In Gloria Mori: Chamas Negras escrita por Sr Urso


Capítulo 1
Capitulo 1/1 - Arco 1 - Vingança das chamas.




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— Tragam os dragões! Tragam os dragões!
— Ei, Kaycos, o velho está falando sozinho de novo. — disse Godfrey com ar de desprezo enquanto se recostava nas grades da cela.
— Já se passaram se anos, ele até que aguentou bastante tempo com sua sanidade. Os outros demoram apenas alguns meses. — Kaycos veio ao encontro de seu amigo trazendo uma caneca com bebida.
— Você se lembra do dia em que ele chegou? Foi inacreditável um general tão forte e de patente tão alta ser trazido até aqui e trancado como um animal. — Godfrey encarou a cela e deu um gole farto em sua bebida.
— Eu nunca soube o motivo, apenas ordens. Às vezes penso se não estamos pecando em deixar este homem preso aqui, enlouquecendo a cada dia. — Kaycos deslizou suas costas pela parede até sentar-se no chão.
— Escuta aqui, seu moleque! — Godfrey se enfureceu e segurou Kaycos pela gola da camisa. – Você esta aqui para obedecer a ordens e não para ser herói!
Kaycos soltou as mãos de Godfrey de sua gola, virou as costas saindo do calabouço de cabeça erguida e expressando profundo ódio.
— Corram! Corram! Os gigantes estão vindo! — gritou Octavius agarrando se nas grades e batendo sua caneca contra elas.
Godfrey não disse uma única palavra apenas passou as mãos sobre seus cabelos negros e virou-se para sair dali, ainda conseguiu ouvir Octavius aos gritos de dor, mesmo estando sozinho em sua cela.
Kaycos correu até uma pequena casa perto dali, a construção era pequena feita de madeira e palha. Havia um cavalo do lado de fora e algumas ferramentas na parede lateral.
— Senhor Patrolos? — chamou ele, adentrando a porta com tom de reverencia.
Dos fundos da casa, algo como um quarto ou cozinha, surgiu um senhor vestido com roupas muito simples, com a mão direita empunhava uma espada enferrujada a qual usava como bengala, substituindo a falta de sua perna.
— O que deseja garoto? — perguntou, arrumando seus óculos a cima do nariz.
— O senhor é a pessoa mais sábia por esses lados, dizem que é o mais velho e sábio de toda Chreta! O senhor poderia me contar uma historia?
— Uma historia? Meu Deus há quanto tempo alguém não me pede para contar uma historia? — indagou, se levantando com um sorriso no rosto.
Ele caminhou até uma prateleira, puxou um enorme livro com o símbolo de uma abelha na capa e voltou a se sentar em uma cadeira de balanço que havia na sala.
— Senhor, não me leve a mal, mas a historia que quero ouvir não está em nenhum livro.
— É mesmo, garoto? E qual seria essa historia tão importante assim? — Ele retrucou alisando a barba com as mãos calejadas de trabalhar.
— Eu gostaria de ouvir a historia do general Octavius.
O senhor se calou e fez uma expressão de surpresa. Sua espada escapou de sua mão, o som do aço e do ferro chocando-se contra a madeira preencheu o cômodo.
— Ah, Octavius! Há quanto tempo eu já não ouvia esse nome? — O velho buscava com a ponta dos dedos sua espada quando o soldado a pegou e lhe entregou.
— Bom por onde você quer que eu comece?
— Gostaria de saber tudo a respeito, capitão! — disse o soldado se levantando e colocando a mão direita em continência para o velho enquanto soltava um leve sorriso.
— Bom, então se sente. Vou pegar algo para bebermos, pois a historia de Octavius é bem longa. — Patrolos sorriu e esfregou os cabelos de Kaycos. — Eu era um jovem no alto de meus 20 anos quando conheci Clara, a mulher de minha vida. Ela era uma linda mulher, com olhos castanhos e pele clara que se realçavam ainda mais seus longos cabelos cor de mel. Clara era filha de um grande fazendeiro e eu era apenas um soldado de campo, algo como o que você é hoje. — Patrolos deu uma risada enquanto dava um gole em sua bebida.
''Fui apaixonado por ela durante cinco anos sem nenhum retorno, mas mesmo assim não desisti de meus sentimentos. Então, depois desse tempo, ela me chamou até seu quarto e passamos a noite juntos. Após alguns meses já tínhamos marcado a data do casamento e minha escala no exercito de Chreta só ia subindo.
