Yin e Yang escrita por Park Sunhee


Capítulo 14
Um encontro de verdade.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tive que repostar porque estava repetindo o capítulo anterior e me desculpem por isso, mas este penúltimo capítulo é da parte em que Jeff chega em diante, certo? Beijão!



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Barry, sentado ainda ao meu lado na cama, fitou Jeff sem compreender muito bem quem ele era e o que estava acontecendo. Não fiz menção de falar nada, sei que ele tinha muitas perguntas e, principalmente, muitos xingamentos e incompreensões. Não o culpava, sumi por um bom tempo sem dar notícias e apenas o telefonei pedindo que não me procurasse mais ou, simplesmente, não tentasse compreender o que realmente estava acontecendo. Não tinha ideia se ele sabia que Mia estava presa, que eu tinha poderes e que Barry, na verdade, era o Flash. E, honestamente, se não soubesse não fazia questão de conta-lo.

Não era que não confiava em Jeff, eu confiava, porém tinha medo de pô-lo em risco. Não que eu tivesse inimigos, eu não era uma heroína e creio que ninguém poderia fazer mal á ele além de Mia, mas ela estava presa agora e não se tratava só de mim. Envolver-se demais naquela situação, não só o deixaria completamente confuso e fora de si, como também propiciaria uma grande responsabilidade de guardar segredos, e, cá entre nós, todos sabemos que ninguém consegue guardar segredos inteiros e intactos por muito tempo. Mesmo que seja a pessoa mais honrosa de todo o mundo.

– Oi... – Barry disse após um longo silêncio fitando Jeff parado a porta segurando seu casaco preto em mãos.

– Barry – falei em um tom de voz baixo sem tirar os olhos de Jeff – este é Jeff, meu amigo e parceiro na empresa.

– Eu sei – Barry virou seu rosto em minha direção chamando minha atenção – chamamos ele aqui.

– Por quê? – sussurrei olhando Barry.

– Ele tinha que saber, Deb – Barry deu um beijo em minha testa sorridente – vou deixá-los a sós... Vocês tem muito a conversar.

Fitei Barry quem saiu do quarto dando um tapinha de leve nas costas de Jeff, ao esperar para descer de elevador o vi colocar as mãos nos bolsos da calça jeans e ele sorriu lançando um rápido olhar para trás, mudei meu olhar de direção quando Jeff, enfim, se moveu dando passos para frente, na direção de minha cama.

Pude ver Barry entrando no elevador e olhando em nossa direção com um pequeno sorriso no rosto até o elevador fechar, Jeff deixou o casaco em cima da cadeira onde Barry havia passado a noite e estado quando acordei algum tempo atrás. O silêncio estava realmente me incomodando e queria que ele falasse algo, mas não o apressaria, afinal, a última vez que ele me viu eu estava bem e em casa e agora lá estava eu, deitada em uma cama nos Laboratórios S.T.A.R. cheia de hematomas e descabelada.

– Eu queria... – ele sussurrou com a voz falha sem me fitar – realmente queria estar com raiva de você.

Não respondi nada. Sabia que tinha que deixa-lo falar.

– Barry me ligou dizendo que estava desacordada a três dias esta manhã. Ele disse que era para vir até aqui e conversamos quando acordasse, mas... – ele fez uma breve pausa e esfregou uma mão na outra – não tenho certeza se quer falar comigo... Na verdade, ao ver sua reação quando Barry disse que sabia quem eu era e que tinha me chamado aqui, tive certeza que você não se importa nem um pouco comigo.

– Não é isso, Jeff... É complicado.

– Posso ver – ele virou seu rosto em minha direção – depois de um bom tempo sem notícias suas eu recebo uma ligação do seu ex-namorado dizendo que você está desacordada por dias. Chego aqui e te encontro completamente machucada. Parte de mim sabe que é por causa de Mia mesmo sem você confirmar, mas a outra parte se nega a aceitar que você foi atrás dela sozinha e... Jesus! Você disse que não iria!

Ele passou a mão no rosto bagunçando seu cabelo de certo modo.

– Eu gosto tanto de você... E você simplesmente me chuta de sua vida quase acabando com ela! Com a sua vida! – ele pigarreou ao notar que estava gritando – eu... Deveria estar feliz que está bem, mesmo toda machucada deste jeito – ele apontou para mim mudando o olhar de direção – eu sempre te defendi, sempre te ajudei, gostei de você ao máximo e o que recebi? Indiferença e uma ordem de expulsão da sua vida! Como se eu não fosse nada!

– Eu...

Ele me ignorou prosseguindo – Você sumiu! Por dias, quase um mês! Mas você está viva e bem e... Com Barry! Isso que importa, não é?! Aposto que Mia está morta e, não sei porquê, estou feliz por isso – ele pegou seu casaco na cadeira – na verdade, sim, eu sei! Estou feliz porque assim ela não pode te machucar mais! Nem você á mim! Não entendo porque não pude ajuda-la, porque... Porque sumir e não me deixar ajudar você! Eu não quero seu mal! Quer saber? – ele foi andando até a porta – eu sou mesmo extremamente idiota por vir aqui me certificar se está bem! Claro que está! E pronta, novamente, para me chutar da sua vida como se eu não significasse nada!

