Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 21
Tarde Demais || Katniss


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos com uma autora irresponsável!!

Sério que vocês bateram o recorde de reviews no último capítulo postado? Que lindos, abracem virtualmente a Ellen agora!!! ~abraço coletivo~

E especialmente pra Paçoca com Chocolate, também conhecida como Mariana dos cachos lindos, que fez uma recomendação tão fofa quantos seus cabelos!!! Sim, talvez eu seja um pouco fã do cabelo dela!!! Obrigada pelo reconhecimento querida!!!

Sem mais enrolação, sei que alguns estão puxando os cabelos por esse capítulo. Boa leitura!!! Bjs*



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Eu não podia estar mais feliz.

Obviamente, sexo não tinha sido a intenção quando empacotei minhas coisas, invoquei o código da amizade e acompanhei Peeta até Louisville. Mas no fim das contas, tinha sido melhor do que o planejado. Ele me contou toda sua história, que com certeza era mais triste do que eu jamais teria imaginado ser.

Eu não conseguia imaginar como alguém poderia ter aguentado tudo aquilo sozinho. A história com a ex dele, Katherine, era uma coisa. Isso era muito, muito pior. Perder toda a família como ele perdeu, em tão pouco tempo...

Eu ainda não concordava que as ações dele assim que chegou em Denver eram corretas, mas de repente me pareciam mais justificáveis. Esquecer seria algo que eu também buscaria nesse caso. E apesar de toda a confusão, essa bagunça gerou nossa patinha, Prim, e fez de Peeta o homem que ele era hoje.

Eu também não estava totalmente de acordo como a venda da casa, como disse a ele ontem, mas eu entendia que ele precisava desse desfecho, precisava fechar esse ciclo. Peeta então deixaria o passado no passado e poderia se focar em sua filha, sua residência, seu sonho de ser cirurgião e em nós.

Nós.

Não posso negar que a ideia do “nós” ainda me assustava como o inferno, mas se Peeta estava disposto a tentar, a me deixar ser sua “Kat”, eu também estaria. Na minha cabeça, agora que as coisas finalmente estavam ficando claras em como eu me sentia sobre ele, e podia jurar que ele também passava por esse processo no momento, mas ninguém poderia negar como estávamos bem juntos.

Terminei de fechar o zíper e fui em direção à sala, cumprimentar a tal Mags. Se alguém me traz comida, o mínimo que eu devo fazer é agradecer, certo?! Sorri ao ver minha blusa próxima à camiseta dele emboladas na base da escada, sem lembrar ao certo como elas foram parar ali.

― Peeta, olha onde eu achei as nossas camis... ― parei ao ver a imagem na porta. Eu não via quem abraçava Peeta, mas ele estava lá parado como uma estátua.

― Eu senti tanto sua falta. ― a voz feminina dizia, sua voz claramente embargada. ― Me perdoa Peeta, me perdoa.

― Peeta? ― o chamei mais alto dessa vez da entrada da sala, e ele balançou a cabeça parecendo finalmente acordar de uma espécie de transe, então a afastou. ― Essa é a Mags?

Quando ele ficou um pouco de lado pude ver melhor a figura. Cabelos negros e lisos, corpo esculpido e bem à mostra em um vestido soltinho e curto, e os olhos... Cinzas como os meus. A garota da foto.

Isso não poderia estar acontecendo. Não agora.

― Meu nome é Katherine, quem é essa Peeta? Espera, te vi ontem na escola...

As ações seguintes fugiram do meu controle. Eu estava cara a cara com a criatura que machucou Peeta que era uma das pessoas mais generosas e mais importantes da minha vida. Avancei em sua direção e já lhe dei um belo tapa na cara, seguindo para atacar seus cabelos.

― Sua filha de uma puta! ― gritei entre unhadas, tapas e puxões de cabelo.

― Peeta, tira essa louca de cima de mim! ― ela gritou de volta quando a derrubei no chão e continuei as pancadas.