Tínhamos um ao outro, uma bela casa, meu companheiro de batalhas e do dia a dia, Conty, e muitas moedas. Afinal, como tinha sido promovido para general, ganhava muito mais dinheiro do que antes. Foi então que, um dia, Clara veio até mim e segurou em minhas mãos colocando-as sobre sua barriga, ela derramou algumas lágrimas e disse:
— Você vai ser papai, senhor general.
Eu nunca tinha sentido tanta felicidade em minha vida! Após tanto tempo eu finalmente teria um herdeiro, um companheiro, um amigo.
— Agora, papai, qual nome você quer colocar em nosso filho? — questionou Clara enquanto olhava as estrelas ao meu lado.
— Que tal se fizesse uma homenagem ao seu pai? Se não fosse pela permissão dele nunca estaríamos juntos hoje! — falei sorrindo e segurando em seu rosto com uma das mãos. Octavius era seu nome, ele nasceu e logo que chegou a nossa pequena família trouxe alegria a todos.
Eis que então todos os generais receberam um chamado até o palácio, disseram que era algo que não podia ser deixado para outra hora. Chegando lá todos receberam a mensagem que, após muitos anos em paz, nosso país estava sendo convocado para uma guerra e assim só os melhores seriam chamados para comandar exércitos de soldados.
Foi quando surgiu a maior surpresa.
— Generais! Trago-lhes a maior riqueza deste mundo! — bradou um homem com altura mediana e roupa de alta grife, o que aparentava ser alguém importante da coroa. — Aqui dentro da sala que vão entrar agora existem muitos anéis, cada um deles recebeu a benção de uma criatura, animal, ou elemento. Os anéis, sejam quais forem, lhe trarão mais força e velocidade, mas, além disso, cada um terá uma peculiaridade... Digamos que uma habilidade única. —Sorriu ironicamente.
Todos homens arregalaram os olhos. Alguns conversavam sobre aquilo, outros tiravam barato do homem e de suas ideais que pareciam ser loucas.
Sem avisar, ele puxou as portas da sala, revelando inúmeros anéis de várias cores e aparências diferentes. Pegou no braço de um dos generais e lhe vestiu o anel.
O homem se ajoelhou e começou a gritar de dor enquanto seus olhos e ouvidos sangravam, sua pele estava ficando com uma aparência cinzenta e ele se debatia no chão.
Os presentes ficaram tensos com a situação e alguns até foram para cima do homem, no entanto logo foram parados pelos guardas dele.
— Fiquem calmos, senhores. — pediu com tom calmo e harmônico. — Aposto que ficou mais fácil de me entender agora, não foi? Os anéis podem te dar muito poder, contudo também podem te matar facilmente. Há muita energia dentro deles, energia antiga que desconhecemos. Porem há um jeito de conseguir usá-los sem sofrer danos: Seu coração precisa ter sincronia com o ser do anel. O que coloquei neste homem era de coelho, um animal pequeno e leve enquanto este homem era grande e pesado. Entenderam agora?
Todos arregalaram os olhos. Será que algo assim era mesmo possível?
— Ei você! Seu nome é Patrolos não é? Por que não vêm até aqui e escolhe um anel?
Engoli a saliva e arregalei meus olhos dando um passo a frente, aquele momento poderia me fazer um exímio general como também poderia tirar meu último suspiro.
Eram tantos anéis diferentes tantas cores, pedras, símbolos, bênçãos era difícil se concentrar em apenas um. Foi quando que vi ao longe um anel com formato de sol. Ele era feito de ouro e cobre, uma peça muito bonita e bem trabalhada.
Respirei fundo e o coloquei sem pensar duas vezes, naquele momento senti um frio na espinha e um embrulho no estômago. Caí de joelhos enquanto minha visão escurecia e minha pele ardia como se estivesse em brasas.
–Patrolos, você controla o anel e não o contrário! Mostre a ele o poder de um general Chretano! - gritou o homem enquanto esticava seu braço em minha direção.
Naquela hora, senti uma força queimar do fundo de meu peito, abri meus dois braços e bradei com toda a minha força.
— Eu sou seu mestre!
Ouvi um zumbido como o barulho de moscas ou abelhas dentro de minha cabeça, enquanto algo sussurrou apenas para mim:
— Juntos como um!
Depois daquele dia, todos os generais e até mesmo soldados com uma patente um pouco abaixo receberam seus anéis de benção, nomeados mais tarde de Arkro’s.
