Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 15
Climão || Katniss


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas trufas de chocolate com recheio de chuchu!!!
Tudo bem por aí?! Já comeram muito chocolate?!

Aproveitei esse início de feriado pra escrever esse capítulo, com as consequências do pós-beijo. Ai Ellen, que lindo, Peeta e Katniss se acertaram?! Estamos falando de Peetniss aqui, então... Aguardem!!!

Bos leitura e leiam as notas finais, são muito importantes!!! Bjs*



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Apertei meus dedos no balcão frio do posto de enfermagem, levantando a cabeça apenas a quantidade de centímetros necessária para proporcionar minha visualização do corredor adiante, onde algumas pessoas passavam apressadas.

― O que está fazendo...

― AI! ― gritei levando a mão ao peito fazendo Effie dar um pulo para trás de susto.

― Desculpe senhorita, não quis matá-la de susto e fazer você me levar junto!

― A culpa foi minha. ― admiti.

― O que você faz escondida atrás do meu balcão Katniss?

― Nada, só olhando aqui... uns prontuários. ― mostrei a ela o primeiro bloco de papeis que minhas mãos encontraram.

― Essa é a escala dos plantões daqui. ― Fui pega na mentira! O jeito agora é levar na cara de pau.

― Ok, não vou mentir, na verdade estou... Estou vendo os funcionários que precisam de ajuda psicológica. Por favor, não diga a ninguém que estou fazendo esse levantamento.

― Por que estaria fazendo isso? ― Effie me olhou desconfiada, e estava na cara que ela sabia que eu estava mentindo.

― Porque a Dra. Paylor pediu, não é óbvio?

― Katniss, você é uma figura!

― Sim, eu sou, agora me ajuda numa coisa Effie. Quem está naquela sala ali? ― apontei em direção ao local onde geralmente Peeta tirava suas folgas com Madge, Finn e os outros. ― Você sabe, pra minha análise.

― Que eu saiba, a Dra. Undersee.

― O Doutor Mellark... Peeta Mellark... Doutor Peeta Mellark. ― me engasguei e Effie me olhava cada vez com mais estranheza. ― Peeta. Ele não está lá?

― Não.

― Tem certeza, porque acho que ele tinha uma folga nesse exato horário.

― Então porque você simplesmente não caminha até lá e descobre Katniss? ― ela me indicou a porta que estava apenas a alguns passos de onde estávamos.

― Pode ser muito arriscado.

― Vai logo menina!

Depois de um leve empurrão nas costas, alcancei a porta e a abri lentamente, colocando apenas minha cabeça para dentro. Madge estava concentrada em uma das mesas com vários papeis dispostos de maneira nem um pouco regular, enquanto ela coçava a cabeça em um gesto impaciente.

― Posso entrar? ― Mad levantou a cabeça, finalmente notando minha presença.

― Depende, você é boa em cálculo?

― Péssima. ― falei já procurando um sofá e me jogando nele.

― Eu geralmente deixo esses cálculos de medicação com Peeta, mas teremos uma prova logo, e eu tenho que aprender essa merda. Como ele consegue ser impecável até em matemática? Quer dizer: ele já é um médico incrível, a vida tem que justa e dividir os talentos entre todos e não concentrar tudo em uma só pessoa, fazendo os outros da mesma profissão parecerem mais burros. Você não concorda comigo?

― Concordo que Peeta Mellark é um mistério. Por falar nisso, onde ele está? ― perguntei casualmente, mas sentindo minha pulsação acelerar.

― Dra. Coin chamou ele e Finn pra uma cirurgia surpresa faz pouco tempo. Os dois tem estado cheios de segredinhos hoje, ainda não tive tempo para conversar com ele, então eu não sei... ― ela arregalou os olhos quando pareceu notar algo. ― Ai meu Deus, o encontro! Como foi? ― avermelhei na hora.

― Ah, você sabe, jantar, boate, essas coisas...

― Katniss... Por que eu tenho certeza que tem algo que você não está me contando? ― ela sentou-se ao meu lado no sofá.