― Você tem noção do que fez com ele? Você tem noção das consequências das suas ações e de como ele precisou de você? ― esbravejei enquanto Peeta me agarrava pela cintura e me tirava de cima da vadia. ― Me solta Peeta!

― Calma. ― ele ainda me segurava, enquanto eu lutava agora contra ele para voltar à minha sessão pancadaria.

― Eu não preciso ficar calma, você precisa ficar nervoso e expulsar essa vaca daqui! Ela quase conseguiu arruinar sua vida!

― Do que ela tá falando Peeta?

― Katherine, sai daqui, por favor. ― ele pediu evitando responder a pergunta dela e sendo educado demais pro meu gosto.

― Eu não vou até a gente conversar.

― Ele quis conversar quando o pai, o irmão e a mãe dele morreram e onde você estava? Dando pra alguém, aposto!

― Olha aqui garotinha. Eu não sei quem você acha que é pra se meter na minha vida e na de Peeta, mas se continuar me ofendendo...

― Vai fazer o quê? ― me aproveitei de uma distração de Peeta para saltar de seus braços em direção ao rosto da criatura de novo.

― Peeta! ― ela gritou se protegendo com as mãos.

― Kat meu amor, se acalme. A gente não resolve as coisas assim. ― Peeta poderia até ter me ganhado com a coisa do “meu amor”, mas o fato dele não me deixar descontar minha raiva estava me deixando frustrada demais para isso.

― Kat? ― Katherine gargalhou. ― Agora eu entendi tudo. ― a morena pareceu me analisar de cima a baixo pela primeira vez. ― Sei quem você é: o estepe. Peeta te usa pra lembrar de mim, não é?!

Uau, aquilo doeu. Eu sempre temi que fosse uma lembrança ruim do passado, mas nunca pensei no fato de que eu fosse uma lembrança boa e iludida que ele alimentasse dela. Tirei os braços dele de mim e fechei o zíper do moletom que acabou abrindo pela metade em meio à briga.

― Katherine, vai embora da minha casa! ― ouvi quando Peeta falou a ela antes de me seguir em direção às escadas. ― Katniss espera!

― Como você não se confunde? Katherine para cá, Katniss pra lá... Kath e Kat?

― Ela não significa mais nada, eu juro. O que você está fazendo?

― O que parece? ― questionei enquanto colocava alguma roupa. ― Estou indo embora e te deixando a sós com o amor da sua vida.

― O quê? Não! ― ele gritou frustrado.

― Sim Peeta, sim. Por dois segundos eu realmente acreditei que a gente fosse dar certo, mas não vamos. Você sempre vai ser esse cara complicado com o passado voltando pra te incomodar. Não tenho mais certeza se quero fazer parte disso.

― E sobre ontem? Te perguntei se você tinha certeza várias vezes e você falou que era uma pergunta idiota, e agora vem com essa? Katniss, por favor... Você disse que me am...

― Eu sei o que eu disse. ― o cortei. ― Mas você me conhece, falo demais, sem pensar direito. Foi precipitado.

― Então você não... ― Peeta deixou a frase suspensa no ar, seu rosto de repente adquiriu um pouco da feição sofrida de ontem.

O “eu te amo” da noite anterior saiu quase sem querer. Ao vê-lo sofrer, não me segurei, eu tinha que fazer algo e na hora me pareceu bom. E lá no fundo eu sabia que não era mentira. Mas ele nem chegou a dizer de volta, então talvez tenha sido mesmo uma loucura da minha parte.

O silêncio reinou nos minutos seguintes enquanto eu colocava as coisas que estavam espalhadas no quarto dentro da mala novamente. O olhar de Peeta ainda queimava sobre mim, enquanto ele não havia movido um músculo sequer de onde estava encostado na entrada do quarto.

― Deixa minha mala na casa da Madge, eu pego depois.

― Espera, você vai agora? ― como não respondi, ele continuou. ― O corretor imobiliário chega em alguns minutos. Eu assino esses malditos papeis e pronto. Nunca mais precisamos ver essa cidade na vida.

― Não se preocupe, eu pego um táxi ou um ônibus. ― falei para ele ao passar pela porta.

