Off with her Head escrita por Ghost Writer


Capítulo 3
Baile de Máscaras


Notas iniciais do capítulo

Ano 1 - 1783



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Cinco dias se passaram e o dia do grande Baile chegou. Não havia visto Edmontine o dia inteiro, o que atiçava ainda mais minha curiosidade(principalmente pelo fato de ser vertida por Maria Antonieta).

Abundância de comidas e bebidas nos preparativos; exagero ao extremo na quantidade de absolutamente tudo. Deixei de ver os preparativos para me vestir (era um baile de máscaras e eu havia recebido uma de presente da Rainha).

Me vesti rapidamente e coloquei a máscara de porcelana negra no rosto. Ao sair do quarto, deparei-me com minha que me esperava observando a multidão burguesa que lotou todo o salão principal.

–James, meu filho... Você está deslumbrante!- exclamou minha mãe.

–Obrigada- respondi inexpressivo e desanimado.

–Isso tudo é por ela?- perguntou sorrindo.

–Eu... Suponho que sim- respondi avoado.

Será que seria mais do que uma simples e vagarosa paixão? Será que eu desejava algo mais com Edmontine? Sim. A cada minuto que se passava eu ansiava ainda mais por sua presença. Pensei em que Maria Antonieta me disse; pagaria o dote milionário para dar a vida que Edmontine tanto deseja? Pensei também no que lhe disse blefando sobre "fugirmos de tudo" alguns dias atrás.

Meu pensamento foi bruscamente interrompido pelo som estridente de oito trompetes dourados no topo da escada. Na frente, aparece a Rainha (extravagante, como sempre), em seguida avisto Abigail (que estava magra como um alfinete), e por fim, Edmontine.

Seus longos cabelos roxos encaracolados estavam soltos repousados sobre seu busto. O vestido bege e azul marinho estava em simetria perfeita com seu corpo escultural, o pescoço fino repleto de colares (assim como suas mãos) e os ombros nus, onde as mangas caiam levemente sobre seus braços e, para finalizar, uma máscara bege com penas negras nas pontas e bordas de renda preta em toda máscara. Estava absolutamente linda. Eu estava praticamente babando até que sou acordado da hipnotizante visão da princesa por minha mãe.

–James... - começou minha mãe- Corra e chame Edmontine para dançar; antes que mais cinco duques cheguem antes.

Assenti sorridente para minha mãe e corri o mais rápido possível para atravessar o enorme salão até que, tropeço em algo e saio deslizando por todo o piso de mármore. Quando paro, vejo um par de saltos e engulo em seco. Olho para cima torcendo para que não tenha caído aos pés de Maria Antonieta, mas, era algo pior, Abigail.

Monsieur Buttenbender?- perguntou confusa.

–Princesa! Eu... Sinto muitíssimo- supliquei.

–Você está procurando Edmontine, estou certa?

–Como... Como sabe?- perguntei.

–Já não basta eu ter de viver essa vida de boneca de porcelana, ainda mais minha irmã. Procure-a na cozinha com Beth, vou distrair mamãe com meus pretendentes... Traga-a para o Salão principal se ainda quiser sua cabeça no pescoço!

Estava perplexo com Abigail me ajudando, mas aquele não era o melhor momento para pensamentos vagarosos então, levantei-me avoado e saí correndo em direção à cozinha. Parei na porta sem fôlego e vi Edmontine ajudar a bater a massa dos famosos bolinhos de Beth.

–James?- pergunta Beth.

–Boa noite milady– respondi com um sorriso torto.

Edmontine virou-se e perplexa, gaguejou um "Olá" (pelo visto eu não estava tão ruim quanto pensava que estivera) e sorri bobamente, o que a fez corar as bochechas e dar um sorriso envergonhado.

–Edmontine, Abigail disse para levá-la até o Salão principal antes que a Rainha te mate.

–Certo,vamos- logo se virou para Beth e acenou- Até logo tia.

Começamos a correr para o centro do Salão e acabamos entrando na roda de dança, onde Maria Antonieta estava olhando atentamente. Para disfarçar, curvei-me para Edmontine e estendi minha mão a ela.

Mademoiselle, teria a honra de me conceder esta dança?

–Ah James, seria um privilégio!- respondeu entusiasmada com um sorriso de dentes à mostra.

Logo envolvi sua cintura com meu braço e comecei a conduzir a dança. Edmontine ria de minha expressão concentrada a cada passo da valsa (por mais que tivessem tentado me ensinar, eu não sabia, nem saberia, jamais, dançar,nem em mil anos, mas estava tentando).

–James- disse a princesa rindo.

–Sim?- respondi.

–Você tem certeza que não quer me deixar conduzir a dança?

–Absoluta- respondi sorrindo- Um dia terei de aprender... Porque não hoje?

–Porque você já pisou nos meus pés umas cinco vezes- sussurrou segurando o riso.

–Pausa?- sugeri.

–Claro, pés de valsa- debochou Edmontine.

Subimos as escadas e logo nos direcionamos à uma varanda, qual a vista dava para ver todo o extenso Jardim Real. Debrucei-me no parapeito da varanda e olhei para cima, observando o céu. Noite escura banhada pela luminosidade da Lua cheia, salpicada por estrelas intensamente acesas, mas distantes umas das outras.

