In Gloria Mori: Chamas Negras escrita por Sr Urso


Capítulo 2
Capitulo 2/1 – Arco 1 - Cruel Verdade.




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O velho se ergueu e caminhou com dificuldade até a janela olhando para o longe.

–O que foi senhor? – Disse Kaycos se levantando preocupado.

–Ele nunca retornou. – Concluiu ele enquanto apertava os dedos contra os olhos.

–Me desculpe garoto, mas acho melhor continuarmos a historia amanha.

–Claro senhor! Já esta tarde o senhor deve estar cansado, posso mesmo vir amanha para que conclua a historia?

–Pode sim meu garoto, foi bom conversar com você! Às vezes a melhor forma de arrumar uma coisa é mexendo nos problemas. -Riu ele dando um tapa de leve nos ombros do garoto.

Os dois se despediram e Kaycos foi embora, não era um garoto rico pelo contrario era apenas um filho de camponeses e usava as poucas moedas que recebia como guarda para ajudar os pais. Por mais que Kaycos fosse um belo homem não era de fazer sucesso com as garotas e isso fazia dele um rapaz com alguns problemas com a própria existência.

Uma luz se acendeu ao longe e Conty o cavalo de Patrolos relinchou alto como se algo ruim estivesse próximo a acontecer.

–O que foi amigo? – Patrolos se levantou da cama dando leves batidas na parede para tentar acalmá-lo, enquanto chegava até o companheiro.

Patrolos ouviu o som de alguns cavalos e logo depois alguém bater em sua porta, já era tarde da noite e geralmente ele não recebia visitas ainda mais àquela hora, foi até a porta e puxou uma pequena chapa de metal para o lado revelando um pequeno buraco por onde observou atentamente o convidado indesejado.

–Boa noite... – Disse a figura indesejada.

Patrolos encarou o sujeito de cima a baixo, ele usava mascara de prata e trajava uma armadura feita de ferro, que brilhava com a luz do luar. Haviam fivelas que prendiam a proteção de ferro em seu corpo, e partes de seu cinto balançavam à medida em que ele andava, a calça era de couro negro com alguns cintos e fivelas segurando algumas facas com uma enorme bota negra que ia até próximo de seu joelho,alguns lenços e panos negros cobriam-na e lhe formavam um capuz deixando sua aparência ainda mais sombria.

–Que falta de educação a sua! Não vai nem me convidar para entrar?- Disse empurrando a porta contra o velho e o fazendo desequilibrar-se.

O homem entrou e sentou-se colocando as enormes botas sujas de terra sobre a mesa.

–Quem é você? E o que faz na minha casa?-Patrolos ergueu sua espada na direção da garganta do cavaleiro misterioso.

–Mas você é mesmo um bárbaro não é? Acha que essa é uma maneira de receber um convidado? E esta postura com a espada, não me faça rir!

–Só vou perguntar mais uma vez! Quem é você?-Patrolos apertou a espada com ainda mais força ainda encarando o convidado.

–Já fui chamado de muita coisa com o passar dos anos velho! Mas creio eu que a maneira mais rápida de você se lembrar seria pelo titulo de seu neto... – O guerreiro se levantou retirando a mascara lentamente e revelando seu rosto de pele bem clara e olhos e cabelos totalmente negros.

–Kyaro!-O velho colocou a mão sobre os lábios enquanto derrubava a espada no chão.

–Surpreso velho? Aposto que pensou que eu não tinha sobrevivido nem a primeira semana não é ? – Riu ironicamente passando a mão direito sobre o cabelo liso e até a altura dos ombros.

–Kyaro por onde passou todo esse tempo? Porque não me procurou antes? Você esta bem? – O velho se aproximou tentando tocar o neto, mas recebendo um tapa nas mãos.

–Ah! Velho, saia! Ao invés de ficar apenas com perguntas, me traga algo para beber. Contarei-lhe tudo que houve nesses anos. – Tudo bem Kyaro eu já volto.