― Nunca! Eu não vou te deixar voltar sozinha.

― Ah, você vai! ― me virei bruscamente apontando o dedo para seu peito. ― Você precisa ficar e eu preciso de tempo.

― O que eu preciso é de você! ― continuei a andar. ― Katniss...

― Por favor Peeta. Te vejo pelo Exempla. ― usei as palavras para deixar bem claro que não o queria na minha casa tão cedo.

O que diabos você ainda está fazendo aqui? ― ouvi o grito dele e me senti tentada a voltar e presenciar o tão esperado embate entre Peeta e Katherine, mas o que eu precisava mesmo naquele momento era de distância.

~

Peguei o chato e insistente telefone em cima da minha mesinha de cabeceira.

Três da manhã, sério Clove?!

― Alô? ― falei com a voz sonolenta.

Viva! Aleluia! ― rolei olhos.

― Se você não me disser o que quer vou desligar. ― respondi mal humorada.

Você está bêbada?

― Só se for de sono. Seu inseparável relógio parou de novo? É madrugada!

Eu estou arrumando uns últimos detalhes aqui, mas a pergunta é: Katniss, onde você esteve nos últimos dois dias? Eu não sou lá a pessoa mais preocupada do mundo, mas quando sua amiga e colega de faculdade que vive com o celular na mão resolve sumir e não atende ligações ou responde mensagens, o mínimo que se espera dela é uma explicação.

― E precisava de tempo, ok?! Cheguei meio dia de Louisville, e aproveitei minha folga pra visitar meus pais, é pecado?

Você está lembrando que amanhã de manhã você tem que apresentar sua defesa, não está?

― Claro que sim. ― na verdade, eu não lembrava. Tanta coisa tinha acontecido que eu estava com a cabeça meio perdida.

Ótimo. Quando você quiser me contar o que aconteceu, sou todo ouvidos, mas vê se não se atrasa pra isso Katniss. É importante.

― Eu sei, obrigada Clove. Sem você minha vida acadêmica seria um fracasso, mas eu posso voltar a dormir agora?

Não se atrase, e se cuida. Boa noite, ainda vou finalizar alguns slides aqui. ― Clove estava “finalizando” a apresentação dela há umas duas semanas. Sempre o perfeccionismo em pessoa.

Mas o meu distanciamento do telefone tinha uma razão. Primeiro, por querer manter o foco no que estava acontecendo na cidadezinha de Peeta. Depois pra me manter a maior distância possível do loiro.

Mas ao ter o aparelho desbloqueado em minhas mãos, senti elas coçarem para saber o que tinha de novo nele. Não resisti ao impulso e abri as notificações. Dezenas de mensagens de voz e chamadas perdidas e centenas de mensagens esperavam para serem vistas e ouvidas, todas provenientes praticamente das mesmas pessoas. Comecei das menos para as mais complicadas.

Haviam mensagens de boa sorte da minha orientadora e colegas, gritos desesperados de Clove de onde eu havia me metido, algumas de Johanna ou de Prim, que nos últimos dias tinha aprendido a fazer ligações e sempre me deixava uma ou duas mensagens ininteligíveis sem que Jo soubesse. Então seguiam-se as preocupadas de Gale e as de Madge. Restaram então apenas quatro de Dan e quase uma dezena de Peeta.

Seguindo minha ordem classificatória, abri as de Dan primeiro.

2 dias atrás, 15:30h

“Oi linda, como está? Madge me disse que viajou hoje. Sem querer parecer safado, mas tem uma coisa que não consigo para de querer e de pensar desde a última vez que nos vimos... Torta de maracujá!” Ele deu aquela risada gostosa ao telefone. “Ah, aquela coisa de beijar você também foi legal, vamos fazer durar mais da próxima vez. Estou falando da torta. Beijo.”

2 dias atrás, 23:43h

“Katniss, você não sabe o que eu comprei aqui pra minha casa: uma máquina de fazer sorvete caseiro! Não é querendo te comprar nem nada, apenas dando informações aleatórias da minha noite sem você. Espero que volte logo. Boa noite.”

