Os Escolhidos - Destinos Interligados escrita por Angie


Capítulo 20
Capítulo 19 - Equilíbrio


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores de mi corázon!!! Sim, sim, eu sei que eu devia ter postado esse capítulo semana passada, e sim, eu ia postar sexta-feira a tarde, mas não deu tempo. Sabem, foi até bom isso, porque nesse fim de semana, eu pude melhorar algumas falas e por a parte do Aaron no final.
Beijinhos com sabor de brigadeiro!!!



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O tempo estava se passando de forma agonizantemente lenta. Apenas três dias haviam se passado desde o dia em que Isabella chegara na academia, e ao contrário do primeiro dia, quando uma série de acontecimentos chocou a todos, tudo estava parecendo bastante normal para eles – ao menos na medida do possível. – e embora aquilo parecesse bom, deixava-os cada vez mais ansiosos.

Claro, por ser uma humana normal, Isabella não necessariamente fazia parte de tudo aquilo, mas – graças aos deuses. – sua irmã e todos os outros, não lhe escondiam detalhe importantes, e por esse motivo a ansiedade constante também a contagiava.

Ainda assim, havia momentos em que ela ficava bastante animada. Rennata estava namorando com Thomas – mesmo depois de ter negado tanto que estava apaixonada. – e parecia tão feliz quanto Isabella nunca vira. Aquilo era bom. Ver sua irmã sorrindo verdadeiramente. Sua vida amorosa não estava sendo lá grande coisa, mas Ethan – que ela descobriu ser ex-namorado de Selena. –, havia se tornado um bom amigo seu, e aquilo era bom o bastante por enquanto.

– Senhorita Fuentes? – Edward Waters, o professor de cálculo chamou, tirando-a bruscamente de suas divagações.

Ao focar sua atenção nele, ela constatou rapidamente que não era ela a quem ele chamava, e sim a sua irmã, que dormia displicentemente em uma carteira do outro lado da sala.

Pela manhã, a academia funcionava como qualquer outra escola normal: com uma grade de matérias e até mesmo um sinal para alertá-los do horário. Era pela tarde que os treinamentos para aqueles que tinham poderes, começavam.

Inicialmente Rennata estava em uma turma de nível inferior a sua, mas logo perceberam o potencial dela e colocaram-na em aulas avançadas.

Isabella viu um garoto tocar o ombro de Rennata, que ergueu a cabeça com um olhar sonolento e olhou entediada para o professor. Piscando algumas vezes ela pareceu suspirar e se ergueu resignada. Isabella conhecia bem sua irmã e sabia do que ela era capaz, mas não deixava de ser divertido ver o olhar curioso de algumas pessoas, ao ver Rennata parar em frente ao quadro branco repleto de equações e começar a resolver tudo sem nem mesmo ter prestado atenção na aula.

Após responder tudo e dar algumas dicas básicas, a loira virou-se para o professor que lhe deu um olhar abismado – obviamente surpreso pelo conhecimento e ousadia de sua aluna. –, acompanhado de um sorriso de reconhecimento. Ao voltar para seu lugar, o olhar de Rennata se encontrou rapidamente com o de Isabella e as duas reviraram os olhos uma para a outra.

Típico.

Como aquela era sua última aula, Isabella esperou de forma paciente que o sinal tocasse e quando o fato ocorreu, ela se ergueu com pressa e saiu da sala o mais rápido possível. Ethan a esperava do lado de fora.

– O que está fazendo aqui? – ela estranhou. Normalmente ele tinha treinamento ou alguma aula extra naquele horário.

– Vim acrescentar uma aula a mais em sua programação. – ele explicou pegando casualmente sua mão e guiando-a ao longo dos corredores em meio a todos os alunos.

Isabella achava incrível o fato de que as vezes a academia parecia estar vazia, quando na verdade estava fervilhando de gente. Em um momento você pode estar sozinho em um corredor e no outro se vendo acompanhado por uma dezena de pessoas.

– Ethan, não há mais nada que eu possa fazer aqui. Estou completamente satisfeita, juro. As aulas são incríveis. Os professores são ótimos. Tenho certeza de que terei um bom futuro tendo esse lugar como ponto de partida. Mas não vou tentar fazer o impossível.

– Não se preocupe, tem outros humanos lá. – Ethan disse sorrindo.

Aquela afirmação despertou sua curiosidade, tanto quanto o brilho nos olhos dele.

– De que tipo de aula estamos falando? – perguntou cuidadosamente.

– Aula de tiro. Você vai adorar.

– O quê?! – arregalou os olhos. Ela nunca havia sequer tocado em uma arma e simplesmente pensar em aprender a atirar tão de repente havia lhe assustado.