O velho deu a volta indo até a cozinha e voltando com uma velha garrafa de vinho.

Patrolos colocou a bebida em duas canecas de aço pouco amassadas, oferecendo-lhe a bebida, que o ignorando pegou a garrafa e deu um gole farto.

–Pelo menos uma coisa nesta casa é velha, mais ainda presta!

–Kyaro me conte o que aconteceu nesse tempo?- O velho tentou ignorar as ofensas, mantendo a preocupação de seu neto.

Kyaro se levantou e retirou seus lenços e panos, logo depois até mesmo o peitoral de sua armadura revelando inúmeras cicatrizes pelo abdômen, peito e braços.

–Minha historia é bem longa porem vou contar-lhe apenas o necessário, não tenho tanto tempo a perder contigo.

‘’Após sair desta casa, meu coração só pensava em vingança. Eu apenas via a imagem em minha mente de minhas mãos esmagando o coração de Spaycos. Não me importava o que eu tivesse que fazer ou passar para conseguir isso, eu apenas queria matá-lo.
Os dias eram difíceis com falta de água e comida e por isso eu tinha que trabalhar como mercenário em troca de algumas moedas para me sustentar. As noites eram frias e a solidão constante, mas de qualquer jeito, eu tinha que conseguir, após alguns meses chegar até o reino e ir direto até o distrito 12º, ou pelo menos, eu pensei que fosse ser assim.
Nós não sabíamos na época, mas haviam doze cidades principais dentro de Chreta e em cada uma delas havia um líder dos exércitos, uma espécie de superiores ao general chamados de juízes.
Pela descrição do assassino de minha mãe, ele era o Juiz do 12º distrito. Por tanto, estava na ultima cidade, o que o faria demorar bastante. Além disso, como um Juiz, este deveria ter o nível de luta bem acima do meu. Passei por desertos, montanhas, lagos, cidades de comércio, centros de monges e até mesmo lugares totalmente devastados até que cheguei a Morgas, o nome da cidade chamada de distrito 12º.
Todos nas ruas demonstravam medo e a todo o momento estavam de cabeça baixa e jogados pelos cantos.
Ao perguntar para um morador da cidade o que estava ocorrendo e o porquê tanto sofrimento, ele me contou:
— Nossa cidade está morrendo rapaz! Nosso Juiz fica com boa parte de nossos alimentos e água apenas para o uso próprio! Com a escassez de tudo o que há aqui, nosso município vive em constante combate contra ele mesmo!
— Combate contra ele mesmo?
— Sim! Nosso povo se dividiu em três: Os soldados, os rebeldes e o povo comum. Os soldados conseguem tudo do bom e do melhor por protegerem Spaycos e lutarem ao seu lado, já os rebeldes roubam da gente, o povo mais fraco. O pior é que nem temos como reagir. Eles são mais fortes, mais rápidos... Não temos como fazer muita coisa, apenas aceitar que nosso fim esta próximo. — O homem abaixou a cabeça, secando a testa com um pano que usava enrolado em seu pescoço.
No momento seguinte um rapaz, de pele bronzeada e alguns lenços cobrindo o rosto, avançou, correndo por um grupo de mulheres, roubando um vaso d'água, e vindo em minha direção.
O homem tentou me puxar para sair da frente do rebelde, mas nem dei ouvidos a ele, apenas coloquei minha mão sobre o pomo de minha espada.
Este passou por mim e caiu, alguns segundos depois, ao olhar minha lâmina, permanecia coberta de sangue e o rapaz com um imenso corte em sua garganta.
As mulheres correram até mim me agradecendo o feito quase heróico, porém, realmente não queria aqueles agradecimentos. Não gostava de machucar as pessoas. Eu apenas queria machucar um homem e não me tornar um assassino. Dormi algumas noites na casa do sujeito chamado Aloh. Nesse meio tempo, as noites eram insuportáveis, por estar sempre pensando nas vidas que eu já havia tirado. Aloh e sua família me tratavam bem, e por causa de meus feitos para deter atos de rebeldes, entre conhecidos havia me tornado uma espécie de justiceiro.