Ontem 10:05h

“Clove me disse hoje que sua defesa é amanhã! Estou indo comprar um terno novo, então qual a cor do seu vestido pra eu combinar a gravata? Brincadeira, não sou tão cafona. Mas só a nível de informação, qual vai ser a cor da sua roupa? Não vejo a hora de te ver de novo, estou morrendo de saudades. Alguma comida especial que você deseja pra depois do seu sucesso? Lasanha, bolo, um Daniel Anderson talvez?”

Ontem, 22:30h

“Amo você. É, acho que isso resume meu dia. Boa noite.”

Danny não podia ser mais fofo, e o que eu estava fazendo da minha vida? Selecionei todas as mensagens de Peeta para apagar sem serem sequer ouvidas, mas mais uma vez não resisti à tentação.

Ontem 10:10h

“Você ainda está aqui em Louisville? Estou saindo de casa, por favor, atenda...”

Ontem 11:50h

“Estou na porta do seu apartamento, mas Jo me disse que você nunca voltou pra cá. Estou preocupado, me liga.”

Ontem 16:30h

“Você não está em nenhum hospital, delegacia ou necrotério de Denver, e isso foi um alívio. Sim, eu liguei para todos, porque isso é o que uma pessoa desesperada faz, e eu sou esse tipo bem agora que você não atende minhas ligações!”

Ontem 19:17h

“Isso não é coisa que se faça Kat, se você queria distância era só dizer, não precisava sumir. Eu não iria de atender seu pedido, mas deixa pra lá... Espero que aproveite esse dia com seus pais. E não brigue com Johanna por me dar o telefone deles, ou com sua mãe por me confirmar que você estava aí. Consigo ser bem persuasivo quando quero, menos quando de trata de você, pelo jeito.”

Ontem, 22:47h

“Ok, Katniss eu entendo que você esteja chateada, mas eu preciso dizer, caso você ainda tenha dúvidas: Katherine não é nada na minha vida, porque simplesmente não tem mais espaço. Você é tudo. E além disso, eu...”

Ontem, 22:49h

“Foi mal, apertei o botão errado aqui da coisa, a última mensagem acabou não indo completa. Só... Obrigado por me ouvir, me ajudar. Apesar de tudo, me sinto melhor depois de compartilhar com você. Volta pra mim, vai?”

Hoje, 01:00h

“Estou indo dormir, mas acho que não vou conseguir. Nenhuma noite vai ser como antes depois de ontem. Espero finalmente conseguir te ver amanhã, estou ansioso por isso. Sinto sua falta mais do que imaginaria poder sentir um dia. Boa noite.”

Hoje 2:50h

“É, como previsto, não consegui dormir. Boa noite. De novo. É... Boa noite Kat.”

Katniss, sua burra, você deveria mesmo não ter escutado as mensagens de Peeta! Acho que vou morrer com minha cabeça tão confusa!

Ainda rolei na cama por mais algumas horas, mas nada de sono. Quando meu relógio marcou cinco e meia da manhã, decidi levantar. Caminhei devagar até chegar à cozinha, em busca de algo. Até porque não há estresse que aplaque minha fome, ao contrário disso.

― Desse tamanho e ainda ataca minha geladeira na surdina. ― saltei de susto.

― Ai meu Deus, pai! ― levei a mão ao peito. ― Tentando ficar órfão ao contrário? ― ele riu. ― O que faz acordado essa hora? Tá escuro ainda!

― Eu sei, mas meu médico é um sádico! Ele me manda me exercitar cedo pra não morrer, e como ainda quero ver meus netinhos...

― Ah. Acho que vou procurar alguma fruta pra comer, com licença.

― Tá, me conta, qual foi o problema?

― Como o senhor sabe que tenho um? ― ele apontou para o lugar ao seu lado no sofá. Aceitei o convite e sentei.

― Quando você tinha 10 anos, saímos numa caminhada pela montanha, numa excursão. Sua mãe ficou no hotel, então fomos só nós dois. Você, como sempre inquieta, acabou machucando o joelho na volta e começou a chorar dizendo que ia morrer.

