Os Escolhidos - Destinos Interligados escrita por Angie


Capítulo 19
Capítulo 18 - Piquenique


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Aqui acaba a parte um da história. Boa leitura!



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Selena bateu na porta do quarto de Rennata e esperou pacientemente que ela fosse aberta. Antes de sair, Thomas havia passado em seu quarto e lhe pedido que ela a distraísse enquanto ele estivesse fora. Claro, ela ainda achava que seu irmão estava indo rápido demais no quesito namoro, mas não podia dizer nada, afinal seu relacionamento com Aaron não era nenhum exemplo do contrário e por fim, ela também havia gostado de Rennata. Era bom saber que uma garota como ela havia roubado o coração de seu irmão.

– Oi, Lindinha! – Landon disse quando a porta foi aberta.

– Landon? Selena? – ela olhava de um para o outro com as sobrancelhas erguidas. – O que estão fazendo aqui?

– Estamos em uma missão. – respondeu Landon e Selena arregalou os olhos.

– Missão? – Rennata perguntou.

– Não ligue para ele, o Lan é assim, exagerado mesmo. – desconversou a feiticeira.

– E é por isso que vocês me amam. – ele retrucou e as duas garotas reviraram os olhos.

– É melhor vocês entrarem. – ela abriu ainda mais a porta e eles fizeram o que foi dito.

A primeira coisa que Selena viu foram os livros. Havia mais ou menos uma dezena espalhados em cima de uma das camas.

– Estava estudando?

– Hum? Ah, não. A Isabella trouxe todos esses livros para cá e eu aproveitei para pesquisar um pouquinho sobre alguém.

Landon pegou um dos livros abertos sobre a cama.

– Medeia. – ele leu e depois encarou Rennata seriamente. – Essa feiticeira era do mal.

– Do mal até que ponto? – indagou receosa.

– Ao ponto de matar e deixar sua família morrer, sem um pingo de dó nem piedade. – respondeu Selena. – Dizem que tudo que ela fez foi por amor, mas eu não acho que seja justificativa o suficiente.

– Isso é ruim. – Rennata disse pensativa se sentando na beirada da cama.

– Porquê? – Landon e Selena perguntaram ao mesmo tempo.

– Hã, nada não, coisa minha. E então, o que vieram fazer aqui?

Selena estendeu-lhe o objeto no qual estava abraçada até aquele momento, tirando o lenço branco no qual estava envolto, revelando o espelho de moldura entalhada e prateada.

– Como não sabemos até agora a extensão dos seus poderes, resolvi fazer um teste. – explicou. – Caso esteja se perguntando, isso é um espelho de clarividência. Ele serve para ver presente, passado e futuro e também para um certo modo de comunicação, mas eu te ensino isso mais tarde. É feito com magia e eu fiz esse para você, então muito cuidado.

Rennata o pegou parecendo levar suas palavras extremamente a sério e passou um dedo ao longo do entalhe.

– Ele é lindo – disse ela. –, mas foi feito com magia negra. Tem certeza de que vai funcionar comigo?

– Creio que isso não irá interferir. – Selena se sentou ao lado dela e Landon se encaminhou para a varanda, para deixá-las a sós. – Acho que deveríamos testar. Com tudo isso que está acontecendo, você não está curiosa sobre o futuro?

Rennata assentiu.

– Principalmente depois da visita idiota de Poseidon.

Selena a olhou com espanto.

– Você se encontrou com um deus?

Rennata assentiu.

– Infelizmente ele só fez teatrinho. Disse que Chloe está no Olimpo e que nós fomos convidados…

– Para uma reunião. – Selena completou. – Foi isso que a carta de Chloe deu a entender. Estou preocupada. Hera não tem o direito de mantê-la presa lá. – caiu para trás sobre a cama, por cima de dois dos livros. – Meu espelho não está funcionando desde… – desde que tivera a visão sobre Aaron. – bom, faz tempo. Tenho esperanças de que esse funcione.

– Então é melhor eu aprender a usar isso logo, não é mesmo? – Rennata sorriu encorajadoramente. – O que eu preciso fazer?

– Foque sua atenção no espelho. – ergueu-se sobre os cotovelos. – Concentre-se.

– Tá legal.

Durante o tempo em que esperavam em silêncio, Landon voltou para o quarto e sentou do outro lado de Rennata. Ele estava tão tenso e com a testa tão franzida que parecia até que quem devia se concentrar era ele. Também estava preocupado, afinal, era o futuro daqueles que ele amava que estava em jogo.