– Jeff...

– Ah, poupe-se! – ele foi rude e apenas o fitei – você está despedida, Deb. Não é nada pessoal, você apenas sumiu do trabalho e não se mostrou competente o suficiente para...

Ele se calou ao fitar as chamas saindo de minhas mãos sem me queimar. Sua respiração ficou falha, de repente, e ele não foi capaz de fazer mais nada a não ser ficar estático, novamente, perto da porta automática enquanto olhava o fogo incandescente queimar e fazer estalos em minhas mãos.

– Você...

– Se você quiser posso explicar tudo – falei fitando o fogo em minhas mãos e em seguida ergui meu olhar até seu rosto assustado – mas você precisa me deixar falar.

– Ai meu Deus... – ele sussurrou vindo até mim novamente – você é como ela.

– Sou – falei – na verdade, somos a mesma... Tecnicamente.

– O que? – ele me fitou completamente confuso largando o casaco, novamente, em cima da cadeira.

– Não quis te contar nada disso Jeff... Não porque não confio em você – o fitei agora brincando com uma pequena bola de fogo que passava entre meus dedos – claro que confio, você é meu melhor amigo. Eu só não quis te envolve em nada disso porque é perigoso demais e completamente confuso.

– Não a julgaria – ele levantou o olhar até mim.

– Sei que não – dei um fraco sorriso – mas se eu te contasse te colocaria em perigo e não queria nada disso. Se te dissesse onde estava indo naquela noite Mia poderia ir atrás de você para me achar. Ela estava em uma caçada incansável atrás de mim para me matar, para isso ela voltou á Central City. A última vez em que ela e afogou e você soube, foi sem querer, estávamos ambas novas com todos estes poderes e não podíamos nos controlar... Mas ela tentou outras vezes durando este meu sumiço da vida normal e... Quase conseguiu.

Respirei fundo fazendo com que a bola de fogo sumisse, como se jamais tivesse existido, fechando minha mão á sua volta.

– Deixe-me começar do início – o fitei tendo toda sua atenção – com a explosão do acelerador ganhamos poderes, assim como o Homem de Vermelho, conhecido como The Flash e mais uma infinidade de pessoas. Uns, assim como o Flash, usam para o bem, outros para o mal e alguns, creio eu, levam as vidas normais sem quererem fazer a diferença, seja para o lado que for. Eu estava levando minha vida normalmente, tentando ao menos, todas as vezes em que saia da sala me sentindo “quente” era literalmente, mas não era uma febre como sempre o dizia – dei um fraco sorriso – era o fogo querendo sair, querendo se mostrar e se sentir livre. Mas sempre o controlei. Sempre consegui, felizmente. A contrário de Mia com toda sua água.

Fiz uma breve pausa mudando meu olhar de direção.

– Ela voltou para me matar e... Honestamente, não era ela mais. Ela estava sob o efeito de uma droga chamada Mirakuru que foi um soro inventado na Segunda Guerra Mundial pelos japoneses. Achados em uma ilha acabou se expandindo para cá o que é uma outra longa história que não depende de mim conta-lo – dei uma fraca risada, mas ele ainda mantinha os olhos tão fixos e assustados em mim que desejava estar contando-o tudo por telefone, mas não seria justo.

– Esse... Mira... Mirakuru... Mudou Mia?

Assenti – Ela tinha super força, velocidade e não parecia ela mais, definitivamente não, era como se toda a raiva que ela tinha guardada de mim expandisse fazendo com que ela criasse coragem o suficiente para me matar. E ela tentou, várias vezes e quase conseguiu, mas eu sempre tinha o Flash para me ajudar e o Arqueiro.

– O Arqueiro? – ele pareceu mais assustado ainda – o vigilante de Starling City?

– Sim – balancei a cabeça negativamente – sei que tudo parece imaginação, mas é verdade. O Arqueiro já tinha lidado com um homem sob o efeito do soro de Mirakuru e veio nos auxiliar com Mia. Nós a capturamos e foi onde ela me machucou desta maneira, ela estava realmente forte. E agora, ela está presa, em uma ilha chamada Lian Yu. Ela está bem lá, é seguro.

– Eu... – ele balançou a cabeça negativamente completamente confuso – se ela está presa, como vocês são a mesma?

– Tecnicamente – balancei a cabeça criando coragem para começar a explica-lo – eu sou o fogo, ela a água. Ela me “apaga”. Como eu disse, ela tentou me afogar mais de uma vez e, como resultado, eu criei uma espécie de “Casca” que neutraliza todo e qualquer ataque dela contra mim. Ela já neutralizava meus ataques em grande porte, porém, isto não significa que ela não queima ou que eu não afogue com tanta água – ele me fitava mais confuso do que nunca, dei uma fraca risada mudando meu olhar de direção – isso fez com que adquiríssemos o mesmo DNA, portanto, somos a mesma pessoa em DNA.

– Como isso... – ele me fitava incrédulo – como isso é possível.

– Acredite em mim – bufei – nunca fui boa em ciência.