― Na verdade eu gritava “acho que vou morrer”, é diferente!

― O fato que é o ferimento pegou uns dois pontos, mas você passou uma semana sem comer suas besteiras, porque dizia que ia acelerar sua morte.

― O que isso tem a ver pai?

― Quando você tem um problema, você sempre come coisas saudáveis. Faz sem nem ter consciência disso, então, qual é o problema da vez?

― Ah pai, é estranho falar disso com o senhor.

― Tá, porque eu sou velho e não entendo de amores jovens? Você me ofendeu mais que o Dr. Aurelius agora.

― É assim... ― comecei sem saber o falar direito. ― Imagine isso como uma história totalmente ficcional.

― Ficcional? ― ele começou a rir.

― É. Tem uma garota, meio louquinha, mas no geral bem sociável. Ela conhece um cara numa boat... Em um parque. ― me corrigi. ― Ele é bem sério, mas começa a ajudá-la a ser menos “louquinha”, por assim dizer. O tempo passa, e eles passam por várias fases no relacionamento, desde o interesse físico dela nele, para professor e aluna, amigos, quase irmãos, melhores amigos, até... Você sabe.

― Não, eu não sei. ― ele mordeu o lábio contendo um sorriso com sua cara de “você vai ter que dizer as palavras”.

― Tipo, eles meio que se gostam, assim, mais ou menos, sabe?

― Sim, prossiga.

― Pois é. Então tem esse outro cara. Ao contrário do primeiro que apesar de ser lindamente gentil e inteligente, é super complicado, meio obscuro e tem um passado que volta e meia bate na porta dele, às vezes literalmente, esse segundo cara é maravilhoso, divertido, bem humorado e muito, muito descomplicado. E faz eu me sentir tão livre. ― ele arqueou uma sobrancelha para meu deslize. ― Faz a garota se sentir livre, a garota da história!

― E sua dúvida é sobre qual dos dois?

― A minha não pai, a da garota ficcional. ― esclareci.

― Ah claro, esqueci que tudo era ficcional.

― Então, o que fazer?

― Meu bem, você me permite uma analogia? É algo apenas para facilitar na minha mente. ― balancei a cabeça afirmativamente. ― Digamos que essa garota seja minha filha, eu diria para ela o seguinte... ― meu pai segurou minhas mãos e me olhou nos olhos. ― Eu sempre vou torcer para que você seja feliz. Mas eu sou seu pai e sempre vou querer que evite qualquer sofrimento. Pelo que eu entendi, os dois a fazem feliz de modos diferentes, mas você tem segurança em apenas um deles. Eu sei o que você quer que eu responda, que você deve aceitar todos os problemas e ficar com Peeta. ― meu coração acelerou ao ouvir o nome dele. ― Mas eu não quero te ver chorar. Não estou dizendo que ele seja ruim, mas enquanto você não tiver plena segurança...

― Como senhor sabe do Peeta?

― Sua mãe me contou de um certo jovem meio desesperado que ligou ontem no início da noite. E você não parava de falar do seu “professor” no natal, então meio que liguei os pontos. Meu cérebro ainda funciona, princesa. ― ele me aconchegou em seu peito como sempre fazia desde criança. ― Ele também parece gostar muito de você, mas sei lá... Você não perece ter certeza sobre como ele se sente. ― minhas certezas eram o justamente o problema...

― Então “Dan” é sua resposta?

― “Katniss feliz” é minha resposta. ― recebi um beijo no topo da minha cabeça. ― Não posso escolher por você, minha linda, mas posso escolher te convidar a dar uma caminhada comigo, pode ser?

― Acho melhor eu ir me arrumar pra voltar pra casa. Eu não lembrava que minha defesa era hoje, tenho que ver se ainda preciso preparar algumas coisas.

― Só não faça nada no impulso, ok Kat?

― Impulsiva é quase meu nome do meio pai, mas vou tentar.