– Docinho. – ele chamou. – Tem alguma coisa acontecendo.

Erguendo-se por completo, Selena olhou ansiosa para o espelho. Imagens opacas se distorciam em meio a névoa, onde deveria ser encontrado o reflexo. Aos poucos a névoa se dissolveu, tornando tudo mais nítido. Inicialmente eram apenas flashes, os quais nenhum deles conseguia interpretar direito, como um filme em velocidade ultrarrápida, no entanto, logo tudo parou de repente. No espelho, estava a imagem de Rennata, Aaron e Selena, parados lado a lado, seus olhos brilhando em dourado e nenhum deles parecia feliz. Selena conhecia aquele lugar: Era a sala do trono. Um breve pensamento lhe ocorreu: O que quer que eles fossem ouvir no dia da reunião, não seria algo do qual gostariam.

A imagem mudou, mas para uma que ela reconhecia: Aaron, em um porão escuro, com correntes prendendo seus pulsos e tornozelos. Não era algo que gostaria de ter visto novamente. A próxima era a de Rennata cochilando em uma carteira, enquanto vários outros alunos ao seu redor prestavam atenção em qualquer que fosse a aula.

Um breve sorrisinho apareceu em seu rosto. Embora o mundo estivesse, aos poucos, caindo aos pedaços e saindo do controle, ainda restava tempo para que algo tão comum como de certa forma quebrar as regras, acontecesse. Não havia modo de saber em que ordem as visões se tornariam realidade, e por esse motivo seu corpo tensionava-se de temor, mas tudo que ela poderia fazer no momento era orar aos deuses para que tudo desse certo, mesmo que eles não parecessem tão confiáveis quanto antes.

Balançou a cabeça levemente e voltou a focar sua atenção no espelho e o que viu, fez seu sangue gelar. Era uma imagem dela novamente, mas dessa vez sua companhia havia mudado. Com adagas em punho e um sorriso venenoso distorcendo seu rosto delicado, Selena estava ao lado de ninguém menos que Marise. Infelizmente não parecia ser do modo que ela havia fantasiado durante os últimos meses, onde simplesmente lutava a fim de ter sua vingança e fim da história. Ao contrário: Marise e ela pareciam melhores amigas.

Olhando os cabelos loiros de Marise e sua estatura alta, dificilmente alguém diria que elas tinha algo em comum, mas naquele momento, com seus olhos brilhando em negro e seus sorrisos refletindo escárnio, poderia ser dito até que as duas eram irmãs.

A imagem desapareceu, voltando apenas ao reflexo de Rennata, mais os três continuaram olhando fixamente para o espelho durante alguns insuportavelmente longos segundos, até que Rennata quebrou o silêncio:

– Quem era ela? – perguntou com o tom levemente assustado.

– Marise. – Selena respondeu.

– Porquê vocês estavam juntas? – Landon questionou confuso.

– Eu não sei. – balançou a cabeça de um lado para o outro, comprimindo os lábios.

– Selena – Rennata respirou irregularmente. –, não sei realmente o que significa aquilo, mas tenho o pressentimento de que seja algo exponencialmente ruim. O caminho será duro daqui para frente. Aquele sorriso, o seu sorriso, demonstrava maldade. Talvez não tanto quando a crueldade nos olhos de Marise, mas… deuses isso é tão confuso! Devemos ter cuidado.

– Eu sei. – Selena fechou os olhos, tentando chegar a uma solução para o que quer que fosse aquilo e não demorou para encontrá-la. Já havia chegado aquela conclusão desde o dia que conversou com Thomas, após seu despertar, mas na época achara uma decisão muito crítica, se tratando de algo pelo qual não tinha total certeza, mas agora… era tudo ou nada. Conhecer Rennata tinha apenas a feito ter ainda mais certeza sobre aquilo. – Rennata, tenho que te pedir um favor.

– Claro, do que se trata?

– Tenha paciência. Agora não há tempo. – ergueu as sobrancelhas. – Como é sua pronúncia em latim?

– Um verdadeiro desastre. – disse sincera o que fez Landon rir. – Por quê?

