Sobreviver escrita por Nadii


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite, povo!!

Sumi? Sentiram minha falta?? hahahaha... Desculpa!!
Primeiro deixa eu explicar, se pra vocês que estudam essa época é cansativa e cheia de coisa, imaginem para os professores de vocês??! Eu estou do lado deles!! hahahaha
Pois é, elaborar, aplicar e corrigir provas, além de fechar médias e fazer continhas pra ver quem precisa daquele "empurrãozinho" sabe? Então, agora pensem, que dos quase 900 alunos que eu tenho, uns 600 ficaram em exame final!! Vida de prof de Física não é fácil. Faz quase um mês que finais de semana e momentos de "folga" se ocupam com atividades da escola!
Segundo, não foi fácil escrever esse capítulo. Sabe quando você tem a ideia e ela simplesmente não sai escrita? Por aí... Gosto de escrever a mão primeiro, depois digitar, mas para poder postar pra vocês, uma parte saiu digitada direto, por isso, perdoem-me se não sair como esperam.
Quero agradecer a todos os que comentaram e estão acompanhando, Matt Wagner 27, que comentou TODOS os capítulos: Obrigada!
Bom, o capítulo foi inspirado em uma música (acho que vocês conhecem), coloquei a tradução dela já que tem relação com o enredo de hoje.

https://www.youtube.com/watch?v=RzhAS_GnJIc

(Safe and Sound)

Nos vemos nas Notas Finais ;)

Boa Leitura!



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Suor. Lágrimas. Dor. Medo. Assim acordo de mais um pesadelo. Puxo o ar com força tentando normalizar a respiração. Tiro as cobertas para o lado e saio da cama rumo ao banheiro.

Já no banho, passo os momentos que vivi ontem. Se, vinte e quatro horas atrás, me dissessem tudo o que iria acontecer, eu jamais acreditaria. Peeta chegou fazendo uma surpresa que a princípio me assustou. Fui caçar. Visitei o lago onde aprendi a nadar. Conversei com Dr. Aurélius e minha mãe. Jantei com Peeta e foi tão bom. Me senti viva, como há muito não sentia. Muita coisa mudou. Eu ainda não mudei, decidi mudar: isso faz a diferença. Ainda tenho medo, ainda tenho dúvidas, confusão é praticamente meu apelido. Mas quero tentar.

Vestida com um roupão, saio do banho e pego a pérola na gaveta. Agora eu tenho os dois e isso é muito mais do que eu esperava. Me arrumo com uma roupa para ir caçar mais tarde. Desço e encontro Greasy na cozinha arrumando o café da manhã.

– Bom dia, Greasy. - digo.

– Oh, bom dia, menina. Levei um susto hoje quando não te encontrei naquele sofá. Subi e vi que estava no quarto, fiquei mais tranquila. Está tudo bem? - ela me olha como se visse um fantasma, o que me faz sorrir, pois sei que não está entendendo nada.

– Tudo sim. Aliás, quero te agradecer por tudo o que tem feito por mim esses meses todos. Sei que não tenho sido uma pessoa fácil e, por incrível que pareça, você não desistiu. Não tinha motivo algum pra ficar, mas o fez. Obrigada por ser minha amiga. - falo e a abraço.

Sae fica surpresa com minha atitude, porém retribui ao contato fazendo um carinho confortável em minhas costas. Olho pra ela sorrindo e batem a porta. Vou correndo abrir.

– Bom dia. - Peeta está parado em minha frente com um lindo sorriso no rosto.

– Bom dia. - respondo.

– Vim para o café, tudo bem?

– Ah, claro. Entre. Tudo bem sim, e com você? - falo já me dirigindo à cozinha.

– Bem. Greasy. - ele cumprimenta e se volta para mim - Trouxe pães com queijo. São seus preferidos ainda? - pergunta.

– Você lembra! - não foi uma pergunta. Por essa eu realmente não esperava.

– Sim, ao menos isso eu me lembro.

– Oh, sentem-se, vou servir o café pra vocês. Vamos, crianças. - Sae nos ordena.

– Sente conosco, por favor. - peço a minha amiga.

– Não quero incomodar, além do mais tenho muitas coisas ainda para fazer e quero sair mais cedo olhar minha neta, ela amanheceu com um pouco de febre. Não tem problema, Katniss?

– Claro que não há problema, Greasy. Mas amanhã você toma café com a gente. - “o que estou falando?”, nem ao menos sei se Peeta vai querer voltar aqui. Minha mente confusa avisa.