― Ele me beijou ok?! Ele me beijou, lábios nos lábios, as mãos dele no meu rosto, nos meus cabelos, na minha cintura, o gosto dele na minha boca. Pronto, falei!

― Sem língua? ― ela perguntou rindo e nem um pouco surpresa.

― Isso é sério Madge, uma catástrofe! Eu estava surtando antes do encontro, imagina agora! O que eu faço, que dizer, o que somos agora, qual o porquê disso, Peeta enlouqueceu? Eu enlouqueci? E por que ele tinha que beijar tão bem? Por favor, pare de rir. ― eu estava jogando as palavras rapidamente e eu nunca tinha visto Madge gargalhar tanto.

― Desculpa. ― ela enxugou uma lágrima que escorreu do canto do olho. ― Você é muito engraçada.

― Eu não estou sendo engraçada, eu estou prestes a ter uma síncope! ― fiz drama tentando inutilmente fazer minha amiga parar de rir e me levar a sério.

― Você está prestes a ter uma perda súbita e transitória da consciência e consequentemente da postura, devido à uma isquemia cerebral transitória generalizada?

― Eu não sei o que é isso, mas se for grave, estou sim!

― Significa desmaio Kat. ― ela riu gentilmente. ― Só tem uma coisa que você pode fazer: conversa com Peeta e fala para ele como se sente.

― Dois problemas nesse seu conselho: primeiro, não sei como me sinto. ― levantei andando nervosamente pela sala. ― Até ontem eu tinha colocado na minha cabeça que se Peeta fosse algo diferente de meu irmão, as coisas poderiam se complicar e eu iria perdê-lo. Segundo: não quero falar com ele tão cedo! Essa conversa poderia acabar de vez com nossa relação e tenho muito medo disso.

― Eu sei que ninguém pode resolver isso por vocês Katniss. Mas eu tenho que te dizer que Peeta gosta mesmo de você, por mais que ele não saiba ou admita.

― Isso não é verdade. Quer dizer, até gosta, mas não desse jeito que você está sugerindo. Ele deixou isso bem claro quando nos conhecemos.

― Mais de seis meses atrás. ― ela atestou.

― As coisas não estão diferentes agora, eu sei.

― Sabe mesmo Katniss? Para um pouquinho e analisa as atitudes de Peeta nos últimos meses. Ele é o mesmo que te ajudou naquele bar?

Eu estava evitando pensar na estranheza de alguns comportamentos do Professor, desde os ciúmes de Finnick, a superproteção com os outros caras, alguns carinhos ou olhares diferentes que vez ou outra eu o flagrava me dando, o jeito como dançamos na boate, ou os “quase-beijos”. Eu não queria remoer isso. Me iludir sobre um sentimento que nunca existiu de verdade.

Eu ainda não tinha uma resposta para Madge quando ouvimos duas batidas na porta.

Madge? ― a voz de Peeta. Ai meu Deus! Dei dois passos pra trás, minhas costas encontrando a parede que ficava ao lado da porta, fazendo sinal para que a loirinha não revelasse sobre minha presença ali. Ele entrou e eu prendi a respiração, tendo minha visão limitada pela persiana semiaberta da janela de vidro da porta. ― Esqueci meu celular aqui e... O que você está fazendo? Isso na sua mão é uma revista de fofoca?

― É?

― Madge Undersee... ― ele cobrou respostas.

― Não é nada desconfiado! Eu também tenho direito de saber “como se descobre o homem ideal através do café da manhã dele”. ― ela começou a ler uma das manchetes da revista. ― Quem escreve essas merdas?

― Se eu não estivesse procurando Katniss, eu tiraria a verdade de você agora mesmo.

― Katn... Katniss? ― ela olhou por cima do ombro dele na minha direção atestando pra mim que Madge seria a pior agente secreta da história. ― Por que estaria procurando Katniss? Algo sobre o encontro? ― tive vontade de dar um tapa na minha própria testa. Calada Madge!

― Mais ou menos. ― ele desconversou. ― A cirurgia foi adiada em uma hora e eu já procurei aquela maluquinha por todo esse hospital e nada.