– Porque eu vou te ensinar um feitiço. Um que muito poucas pessoas podem fazer. – levantou e ficou de frente para Rennata que a olhava de maneira duvidosa. – Confie em mim. De algum modo você recebeu dons dos deuses e o fato de ter conseguido usar o espelho, mostra que há uma pequena, mas não inexistente, possibilidade de que Hécate tenha lhe dado o poder para isso também. Sinceramente, do jeito que as coisas andam acontecendo ultimamente, eu não duvidaria de mais nada.

***

Ariel se sentou a beira do lago, fechando os olhos e adorando a sensação da brisa batendo em seu rosto. Estava especialmente feliz. Rennata – que mesmo após um espaço de tempo tão curto, havia conquistado sua amizade. – finalmente estava cedendo. Ela tinha certeza de que naquele mesmo dia a amiga teimosa aceitaria o pedido de namoro de Thomas, principalmente depois da surpresa que ela e Ivens estavam ajudando a preparar.

Ivens. Apenas o ato de pensar o nome dele lhe trazia um certo frio na barriga. Ali estavam eles: sozinhos na floresta, a beira de um lago e armando um encontro romântico para amigos.

Sinceramente, pensou ela. Essa sim é uma situação bem ridícula.

Pensava assim não pela situação em si, mas pelo fato de que estava tão nervosa ao ponto de não conseguir proferir qualquer palavra sem que se sentisse boba.

Podia ouvir a movimentação dele atrás de si: o som de seus tênis esmagando as folhas secas no chão enquanto caminhava de um lado para o outro, dando os toques finais necessários em seu trabalho e não pode se negar a olhar para trás. Era impressionante o modo como cada coisa parecia ser estrategicamente calculada, como cada movimento seu dava a impressão de ser executado com extrema confiança; a única coisa que não parecia se encaixar de modo algum com todo o conjunto, era sua expressão tensa. Ele não era de falar muito, mas ela não podia deixar de notar – mesmo sem quase nenhuma comunicação. –, o quanto ele parecia ansioso. Preocupado até.

– Ei. – ela chamou suavemente, fazendo-o erguer o olhar surpreso. – Aconteceu alguma coisa? Você parece tenso.

– Não é nada demais. – ele tentou tranquilizá-la, caminhando em sua direção.

Voltando sua atenção novamente para o lago, ela murmurou alto o suficiente para que ele ouvisse:

– No mundo de pessoas como nós, geralmente “nada demais”, significa “grande problema”.

Ivens se sentou ao seu lado. Parecia ter uma certa determinação brilhando em seus olhos. Ariel gostou de ver o quanto aquilo o transformava.

– Você acha que isso vai dar certo? – ele perguntou gesticulando ao redor e ela franziu a testa.

Considerando o contexto anterior da conversa, ele a havia mudado de modo completamente aleatório.

– Tanto quanto tenho certeza de que meu nome é Ariel. – deu um meio sorriso. – Está na cara e qualquer um pode ver que os dois se gostam. Talvez se você se concentrar com empenho o suficiente, consiga até ver os coraçõezinhos vermelhos flutuando ao redor deles quando estão juntos. – completou ironicamente.

– Corações? – ele repetiu incrédulo. – Olhando pelo lado da Rennata, eu diria que tudo que vejo são a queda de raios de tempestade.

– Rennata é sim estressada, tenho que admitir, mas Thomas também não estava ajudando muito, ele era tão fechado, mas tenho certeza que isso mudou depois dessa manhã. Confie em minha palavra de cupido: Hoje mesmo esse namora engata!

– Quer dizer que você é boa como cupido? – Ivens perguntou sorrindo.

– Faço o que posso – ela respondeu com falsa modéstia. – e lhe garanto com confiança de que meu trabalho é bem decente.

– Então talvez possa me dar umas dicas?

Ela sentiu o sorriso em seu rosto começar a vacilar.

Ele gostava de outra garota.

Bem, isso não era surpreendente. Ivens era bonito, rico e aquele jeito concentrado dele tinha um certo charme.

Aos olhos de muitos, ela era apenas uma menina fútil e consumista, que gostava de festas.

Eles eram tão opostos, claro que ele não estaria interessado romanticamente por ela.

– Claro. – respondeu em um tom que não denunciasse o que estava pensando, que se resumia em: Não vou te ajudar a conquistar qualquer outra garota, nesse universo ou em qualquer outro, que não seja eu. – Qual é o problema?