Ela assente e sai. Começamos a comer em silêncio, mas nada desconfortável, aproveitamos a companhia um do outro, apenas. Fiz de mais por um dia. Sei que estou uma bagunça, mas aos poucos vou me organizar. O simples fato de ter Peeta por perto me traz uma calma e uma segurança incrível. É quase como se nada pudesse me machucar. O silêncio é quebrado por ele, que pergunta sobre a minha noite e os pesadelos. Acabo contando como tem sido, o que tenho sonhado e como evito dormir. Conversar com Peeta é fácil, ele puxa assunto e vamos falando sobre eles.

– É, por essa eu não esperava! Você é rápido, garoto! - Haymitch entrou e nem percebemos em meio a conversa.

– Oi, Haymitch. - lhe ofereço um leve sorriso. Ele me olha de forma confusa, volta seu olhar para Peeta, sei que não entendeu nada.

– Vem tomar café, tem lugar reservado para você. - Peeta indica que ele sente junto a nós.

– Então, docinho, sumiu o dia todo ontem – ele fala tomando o seu lugar – até fiquei preocupado. Mas parece que está melhor, e ao que percebo já soube das novidades. - diz sorrindo e olhando para nós dois.

– Pois é, fiquei o dia fora ontem. Precisava ficar longe disso tudo. - disse simplesmente.

– Você vai para a floresta? - Peeta muda de assunto e eu o agradeço mentalmente por isso.

– Vou sim, não sei quanto tempo vou ficar por lá. Mas devo voltar após o almoço.

– O Tordo, mantendo uma conversa civilizada com alguém? - ironiza Haymitch interferindo na conversa.

– Não enche, Haymitch! - falo de cara fechada. Mas logo suavizo a expressão – A propósito, obrigada. - ele concorda com a cabeça, sei que entendeu e ele também sabe que não vou falar mais do que isso, não com ele ao menos.

Quando terminamos o café, Peeta me ajuda a lavar a louça, mesmo com Greasy Sae insistindo que isso era parte do seu trabalho. Combino com Peeta que iremos jantar juntos, claro que Haymitch se convidou para participar da refeição. Deixo meus amigos e, com o arco e flechas em mãos pego o rumo da floresta.

“Como pude ficar tanto tempo longe daqui?” é a única coisa que martela minha mente. Mas diferente de ontem que vim pra cá pra pensar, tudo o que quero hoje é esvaziar minha mente. Quero esquecer de tudo, quem eu sou, quem fui, o que fiz, absolutamente tudo. Pelas horas que passo aqui consigo exatamente limpar minha mente de qualquer situação. “Dr. Aurélius irá gostar de saber que encontrei uma nova terapia”.

Os dias seguintes recebem uma nova rotina: eu levanto, me arrumo, tomo café com Peeta e Haymitch, vou para a floresta e aguardo ansiosa o horário da janta em que posso conversar mais com meu amigo. Normalmente, meu ex-mentor apenas sacia sua fome e volta para sua casa e é quando posso aproveitar melhor o tempo com meu garoto do pão. Cerca de uma semana depois, recebo o material enviado pelo meu médico da Capital, há muitas folhas, coisas para escrever e outras para desenho também.

Após o jantar, combinamos de começar a escrever um livro de memórias. As primeiras histórias são sobre os momentos que passei com meu pai na floresta. Fico horas admirando a concentração de Peeta ao fazer um desenho, onde meu pai e eu estávamos em meio à árvores e mato, ambos com arco e flecha em mãos. Meu vizinho, tinha um jeito de franzir a sobrancelha e morder os lábios enquanto traços firmes e precisos apareciam na folha, antes em branco.

Em uma dessas noites, quando Peeta veio se despedir de mim, apertei-me mais ao seu abraço querendo, ao máximo, prolongar aquele momento. Não queria que ele fosse, pois isso era sinônimo de noites em claro ou pesadelos durante a madrugada e nenhuma dessas opções me agradava. Ele parece perceber que há algo errado.

– O que foi, Katniss? Está tudo bem? - perguntou.

– Sim – minto – só não quero que você vá, podemos conversar um pouco mais? - mesmo indecisa, prefiro ser sincera nessa parte.

– São os pesadelos, não é? - uma enorme interrogação se forma em meu rosto o que ele percebe, pois ri – eu ouço seus gritos durante a noite, por vezes estava pra vir aqui e te acordar, mas não sabia como seria sua reação – completa. Isso me dá coragem pra falar o que quero há dias.

– Fica comigo, Peeta? - peço.

– Sempre.

Peeta apenas vai até sua casa para pegar roupas e objetos pessoais, prometendo voltar rapidamente. Enquanto isso, subo ao meu quarto, tomo um banho e coloco uma roupa de dormir. Ele não demora, mas para o meu coração ansioso parece uma eternidade o tempo até ele chegar. Como nas noites no trem e na Capital, Peeta deita, me puxa para repousar em seu peito e é assim que o sono e os sonhos chegam. Eu apenas me permito mergulhar na escuridão.