Maluquinha? Ele me beija do nada e eu sou a maluca?! Quando eu criar coragem para encarar Peeta de novo, ele me paga! Minha irritação acabou fazendo com que eu batesse acidentalmente meu crachá na porta, fazendo um barulho pelo contato da parte metálica com o vidro. Ele levantou a cabeça discretamente parecendo atento ao barulho.

― Ela está atrás da porta, não está?

― Madge, achei meu crachá! ― falei numa animação teatral saindo do meu esconderijo. ― Obrigada por me ajudar, eu já vou voltar ao trabalho, cuidar das pessoas, ser útil, essas coisas, sabe?! Tchau. ― ignorei a presença de Peeta e já ia saindo da sala quando ele me deteve.

― Katniss, podemos conversar um pouco? ― ele pediu.

― Eu até conversaria, adoraria conversar com você por horas, mesmo. Tava até falando isso pra Madge não faz nem dois minutos, não foi Mad?! Mas agora não dá. Trabalho, conversas com pacientes, essas coisas. Não tenho tempo, fica pra outra década. ― ouvi uma risada da loira, mas Peeta ainda estava sério.

― Você está no seu intervalo.

― Não, eu não estou. Como você pode achar que eu estou no meu intervalo?

― Katniss, você colocou mais de vinte post-it coloridos nessa sala, me lembrando seus horários e quando nós temos que nos encontrar. Olha aqui o de hoje. ― ele pegou o pequeno papel rosa-pink datado de hoje e com as palavras “10:00h – Peeta e Katniss”. Suspirei rendida e ele soltou meu pulso.

― Eu vou sair pra vocês conversarem melhor. ― Madge falou.

― Fica! ― gritei pra ela.

― Katniss, eu acho melhor...

― Se ela sair, eu também saio. Decide Peeta Mellark.

― Sobre o encontro... ― ele começou, aceitando minha condição. ― Eu me excedi e posso ter confundido um pouco sua cabeça.

― Um pouco? Você me beijou, sua língua quase entrou na minha boca quando você foi a pessoa que disse que nunca teríamos nada. ― ele olhou constrangido para Madge e depois pra mim.

― Eu sei.

― Já eu não sei o que pensar, nem o que te falar Peeta. Alguma coisa mudou, o que aconteceu?

― Madge, você poderia nos dar licença?

― Ela fica, eu já disse. ― me impus. Ele respirou fundo.

― Esse é o ponto Katniss, não quero que nada mude. Aquele foi um personagem, eu pensei que você tivesse entendido isso.

― Sério? Um personagem? Ainda vai continuar com isso?

― Sim. E em um encontro normal, isso poderia sim acontecer.

― Não era um encontro normal, isso foi errado desde o início. Você ficou com pena por causa daquele cara do Dia dos Namorados e veio com essa.

― Você sabe que não foi assim. Eu queria mostrar que o problema era com os outros e não com você, e atingi meu objetivo.

― Que objetivo posso saber? ― perguntei confusa.

― Passei algum tempo pensando sobre isso e cheguei à conclusão que você está pronta. Você me chama de professor, então estou aqui lhe dando seu diploma. ― ele riu meio sem graça. ― Você está pronta pra sair, namorar, conhecer outros caras. Eu fui apenas um experimento para provar como aquela garota insegura e carente não existe mais.

― Deixa ver se entendi: você está dizendo que tudo que aconteceu naquela noite não significou nada além de um experimento para provar que eu não preciso mais de você e que tenho que sair com outros caras?

― Exato. Você não achou que a gente fosse dar certo como um casal, achou? Eu deixei isso bem claro quando nos conhecemos.

Esse era o motivo. O porquê eu não me iludia com os sinais que Peeta poderia mandar ou com as indiretas ou diretas que Madge, Gale, Johanna ou Finnick me mandavam regularmente. Peeta era uma pessoa que não estava mesmo afim de relacionamento algum, tampouco comigo, e o fato dele ter dito isso com todas as letras agora provava meu ponto. Eu só não esperava que doesse tanto ouvir algo que eu já sabia.