Ele sorriu para mim antes de sair. Fui direto ao quarto, peguei meu celular e escrevi uma mensagem com a hora e local da apresentação do meu trabalho. Logo em seguida, contrariando a promessa que tinha acabado de fazer para meu pai, enviei para Dan e Peeta. Um teste parecia bobo e infantil, mas eu me sentia bem imatura no momento. Com tantas dúvidas, eu esperava mesmo que o destino me desse uma resposta: o primeiro que aparecesse teria sua chance.

~

― Não Katniss, assim não pode. Muda a cor dessa letra! ― Clove brigou enquanto eu estava curvada sobre meu notebook nas primeiras fileiras do auditório. ― Se você tivesse me perguntado antes...

― Qual diferença isso faz Clo? Pronto, arrumei. Mais alguma coisa? ― ela se inclinou sobre minha tela, passando os slides e os analisando com seu olho clínico de especialista de normas e técnicas em trabalhos de faculdade.

― Com um desses, meu bem, dava casa, comida e roupa lavada. E outras coisinhas também. ― ouvi os cochichos e risadinhas de três garotas da minha turma que também iriam apresentar seus trabalhos hoje e que estavam sentadas na fileira de trás da minha. Rolei olhos, porque se elas sempre foram umas galinhas durante anos de curso, não mudariam agora.

― Ele pode ser só o entregador das flores. ― uma delas supôs.

― Pois me passa o número dessa floricultura agora!

― E esses olhos? Que azul mais perfeito! ― meu coração parou uma batida e segurei a respiração. Um sorriso discreto formou-se em meus lábios quando me virei ansiosa.

Daniel parecia me procurar por todo o local que começava a encher de alunos, professores ou amigos e familiares. Em suas mãos, um buquê de rosas e em seu rosto um sorriso que se amplificou quando seus olhos encontraram os meus. Caminhei em sua direção com o mesmo sorriso congelado em meu rosto.

― Pra você. ― ele me estendeu o buquê. ― Muito antiquado?

― Eu amei, obrigada. ― agradeci passando meus dedos pelas delicadas pétalas das belas flores. ― Onde está o seu terno?

― Hm, aí seria antiquado demais! Ah, e trouxe isso também. ― ele me estendeu uma pequena caixa com um bombom dentro. ― Trufa de maracujá, caso você estivesse nervosa.

― Qual a sua coisa com essa fruta? Seus pais são fornecedores aqui em Denver ou coisa assim? ― ele riu.

― Eu me sinto um idiota quando tento de agradar. Eu pareço um idiota? Sinceramente, pareço um idiota? ― Danny fez uma careta fofa.

― Você parece tudo, menos um idiota. ― dei um beijo em seu rosto e segurei sua mão para o guiar na direção que Clove estava.

― Kat. ― ele se manteve parado no lugar. ― Sobre nossa última conversa e minhas mensagens meio melosas. Espero não ter te assustado com tudo aquilo...

― Por que você acharia isso?

― Você sumiu e não me atendeu por dois dias depois que a gente se beijou, então...

― Está tudo bem Danny, sério.

Os olhos dele varreram meu rosto em busca de algum indício que eu estivesse mesmo chateada, até pararem na minha boca e encará-la por um tempo a mais, me fazendo enrubescer um pouco. Quando ele se inclinou na minha direção para me beijar, meu primeiro reflexo prevaleceu, e eu acabei me afastando um pouco.

― Tem lugar para você lá na frente, vem sentar comigo. ― enlacei meu braço no dele sem ter coragem para encará-lo nos olhos.

À medida que minha vez se aproximava, a tensão ia aumentando, mas me forcei a ficar calma. Dan frequentemente apertava delicadamente minha mão me passando força, enquanto eu assistia um por um meus colegas se apresentarem. Clove foi conversar com sua orientadora, deixando o espaço ao meu lado vazio, me trazendo a lembrança constante de quem não estava ali por mim.

