumosos cobrindo o busto.

–Um pocado...- fiquei com as bochechas um tanto vermelhas- Nunca te vi sem... nada. Na verdade nunca vi ninguém sem nada.

–Então você nunca parou para olhar nenhuma tela deste palácio- disse dando uma risadinha- Temos vários quadros de mulheres nuas.

–Pessoalmente é diferente... Você sabe muito bem disso.

–Na verdade não- olhou por cima do ombro para mim- Não temos quadros com homens nus- riu.

–Engraçadinha- disse empurrando-a de leve com o ombro.

–Uma pena que não possa ficar aqui mais tempo- suspirou- Tenho que aparecer ao menos uma vez pelo palácio para perceberem minha existência... Então, ainda vai me ajudar?

–Claro- respondi.

Se levantou e foi até seu vestido de ontem pegar as peças de baixo. Primeiro vestiu o forro e várias outras peças de tecido branco. Fez um sinal com a mão para que eu fosse até ela. Estávamos na frente de um grande espelho, e ela me esperava com o espartilho apoiado sob seu abdomen. Engoli em seco ao me deparar com aquele instrumento de tortura (sob minha opinião) feito somente para transformar mulheres em palitos de dente. Com a mão que não posicionava o espartilho, Edmontine me entregou a fita para fechar o mesmo. Quando faltava somente apertar o espartilho hesitei, por mais que aquilo fosse natural para ela, era como se eu a machucasse.

–James, é só apertar e fazer um laço- disse Edmontine olhando por cima do ombro- O que que há contigo?

–Isso te machuca?- perguntei um tanto sem graça.

–Eu tenho que usar, se não sou castigada...

–Mas você já tem vinte anos! Ser castigada mesmo adulta?- exclamei.

–Enquanto eu morar aqui, tenho que seguir as regras.

Assenti em silêncio com a cabeça e apertei os laços de cetim que amarravam o espartilho. Pela raiva, acabei apertando demais fazendo com que Edmontine esvaziasse seus pulmões de uma só vez. Olhou-me através do espelho com cara de perplexidade e um sorriso leve.

–Você é bom nisso- disse Edmontine bufando com falta de ar.

–Me... Me desculpe, quer que eu alargue?- disse com um tom de culpa na voz.

–Assim está perfeito, obrigada mon amour– virou-se e me deu um beijo.

Saiu de frente do espelho e foi em direção à montanha de tecido que era seu vestido da noite anterior e vestiu camada por camada. Tive de ajudá-la também a fechar os vários forros que compunham aquele vestido. Quando estava ajeitando os cabelos diante da penteadeira, cheguei por trás e pus o pente decorativo em seus cachos, ela sorriu de dentes à mostra.

–Prometa-me uma coisa?

–E o que seria?- perguntou Edmontine.

–Em nosso casamento, vá com o vestido mais leve que você tiver ou achar-sugeri- E também use esse pente que tanto lhe admira, certo?

–Certíssimo- concordou espontaneamente- Mas agora tenho de ir ao encontro de meus pais, até mais ver mon amour.

Apagou o que restava do fogo da lamparina e abriu a porta oculta. Pegou-me pelo pulso e me arrastou depressa pelo corredor escuro. Estávamos à um passo de irmos para uma parte visível do andar, então levou suas duas mãos e envolveu meu rosto; puxou-me contra seus lábios e saiu apressada em direção às escadas. Eu a segui me escondendo para saber mais informações sobre o ex-pretendente de Edmontine. Uma criada direcionou-a até o salão de visitas leste informando-a que sua mãe estava a sua espera, o que seria de tão importante a ponto de Maria Antonieta querer falar pessoalmente com a filha? Me pareceu suspeito, então continuei a seguindo. Ao chegar, Maria Antonieta não perde tempo e logo dispensa a criada, que saiu do salão às pressas.

–Pois não mamãe, queria me falar?- questionou Edmontine.

–Sim, sim, sente-se- apontou a Rainha- Gostaria de lhe informar de seu casório com o Duque Austríaco, lorde...- Maria Antonieta foi interrompida.

–Austríaco?!- exclamou Edmontine- Vocês pretendem me despachar para Áustria?! Mas eles já são nossos aliados! Porque precisam me casar com um duque? Deixem-me na França! Esta monarquia já está completamente acabada mesmo!