― Eu vou deixar vocês conversarem. E Peeta... Você tem dois segundos pra consertar isso. ― Madge deu dois tapinhas do ombro de Peeta antes de sair, fechando a porta e nos deixando em um silêncio constrangedor que durou alguns minutos.

― Eu sempre fico com medo quando você não fala.

― O que você quer que eu diga? ― meus olhos encheram de teimosas e injustificáveis lágrimas.

― Não chora, eu e você...

― Eu não estou chorando! ― passei as costas das mãos pelos olhos. ― Também não estou apaixonada por você, se é o que está pensando seu... Seu idiota! Mas quer saber? Concordo com você.

― Concorda? Assim fácil?

― Não sou mais do tipo de implora Peeta. Por mim, toda essa estupidez de aulas acaba hoje e aqui. Eu vou sair daqui e o primeiro cara que me chamar pra sair, vou tentar mesmo fazer as coisas darem certo com ele, e sem sua ajuda.

― Ei Katniss, você não pode simplesmente sair por aí levando pessoas para sua cama.

― Não é da sua conta, você não é mais meu professor.

― Ainda sou seu amigo.

― É? ― ele abriu a boca para responder quando um alerta no celular dele que estava em cima da mesa ao nosso lado, chamou a atenção de nós dois.

Uma mensagem se materializou na tela, tendo como remetente uma tal de Cashmere e com as poucas e simples palavras: “Já faz quatro dias, minha cama está fria. Como resolvemos isso?” Peeta pegou o celular rapidamente o colocando no bolso do jaleco.

― Isso não é nada. Ela foi só...

Quatro dias atrás dava exatamente um dia antes do nosso encontro. Ele estava saindo com outras mulheres e me encontrando na cara de pau e ainda tentava se justificar com a velha desculpa do “é só sexo”? Aquilo era uma falta de respeito comigo e com todas as mulheres. Amigos não faziam esse tipo de coisa.

Eu teria muita coisa pra falar, muito pra xingar, mas preferi usar meu direito de ficar em silêncio e saí dali antes que Peeta levasse um belo de um tapa na cara. Por isso eu não queria conversar, eu sabia que pioraria e muito as coisas.

Minha saída impensada fez com que eu esbarrasse em uma pessoa logo no corredor, fazendo o coitado derrubar todos os tubos e máscaras de oxigênio que ele levava nas mãos.

― Desculpa, eu te ajudo. ― me abaixei e comecei a pegar os materiais espalhados pelo chão.

― Não foi nada, só terei que levar tudo isso pra esterilização de novo e passar por um processo de quatro horas, mas está ok. ― ouvi uma risada, mas ainda não ergui meu rosto. Não queria que ninguém me visse chorando por Peeta.

― Eu posso levar pra você.

― Tudo bem, eu adoro do calor de 30° que faz lá dentro. ― outro sorriso. ― Você está chorando? ― ele ajoelhou-se com o rosto quase rente ao chão para poder me olhar através da cortina que meus cabelos formavam em volta do meu rosto.

― Não, estou bem. Desculpa de novo. ― entreguei os tubos e máscaras e saí dali caminhando o mais rápido que pude.

~

― Qual o quarto de Haymitch Abernathy? ― perguntei à atendente que estava digitando algo no computador.

― 368.

― Obrigada.

Eu precisava mesmo de algo que distraísse. Com a Dra. Paylor ocupada com os outros pacientes e Clove ausente, eu não tinha ninguém que me desse algum trabalho extra. Lembrei que há alguns poucos dias Peeta tinha me dito que Haymitch estava novamente no hospital, então resolvi passar para vê-lo.

― Entrega especial para Haymitch Abernathy. ― falei depois de duas batidas na porta.

― Cai fora Mellark, a docinho chegou.

Desmanchei meu sorriso no minuto que vi Peeta em pé ao lado da cama. Desde a “conversa” de ontem, eu tinha evitado de todas as formas encontrá-lo e agora me odiava por não estar mais com tanta raiva, principalmente quando ele me olhou com aquela cara de cachorro deprimido.