Finalmente, havia chegado o dia de ir até a torre de Spaycos, onde eu colocaria fim a minha vingança. Aloh se levantou e afirmou que eu não iria sozinho, reunindo um pequeno grupo de nove homens para ir conosco.
A torre era em um lugar perto da cidade e em torno dela havia apenas escombros de pedras e coisas ainda em chamas, formando um enorme caminho de fogo até dentro da torre.
Ao longe, minha visão se deparou com um indivíduo sentado em um imenso trono de ouro. Passou a mão sobre a barba branca e longa, até a altura dos ombros, ergueu a mão direita onde segurava uma taça de vinho e sorriu revelando inúmeros dentes de ouro.
— Ora, ora, o que fazem dentro de minha torre? — Se levantou ainda acariciando a barba enquanto dava pequenos goles no vinho.
— Você é Spaycos? — Ergui minha voz, tocando o pomo da espada.
— E se for garoto? Tem algo contra mim? Pode muito bem se unir aos outros. Guardas levem estes insetos até a porta! — Virou as costas, indo de volta ao trono novamente.
Os guardas puxaram suas espadas e vieram em nossa direção para nos levar para fora da torre.
Eu não podia simplesmente sair, já estava esperando minha vingança a muito tempo e nada iria me parar aquela hora! Aloh e os outros puxaram suas espadas e começaram a andar contra os guardas, o medo nos olhos era aparente em todos eles, por mais que quisessem me ajudar, eram apenas trabalhadores e não guerreiros.
— Aloh! — Seu nome foi gritado.
— Sim, Kyaro!
— Podem se afastar! Já fizeram muito de virem até aqui, esta luta é minha e não de vocês!
— Mas Kyaro... São muitos! Você não pode simplesmente ganhar de todos ao mesmo tempo!
— Não ao mesmo tempo, mas mesmo assim, posso vencer todos!
Segurei minha espada e corri em direção ao primeiro soldado, cortando sua garganta e logo em seguida, atravessei a lamina em outro. Eles eram muito lentos para mim, eram como pedras em meu caminho. Assim, pude conseguir, facilmente, derrotá-los.
Quando estava no último soldado, escutei um ruído, uma espécie de grito interrompido. Meu corpo todo se estremeceu e um calafrio subiu minha espinha como um pressagio de minha própria morte, vindo até mim como um velho amigo.
Virei me para traz e não pude acreditar em meus olhos. Havia sangue no chão e chamas por toda parte. Naquela hora, só passava de alguns corpos carbonizados.
Andei até a pilha de corpos e ainda pude reconhecer um lenço vermelho de seda, dado pela filha de Aloh antes dele sair para lhe dar sorte e proteção.
No caminho que estava não possuía mais tempo para lágrimas ou lamentações. Apenas fiquei em silêncio por alguns momentos, olhos fechados pedindo para que a alma daqueles nobres guerreiros fossem levadas para o melhor lugar.
Minha oração logo foi interrompida por uma escandalosa gargalhada.
— Então é você, pirralho?! — Levantou-se colocando a taça sobre uma bandeja, segurada por uma serviçal. — Porque não me disse antes? Teria esperado você terminar de matar meus soldados para matar seus companheiros. Você gosta de assistir esse tipo de coisa, não é mesmo? — Sorriu, ironicamente, o juiz.
— Eu prometi que viria matá-lo e minha mãe me ensinou desde pequeno a nunca quebrar uma promessa! — Erguendo minha espada em direção a ele comecei a andar até seu trono.
