Yin e Yang escrita por Park Sunhee


Capítulo 15
Essa é minha escolha.


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Tudo bem com vocês? Espero que sim, esse capítulo eu demorei porque ele é enoooooooooooorme, 13 páginas ao todo no Word porque eu quis fazer algo realmente especial. Então, espero que leiam e gostem.
Ps.: Este é o último capítulo ):
Ps2.: Os agradecimentos estão nas notas finais!
Beijão!



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Lá estava eu, na frente do espelho, depois de algumas semanas, com um vestido preto e cabelo solto fazendo com que me sentisse a mulher mais maravilhosa daquela Central City. Na verdade eu estava apenas feliz por, enfim, estar em um encontro de verdade, e não com qualquer pessoa, mas com Barry Allen. Não tinha como negar o quanto eu gostava dele e, até mesmo, o amava. Não sabia dizer. Quem sabe a definição de amor, afinal?

Sabemos que ficamos com aquele frio na barriga e com as borboletas tomando conta, pomos um sorriso nos lábios – quase – impossível de tirar, ele aparece tão involuntário que quando percebemos já é tarde demais, as mãos soam e ficamos com o coração palpitando na garganta, como quem demonstra “ei, eu vou pular daqui, porque sou grande e agitado demais para ficar parado”. As definições de como você se sente ao estar apaixonado, amando, gostando, são estas – e mais que, talvez eu não conheça – mas e a definição de amor?

Não sei se dá pra falar uma só. É se importar tanto com uma pessoa a ponto de esquecer de si mesmo. É por as necessidades da pessoa amada a frente das suas de modo que você se sinta feliz apenas ao ver sua felicidade. Mas honestamente? O que é amor? Eu não sei, pra falar a verdade. Talvez eu até já saiba, talvez seja esta mescla de como me sinto e o que penso quando estou ao lado de Barry e não quero mais sair, mas não posso afirmar, de fato, o que é o amor. Mas, definitivamente, naquele momento, dentro daquele justo vestido preto, com uma maquiagem exuberante, as joias, o salto e o cabelo com cheiro de rosas, o modo como eu estava me sentindo fazia com quem eu quisesse gritar para tudo e todos que, finalmente, tinha aceitado o amor.

Mas não o faria.

Não gritaria para ninguém sobre isso, alguns sentimentos são fortes o suficiente para se manterem quietos dentro de nós, mas ás vezes são tempestades tão fortes que você sente vontade de soltar um furacão de palavras em cima da pessoa que lhe faz sentir como nunca se sentiu antes. E eu queria, imensamente, dizer tudo o que sentia por Barry.

Minha cabeça ainda não mudara e sei que a dele, muito menos. Não podemos ficar juntos. Isto nunca vai mudar, não importa quanto tempo passe e o que aconteça. Barry é um herói agora e eu... Bem, talvez eu tenha sido uma heroína contra Mia – mesmo tendo apanhado tanto e quase morrido mais de três vezes. Os mocinhos deviam ficar juntos, mas sei que, apesar de Barry ser o homem de minha vida, não sou a mulher da sua.

Convenhamos, Iris West é sua grande paixão e não tenho mais forças nem métodos para competir com sua melhor amiga, meia irmã de consideração e sua paixão desde sempre. Estava disposta á dizer “Até logo” para Barry, não um adeus, porque ainda voltaria, e, mesmo que a noite tenha sido combinada para aproveitarmos um ao outro, eu não podia mais adiar minhas ideias e vontades.

Sentei-me na cama olhando-me no espelho do guarda-roupas. Era ótimo estar em casa e sem correr perigo, daquela vez. Mesmo que sempre achasse ouvir barulhos pela casa e andar por ela com as mãos em chamas umas duas ou três vezes ao dia, sabia que estava tudo bem, que Mia ainda estava presa em Lian Yu e que, por mais que doesse, sabia que ela estava pagando pelos seus erros e tendo o que merecia.

Esperava Barry tocar a campainha, como um cara normal, sem poderes, sem velocidade e como o antigo Barry que conheci e, confesso, que achava isso insuportável. Não reclamaria caso ele aparecesse ali e, num piscar de olhos, eu já estivesse em outro lugar graças á sua velocidade, eu achava extremamente divertido e, no fim das contas, era quem Barry realmente era.