– Há uma garota. – Droga! – Ela é doce, gentil… linda. Estou de olho nela há uns meses, sabe? Quero convidá-la para ir ao baile comigo, mas não sei como me sentiria caso ela me rejeitasse.

Ajudando ou não, dane-se, Ariel falaria tudo que estava pensando:

– Ivens, caindo na real: Você é gentil, bonito, inteligente, influente – ele parecia cada vez mais surpreso, há cada vez que ela acrescentava uma qualidade. – Se essa garota já não tiver um par e tiver o mínimo de juízo, ela com certeza vai aceitar.

A luz do sol transpassava a copa das árvores, conferindo ao ambiente um ar sereno.

– Você aceitaria? – ele perguntou quietamente.

– Claro. – respondeu sem hesitar.

– E então, você já tem um par?

– Não. – sua frustração era evidente. Ela já tinha sido convidada, mas dispensara as propostas, com esperança de que Ivens a chamasse. Esperança essa que já não existia.

– Quer ir comigo?

Ariel arregalou os olhos processando o que tinha acabado de ouvir: Ela era a garota.

Como sou tapada!

Ao olhar para Ivens, viu que seu nervosismo havia voltado e percebeu o quanto ele parecia adorável daquela maneira. Deixando que um pouco de ousadia tomasse conta, ela literalmente se jogou nos braços dele, o abraçando.

– É claro que sim! – ria com deleite. Tanto pelo nervosismo dele, tanto pelo ciúme passageiro que sentira.

Sentiu o suspiro aliviado de Ivens contra sua nuca, enquanto ele retribuía seu abraço, circulando sua cintura com seus braços fortes.

– Esse é apenas o nosso primeiro passo. – disse ele.

***

Rennata novamente se encontrava em meio a um conflito de emoções, no entanto, dessa vez não era de um jeito bom. Antes de deixá-la sozinha, Selena havia lhe ensinado uma boa parte do feitiço que mencionara e também contara do que se tratava o favor do qual precisava. Flashes da visão no espelho e do que vira na mente se Selena persistiam em ressurgir, dando voltas e mais voltas em sua cabeça.

Por algum motivo, antes de ir embora, Landon insistiu em lhe fazer maquiagem e escolher outra roupa para ela. Pelos minutos seguintes ela simplesmente resolveu esquecer tudo que lhe afligia e se deixou ser a Barbie pessoal dele. Agora, sozinha em seu quarto novamente, ela lia sobre a história de Medeia.

Embora Selena não soubesse que era a reencarnação de Medeia, tinha a plena consciência de que a feiticeira da mitologia era ruim. Alguns livros relatavam a lenda com versões que divergiam entre si, e não tinha como Rennata saber qual das versões era verdadeira. Se é que alguma realmente era. Esse pensamento lhe trouxe algum grau de esperança e tranquilidade.

– Toc-toc – Thomas disse entreabrindo a porta de seu quarto e sorrindo.

Ela retribuiu o sorriso, mas no mesmo momento ele pareceu perceber a preocupação que sentia, pois franziu a testa e adentrou o quarto refletindo no olhar os seus sentimentos.

Horas atrás quando Thomas a deixara na porta de seu quarto, dando-lhe um beijo rápido e dizendo que tinha que fazer algumas coisas fora da academia, ela havia tentado formular qualquer tipo de explicação lógica para o porque de ele estar agindo estranhamente e sem conseguir, deixou se afundar nos livros. E mesmo agora, que ele havia chegado, ela se encontrava com dificuldade de entender suas intenções e isso por um simples motivo; ele estava carregando uma cesta de piquenique.

– Qual é a grande ocasião? – questionou antes que Thomas tentasse lhe perguntar algo que ela não queria responder.

– Não é lógico? – ele voltou a sorrir. – Vamos a um encontro.

– Thomas, não sei se você percebeu, mas vai anoitecer daqui a pouco. Não é exatamente uma boa hora para um piquenique.

– Confie em mim. Esse é o melhor momento.

***

Ao chegar na borda da floresta, Thomas segurou o braço de Rennata, parando-a.

– Espere um pouco. – pediu. Abriu a cesta e retirou de lá uma venda.

– Tá brincando, né? – indagou cética, mas sorria.

– Nem um pouco. Vamos, vire-se.

Ela fez o que ele mandou e Thomas a vendou em seguida.

– Para onde vamos? – ela perguntou com um indício de sorriso na voz.