— Acha que vai me fazer perder meu tempo com um inseto assim? Rakos dê um jeito nesse moleque! Ele esta gastando meu tempo.
Um homem pulou de uma das vigas, dando uma volta no ar e caindo perto de mim, tentando me golpear com a espada.
— Garoto saia daqui! Não quero ter que machucá-lo. — Ele colocou a mão sobre a máscara, enquanto recuava a espada.
Não respondi nada, apenas foquei meus olhos em seu rosto e comecei a andar na procura de um ponto fraco.
— Moleque você deveria ter estudado melhor sobre os juízes antes de tentar fazer algo contra mim! Além dos Juízes serem os homens mais fortes do reino, ainda possuem a guarda de um general! Rakos está comigo desde que aquele velho matou minha antiga companheira, porém isso foi uma coisa boa, pois o anel dela concedia cansaço ao adversário só enquanto esta fazia aquelas orações medíocres. Já Rakos possui o anel da fumaça. É quase impossível que possa vencê-lo!
A roupa dele era totalmente branca com detalhes em cinza, sua máscara representava um rosto triste e era feita com metade de prata e metade de ouro, seus olhos eram verdes e profundos, mas ele não aparentava estar muito feliz com a luta contra mim.
— Se você realmente ficar, vou ter que te matar, garoto! — Rakos deu um passo atrás, segurando a espada junto ao corpo. Um estilo que eu nunca havia visto.
Não respondi, apenas fixei meus olhos e logo começamos a trocar golpes. Ele era rápido, mais rápido até que você e meu pai. Além de segurar a espada com a lamina invertida.
Por mais que tentasse encontrar pontos fracos em minha defesa, seus esforços eram inúteis, assim como os meus nem se quer o acertavam.
— Cansei de brincar com você, garoto! Você é forte, mas não posso te deixar vencer. — Rakos retirou a luva de uma das mãos revelando seu Akro, era um lindo anel de prata com uma enorme pedra cinza no meio.
Em poucos estantes seu corpo começou a se desfazer enquanto ele apenas segurava a espada junto ao corpo.
Virei em todas as direções à procura de Rakos, porém não o encontrei em lugar nenhum. Senti algo bater contra minhas costas, então, olhei para baixo e vi o sangue escorrendo da lateral de meu corpo. Ajoelhei-me e logo outro corte fez com que meu braço esquerdo ficasse totalmente inútil no combate, seu Arkro era no mínimo conveniente, seu corpo podia atingir a forma de massa ou gasosa por um curto período de tempo.
Levantei-me e a velocidade com que ele aparecia e desaparecia ficava cada vez maior, logo mal conseguia me mover. Foi então que fechei meus olhos e lembrei-me de tudo que eu havia passado até ali. O sofrimento de meu pai, a morte de minha mãe e avó, os companheiros... De jeito nenhum eu poderia morrer ali, não para um general qualquer. Se fosse para morrer que fosse sobre a carcaça de Spaycos.
O padrão dos golpes era sempre o mesmo, direita, esquerda, atrás, frente, encima... Sempre a mesma ordem, abri meus olhos e gritei contra Spaycos:
— Você é meu!
Puxando minha espada com o máximo de velocidade que conseguia atingir com os ferimentos e acertando o estomago de Rakos fazendo-o cair para traz enquanto vomitava sangue através dos espaços permitidos pela mascara.
Spaycos desfez o sorriso por um rosto misto de preocupação e ódio.

