–Espere, vamos recapitular- disse Ayumi com as sonbrancelhas franzidas-Você sentou em umas das carteiras duplas da aula de biologia e começou a ler seu livro?

–Confere.

–De repente o tesudo do Carter Martin vai até você e te fala um spoiler que ele não tinha como saber que a pequena, só que alta Dyl já sabia?

–Confere.

–O mesmo tenta puxar papo e você o ignorou porque estava muito brava, mas no fim cedeu?

–Confere.

–Ele senta na cadeira vaga ao seu lado, sem a sua permição?

–Até agora você acertou tudo,tampinha.

Ayume fechou os olhos e respirou fundo me ignorando.

–A senhorita Lewis diz que as duplas que daquela aula continuariam pelo resto do ano?

–Confere.

–Ele admitiu que gostou de você?

–Sim, senhora.

–E VOCÊ AGE COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO?

Nós estavamos sentadas em umas das mesas mais escondidas do refeitório e mesmo assim com o grito da pouca sombra aqui praticamente todos os alunos desta escola viraram suas lindinhas cabeças para nossa direção. Que pulmões fortes.

Dei uma mordida monstruusa no meu querido e amado chocolate e mastiguei lentamente, não para fazer um suspense maligno, e sim porque eu amo chocolate mais do que a minha própria vida e já estava ficando com abstinência do meu doce vício.

–É.

–Sua vadia!Um cara lindo daqueles vem falar com você Brown, e a senhorita não faz nada?!

–Queria que eu fizesse o que?!Pulasse em cima dele, arrancasse minha blusa e gritasse me possua, gostosão?!

–Sim!

–Ayumi! Vai se ferrar!
–Dylan!Pelo menos admite que o achou uma delicia, vai admite que o sr Martin é gatoso.

–Não sei não, ele tem o nariz estranho

Disse só para provoca-la, mas Ayu me lançou um olhar que claramente queria dizer "quer morrer sua branquela dos infernos?" , parei na hora. A menina é asiática, vai saber o que ela pode fazer.

–Parei, parei. Ok ele é tudo isso que você me falou e mais um pouco. Está feliz?

–Muito- a Nakamura fez uma careta quando viu eu abrir minha segunda barrinha de chocolate- Como você consegue comer tanta porcaria e continuar uma magra de merda?

–Hey, chocolate não é porcaria.Não se preocupe amiguinho a tia Ayu não disse por mau.Você é uma delica, é sim, é sim.- peguei a barrinha que estava tratando como um cachorrinho e a apontei ameaçadoramente para a Ayu-Nunca mais ofenda meu vício Nakamura, nunca mais.

–Desculpe.Depois diz que eu sou louca.

A ignorei e devorei meu precioso em alguns segundos, e me levantei junto com a minha asiáticazinha. Paramos em nossos armários e pegamos o livro de história.

Finalmente teriamos outra aula juntas , infelizmente eram duas seguidas de história.Não que eu odeie essa matéria,na verdade eu até que gosto, mas a Ayumi odeia,ela praticamente dorme a aula inteira.

Chegamos na sala, e sentamos no fundo, ela atrás de mim. A Ayumi mau se sentou na cadeira e já começou a se preparar,ela vestiu um casaco, colocou a touca na cabeça, pos os fones de ouvido e ligou a música no volume máximo.

–Boa noite.- ela praticamente gritou.

–Bons sonhos-mas ela não me escutou, na verdade já tinha deitado na mesa.

A professora Olga entrou na sala depois do segundo sinal, e começou a dar a aula. Olga é uma senhora velhinha muito fofa e uma ótima professora de história, ela realmente fazia a turma se interessar pelos fatos históricos, não sei como a Ayu pode odiar tanto essa máteria.

Eu prestei atenção em cada palavra da professora Olga, e depois em cada palavra do senhor Rodriguez, nosso professor de geografia, e fiquei olhando, como todas as outras garotas e alguns garotos, para a bunda perfeita de Theo nosso professor de filosofia.

E o tão esperado sinal de saída tocou, o único sinal querido por todos os alunos e funcionários.Guardei meu material no armário, e fui andando a pé como sempre faço.

Quando cheguei em casa meu irmãozinho estava jogando videogame, uma coisa que ficou óbvia pelo som de explosões que eu ouvia desde a entrada.

–Abaixa essa porra de videogame Jordan!- e antes que ele berrace um grande e redondo não, acrescentei- E esconda melhor sua revistas!Acho que a mamãe não vai gostar de acha-las escondidas dentro da caixa embaixo da sua cama!

O barulho abaixou na hora.Como a vida é doce, falando em doce eu fui até a cozinha esquentei o jantar de ontem a noite, ou seja, comida chinesa e fui para a minha caverna, a minha toca, o meu templo: o meu quarto.

Na porta os meus avisos de não ultrapasse e proibido passar estavam em grande destaque colados na porta branca. Abri a porta do paraíso e me joguei na MINHA cama de casal, as paredes são de um amarelo bem claro menos a parede que minha cama encostava que estava cheia de fotos coladas,minha própria cama estava cheia de coisas escritas,como letras de músicas, as frases que minha mãe adora, mensagens que meu pai escrevia para mim quando eu era pequena e continua escrevendo até hoje, bobagens da Ayumi e até um bem forçado eu te amo do Jordy.

Meu quarto é perfeito,com os posters colados no armário branco que antes combinava com os meus criados-mudos cheios de tranqueira, minha escrivaninha branca e minha poltrona que parecia feita de recortes de jornais.

Liguei a música do meu celular no volume máximo e fiquei escutando a incrível voz de Kurt Cobain, joguei as caixinhas de comida chinesa fora e peguei umas das barras de chocolate da minha gaveta especial secreta.

Deitei na minha cama e fui levada ao mundo dos sonhos antes que eu percebesse que estava com sono.