– Para o lago. – ele respondeu e ela não fez mais perguntas.

Ele havia lhe mostrado o lago no dia anterior, quando chegaram a propriedade. Era um lugar lindo e naquele momento, próximo ao horário do pôr do sol, era um perfeito cenário para um encontro.

Ao chegarem ele não se impressionou ao ver que Ivens e Ariel ainda estavam lá. Ariel se ergueu sorrindo de orelha a orelha, após ter acendido a última vela e ele não teve dúvidas de que ela e Ivens haviam se acertado. Um único olhar para o outro garoto foi o suficiente para ter a confirmação.

Pondo um dedo de frente aos lábios, Ariel pegou a mão de Ivens e sussurrou um “Boa sorte”, antes de se afastarem. Obviamente não foi uma saída nada discreta, já que dava para ouvir cada um de seus passos.

– Quem está aí? – Rennata perguntou com a voz levemente nervosa.

– Não se preocupe, eram Ariel e Ivens, mas eles acabaram de sair.

Rennata bufou.

– Eu deveria saber que ela estava envolvida nisso.

– Ariel é uma ótima amiga. – ele concluiu tirando a venda dos olhos dela.

Rennata ofegou quando olhou ao redor.

Uma toalha quadriculada estava estendida no chão com algumas poucas velas brilhando nas proximidades. Balões de papel foram acesos e pendurados nas árvores e o pôr do sol coroava o cenário, refletindo seus tons alaranjados na água do lago.

Levando as mãos aos lábios, Rennata o olhou com descrença.

– Ficou lindo. – disse ela.

– Você é linda.

Thomas se sentou na toalha e convidou uma Rennata muito corada para sentar ao seu lado.

– Espero que não quebre o clima – ele continuou. – mas como você é vegetariana e eu estava em dúvida do que deveria trazer, optei por comida chinesa.

– Não tem problema. – ela afirmou apoiando seu corpo no dele. – É perfeito.

***

Para Rennata o tempo parecia ter voado. Ficar sozinha com Thomas, ouvindo-o falar de sua infância e sobre o amor de seus pais, havia sido mais do que suficiente para livrar sua mente de pensamentos desagradáveis.

A comida tinha sido maravilhosa e a noite tão linda quando o fim da tarde. O céu estava pontilhado por estrelas e vários vaga-lumes sobrevoavam ao redor. Apoiada no peito de Thomas ela se sentia segura, mas também sentia que tudo estava evoluindo rápido demais.

– Pensei que você não fosse romântico. – ela comentou.

– Ah, querida, eu não sou, mas você me faz querer ser o suficiente.

– Você é.

Se a dois dias atrás alguém tivesse comentado que ela estaria ali naquele momento, conversando tão francamente com Thomas, ela teria simplesmente rido e dito: impossível. Nada lhe parecia impossível agora.

– Sabe, eu não pretendo desistir facilmente.

– De quê?

– Não importa se disser que não. Vou continuar insistindo.

Levando a mão a cesta de piquenique, ele tirou de lá uma pequena caixinha de veludo preto.

– Esse foi o motivo por eu ter sumido hoje.

– Pretende me pedir em casamento? – perguntou erguendo uma sobrancelha. O sentimento de nervosismo que a atingira naquela mesma manhã quando ele a pedira em namoro tinha voltado com tudo.

– Bem que eu gostaria, mas acho que não poderíamos nos casar com dezesseis anos. – ele disse seriamente, então com um braço em cada lado da cintura dela, abriu a caixinha de veludo, revelando um delicado anel de prata com uma única pedrinha o enfeitando. Ela era do mesmo tom de azul safira dos olhos dele. – Então, acho que refazer a proposta que fiz hoje cedo é mais do que suficiente por enquanto. O que me diz? Quer namorar comigo?

Não havia tempo para pensar em motivos para dizer o contrário e não faria nem mesmo sentido. Deixando de lado toda a insegurança que reunira ao logo dos anos, ela decidiu ser verdadeira com ele e consigo mesma.

– Sim.

Uma simples e pequena palavra. Por um momento Thomas ficou em silêncio, como se não acreditasse que ela havia aceitado, mas sua expressão logo mudou, iluminando-se com um sorriso.

Quando ele a beijou, ela se sentiu como em todas as outras vezes. Como se nada mais existisse ou importasse naquele momento.

Como se ela estivesse completa.


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