– Você entrou para o nosso mundo, querida. Tem que aprender a se defender de algum jeito, caso seja necessário.

– Eu não quero atirar em ninguém.

– Eu não disse com certeza que você vai precisar. Mas não custa prevenir.

Ele parou ao lado de uma porta preta e se recostou na parede.

– É sério, vai por mim, é divertido. Você só precisa ignorar o fato de a professora ser menor de idade.

– Como é?!

Isabella pensou ver um flash de luz dourada nos olhos de Rennata, quando a mesma passou por eles e abriu a porta entrando primeiro que qualquer outro.

– Vem cá. – havia um tom de confusão na voz de Ethan. – Os olhos da sua irmã não eram…

– Longa história. – ela interrompeu.

Não podia simplesmente contar a Ethan que sua irmã tinha alguma ligação com Aaron e Selena e que quando estava perto deles seus olhos mudavam de cor. Selena tinha alguma espécie de rixa com Sophie White, a mãe de Ethan e havia pedido fervorosamente que Isabella não contasse nada sobre o que estava acontecendo a Ethan. Ela compreendia e obedecia sem objetar. Estava prestes a perguntar o que Ethan quis dizer sobre o fato de a professora ser menor de idade, quando ouviu a voz exaltada e confusa de sua irmã dizer:

– Que porcaria é essa?!

***

Os dias estavam sendo bem mais que cansativos, não apenas pelos treinamentos, mas porque Rennata não suportava segredos, e os seus com Selena estavam sendo um peso maior do que ela poderia carregar. Estava e sentindo literalmente um zumbi.

De manhã ela tinha que aturar todas as aulas chatas das quais ela já sabia os assuntos – bastava um olhar que a compreensão lhe vinha como mágica. Ela nunca havia entendido isso. – e a tarde seu tempo era dividido entre treinar nas salas elementares e passar um tempo com Selena em um porão escondido onde ela treinava os feitiços. Guardar segredos de Thomas os quais envolviam sua irmã era a pior parte. Sempre tinha uma vozinha de culpa sussurrando em sua mente.

Mentirosa.

As únicas pessoas que sabiam do segredo eram ela, Selena e Landon. Nada reconfortante.

Ao passar por Isabella e Ethan e entrar na sala de tiro – a única coisa que lhe parecia interessante a manhã inteira. – Rennata olhou ao redor identificando cada componente da sala, diferentemente de como tinha feito da última vez que estivera ali. E por esse motivo percebeu tardiamente Selena e Aaron se beijando no canto da sala.

– Que porcaria é essa?! – perguntou.

Não tinha notado a energia percorrendo seu corpo, tanto pelo cansaço quanto pelo fato de que estava ficando cada vez mais forte, mas agora lhe era perfeitamente claro e ela tinha a certeza de que seus olhos estavam dourados do mesmo modo que os de Selena e Aaron estavam.

– Que coisa feia, vocês se agarrando aqui dentro. E se o professor chegasse? – cruzou os braços de frente ao peito.

– Na verdade é uma professora, Nat. – corrigiu Selena. – E ela já está presente.

– Hum? – demorou alguns segundos para compreender e ficou boquiaberta ao registrar o resultado. – Fala sério! Não acha que é nova demais para ser professora? E não qualquer uma, mas professora de tiro?

– Eu já conclui meus estudos e você sabe que sou boa, então por que não?

– Porque você só tem dezesseis anos!

– O conselho me deu permissão. – anunciou como se aquilo resolvesse tudo.

– Querida – disse Aaron. –, você é a líder do conselho.

Selena fez um gesto com a mão como se estivesse dispensando aquele fato.

– Na verdade Laura é a líder interina agora, mas esse não é o ponto. Eu já era auxiliar do professor anterior e as vezes ficava no lugar dele, então já tenho experiência.

– Com licença. – Isabella disse entrando acompanhada por Ethan. – Mas enquanto vocês discutem sobre artilharia e credenciais para ser professora, nós alunos, estamos todos lá fora esperando o dialogo entre vocês acabar. E sinceramente, vocês não sabem ser nada sutis, estávamos escutando tudo.

Revirando os olhos Selena foi até a porta e a escancarou.

– Vamos, entrem. – ela convidou. – A aula já vai começar.

***

Pela hora seguinte Selena apresentou diversos tipos de armas aos alunos, ensinou como montar e desmontar cada uma delas, dando a nomenclatura de cada peça, e alertou-os sobre as regras de segurança, para que eles não cometessem nenhuma idiotice.