–Tão belas... Tão solitárias... Por que tão misteriosas?- disse Edmontine debruçada assim como eu.

–Porque se não fossem misteriosas e solítárias, não esconderiam histórias tão boas- respondi.

Olhou-me com expressão confusa, como se pedisse para esclarecer o que havia dito,virei meu rosto para olhá-la e comecei a explicar.

–Veja bem, se não fossem misteriosas, não chamariam tanto nossa atenção e nosso interesse; e se não fossem solitárias... Não teriam histórias únicas, que nada as faria revelá-las.

–Faz sentido- disse Edmontine sorrindo e olhando fixamente para meus olhos.

Seus olhos azuis cintilavam a penumbra da Lua dentro de sua máscara de porcelana e seu sorriso mais puro e inocente. Eu analisava seu rosto por inteiro e me maravilhava a cada segundo gasto admirando-a. Seus olhos se fixam a minha e, consequentemente, faço o mesmo. Me aproximo e apoio minhas mãos levemente em sua cintura. Ela faz o mesmo, mas hesita em se aproximar mais. Não poderia perdê-la naquele momento, qual a distância entre nós agora era tão pouca. Levei uma de minhas mãos a encontro de seu rosto e retirei sua máscara, qual coloquei no parapeito da varanda. Voltei a por minha mão de encontro com seu rosto.

–Você é minha estrela Edmontine.

Um sorriso surgiu no canto de sua boca e em um movimento rápido, toquei seus lábios com os meus. Ela suspira e leva sua mão até a minha, redirecionando-a novamente à sua cintura. Estende sua mão repleta de anéis e leva de encontro com meu rosto, que logo relaxa e repousa em meu pescoço.

Naquele momento lembro de não sentir absolutamente nenhuma interação do mundo externo. O som da música tornara-se abafado e eu só sentia os doces e suaves lábios de Edmontine, além da brisa daquela noite que se tornou eterna. Eu faria de tudo para tê-la exclusivamente para mim, para sentir seu doce beijo todos os dias pelo resto da minha vida.

Edmontine afasta-se um pouco e volta a beijar meus lábios, sua mão desce do meu pescoço até meu ombro e seu outro braço me puxa para perto pelas costas,eu também à puxo pela cintura, até que o beijo torna-se mais intenso.

Sentia-me nas nuvens em um momento tão quente que estilhaçou a brisa fria daquela noite. Nada poderia estragar aquele momento tão perfeito e envolvente, a não ser um par de saltos com passos firmes e marcantes que ecoavam no corredor e martelavam na cabeça de minha jovem princesa. A mesma arregalou os olhos e depois os cerrou com força, sem se afastar de meus braços. Encolheu-se em aconchego ao meu peito e eu a envolvi em um abraço. Se fosse Maria Antonieta, estaríamos os dois mortos. Hesitei em olhar para quem estava na porta, mas era inevitável. Todos os músculos do meu corpo relaxaram assim que me vejo o par de saltos que me deparei no início do Baile.

Abigail segurava uma risada encostada na moldura lateral da porta, mas não funcionou. Começou a gargalhar de modo a se sentar no chão de tanto rir. Senti que ao ouvir a risada da irmã, Edmontine relaxou todo seu corpo e se afastou de mim.

–Você está querendo que eu tenha um infarte?1- gritou para Abigail, qual não parava de rir.

–Ai meu Deus!- disse Abigail,ofegante-James sinto muito!

–Tudo bem- respondi sorrindo e envergonhado.

–Vim avisar que mamãe está a sua procura e...- Abigail mostra uma máscara toda rachada a Edmontine -Que vocês esbarraram em algo.

–Ai...Meu Deus- disse a princesa, pasma -Eu estou morta.

–Me dê a máscara Abigail- pedi.

–O que vai fazer?- perguntou Edmontine, apreensiva.

–Salvar sua pele- respondi sorrindo.

Peguei a máscara quebrada e retirei cuidadosamente tanto as pequenas penas quanto a renda que a envolvia. Tirei minha máscara e a modifiquei com os acessórios da quebrada, o que acabou virando uma feminina. Eu a entreguei e ela sorriu. Se aproximou e deu-me um último beijo de despedida, em seguida, correu junto a Abigail em direção às escadas, antes de descer, vira-se uma última vez e sorri para mim.

Suspirei e sentei no chão da varanda. Aquilo realmente havia acontecido, eu e Edmontine nos beijamos e eu a desejava (por não hesitar,supus que ela também me desejava). Peguei sua máscara rachada ao meio e lembrei de seu rosto; como destacava seus grandes olhos azuis e como eram iluminados pelo luar. Aquele sim, teria sido um dos melhores dias da minha vida, o qual eu jamais esqueceria.

Comecei a pensar no futuro. Como seria ter uma vida ao lado de uma pessoa que tanto anseia por liberdade. Um riso repentino me veio ao rosto, ainda olhando cuidadosamente para a máscara pude concluir que... Eu a amava.


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Notas finais do capítulo

Comentem :3



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