Eu me lembro das lágrimas escorrendo

pelo seu rosto

Quando eu disse

Nunca te deixarei ir embora”

Quando todas as sombras quase acabaram

com a sua luz

Eu me lembro que você disse

Não me deixe aqui sozinho”

Mas tudo está morto e acabado

E já passou nesta noite.



Acordo com um movimento na minha cama. Olho para o lado e vejo Prim deitando junto comigo. Ela está com os dedos gelados, o que me faz pensar que ela estava passando frio em seu lugar.

– Oi, pequena, não consegue dormir? - pergunto.

– Não. Está muito frio e também estou com medo. - uma lágrima varre seu rosto, logo a limpo e a aconchego junto a mim – Eu sei, mas não precisa, estarei aqui com você. Nós já passamos muita coisa e sempre vou cuidar de você – beijo sua testa a apertando com meus braços.

– Mas hoje é a colheita. Você sabe...

– Eu sei – suspiro. Não quero que ela saiba que também estou com medo.

– Não consigo dormir, estou com fome - “eu também estou”, penso. Mas agora não tenho muito o que fazer. Hoje não é um bom dia para ir à floresta, há muitos pacificadores por aí.

– Venha. Coloque o casaco. - digo me levantando da cama também.

Vou até a cozinha e coloco carvão para acender o fogo. Ontem juntei alguns gravetos, o que vai ajudar a manter o fogo por mais tempo. Coloco uma vasilha com água para ferver, acrescento umas folhas de hortelã para fazer um chá, isso vai nos manter aquecidas e enganar a fome. Desde que meu pai morreu, há alguns meses, eu tenho tentado nos manter vivas. Minha mãe entrou no que eles chama de “depressão”, mas sinto raiva dela, “como pode esquecer de suas filhas?”.



Apenas feche seus olhos

O sol está se ponto

Você ficará bem

Ninguém pode machucá-lo agora

Ao chegar a luz da manhã

Nós ficaremos sãos e salvos



– E se você for sorteada? Não quero ficar longe de você, Katniss! - Prim me tira de meus pensamentos.

– Não vou, Prim. Afinal, é a primeira vez que escrevo meu nome na colheita – sorrio tentando confortar tanto ela quanto a mim – Vai ficar tudo bem – a abraço apertado, impedindo as lágrimas de caírem agora.

Sirvo um copo com chá para ela e para mim. Coloco em outra vasilha água ferver para tomarmos um banho. O tempo já começa a ficar mais quente, mas ainda assim, não podemos nos dar ao luxo de ficar doentes. Lembro-e que ainda temos um pedaço de pão que troquei com o dono da padaria por alguns esquilos. Divido em três partes e dou uma a Prim.

– Coma, você está com fome. Vou levar um pouco para nossa mãe, quem sabe ela se anima não é? - Não deixo minha irmã perceber minha revolta. Ela é pequena ainda, mas nos seus oito anos já passou coisa de mais.

Entro no quarto e vejo minha mãe acordada, seu olhar é distante, ela está perdida em memórias e saudade. Mas eu também sinto saudade, do meu pai e de ser apenas uma criança. Agora tenho que manter três pessoas vivas.

– Mãe, trouxe algo para a senhora comer. Vamos, levante. Prim está com medo. Ela precisa de você! Se eu for sorteada ela só terá você! - Pela primeira vez em meses, ela me olha e assente. Não fala nada, mas sei que entendeu e isso é mais do que tive dela até hoje.

– Agora coma. Depois vamos nos arrumar, temos que estar na praça logo.

No pequeno banheiro, mistura a água quente com água fria na banheira e dou um banho em Prim. Faço tudo com muito cuidado e carinho. “Será que vai ser sempre assim? Toda colheita essa agonia e uma dor no peito, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer?” Não sei, mas queria que isso passasse.

– Prim, sua roupa está separada e enquanto se arruma, tomo meu banho.

Entrei na banheira e me lavei rapidamente. Vesti a roupa separada, era da nossa mãe quando mais jovem.

– Kat, estou pronta. Como ficou? - fala minha irmã e dá uma volta.

– Está linda. Mas arruma essa blusa direito dentro da saia, parece um rabo de pato! - rio para ela.

– Quack! - foi sua resposta.

– Minha irmã é uma pata?! - ri ainda mais e a abracei – Minha patinha.

– Mamãe já está pronta. Vamos? - disse e logo saímos de casa rumo a praça.