Dei um fraco sorriso quando escutei o barulho da campainha, senti meu coração dançar em meu peito e apenas respirei fundo indo em direção a porta, sai de meu quarto já irritada com o barulho do salto, mas estava acostumada por ter que usá-los demais nas audiências. Acendi a luz da sala no apagador próximo á porta e dei um fraco sorriso ao ver Barry todo sorridente com seu blazer preto e uma gravata de borboleta, o que me fez dar uma fraca risada quando ele a ajeitou fazendo uma careta.

– Muito formal?

Dei uma fraca risada balançando a cabeça negativamente – Não, senhor.

Ele riu esticando os braços, o chamei para entrar e fechei a porta atrás de si. Arrumei sua gravata borboleta a qual estava um pouco torta, senti seus olhos fixos em mim e apenas sorri levantando meu olhar até ele, minha franja tampou parte de meus olhos e ele logo subiu sua mão para afastá-la de meus olhos. Chegou seu rosto bem próximo ao meu, sem retirar seu sorriso largo dos lábios e sorri ao fitar seus olhos azuis.

– Você está linda – ele sussurrou.

– Você também está lindo, Barry – sorria o fitando.

– Eu realmente quero...

– É só beijar, Barry – o interrompi rindo.

Ele logo riu fitando-me bem aos olhos. Ficamos sérios por um segundo e logo senti os lábios de Barry encostarem nos meus, fechei meus olhos aproveitando o momento. Barry colocou sua mão direita na minha cintura e dei um passo para frente após passar meus braços em volta do seu pescoço. Beijávamos em pura sincronia como um casal completo e perdidamente apaixonado. Talvez fossemos.

Quebrei o beijo o encarando com um fraco sorriso ainda sem tirar meus braços em volta de seu pescoço, ele encostou sua testa na minha e sorrimos no mesmo instante e, mesmo tendo percebido, não nos importamos. Nunca tivemos uma relação de completo carinho, claro que éramos carinhosos, mas posso contar nos dedos todas as vezes em que ficamos daquela maneira, olhando um para o outro sem nos preocuparmos em estarmos atrasados. Antes de seus poderes, Barry era o mestre em estar atrasado seja lá para o que fosse, ninguém sabia explicar como ele se atrasava mesmo se preparando para que isto não acontecesse.

– Nós vamos ao karaokê? – perguntei soltando uma risada um tanto alta logo em seguida.

Ele riu – Caitlin te contou, não foi?

Dei de ombros – Fui visita-la hoje pela manhã. Não sabia que era um excelente cantor, Barry.

– Não sou – ele me fitava nos olhos sorrindo.

– Sei – resmunguei me soltando dos braços de Barry – onde vamos, então?

– Á um restaurante – ele colocou as mãos nos bolsos da calça enquanto me observava pegar a bolsa preta e dourada em mãos – e vamos como um casal normal, sem correr, sem bagunçar seu cabelo e...

Ele pausou quando fiz uma careta.

– O que? – perguntou confuso logo em seguida.

– Olha... – falei indo em sua direção – eu amo que estamos saindo em um encontro oficial e tudo mais – parei em sua frente segurando a bolsa em meio á nossos corpos – mas, eu amo tudo isso em você, Barry. Não tem razão de termos um encontro completamente normal sendo que seriamos somente os antigos Barry e Deb – dei um rápido selinho em seus lábios – eu gosto de você do jeito que realmente é, Bar. Sendo rápido e sempre correndo.

Ele sorriu me fitando e logo senti suas mãos em minhas pernas, em milésimos estávamos fora do meu apartamento e eu passei os braços em volta de seu pescoço mais uma vez, segurando-me firmemente e nas mãos minha bolsa de mão. Sorri ao sentir o vento bater em meu rosto novamente, era uma sensação, a princípio, incomoda, mas depois você se acostumava – não que tivesse muito tempo para aproveitar.