― Passo aqui mais tarde pra te levar pra sala de cauterização.

― Peeta.

― Katniss. ― nos cumprimentamos formalmente quando ele passou por mim.

― Climão. ― Haymitch comentou, mas preferi ignorá-lo.

― Vai querer minha entrega especial ou não?

― É aquela coisa que eu sempre te peço?

― Melhor ainda. ― ele riu animado. ― Um abraço! ― o envolvi com os braços e ele tentou me afastar.

― Não quero abraços, mesmo sendo de garotas lindas como você.

― Obrigada pelo elogio. ― me sentei ao seu lado.

― O que Peeta aprontou?

― Por que você acha que ele aprontou algo?

― Conheço aquele garoto como a mim mesmo, e ele está com a mesma cara de quando eu bebi demais e acabei queimando cem mil dólares pra acender minha lareira.

― Você fez o quê? ― perguntei pasma. Eu sabia que Haymitch era rico, mas não louco a esse ponto.

― A questão aqui não é o dinheiro e sim a culpa que eu senti depois. Ele está se sentido culpado, e pelo jeito que te olhou, tem a ver com você.

― As pessoas têm que parar de ver em Peeta sentimentos que ele não consegue ter. ― falei amargurada.

― Ok, toquei em um nervo? Vamos mudar de assunto.

― Ótimo. ― concordei. ― Então, você é tão rico assim? Cem mil dólares me fariam não precisar trabalhar por um bom tempo!

― Pensando em um golpe do baú docinho? Não caio nessa.

― Eu acredito, e adoraria ouvir as histórias de como todas essas golpistas se frustraram.

― Sabe Katniss, é muito fácil escapar de um golpe.

― Por favor, me conta! As pessoas querem tentar casar comigo por causa da minha fortuna o tempo todo. ― ironizei e ele riu.

― É simples. Eu digo a elas que o álcool me levou a uma cirrose hepática, que levou às varizes no meu esôfago, que são veias super dilatadas. Essas, regularmente sangram, me deixando anêmico, com constantes vômitos hemorrágicos e internações constantes para tratamento. A diabetes e a falta de um doador compatível pra um transplante de fígado fazem com que minha cura seja quase impossível. ― o encarei boquiaberta. ― A maioria olha com pena, algumas com nojo. Nenhuma delas com vontade de me acompanhar enquanto morro, apenas de conseguir o dinheiro depois disso, então...

― Eu não sabia.

― Está aí a cara de pena que eu disse. ― ele riu e apontou para meu nariz.

― Desculpe.

― Tudo bem, relaxe. Brincar com a morte é quase um passatempo pra mim depois de todos esses anos. Mas e você? Não estar com Peeta te deu mais tempo livre hoje?

― Quem quer saber de Peeta se eu tenho um milionário com o pé na cova bem aqui na minha frente? ― ele gargalhou.

― Se eu parar de te pedir bebida, você promete vir mais aqui? Sua companhia não é todo ruim.

― Logo agora que eu já estava quase cedendo aos seus pedidos... ― fingi me lamentar.

― Então desconsidere minha última frase.

Ainda conversamos e rimos por mais alguns minutos e posso dizer que saí de lá com mais vontade de viver. Haymitch tinha uma doença crônica, que estava o matando aos poucos e nenhuma família para compartilhar esses problemas, e mesmo assim continuava rindo de suas tragédias, ao invés de apenas se lamentar com elas. Se ele não se queixava, eu também não tinha o direito.

Quando saí do quarto, faltavam apenas dez minutos para terminar meu intervalo, então decidir passar na lanchonete para buscar um café antes de recomeçar os trabalhos.

― Ei Kat!

― Oi Madge. ― encontrei a loira na fila do café, onde ela sempre estava nesse horário.

― Então, depois daquela hora ontem, eu não te vi mais.

― Vamos esquecer esse assunto ok?! Aquela conversa nunca exist... ― minha distração, fez com que eu esbarrasse em alguém e o café entornasse todo na pessoa.