Não se atreva a olhar pela janela

Querido, tudo está em chamas

A guerra do lado de fora da nossa porta

continua devastando

Agarre-se a essa canção de ninar

Mesmo quando a música tiver acabado,

Acabado



Em frente ao Edifício da Justiça já tinha bastante gente. Todas as pessoas do distrito eram obrigadas a estar ali e muitas ainda estavam chegando, como nós. Depois de colocar meu nome na lista fui encaminhada para o local onde estavam as meninas da minha idade, muitas estudavam comigo, outras lembro de ter visto vez ou outra.

Observo o lado dos meninos e logo meus olhos o encontram. Ele com seus cabelos loiros e olhos azuis está tão assustado quanto eu. Nossos olhares se encontram. Ele sorri, mas eu desvio e olho para a frente. Sempre que o vejo lembro-me da dívida que tenho com ele. Nunca fui capaz de agradecer.

Sou tirada desses pensamentos quando uma mulher toda arrumada com roupas estranhas e coloridas começa um discurso sobre os Dias Escuros. Depois do prefeito falar, ocorre o sorteio dos tributos. Estou aflita. Apavorada. Com a sensação de que algo vai dar errado.

Uma menina, um ano a minha frente na escola é sorteada. Ela chora muito, mostra todo o seu desespero. Embora me sinta aliviada por não ser eu a sorteada, compreendo seu medo: os tributos do Doze sempre morrem na arena, a maioria ainda no banho de sangue. O menino, não conheço, é mais velho, mas não está menos assustado. São como animais indo para um abatedouro. No fundo eles sabem que é um caminho sem volta. Dor. Medo. Pavor. É tudo o que se vê nos olhos dos tributos desse ano. Talvez eles apenas desejam uma morte rápida. Lenta e dolorosa já é a nossa vida na Costura.



Apenas feche seus olhos

O sol está se pondo

Você ficará bem

Ninguém pode machucá-lo agora

Ao chegar a luz da manhã

Nós ficaremos sãos e salvos



Aos poucos as pessoas voltam para suas casas. Procuro minha mãe e minha irmã, preciso dividir meu alívio com elas. Prim pulou em meus braços assim que me viu e eu, igualmente, retribuí ao carinho, pois se existia alguém que eu amasse nesse mundo, esse alguém era ela. E seria pra sempre assim.

– Eu te disse que ficaria tudo bem, Prim. - falei sorrindo pra ela.

– Foi só uma sensação ruim. Mas eu tenho pena daqueles que foram. Eles tem poucas chances. - falou triste.

– Quem sabe o nosso distrito não nos surpreende qualquer dia com um novo vitorioso? Vamos, acho que consigo ir à floresta apanhar algumas frutas ainda. - olhei para minha mãe e ela apenas concordou com a sombra de um sorriso. Não disse uma única palavra, mas sei que é um começo.

Já no caminho da Costura, volto meu olhar para o centro novamente. Lá está ele. O garoto com o pão conversa com outros meninos e eu sorrio com o pensamento de que esse ano ele está bem. Mais ao fundo, dentes-de-leão preenchem a paisagem da campina e essa é a certeza que eu tenho. Apesar de tudo, por hoje, estamos bem.

– Vamos, Katniss! - sou tirada dos meus pensamentos por Prim – Buttercup está sozinho, deve estar triste já.

– Aquele gato nem deve estar em casa – bufo.

– Você implica com ele! - ela sorri – Anda logo.

– Tudo bem – eu sorrio, afinal essa é minha irmã – Vamos, patinha!”



Acordo com um sorriso no rosto, o dia começa a amanhecer e foi uma noite sem pesadelos. Finalmente me dou conta de onde estou: nos braços de Peeta. Ainda deitada sobre seu peito, posso ouvir seu coração bater em um ritmo calmo e ele parece não ter pesadelos. Hoje não foram fantasmas ou Snow me perseguindo. Minha patinha não está aqui comigo e essa mera lembrança faz algumas lágrimas descerem por meu rosto. Mas dessa vez, além da saudade, um pequeno sentimento de que fiz o que pude, nasce em mim. Sim, a amei, com tudo o que tinha e da forma que pude. E ainda amo. Vou amar para sempre.



Apenas feche seus olhos

Você ficará bem

Ao chegar a luz da manhã

Nós ficaremos sãos e salvos.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?
Comente, favoritem, recomentem. Quero saber, sinceramente a opinião de vocês! É importante pra eu continuar escrevendo.
Perdoem os erros, e avisem os que encontrarem.
O próximo capítulo é o meu xodó. Escrevi uma parte dele, antes mesmo dos primeiros!
Aguardo os comentários!
Beijos, até o próximo! ;)