–Edmontine!- exclamou a Rainha- Não me venha com sandices! Não vê que nossa situação é crítica? Não temos dinheiro nem para bancar nossos usuais banquetes!

–Já pensou no povo?! Eles não tem dinheiro nem para pagar seus pecados! O povo passa fome Maria Antonieta! Não tem dinheiro nem para o pão! O quer que eles façam?!

–Que comam bolo!- gritou a Rainha, saindo da sala com passos firmes- Comece a arrumar suas coisas, amanhã você irá para Áustria.

Edmontine estava possessa. Saiu voando da sala e quase passou por mim despercebida se não tivesse a segurado pelo braço. Me olhou com olhos fervendo de raiva e de repente abriu um sorriso um tanto maligno.

–Siga-me James- disse séria.

–Cer...Certo- gaguejei.

Fomos até o quarto oculto no segundo andar. Estava com tanta raiva que quase arrombou a porta de nosso refúgio. Arrancou o lençol que cobria a penteadeira e arrancou a primeira gaveta, jogando todas as joias em cima do móvel.

–James, empreste-me seu casaco.

–Para que?- ousei perguntar.

–Para usar de sacola- respondeu.

Tirei meu casaco rapidamente e o entreguei à Edmontine, que quase imediatamente jogou todas as jóias do móvel nele, formando uma espécie de sacola. Esvaziou também a gaveta que continha os vidros de perfume vazios e jogou tudo na sacola improvisada. Olhou para trás e avistou o velho guarda roupas meio aberto e logo em seguida olhou para mim.

Mon chéri, esqueci meu vestido de noiva no guarda roupas, pegue para mim sim?- disse suavemente.

–Claro mon amour– respondi sorrindo, indo em direção ao guarda roupas.

Peguei o vestido branco que havia visto em Edmontine e o debrucei em meu ombro. Ela fez um sinal com a cabeça para sairmos do quarto depressa. Foi na frente com meu casaco/sacola enquanto eu fechava a porta do quarto oculto. Ela correu em direção ao seu próprio quarto e eu a segui. Fechou a porta bruscamente e a trancou, dando-se um momento de alívio. Quando comecei a cogitar os fatos, fiquei perplexo.

–Estamos roubando estas jóias não estamos?

–Eu não diria roubando- respondeu-me distraída- Conhece o conto de "Robin Hood" James?

–O ladrão que rouba para os pobres...- acrescentei- Isso que iremos fazer?

–Se tiver algo contra, não te envolverei nisso e nem te julgarei por isso...- disse desanimada colocando as jóias em uma de suas malas.

–Pelo contrário Ed, tenho um amigo que pode nos ajudar com este plano, mas para seu auxílio teria de ir agora encontrá-lo- disse já me virando para porta.

–James, espere!- clamou Edmontine- Preciso fazer uma coisa antes.

–E o que seria..?- fui interrompido ao olhar para Edmontine.

Estava nua. Arregalei os olhos e fiquei imóvel.

–Como... Como conseguiu tirar toda esta roupa em tão pouco tempo?

–Depois lhe conto, temos coisas mais importantes para tratar neste momento.

Edmontine se aproximou lentamente de mim e minha primeira reação foi fechar os olhos (reação estúpida ao ver uma mulher nua). Pude ouvir sua risada leve e descontraída.

–Não precisa se envergonhar, não há nada de anormal nisso- disse calmamente.Pegou minhas duas mãos e as posicionou cada uma em um lado de sua cintura- Algo tão bonito não precisa ser tão temido.

Engoli em seco. Estava tremendo de nervoso. Não tinha a mínima ideia do que estava fazendo ou do que iria fazer. Apesar de me encaixar nas situações mais extremas e inusitadas, pela primeira vez em toda vida,eu não sabia como agir, então simplesmente a beijei e deixei que tudo fluísse sem antes pensar ou idealizar coisa alguma.


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Notas finais do capítulo

Agora que a masculinidade de James está devidamente restaurada, eu os vejo no próximo capítulo. Até breve!

P.S: Viram? Ele não é gay [absolutamente nada contra mas, considerando o fato de que se passaram quatro anos e ele não tentar absolutamente nada com Edmontine (que estava quase, literalmente, SE JOGANDO em cima dele); estava quase subentendido que ele não gostava de mulheres.]

P.P.S: Espero que gostem!



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