Octavius com o passar dos anos virou um ótimo guerreiro, sua coragem, lealdade e o enorme coração eram apreciados por todos, chamando atenção até mesmo do Rei Lokan IV.
Apenas com 23 anos já recebeu a patente de general por derrotar sozinho uma pequena trupe de três elfos.
Recebeu o Arkro de Gelo que vinha da benção de um enorme dragão gélido que viveu há milhões de anos.
Em pouco tempo ele conseguiu dominar o Arkro por completo, os dias eram todos em pró dos necessitados e do exercito enquanto suas noites eram meditando, só ele e seu Arkro.
— Olá, senhor Octavius? — chamou uma jovem retirando seu lenço enquanto olhava envergonhada para ele.
— Senhor? — retrucou retirando seu elmo e colocando junto ao lado direito do corpo, enquanto soltava um leve sorriso. — Pode me chamar apenas de Octavius.
Os olhos da garota brilhavam, Octavius era alto com mais ou menos 1.82cm, seu corpo era forte e imponente por tantos anos no exercito. Possuía lindos olhos azuis bem claros, cabelos loiros que iam até a altura de seus ombros e a barba pro fazer deixava-o mais respeitável e com a aparência mais experiente.
— Então senhorita o que deseja comigo?
— Senh... Quero dizer, Octavius, minha família dará uma grande festa em comemoração ao meu aniversario de 20 anos, o senhor poderia me acompanhar? — perguntou ela com a pele vermelha de vergonha e cabeça baixa.
–Ei, garota! — disse segurando-lhe o queixo e erguendo sua cabeça de volta ao estado normal, colocando seus olhos diretamente nos dela. — Como poderia recusar proposta de tão bela dama?”
— Lucia era o nome dela, por mais que fosse muito tímida e tivesse apenas 1,67 de altura era uma linda mulher! Longos cabelos negros, boca carnuda, olhos verdes e um corpo escultural. — Patrolos riu e encostou seu braço no garoto dando uma leve piscadela. —
Após a festa eles viraram amigos e logo depois noivos assim vindo a casar após alguns meses. Eles eram um lindo casal e tinham enormes planos, a maioria das garotas tinha inveja por ela ter se casado com tão belo general, enquanto a maioria dos homens tinham inveja dele por ter se casado com tão bela dama.
Os dois conseguiam se dar ainda melhor do que eu e Clara. O casamento dos dois era perfeito, além do romance sempre presente, os dois eram primeiramente amigos.
Meu dia ficava ainda melhor quando voltava com meu filho das grandes batalhas, apenas o silêncio, ao lado de minha mulher, lendo um livro, tricotando ou simplesmente olhar o sorriso de meu filho ao lado de minha nora e a felicidade em seus olhos, a paixão era tão intensa que me enchia de orgulho e alegria.
Um dia meu filho passou o dia impaciente, o dia todo fazendo suas obrigações rapidamente e com um sorriso estampado no rosto.
— Pai! Temos ótimas noticias ao senhor! — Octavius abriu a porta e correu em minha direção me dando um forte abraço.
— O que foi garoto? Outra promoção?
— Pai, o senhor vai ser vovô!
As lágrimas vieram aos meus olhos e lhe abracei com força, o erguendo e girando-o no ar enquanto dava grandes gargalhadas.
Só havia sentido tanta felicidade assim no dia do nascimento de Octavius, logo teríamos um pequeno guerreiro correndo pela nossa casa, logo iria me aposentar e a ideia de termos um neto vinha muito bem a calhar.
Os meses a seguir foram apenas de alegria. Aposentei-me e comecei a trabalhar em casa plantando, colhendo e concertando algumas coisas de vez em quando. Passava a maior parte do tempo cortando madeira e a lixando para fazer brinquedos para meu neto, enquanto Clara tricotava coisas para o bebê, Lucia fazia compras ou cozinhava. Todos os dias, por mais que meu filho chegasse cansado, ia direto até a oficina que havíamos construído juntos, para me ajudar com os acabamentos.
Tudo ia de bem a melhor até que o dia do nascimento chegou.
Lembro-me como se fosse ontem, Clara fazendo o parto com um sorriso no rosto enquanto Lucia fazia força e apertava a mão de sua mãe que lhe dava leves sorrisos de alegria. Octavius estava muito impaciente andava de um lado para o outro como se fosse abrir uma vala no chão.”
— Desculpe-me, o senhor deseja parar de contar? Vejo que este é um assunto delicado para o senhor. — Kaycos se levantou e pôs sua mão sobre o ombro do velho que já estava à beira das lagrimas.