Ele passou as mãos novamente em seu rosto bufando e completamente confuso, apoiou os cotovelos nas pernas e afagou o rosto nas mãos sem dizer uma única palavra. Apenas o fitava em silêncio da minha cama. Era muita coisa par se absorver de uma vez só e, honestamente, ele poderia muito bem se levantar e duvidar de mim dizendo que eu estava maluca e precisava de ajuda. Não o culparia. Não mesmo, nem um pouco, se fosse o oposto eu o chamaria de louco, imploraria para que ele ficasse longe de mim e ligaria para seus amigos ou familiares dizendo que ele estava completamente fora de si.

Ele então se levantou e, rapidamente, veio em minha direção logo inclinando seu corpo por cima da cama, suas mãos seguraram meu rosto bruscamente e com certa força, mas não era para me forçar a beijar e sim porque ele achava que eu queria. E não queria. Ele era meu chefe e meu melhor amigo, nada além disso, jamais o vi de outra maneira além destas duas e, completamente assustada, o empurrei para trás o que fez com que Jeff me fitasse completamente assustado com o empurrão.

– Pensei...

– Jeff, você é meu amigo! – disse completamente exaltada, olhei para frente e pude ver Barry saindo do elevador como uma pessoa completamente normal. Ele mantinha as mãos no bolso e fitava o chão perdido em pensamentos e, então, olhou para frente notando que Jeff ainda estava ali, parou no corredor e deu um fraco sorriso me tranquilizando de que estava tudo bem.

Mas não estava. Sabia que Jeff há algum tempo sentia algo por mim, porém, não tinha a menor ideia de que ele pensava que sentia o mesmo. Me perguntava o que fazia com que ele pensasse desta maneira, afinal, apenas tinha sido sincera com ele, já que ele, no mínimo, merecia. Dei um fraco sorriso de volta para Barry e fitei Jeff ainda assustada, ele estava de pé. Colocava o casaco sem sequer me fitar e não fui capaz de falar uma única palavra antes que ele saísse, ele passou direto por Barry sem sequer lançar-lhe um mísero olhar. Barry apenas se manteve quieto, fitou-lhe dizendo um tchau – pude fazer leitura labial – e ver sua cara de confuso no instante em que ele passou direto. Barry coçou a nuca e entrou no quarto.

– O que houve com ele? – ele apontou com o dedo para trás.

– Ele só está confuso – dei um fraco sorriso.

– Ele parecia irritado.

– Ele tentou me beijar – falei.

Barry não disse nada.

Fitei minhas mãos agora apagadas – Sabia que ele sentia algo por mim, porém... Achei que sempre deixei bem claro que não sentia o mesmo.

– Ele vai superar – Barry deu um fraco sorriso desanimado.

– Espero que sim.

Ele apenas mantinha as mãos no bolso, andava de um lado para o outro no quarto sério e tentando colocar um sorriso nos lábios para disfarçar algo que eu não sabia dizer o que estava causando. Milhares de coisas repentinas vieram na minha cabeça, porém, Barry não estava com cara de assustado, mas sim, de ansioso o que eu não via há tempos. Permaneci em silêncio enquanto ele pensava em algo e não me incluía, estava ficando completamente estressada pensando que algo realmente grave tinha acontecido quando falamos juntos, mas ele prosseguiu:

– Barry, o que...?

– Acho que tínhamos de ter um encontro.

O fitei em silêncio e ele deu uma fraca risada coçando a nuca e completamente sem graça, não consegui esconder o sorriso e acha-lo completamente fofo por ter dito aquilo. Devíamos mesmo ter um encontro e, honestamente, por mais medo que estivesse de me envolver e, especialmente, naquele momento onde ambos possuímos poderes e fazemos as coisas não apenas por nós mesmo, mas principalmente pelos demais. Seria como perde-lo em dobro, ou causar uma enorme dor em Barry por não conseguir ser rápido o suficiente para me salvar se algo acontecesse.

Estes pensamentos eram completamente exagerados e, pela primeira vez, eu via isso. Seria realmente legal termos um encontro de verdade, já que, desde a primeira vez que nos conhecemos não saímos em um encontro oficial, ou seja, Barry nunca me chamou realmente para sair falando que seria um encontro, mesmo que fosse, indiretamente. O fitei sorridente.

Ele parou cruzando os braços e sorrindo ao notar minha reação.

– Acho que não compreendi muito bem o que disse – sorri o fitando.

– Bem – ele ainda parecia ansioso e veio andando em direção a cama, logo sentou-se na cama do meu lado – acho que deveríamos ir em um encontro. Um de verdade. Bem, eu estava lá embaixo e tava sem nada pra fazer, então... Pensei que nós realmente nunca tivemos um encontro onde eu fosse direto o suficiente para chama-la pra um encontro, então... O que você acha de ir em um encontro comigo, assim que sair daqui?

– Acho que seria incrível, Barry Allen.

Ele sorriu – Isso é ótimo, Deb Genine.


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Notas finais do capítulo

Vocês que comentaram no capítulo anterior, podem comentar de novo se quiserem, ou não, mas seria ótimo hahahahahahaa beijão!