– Agora está na hora de treinarem o disparo real. – anunciou. – Cada um de vocês, peguem uma dessas armas – disse indicando o longo balcão encoberto por armas atrás de si. – e se dirijam aos alvos. Caso queiram fazer alguma brincadeira idiota, é melhor pesar uma segunda vez, porque eu atiraria primeiro e perguntaria depois. Para sua segurança, todas as balas são de festim, mas um tiro com elas pode doer bastante. Pode até matar dependendo da proximidade e do lugar onde se atira. Ano passado tivemos alguns engraçadinhos aqui, mas eu não tolerarei o mesmo esse ano, então pensem bem. Vocês tem quanta munição for necessária e a permissão para vinte tiros livres cada. Espero bons resultados.

Os alunos se dirigiram ao balcão e escolheram suas armas, pondo também o equipamento de proteção auditiva e visual. Os óculos e os fones. Selena viu com satisfação, Aaron e Rennata com um sorriso de certa diversão em seus rostos, como se armas de fogo fossem tão boas quanto um dia em um parque de diversões. E para ela, na verdade era.

Seu celular tocou e ela o atendeu rapidamente. Era Louis, o avô de Chloe.

– Oi, vovô. – falou. Tinha perdido seus avós muito cedo e Louis sempre os tratara como netos. A ela e a Thomas.

– Olá, princesa. – cumprimentou cortesmente. – Posso saber o que estão escondendo de mim?

Ela suspirou enquanto caminhava na ampla sala supervisionando o progresso dos alunos.

– Sempre direto, não é mesmo? – ela sorriu. Os membros da família Paterson sempre tiveram uma personalidade forte apesar da gentiliza. Chloe era uma prova viva daquilo. – Não se preocupe, Laura já está sabendo de tudo e é isso que importa agora.

– Não gosto da ideia de ter minha filha e meus netos escondendo coisas de mim.

Selena tinha que se esforçar para ouvir sua voz sobre o som dos tiros ocasionais, por isso decidiu sair um pouco da sala.

– Eu não esconderia se não fosse necessário. – disse ela fechando a porta atrás de si.

– Saber onde minha neta está me é necessário. – ele argumentou, sem aumentar o tom de voz.

– Vovô, eu quero o conselho fora disso. – disse decidida.

– Mas…

– Como eu já disse antes, não precisa se preocupar. – ela interrompeu. – Chloe está bem. Agora, se me permite, preciso ir. Estamos bem no meio de uma aula.

O suspiro do velho senhor foi audível.

– Tudo bem, princesa. Cuide-se.

– Sempre.

Ao entrar novamente na sala, Selena franziu a testa olhando para a tela do celular. Segredos. Sua vida estava cheia deles ultimamente. Aquilo não era bom.

– Algum problema? Aaron perguntou, próximo ao seu ouvido, fazendo seu corpo aquecer e sentir um breve arrepio ao mesmo tempo. Não o tinha percebido se aproximar.

– Louis estava perguntando sobre Chloe. Não gosto de esconder coisas dele. – sussurrou.

– Fique calma. Faltam apenas doze dias. – disse no mesmo tom que ela usara embora ninguém prestasse atenção em sua conversa.

– Acontece que para mim doze dias é tempo demais.

Beijando o rosto dele, Selena se afastou com um sorriso triste. Havia tocado em um assunto difícil, mais para ele que para ela, mas não se arrependia. Em sua cabeça a contagem regressiva continuava. Seu tempo estava se esgotando e ela não poderia deixar que Aaron se iludisse. Sua vida estava nas mãos do destino e ele fazia com ela o que quisesse. Ela não poderia se negar a aceitá-lo.

Sacrifícios as vezes são necessários.

– Muito bem. – elogiou ao passar por Rennata e constatar que a garota tinha uma ótima mira. Rennata lhe sorriu de forma divertida.

Já havia percebido nos últimos dias que Aaron também se saía muito bem com uma arma em mãos.

Mais uma coisa em comum entre nós, pensou. Quando se trata de armamento, somos tão bons quanto máquinas de matar.

Esse pensamento não lhe agradou.

Recostou-se em uma parede observando o progresso de Isabella que parecia bastante receosa quanto aquela aula. Selena tinha pedido que Ethan – seu ajudante auxiliar na aula. – levasse a irmã de Rennata até ali porque temia o que poderia acontecer dali para frente. Ela vinha estando preocupada desde que os daimons invadiram a propriedade da mansão Elísio semanas antes.