— Que isso, garoto! Como homem e como, você mesmo disse, “sábio’’, o mínimo que posso fazer é terminar uma historia começada.
“O parto foi rápido e logo entramos para receber a criança. Ele era muito branco, possuía olhos e cabelos negros como uma noite sem luar. Octavius o pegou no colo e o levantou o máximo que pode, nesse momento ele se calou derramando lágrimas de emoção, soltando um sorriso e dizendo:
–Kyaro! Este será seu nome!
O bebê parou de chorar e arregalou seus olhos dando um grande sorriso para seus pais e avós.
O garoto foi crescendo e não apresentava interesse nenhum em combate, pelo contrario, por mais que tentássemos entregar a ele espadas de madeira ou coisas do tipo, ele preferia ficar apenas abraçado com a mãe, brincando com seu cavalo de madeira ou lendo algum livro de figuras. Quando o garoto estava por volta dos quatro anos e meio veio a grande noticia: Lucia estava grávida novamente. Mais uma vez todos se encheram de alegria, até mesmo o pequeno Kyaro.
Tudo pronto para seu nascimento o pequeno Kyaro agarrou forte a mão de sua mãe e ficou ao seu lado por todo o parto. Octavius estava do lado de fora, assim como eu, vimos pequenas tochas se ascenderem ao longe, mas não podíamos perder nosso tempo com aquilo, afinal seu filho estava prestes a nascer. Nós entramos e trancamos as portas indo para o lado de Lucia que estava prestes a dar a luz.
A criança nasceu e logo escutamos meu cavalo Conty relinchar, achei estranho e abri a porta. De repente, fui atingido por uma esfera de chamas que me fez cair ao chão ao mesmo tempo em que meu lado direito entrava em chamas. Octavius puxou sua espada e criou uma barreira de gelo para proteger Kyaro, Lucia e Clara .
Muitos guerreiros com as roupas totalmente negras começaram a entrar cada vez mais e a lutar contra ele, por mais forte que fosse e estivesse conseguindo mantê-los longe deles. Um homem apareceu, o mesmo que havia me acertado com a esfera. Ele era alto e magro com uma longa e farta barba, ergueu sua mão em direção a barreira de gelo e apenas a derreteu como se não fosse nada. Octavius ergueu sua espada e deu um grito de raiva congelando o chão a sua volta e empalando os guerreiros ao seu redor. Ele correu em direção ao homem enquanto uma mulher transpassava a porta recitando algumas palavras que eram muito baixas para nós ouvirmos. Octavius se cansou... Por alguns segundos toda sua força se esvaiu... Seu gelo desapareceu e sua espada parecia muito pesada para ele.
— Acha mesmo que pode me vencer, general? — perguntou o homem abrindo um sorriso maléfico. — Eu sou Spaycos, o juiz do 12º distrito! Tenha mais respeito e coloque-se no seu lugar.
Ele caminhou até o lugar onde as duas estavam e tentou alcançar o bebê com uma das mãos, Clara se levantou e mandou Lucia ir para os fundos enquanto ela o atrasava.
Lucia correu para os fundos com as crianças enquanto Clara abriu os braços tentando vedar a passagem da porta, Octavius se apoiou sobre a espada e tentou golpear Spaycos com ela acertando apenas a armadura e fazendo com que a espada caísse ao chão.
–Você...Não vai...Ferir...A minha mãe! – disse ele, com o corpo totalmente dormente e cambaleando de um lado para o outro.
Me levantei com dificuldade e a lateral do corpo ainda estava em chamas, a dor era insuportável, mas não podia deixar meu filho e minha mulher sozinhos. Ergui minha mão, ascendi meu anel, criando uma lança feita de uma pura luz dourada, e arremessei em Spaycos que, com um leve toque, fez com que a lança desaparecesse em cinzas. Golpeou Octavius no pescoço, o derrubando-o no chão. Pisava-o como se não fosse nada e perfurava suas costas com sua espada longa.
— Por quê? Por que você não morre? — Gritou enquanto continuava a perfurá-lo com a lâmina.
Minha mulher olhou chorando para mim e gritou:
–A garota!
Olhei para traz e vi a garota ainda recitando palavras concentrei toda força que ainda me restava e arremessei minha ultima lança. Ela arregalou os olhos e deu um grito mudo, mas já era tarde a lamina da lança atravessou o meio de seus seios, fazendo-a cair em silêncio no mesmo instante.