Sorri assim que abri os olhos e senti o chão abaixo dos meus pés. Dei-me de cara com um Barry totalmente recomposto, sem uma bagunça na roupa ou no cabelo loiro, ele tinha um sorriso vitorioso e as sobrancelhas erguidas, soltei o ar de meus pulmões e senti uma pontada nas minhas costelas, mesmo após semanas de recuperação elas ainda me incomodavam um pouco. Mas nada preocupante.

– Uau – ri passando as mãos em meu vestido empurrando-o para baixo.

Ele nada disse, apenas esperava que me arrumasse.

– Nunca vou cansar disso – dei uma fraca risada arrumando meu cabelo.

– Bom saber – ele mantinha o sorriso.

Sorri de volta e ele estendeu a mão segurando a minha para que saíssemos do beco pouco iluminado em que Barry parou, de modo que ninguém nos visse. Assim que pisamos na calçada da rua sentimos os olhares em cima de nós, afinal, o que um casal estaria fazendo dentro de um beco com pouca iluminação? Boa coisa não era. Porém, não nos importamos. Andávamos em direção ao restaurante, o qual eu sequer sabia qual era, afinal, Barry não tinha me dito nada mais específico.

Caminhamos rapidamente até o outro lado da rua onde um restaurante bem iluminado internamente parecia nos esperar, notei que Barry apertou minha mão de leve e virei meu rosto para olhá-lo, ele demorou alguns segundos para me olhar de volta, mas antes disto, notei seu sorriso e apenas sorri mudando meu olhar de direção quando ele parou e notei que estávamos na porta de vidro com a maçaneta dourada, um homem de terno parou bem na frente abrindo-a para nós.

Era um restaurante realmente chique o que estava me deixando, de certo modo, nervosa, afinal, eu detestava ter que usar vários talheres, comer aquelas comidas minúsculas e horríveis e ainda pagar uma grana muito alta por isso, mas Barry estava me convidando e já estávamos na porta, então, não havia necessidade – e muito menos clima – de negar.

Entramos no restaurante e fomos até a mesa do atendente principal, ele sorriu nos fitando e Barry disse que tinha reservado uma mesa para dois, o homem bem vestido, com os cabelos loiros e os olhos pequenos e repleto de olheiras, levantou a mão direita chamando um dos garçons, o qual estava com um terno tão limpo e branco que doía os olhos só de olhar por muito tempo. O homem pedia para que ele nos levasse até a mesa número dois e olhei para dentro do – enorme – restaurante procurando a mesa dois, sabe-se-lá-porquê.

Era difícil de admitir, porém, eu estava realmente nervosa por estar em um encontro de verdade com Barry. Não conseguia explicar, apenas sentir, o que era muito mais desesperador quando dizia á mim mesma que tudo ficaria bem, no momento e depois quando conversássemos realmente sério sobre “o futuro”, mas naquele momento, tudo o que estava conseguindo fazer era sentir as borboletas se apavorarem em meu estômago.

Barry, novamente, segurou minha mão fazendo com que caminhássemos lentamente atrás do garçom de terno branco que nos encaminhava para a mesa 02. Caminhamos por, praticamente, metade do restaurante até chegarmos na mesa que nos foi determinada, ela continha uma plaquinha branca com escritos dourados e incríveis que indicava para os demais que aquela, em especial, fazia parte da reserva.

Barry deu uma breve pausa olhando para frente, levantei meu rosto até ele até entender o que estava acontecendo, virei meu rosto na mesma direção de Barry, quem, agora, estava sem sorriso algum, e logo vi Iris sentada em uma mesa com um homem loiro. Ambos sorriam e Barry logo puxou-me pela mão forçando um sorriso e nos encaminhando até a mesa que era, exatamente, ao lado da deles.

Vi Iris erguer o olhar e assim que viu Barry deu um enorme sorriso, sorriso este que eu sabia que não era nada além de alegria ao vê-lo acompanhado, alegria dela de ver Barry com uma garota, afinal, Iris não sentia nada por Barry e era notável que, mesmo depois de anos, ele ainda era completamente apaixonado por ela, mas não estava muito surpresa, amor igual ao que ele sente por ela não é fácil de se esquecer ou simplesmente deixar para trás, por mais que ele tentasse.

