Off with her Head escrita por Ghost Writer


Capítulo 6
Revolução


Notas iniciais do capítulo

Ano 4 - 1787

(Faz um tempo que não atualizo a história, então aqui vai mais um capítulo para meus queridos leitores. Boa leitura!)



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Estive seis meses comandando as tropas francesas em cidades do interior contendo parte das revoltas. Durante este meio tempo, me aliara com um grupo de revolucionários da linha de frente parisiense, qual planejava acabar com a tirania da Corte de uma vez por todas. Eu e Edmontine nos escrevemos cartas por todo o tempo que estive ausente. Ela também se alistou para frente revolucionista.

Estava quase chegando ao Palácio quando avistei uma fileira de carruagens ornamentadas por ouro na frente do portão principal, o que simbolizava a chegada de famílias nobres e duques. Desci rapidamente da carruagem em movimento e ajeitava minhas vestimentas enquanto corria. Ao entrar no salão principal, duques faziam fila para cortejar a única e aclamada princesa Bourbon "disponível", Edmontine. Depois de tantos meses, foi incrível observar como minha amada amadureceu longe de meus cuidados. Suas feições pareciam mais maduras, seu olhar agora muito mais penetrante e sério. Olhava a todos os duques que a cortejavam com desdém. Entrei na fila para testar a memória da princesa e ver se me trataria com desdém ou não. Quando chegou minha vez, ajoelhei-me diante de Edmontine e peguei sua mão, hesitei em dizer algo mas ela continuava a não me reconhecer.

–Não lembra de mim vossa alteza?- disse com uma voz um tanto baixa.

–Já nos vimos antes?- questionou Edmontine, confusa.

– Ed..?

Sua expressão mudou de desinteresse para entusiasmo. Arregalou os olhos como se quisesse gritar e me derrubar no chão. Gesticulou meu nome com a boca e apontou para um canto entre dois vasos de planta enormes que estava meio escondido do banquete "Vamos todos tentar casar com a Edmontine". Fui para onde me direcionou e esperei a fila acabar. A cada duque que chegava, ela me olhava e fazia uma careta de língua de fora. Assim que o último rapaz cortejou-a, Edmontine retirou-se respeitosamente de onde estava, assim como uma burguesa clássica. Ao se virar para mim, desfez toda a pose e apertou o passo em minha direção, sempre sorrindo. Jogou-se em meus braços em um pulo, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e esbarrar-se na bandeja de um dos criados que servia bebidas na, digamos, festa.

–Perdoe-nos Edgar!- disse Edmontine, ressentida.

–Perdoe a mim vossa alteza- disse o criado de cabeça baixa, catando os cacos de vidro das taças que caíram no chão. Me agachei para prestar auxílio ao idoso, que negou e retirou-se silenciosamente, de queixo erguido e peitoral estufado, como se o tivesse ofendido.

–Mas...- gaguejei um tanto perplexo- O que foi isso?

–A situação atual das revoltas general. Esqueceu que o povo agora abomina os Bourbon?

Assenti discretamente com a cabeça. Tudo estava calmo até o som estridente ensurdecer-me, anunciando a chegada do e rainha mais infames de toda a Europa. Edmontine agarrou-me pelo braço e guiou rapidamente até as escadas que levavam ao segundo andar. Foi até um corredor escuro e abriu uma porta oculta na parede do final dele. Ao acender uma lamparina, deparei-me com um quarto abandonado, com móveis cobertos por lençóis brancos e muitas camadas de poeira.

–O que fazemos aqui?- atrevi-me a perguntar.

–Nos escondendo- respondeu Edmontine.

–De que? Ou quem.

–De tudo e de todos- suspirou- Tudo está uma loucura desde sua partida mon amour– disse me abracando.

–De quem eram estes aposentos?- perguntei olhando ao redor- Não tem janelas.

–Deve ter sido de um ancestral Bourbon ou um depósito de um deles, algo do tipo. Descobri este quarto por acaso quando menina, ninguém no palácio sabe de sua existência.

–Fascinante- disse com um sorriso desinteressado. Ela riu.

–O bom de ninguém saber o que tem aqui é que pode ser nosso refúgio- disse Edmontine, com um sorriso provocante. Engoli em seco. Apesar de gostar da ideia, fiquei um tanto sem graça- Vamos ver o que tem por baixo destes panos?

Agarrou um dos lençóis e puxou bruscamente, levantando uma enorme nuvem de poeira.

–Uma penteadeira- assenti.

–Como é linda- disse Edmontine, largando o lençol no chão e se sentando em uma banqueta que estava diante da penteadeira- Deve ser bem antiga.

Começou a mexer nas gavetas da mesma e ficou perplexa com a quantidade de jóias e acessórios de ouro que haviam na primeira. A segunda era repleta de vidros vazios de perfumes; mas seus olhos brilharam ao ver o que tinha na terceira gaveta. Lá havia apenas um pente de prata com flores ornamentais de vidro.

–Um pente para penteados- disse Edmontine, fascinada.

–Mas ele não são para isso?- disse segurando o riso.

–Tolo, é para casamentos. A noiva usa isto no cabelo- acrescentou- Mas não é francês.

–Não?- questionei.

–É austríaco- disse Edmontine- Aqui deve ser o quarto onde guardaram os poucos pertences que minha mãe trouxe da Áustria.

–Então, logo após sua chegada à França, esconderam seus pertences aqui pois não poderia ficar com roupas e objetos que não sejam franceses- falei para a princesa, que assentiu com a cabeça.

Levantou-se da penteadeira e foi descobrir o resto dos móveis do quarto. Enquanto espalhava toneladas de poeira por todo lado, me sentei na banqueta da penteadeira e tirei a poeira do espelho ornamentado de ouro com a manga do casaco. Olhei para a primeira gaveta, a qual estava repleta de jóias a muito esquecidas, das mais pesadas às mais delicadas. Veio-me uma sensação de culpa e revolta naquele momento. Todas aquelas jóias amontoadas naquelas gavetas, em desuso por puro luxo. Se entregues ao povo, pagariam várias dívidas e impostos quais os desmiolados regentes do poder cobram descaradamente, além de também pagar pela comida de um vilarejo inteiro.

–James, veja!

Virei-me em direção de um antigo guarda roupas e me deparo com Edmontine vestida de branco. Era um vestido leve e suave. Sem nenhum tipo de amarras sufocantes e tecidos berrantes. Estava linda. Sorri meio sem graça por demorar a responder.

–Está tudo bem?- perguntou Edmontine rindo de leve.

–É que...- engoli em seco- Prefiro você vestida desta maneira.

Ficou de bochechas coradas e abriu um sorriso de dentes à mostra.

–Pareço uma noiva camponesa!

–Então quer dizer que já está pronta para seu casamento?- disse rindo, mas um tanto sem graça.

–Imagine só!- começou a gargalhar- Maria Antonieta me vendo casar vestindo somente isto!

–Falando nisso- interrompi- Já escolheram qual será seu duque?

–Ainda não- suspirou- Estão querendo me oferecer de presente para qualquer um que pague bem; mas gostaria de fugir logo deste leilão e voar para os braços da revolução.

–E porque não agora?- sugeri.

–O que está sugerindo?- virou-se séria.

Pus a mão no bolso do casaco e tirei o anel de noivado qual havia guardado de minha mãe.

–Vamos?


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!



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