Próximo a Isabella, Ethan falava em tom calmante, ajudando a endireitar sua postura e elevar sua arma na altura necessária. Os ombros dela se ergueram um pouco como se estivesse respirando fundo e então ela atirou. O coice da arma a pegou de surpresa, empurrando-a para trás, mas Ethan a segurou pela cintura. Isabella riu ao ver o resultado deixado pelo disparo. A bala não tinha sequer chegado perto do centro do alvo, mas ela parecia feliz.

– Tem razão. – ela disse a Ethan. – Não é tão ruim.

Ele, com um sorriso no rosto, parecia mais que feliz por aquela afirmação e foi naquele momento, com os dois olhando nos olhos um do outro, que Selena percebeu que ambos se gostavam. Aquilo sim a deixou feliz.

Ethan – apesar de sua desagradável mãe. – era uma boa pessoa e ver que ele tinha seguido em frente a deixava feliz.

– Para uma primeira vez, não foi um mal tiro. – disse Selena a medida que se aproximava dos dois. – Parabéns.

Isabella estava com a cara de que tinha acabado de ganhar um doce.

– Agora se me permite – Selena continuou. –, posso roubar meu assistente um pouquinho?

Assentindo apenas uma vez, Isabella tornou a mirar o alvo. Aproveitando a deixa, Selena puxou Ethan de lado. Ele parecia bastante confuso.

– Você é um idiota. – foi a primeira coisa que ela disse.

– Whoa. O que foi que eu fiz dessa vez?

– Pergunta errada, camarada. O certo seria: O que você não fez?

– Está tendo algumas aulinhas com Chloe, Sel? Porque para mim parece que você está falando em enigmas e eu não sou muito bom em solucioná-los.

– Ha. Você sabe sim do que estou falando, babaca. – rebateu a feiticeira. – Chame-a para sair! O que foi que aconteceu? Ficou tão apaixonado que perdeu a coragem? Ou tem medo do que a Sophie possa pensar? Honestamente, Ethan, antes você era do tipo de homem que ia atrás do que queria, chegava a ser até irritante, mas agora você parece até um covarde!

– Sinto muito, mas acho que você entendeu errado.

Ela sorriu, pois compreendia aquele sentimento.

– Não entendi nada errado, Ethan. Está nos seus olhos. Não se negue ao que está sentindo, porque no fim, perceberá que perdeu um tempo precioso. Deixe-se sentir e que se dane todo o resto. Viva o momento. A opinião dos outros não importa.

Um aluno no fundo da sala chamou sua atenção com um gesto. Percebendo que tinha pouco tempo, Selena se aproximou de seu ex-namorado e deu-lhe um abraço. Um abraço que podia ser uma despedida. Um abraço que talvez fosse seu modo de dizer adeus pelo que ainda viria…

E então se foi.

***

Enquanto observava Selena se afastar, Ethan tentava compreender seus gestos e palavras. Os dois tinha terminado a quase dois anos, mas tinha sido apenas no último ano e meio que ele começou a perceber a diferença em seu modo de agir. Não podia deixar de pensar que existia um significado a mais por trás de cada uma de suas palavras, como se houvesse um segredo que ela carregava consigo e já estivesse tomando seu preço. Aquele não era o tipo de pessoa que ela costumava ser. Antes Selena era doce, animada e gentil com todos. Mas ultimamente o que se mostrava por vezes era uma personalidade fria e distante. Tinha piorado muito com a morte dos pais dela. Mesmo que naquele momento um reflexo do que ela era tivesse se mostrado, ainda havia algo que a impedia de ser ela mesma por completo.

Ethan se martirizava sempre por ter se aproximado dela pelos motivos errados e agora, quando ela precisava, não poder estar ao seu lado. Por não tê-la amado o suficiente.

Os dois não eram mais o que se podia chamar de amigos, mas ainda eram bastante próximos. Não do modo que sua mãe quisera que eles fossem um dia, mas do jeito que Selena permitia ser.

Olhando para Isabella, Ethan voltou a sentir o mesmo sentimento que sentia a cada vez que a via. Não era exatamente o mesmo que uma vez nutriu por Selena, tampouco era sem valor.

Com o corpo curvilíneo, cabelos cor de chocolate, grandes olhos castanhos, maçãs do rosto pronunciadas e voz tão macia quanto veludo, por vezes Isabella mostrava uma maturidade que era totalmente contraditória ao seu belo sorriso de criança. Tenro e inocente. Ela em si, formava um conjunto encantador e sim, ele se sentia atraído, mas acreditava que ainda fosse muito cedo para dizer que havia voltado a sentir algo maior que atração ou amizade por uma garota, já que tinha acabado de desistir de Selena.

Ainda assim, ao voltar para perto de Isabella, não pode deixar de se perguntar o que sua mãe – ambiciosa e exigente como era. –, diria se descobrisse que ele havia se apaixonado por uma humana.