Iris ficou de pé e o homem loiro também, ela me fitou tentando me reconhecer, mas nos vimos apenas uma vez quando fui até a casa de Barry em uma noite, a negócios, porém, as coisas deixaram de ser um simples contrato e se tornou em uma noite completamente desconfortável onde, a partir daquele dia, decidi que não manteria mais nada com Barry. Deixei-me tomar pelo medo ao ver o modo como ele olhava e sorria quando via Iris.

Porém, naquele momento, ele estava com um fraco sorriso vendo-a com o homem. Ele ergueu a mão chamando-o de Eddie e o cumprimentando, ele estava claramente diferente de segundos atrás onde me fitava com aquele enorme sorriso que apenas ele, e mais ninguém, conseguia manter nos lábios tão calmamente. Eddie e Iris olharam na minha direção e Barry soltou sua mão da minha para me apresentar aos demais.

– Gente – ele virou seu rosto forçando um sorriso – esta é a Deb...

– Deb, a advogada? – Iris perguntou me fitando com um sorriso – oh, oi! Sabia que te reconhecia de algum lugar...

– Ah, é verdade – Barry gargalhou – vocês se conheceram há anos.

Sorri – Oi, Iris. É um prazer te ver novamente.

– Igualmente – ela veio até mim onde me abraçou encostando sua bochecha na minha de modo que me desse um falso beijo.

– Oi – Eddie também apertou minha mão como um cumprimento.

– Prazer.

Barry novamente segurou minha mão direcionando-se á Iris – Não quero atrapalhar ninguém, então, vamos deixá-los em paz.

– Por que não sentamos os quatro juntos? – ela opinou sorrindo.

– Não é necessário – soltei pigarreando logo em seguida – eles... Acho difícil liberarem uma mesa com quatro lugares para nós e, estamos bem ao lado de vocês – sorri completamente forçada e virei meu rosto para Barry – certo, Bar?

Ele me fitou e em seguida olhou para Iris – É...

Dei um fraco sorriso e ela me olhou dando de ombros – Tudo bem então.

Eddie também sorriu me fitando e olhei para Barry quem, novamente, virou-se e me puxou pela mão para nossa mesa. Sentamos e notei que o garçom ainda estava de pé esperando que nos sentássemos na mesa 02 para nos entregar os cardápios e anotar nossos pedidos, Barry puxou a cadeira para mim e sentei dando um fraco sorriso, ele riu passando ao lado da mesa de Iris e Eddie e os fitando dando uma breve risada. Sentou-se á minha frente e mantinha seu sorriso largo e forçado nos lábios. Agradeci ao garçom quando nos entregou o cardápio e, sem dizer uma mísera palavra, coloquei o cardápio na frente de meu rosto lendo os pedidos.

– O Charuto com molho branco é ótimo – escutei Iris falar sem sequer vê-la.

– Ah, mesmo? – Barry perguntou, também escutei sua voz animada.

Abaixei o cardápio para fita-los e ela sorriu assentindo, explicou porquê era tão maravilhoso e Barry riu virando-se para o garçom, fez alguma piada sobre seguir as ordens de Iris e pediu um Charuto me fitando – sorridente – esperando que eu dissesse meu pedido. O fitei séria, não com raiva, com decepção ou qualquer sentimento ruim, apenas não senti vontade de sorrir. Vi seu sorriso sumir de seu rosto e virei o meu para o garçom dizendo que queria o mesmo. Ele sorriu assentindo e pegou o cardápio de nossas mãos após pedir um educado “com licença”.

Barry me fitava ainda sério, mas ele não estava sem entender o que estava acontecendo ou irritado. Ele sabia do que se tratava e se sentia extremamente culpado por ter reservado a mesa ao lado de Iris e seu namorado. Mas ambos sabíamos que não era sua culpa ter reservado a mesa assim como eu, não só sabia, mas também entendia que não era culpa de Barry amar Iris e ficar completamente desconcertado ao lado dela. A ponto de ficar triste e com ciúmes ao vê-la com Eddie e também de ficar feliz quando ela sugere algo e lhe dá atenção.

Quem pode culpa-lo? Eu que não.