― Ai ai ai, quente quente. ― ele soprava a camisa, a afastando do peito.

Algo nele me era familiar, foi quando associei que o moreno de olhos azuis em minha frente era o mesmo que esbarrei ontem quando saí da sala de Peeta.

― Dan, você tá bem? ― Madge perguntou se aproximando.

― Área de queimados, me levem pra área de queimados! ― o cara dramatizou, e Mad começou a rir, mas eu ainda o olhava preocupada.

― Ele tá bem. Vem, vamos te conseguir uma hidrocortisona tópica.

― Tem certeza que ele está bem? ― perguntei os seguindo.

Atenção Dra. Undersee. Atenção Dra. Undersee, compareça à UTI Pediátrica.

― Argh! Dan, você está por conta própria. ― ela pegou um bloquinho e anotou algo rapidamente. ― Entrega isso em qualquer posto que eles te dão o remédio. Depois a gente conversa sobre aquele assunto Kat. ― ela piscou pra mim antes de sair apressada.

― Você vai ficar bem?

― Até vou, mas se fosse eu que tivesse esbarrado na pessoa por dois dias seguidos, derrubado vários tubos estéreis e entornado café fervendo, acho que ao menos ia ter a humanidade de querer saber se a tal pessoa não ficaria com nenhuma cicatriz do meu desastre. ― ele riu de lado e seus olhos acompanharam o movimento, um brilho chegando à íris azul.

― É o mínimo que posso fazer, depois de você me chamar de desastrada e desumana. ― eu também ri.

Depois de passar na farmácia e pegar um tubo da pomada receitada por Madge, fomos até uma das salas de descanso, onde ele já foi desabotoando a camisa sem o mínimo de pudor. Mas se eu fosse um cara e tivesse aquele peitoral e aquele tanquinho, também não teria problema nenhum em mostrar.

― Geralmente as garotas me pagam um jantar antes de me fazer tirar a camisa, mas abro uma exceção pra você. ― ele gargalhou e eu ainda estava boquiaberta na porta. ― Você vai ficar só parada na entrada ou...

― Ah, claro.

Abri um pacote de gaze que estava jogado por ali e usei para passar a pomada onde uma mancha vermelha se formava no tórax dele.

― Você lembra da época quando a gente se esbarrava, você me molhava com lágrimas e não com café quente? ― ele falou pensativo como se nosso encontrão de ontem tivesse sido há séculos atrás. ― Bons tempos.

― Quanto tempo você vai ficar me jogando isso na cara? ― falei ainda ocupada com meu trabalho provisório de enfermeira.

― Digamos que até você aceitar que eu te pague um café e prometer não me queimar com ele. ― ergui meu rosto, nossos olhos se encontrando. O cara ergueu uma sobrancelha me provocando e eu não sei porque acabei rindo. ― Muito prazer, Daniel Anderson.

― Katniss Everdeen.


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Notas finais do capítulo

Agora sim, Peeta tem um concorrente à altura. É isso aí meu colega, como diria o velho ditado, "quem não dá assistência abre à concorrência"!!! Daniel Anderson chegou pra abalar a vida dessa dupla, como nem Finnick ou qualquer outro chegou perto de fazer.

E é o Chase Crawford galera, então... Palmas pra Ellen e sua escolha de elenco!!! ~clap clap clap~

Esses dias escrevi uma one de "A Seleção" pro desfio do Nyah do mês de março, grandes mulheres da ficção. Se curtirem a saga (ou se curtirem minhas estórias!) deem uma passada lá e deixem seu review e favorito!!! Me ajuda muito bebês!!!
Link: http://fanfiction.com.br/historia/605134/O_Peso_de_uma_Coroa/

Por enquanto é isso, vou correr pra responder os reviews atrasados!!! Bjs*

p.s.: Fãs de Arrow e The Flash, vocês estão acompanhando os últimos trailers que saíram dos episódios finais?! Meu coração não aguenta!!! Falo sobre isso com vocês nos reviews... Até!!!