Minhas forças estavam esgotadas e apenas cai no chão olhando meu filho ainda apanhar para aquele lixo humano. Clara pegou uma faca na cozinha e correu até Spaycos tentando cortar sua garganta mas em vão fazendo apenas um corte em seu olho esquerdo.
Ele soltou a espada e se distanciou cobrindo o olho com as mãos e batendo as enormes botas no chão em um urro de raiva, abriu uma de suas mãos:
— Maldita seja! Desapareça!
Não houve tempo para nada. Eu apenas gritei, mas foi como se tudo ficasse mais devagar, tudo em silêncio...
O corpo de Clara foi jogado através da parede ainda pegando fogo, Octavius segurou a perna do homem,mas recebeu um último chute na cabeça e desmaiou.
Spaycos caminhou até a porta dos fundos onde encontrou Lucia ajoelhada em frente a uma cruz que tínhamos feito, eu e Octavius.
— Bom Deus Oran, nos proteja com seu véu faça com que meus filhos e minha família passem com vida deste empecilho...
Antes que terminasse sua oração Spaycos a ergueu do chão pelo pescoço e disse:
— Isso já acabou vadia! Por que não entende? Seu Deus não vai te salvar agora, ninguém pode te salvar agora. Você é fraca assim como seus familiares e os fracos tendem a perecer perante mim! —Terminou ele quebrando seu pescoço com uma das mãos enquanto ainda a mantinha queimando.
Kyaro observou toda a cena quieto sem esboçar uma única reação, apenas segurando seu irmão no colo imóvel olhando para aquela imagem macabra. O juiz veio em sua direção e apontou a mão para o garoto emanando uma chama da palma de sua mão.
— Não sente medo garoto?
Ele permaneceu imóvel sem dizer uma única palavra.
— Perguntei se não sente medo! — Disse ele segurando o garoto pelos cabelos.
— Eu vou matar você... — balbuciou o garoto ainda imóvel.
— Você vai me matar? — Spaycos deu uma gargalhada passando a mão sobre seus cabelos. — Pode vir quando quiser garoto, vou estar te esperando. — Puxou a criança dos braços de Kyaro e virou as costas.
–Óh não mataram minha companheira! – exclamou, ironicamente pisando sobre o corpo sem vida de sua ajudante.
Algo agarrou sua perna durante a saída e ele olhou para baixo com desprezo para ver o que era:
— Eu... vou... matar... você... — Octavius com o rosto cheio de sangue murmurou enquanto revirava os olhos.
— Você também, Octavius? Acho que são todos burros em sua família, eu não precisava matar ninguém apenas pegar a criança, mas verdade seja dita, foram muito mais interessantes assim. — Agachou-se dando um grande sorriso para Octavius.
As horas passaram e nada mudou todos continuaram no chão sem nenhum movimento, pela manhã, muitos homens adentraram a porta e começaram a pedir por socorro, médicos vieram até nossa casa e todos receberam os devidos cuidados. Clara e Lucia infelizmente faleceram naquela noite e minha perna, meu braço e meu olho queimados pelas chamas viraram inúteis.
Kyaro não dizia mais uma palavra e por cerca de dois meses a maior parte de seu tempo era em frente ao lugar onde sua mãe havia morrido. Octavius largou sua patente e passava todos os dias apenas treinando incansavelmente, se culpando a cada dia pela morte de sua mãe e de sua mulher. Após mais ou menos um ano, Kyaro começou a treinar junto ao seu pai repetindo cada golpe e cada movimento. O garoto era inacreditável, sua agilidade precisão e até mesmo sua força para idade era admirável. Quando completou seus treze anos, já era mais forte que muitos soldados comuns, já era hábil em quatorze estilos diferentes de batalha! Entre eles espada, arco e lança.
Um dia pela manha enquanto Octavius ainda treinava desde o dia anterior, o garoto chegou até mim:
—Vô..
— Sim, meu filho.
— Quando meu pai terminar diga a ele que fui à cidade...
— Como assim Kyaro ? Aonde você vai?
— Ao lugar que já deveria ter ido há tempos...— virou as costas e caminhou.
— Ei Kyaro! O que pensa que vai fazer?! — degurei firmemente em seu ombro.
— Tire as mãos de mim! – gritou, me fazendo tirar a mão e me assustar com a reação.
— Não tente me atrapalhar, velho. — Me olhou de cima a baixo, colocou sua sacola nas costas, guardando sua espada e seguindo caminho pela estrada de areia batida.


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Notas finais do capítulo

Proximo capitulo : Caminhos da Verdade



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