Meu pai me aconselhou a ser feliz, me sentir segura e protegida, e por mais que eu sentisse isso quando Peeta estava comigo, ele raramente conseguia ficar ao meu lado. E mesmo com todas as mensagens negando a importância dela, eu sabia que sempre haveria Katherine.

Levantei-me ao ouvir meu nome ser chamado, e depois disso tudo pareceu passar voando. Falei no tempo determinado, a mesa avaliadora gostou e acabei com uma nota de 9,5, bem mais do que eu achei que conseguiria, na verdade. Clove veio logo em seguida e como já era esperado e merecido, ela foi aprovada com o louvor da nota máxima.

― Parabéns meninas! ― o terceiro professor do local falou ao se retirar enquanto conversávamos próximo à saída no fim das apresentações.

― Você merecia nota dez também! ― ela se queixou.

― Por favor Clove, seu eu ganhasse um dez ia ser ofensa pro seu trabalho. Tava brilhante!

― Eu concordo que as duas mereciam. ― Dan interveio.

― Você não vale Danny, ajudou até a escrever o meu!

― Você ganharia pontos comigo por ser tão linda quando dá aquele tique nervoso de ficar coçando o antebraço e mordendo o lábio.

― Eu não tenho isso.

― Ah, claro que tem. Mas é fofo mesmo assim.

― Como você consegue ser tão assim?

― Assim como?

― Sei lá... Umas vadias da minha sala queriam te dar um monte de coisa indecente quando te viram entrar.

― Se isso for um sinal de ciúmes seus, posso dizer que estou adorando. Ei, onde está a sua amiga? Eu podia jurar que ela estava aqui agora mesmo.

― Clove tem alergia a romances. Ela acha nós dois “fofos” demais. ― ele riu.

― Ei, você está bem Kat? Eu sei que você tenta disfarçar, mas parece meio tristinha essa manhã. Foi por minha causa? ― Dan questionou preocupado.

― Como alguma coisa ruim pode ser sua causa?

― Pelo que eu te falei, porque eu te beijei, sei lá... Você está ok com isso?

Ele me perguntava se eu estava ok com alguém incrível que dizia que me amava e que fazia de tudo para me ver sorrindo. Se eu estava ok em ter alguém que segurasse minha mão e dissesse que tudo ia dar certo. Como qualquer pessoa normal poderia não estar ok com isso?

Decidi que meus sentimentos por Peeta não atrapalhariam mais minha felicidade.

― Mais do que ok. Eu aceito.

― Han?

― Aceito namorar você Daniel Anderson.

Envolvi meus braços em torno do seu pescoço e fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. Dan prontamente retribuiu, envolvendo minha cintura e me apertando junto ao seu corpo, em um delicioso beijo de novela. Mesmo com os olhos fechados, eu podia sentir seu sorriso em meus lábios quando nos separamos. Ela me ergueu no ar e me girou, fazendo com que eu o segurasse mais forte para não cair. Sim, estávamos fazendo uma cena no meio de um dos auditórios da Universidade.

Quando Danny me pôs no chão ainda me abraçando pude ver por cima de seus ombros quem observava a cena a Deus sabe quanto tempo. Ele estava meio esbaforido, como se houvesse acabado de correr alguma semi-maratona, seus cabelos caiam meio desgrenhados em sua fronte. Mas o que me incomodou mesmo foram seus olhos, que estavam perplexos e tristes.

Sinto muito Peeta, mas você chegou tarde demais!


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Notas finais do capítulo

*Ellen desviando das flechas dos leitores*
Se você acha que Peetniss acabou aqui, sinto muito em lhe dizer que ainda tem muuuuuita coisa para acontecer nessa roda do bicho! ~o que eu acabei de dizer? whatever!~
Enfim, nos vemos por review, MPs, grupo do wpp e aquela coisa toda de sempre...
Se vocês acham que eu ou a fic merece uma recomendaçãozinha, não fiquei acanhados, escrevam!
Então é isso, até o próximo, que será nada mais, nada menos que o aniversário do nosso gato loiro. Mas é claro que quase ninguém sabe disso, com exceção de uma pessoinha “adorável”!!! Até lá... Bjs*