–Inutil!- Gritou ele jogando a taça de vinho no chão.

Rakos tentou se erguer porem a ferida havia sido em uma profundidade alta, impedindo até mesmo que ele tivesse forças para usar seu Arkro. Rakos começou a rastejar até a parede deixando um enorme rastro de sangue pelo salão, enquanto implorava, por sua vida.

Ao chegar à parede, recostou-se e retirou sua mascara revelando seu rosto, que aparentava por volta dos 30 anos e marcado pelo trabalho árduo no campo, com uma expressão de medo e preocupação.

Seus pedidos foram todos ao léu quando Spaycos correu até ele o erguendo pelo pescoço enquanto o fazia queimar.

Os gritos de dor eram ensurdecedores e em alguns segundos silenciaram o antigo general. Spaycos desfez a cara de seriedade ao ver minhas feridas e disse:

—Você já está praticamente morto, garoto! Rasteje até mim e posso te dar uma chance de sobreviver. — Spaycos com um enorme sorriso, cruzou seus braços ainda cobertos pelas chamas.

—Eu... Fiz... Uma... Promessa!

— Que interessante, garoto! Mas acho que não vai poder cumprir sua promessa, do inferno!
Com um rápido toque, fez com que meu corpo entrasse em chamas. A dor era inimaginável, como se não fosse apenas corporal e sim psicológica e espiritual.
— Bom, acho que isso é tudo. Vejo-te no inferno, garoto! — Spaycos virou-se e deu um leve sorriso, enquanto fazia um sinal com os dedos como adeus.
— Spaycos... Sabe... O que minha mãe... Ensinou-me... Antes de morrer?
— Ahn? — Respondeu confuso.
— Que nunca, devemos quebrar uma promessa.
De alguma forma, toda minha dor desapareceu, minhas pernas conseguiram seguir por alguns segundos e toda raiva fez com que eu conseguisse ter um último momento de razão. Seu grito foi alto e doloroso, enquanto sangue espirrava em meu rosto e corpo.
Meu braço abriu uma enorme fenda em seu peito e ainda com as chamas sobre meu corpo, o fizeram queimar de dentro para fora.
Dias depois, acordei em uma espécie de quarto, muitas toalhas e lençóis por toda parte, sem contar quatro lindas aias encostadas na parede, a me vigiar.
— Quem são vocês? Onde estou? — Disse assustado e ao mesmo tempo com raiva da situação imposta a mim.
Nenhuma delas respondeu, se quer levantaram a cabeça. A enorme porta de madeira e bronze se moveu e com isso fez um enorme barulho, estremecendo todo o quarto e fazendo surgir à silueta de um homem de mais ou menos um metro e setenta de altura com vestes imponentes e enorme bigode.
— Fique calmo, senhor. Estamos aqui apenas para contribuir a seus prazeres.
— Quem é você?
— Meu nome é Jontas, senhor.
— Senhor?
— O senhor derrotou nosso antigo juiz, por tanto se tornou o novo juiz do distrito 12º e como trabalhadores desse distrito, estamos aqui contigo para o que precisar.
A memória de perfurar Spaycos logo se formou em minha mente, o sangue em meu rosto, o sorriso se desfazendo lentamente do rosto dele e até mesmo suas ultimas palavras sendo balbuciadas entre o sangue:
— Seu... Pequeno... Bastardo...!
— Senhor? – Jontas estufou seu peito virando-se novamente para mim.
— Sim...
— O Arkro do antigo juiz ficou sem dono e como o senhor o derrotou, ele é de sua propriedade agora, gostaria que eu o trouxesse?
Tal anel havia trago tanta dor a minha família. O que fazer com tal objeto? Apenas sua existência não importa na mão de que guerreiro iria trazer sofrimento e dor a outros, porém deveria dar apenas uma olhada em seu material.
— Jontas, traga-me o anel, por favor.
Sua cor era prateada e havia a figura da cabeça de um dragão, algo no anel chamava minha atenção. Vozes falavam comigo sem parar, enquanto um enorme calor tomava meu corpo.
— Por que não se une a mim? Por que não tem coragem para isso? Eu posso te dar poder, posso te fazer rico! posso te fazer inteligente! Só precisa vestir-me.
Na hora acho que não pensei direito, já faz 10 anos, velho e me sinto cada dia melhor com isso. ’’
Patrolos escorregou a mão sobre os cabelos emaranhados e deu um gole fato na bebida, olhando nos olhos do neto que se mostravam, naquele momento, vazios de sentimento.
— O que veio fazer aqui? Sei que não é por causa de seu avô.
— Seu Arkro me desperta interesse, velho!
— Não se atreva a chegar perto de meu Arkro!
— Não levante a voz para mim, velho! Você pode ser de minha família, mas continua sendo inferior. Não deu conta nem de Spaycos acha que conseguiria se erguer contra mim? Não seja tolo!
— Por que fez isso consigo mesmo?
— Bom, acho que esta na hora de ir.
— Não faça isso! Não destrua quem você é! – Patrolos segurou no braço de Kyacos que se acendeu como brasa, sendo coberto por chamas negras como carvão.
— Não tente mudar o que já aconteceu.
Kyacos saiu pela porta fazendo com que o vento a batesse com toda força, Patrolos recostou-se na parede enquanto deslizava até o chão com os olhos cheios de lágrimas e as mãos sobre a cabeça, ali ele adormeceu, até a manhã seguinte.