***

Duas horas depois Aaron se encontrava em uma das salas de treinamento no subsolo, seus golpes rápidos, mas imprecisos contra as espadas de Thomas.

Pouco tempo. Tempo demais. As palavras se repetiam em sua cabeça como um cântico sem fim, impedindo-o de se concentrar e fazendo-o recuar a cada retinir de lâminas. O destino é uma coisa cruel.

Sem elegância alguma e usando apenas de força bruta, Thomas chocou uma de suas duas Katanas contra a espada dele, que foi atirada para o outro lado da sala e no próximo segundo tinha a outra pressionada contra o pescoço de Aaron. O deus sentia-se derrotado, mas não apenas de forma literal.

– Cara, o que aconteceu com você? – Thomas perguntou se afastando, girando as duas Katanas nas mãos.

– Não estou em um bom dia. – respondeu simplesmente.

– Ou em um bom ano. Ou eternidade. Sei que está preocupado com tudo que virá, mas não pode perder a concentração desse jeito.

– Ei, pirralho, você só ganhou para mim uma vez, não deve ficar se achando. – falou com um leve sorriso.

– Eu não teria ganhado se você estivesse prestando atenção. Erros como esse costumam ser fatais em lutas. – dizia Thomas seriamente. – Os inimigos costumam se aproveitar do emocional das pessoas. Você já devia saber disso.

– Eu sei, só…

– Esquece. Você obviamente não está bem para lutar seriamente e eu não estou afim de ouvir desculpas sem sentido. Vou tomar um banho, tenho coisas bem melhores para fazer fora daqui. – se dirigiu até a saída. – Vai ficar aí sozinho?

Aaron balançou a cabeça positivamente.

– Vou ficar mais um pouco.

Franzindo a testa, Thomas passou pela porta. Respirando fundo, Aaron foi até sua espada e a pegou.

– Isso foi lamentável. – ouviu a voz atrás de si e quase não pode acreditar.

– Pensei que os deuses estivessem em um acordo de não aparecer no mundo mortal por esses dias. – disse Aaron, mas o deus a sua frente continuou impassível. Sua calma era quase sempre inabalável.

– Creio que já tenha lhe dito uma vez que odeio regras. Além disso, sei que quer conversar comigo.

Deuses não são oniscientes. Não sabem de tudo. Mas sempre pressentem mais que deveriam.

– Claro, senhor Hades. Já deve saber qual o tópico a ser discutido também, não? – mantinha a voz em tom tão brando quanto o dele.

– Selena. Imagino que a essa altura do campeonato ela já tenha lhe contado tudo…

– Sim.

– … e você não sabe o que fazer.

– Não. – admitir isso lhe causava um certo mal-estar. – Tenho procurado uma saída, mas…

– Mas existem regras. A morte não é o fim de tudo, você sabe. Selena seria julgada pelos juízes do submundo e mandada para uma das três partes do mundo dos mortos… ou poderia viver em meu palácio como uma alma. Ela gosta de lá.

– Mas merece viver. – ele argumentou. – Tem que haver um jeito.

O deus dos mortos cruzou os braços muito calmamente atrás do corpo.

– Aaron, embora eu diga que odeie as regras e procure profaná-las sempre que posso, ainda existem algumas que não podem ser quebradas. Eu amo Selena como uma filha, mas tenho o controle do mundo dos mortos e não posso simplesmente devolver-lhe a vida quando lhe for retirada. Isso seria errado e antinatural a nossas leis. Para que ela volte a viver, algo tem que ser oferecido em troca para manter o equilíbrio.

– E o que seria isso?

– O custo para que uma vida seja devolvida é o oferecimento de outra em troca, com a condição de que essa vida seja oferecida de livre e espontânea vontade.

Aaron recuou. Não era aquilo que ele esperava ouvir. Uma vida por outra vida? Aquilo lhe parecia um preço grande demais a se pagar. Selena jamais se perdoaria caso soubesse que tinha vivido pelo sacrifício de alguém.

– Tem que haver outro jeito. – o desespero o consumia aos poucos.

Hades tencionou os lábios em uma linha fina, o primeiro sinal de que não mantinha a calma que aparentava. Pôs-se a andar de um lado para o outro durante alguns segundos parecendo refletir o que deveria ou não ser dito.

– Tem razão – disse por fim. –, pode haver outra maneira. – Aaron se permitiu sentir um pouco de esperança. – Mas você tem que estar ciente de que nenhum outro deus jamais fez algo parecido. Está disposto a pagar o preço?


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Notas finais do capítulo

Dúvidas??????



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