Presídio de Chreta – Sudeste – Koa

— Ei Rocka. Esta me ouvindo? —Um dos prisioneiros esticou seu braço e arremessou uma pedra até a cela em frente a sua.

— Claro. Você não para de falar. —Resmungou Rocka virando-se para parede.

—Você não era assim! Era tão mais engraçado e interessante. —Concluiu Blink, atirando uma pedra contra a parede de cimento.

—Você não acha que ele tem motivos pra isso? Estamos presos aqui, por sua culpa! Você e sua ganância imparável, só precisavam pegar os sacos de ouro e ir embora, mas ‘’Nãaaaaaao’’ vamos levar os diamantes também. —Retrucou Yori ,acertando um cascalho na testa de Blink.

—Aposto que não estariam me criticando, se o plano tivesse dado certo!

—Você não tem noção nenhuma de planos! Colocou Rocka como vigia! —Yori gritou, já ficando exaltado com a discussão.

—E qual o problema com isso?

—ELE È CEGO, SEU IMBECIL!

—E só por isso ele não podia vigiar a porta? Meu deus Yori você e seus preconceitos.

—Cale a boca. Não adianta discutir com você. —Yori se afastou das grades, sentando em um banco posicionado nos fundos da cela.

No fundo Blink sabia que seu plano havia sido um desastre, mas seu orgulho nunca faria aceitar seu erro.

—Podiam me tratar com mais decência, pelo menos. Não é porque sou cego, que não posso ser um ladrão de sucesso! —Rocka se pôs na discussão novamente mostrando que não era nenhum coitado.

—Desculpa, mas vocês não são a Lendária Pirâmide? —Interrompeu um prisioneiro.

­­—Sim! —Responderam os três ao mesmo tempo, sem nem ao menos perceber.

—Não acho que deveriam brigar por motivos idiotas, como este! Aliás sou um grande fã de vocês! —Disse empolgado o rapaz.

—Somos demais! Temos um fã! —Blink se levantou com um sorriso no rosto e os olhos brilhando.

—Ótimo! Fomos responsáveis por transformar um rapaz em ladrão! —Rocka se ergueu e começou a andar impaciente pela cela de 4x4.

—E porque veio parar aqui? — Yori ergueu a voz se aproximando das grades.

—Bom, roubei algumas galinhas de um vizinho. E acabei sendo pego. —Sorriu envergonhado.

Entãaaao... Nosso primeiro fã é apenas um ladrão de galinhas fracassado? —Blink desfez o sorriso, decepcionado.

—Ele não é nosso primeiro fã, é nosso ÚNICO fã. —Rocka não estava muito otimista com o assunto.

De repente, um grande soldado apareceu na porta principal da masmorra. Ele trajava uma armadura grande e pesada feita de ferro e aço, por baixo havia uma cota de malha preta e um pequeno cravo entrelaçado a uma rosa, símbolo do reino de Chreta.

—Atenção seus lixos! O Duque Marco III, esta aqui para vê-los, demonstrem ao mínimo, educação! —Concluiu o soldado, dando meia volta e deixando apenas o Duque adentrar a masmorra.


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Notas finais do capítulo

Proximo Capitulo : Caminho das Rosas



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