Quando fui a sua casa pela última vez, logo ao fim do processo em que estávamos de lados opostos, fui para assinar um “termo de paz”, como chamamos. Nele constava acordos em ligações com as leis, acordos estes que ninguém sairia perdendo. Resolvemos, neste mesmo dia, assistir á um filme já que foi tudo mais que tranquilo – eu tinha apenas que fazer Barry assinar os termos e ele já estava totalmente de acordo, então, nada mais teria que fazer naquele dia. A campainha tocou no meio do filme de terror, onde estávamos os dois como um casal romântico e fofo, completamente abraçados no sofá azul marinho, na sala de Barry, cobertos até o pescoço – afinal, era inverno – quando Iris chegou.

Ela mantinha um sorriso e pude ver como Barry mudou só de estar ao lado dela. Estávamos os dois tendo nosso momento, já saíamos há umas semanas e ele sequer disse que estava ocupado, nos apresentou e disse que ela era sua irmã de consideração e ela dizia o quanto gostava de Barry como um irmão. A troca de elogios fora extensa e eu fiquei realmente com ciúmes, foi quando percebi que gostava realmente de Barry, mas que ele não podia ser meu, porque, diferentemente do que ele dizia, ele não considerava Iris sua irmãzinha, mas ele era completo e totalmente apaixonado por ela, de modo que, por mais que tentasse, ele não conseguia esconder das pessoas á seu redor. Foi a primeira e última vez que tinha visto os dois no mesmo local, o modo como ele olhava para ela, se direcionava á ela, fazia alguma piada interna, sorria e ria das coisas que ela falava, fez com que eu ficasse realmente chateada e foi quando me afastei dele. Com medo de me machucar caso prosseguíssemos.

Barry era um excelente cara. Eu sabia que, caso não fizesse, ele jamais diria que não poderia ficar comigo, afinal, não acho que ele possua a coragem necessária e talvez ele até queira mesmo tentar uma vida nova, com uma garota que não seja Iris porque ele sabe como ela se sente em relação á ele. Mas eu não pude arriscar naquela época. Não consegui mais ver Barry ou telefoná-lo e notei que gostava dele muito mais do que eu pensava e, querendo ou não, em meio á escombros e negações, eu sofri. Tentava não pensar muito em Barry e em tudo o que aconteceu, até que o encontrei e foi realmente difícil permanecer ao seu lado esse tempo todo.

Ele nunca fez nada de realmente errado, tenho que dizer. Ele ama Iris e quem sou eu para julgar? Naquele momento, trocando olhares sérios com Barry, a ficha realmente caiu de que eu jamais poderia pertencer á ele, que este amor que ele sente por Iris é muito maior e mais forte do que ele jamais sentirá por mim e, talvez, por qualquer outra mulher em toda sua vida. E, diferentemente da primeira vez, aquilo não estava me machucado, me deixando com ciúmes e muito menos irritada.

Sorri cortando o clima de seriedade, mas Barry não mudou sua expressão de culpado com as sobrancelhas juntas e a respiração acelerada. Coloquei minha pequena bolsa sem cima da mesa junto do guardanapo e ainda sorrindo disse que precisava ir ao banheiro. Fiquei de pé arrumando meu vestido e peguei minha bolsa pronta para leva-la comigo quando Iris pediu que a esperasse que ela “aproveitaria a carona”. Assenti em silêncio e, juntas, fomos ao banheiro.

Parei em frente ao espelho e ela sorriu retirando sua base de dentro da bolsa começando logo a retocar sua maquiagem, peguei meu batom para acompanha-la.

– Não te vejo á tanto tempo – ela disse dando um breve sorriso – Barry quase nunca fala de você mais. Achei que estivessem juntos na época.

Sorri tirando a tampa do meu batom – Tive que fazer uma viagem a trabalho – menti.

– Ah, sim – ela sorriu pegando agora seu batom cor de rosa – voltou a Central City a pouco tempo?

– Sim – balancei a cabeça – acabei encontrando Barry por um acaso.

– Isso é realmente legal – ela disse abafado enquanto passava seu batom – ele parece gostar de você.

– É... – falei passando meu batom vermelho – ele parece.

– Ela guardou o batom na bolsa me esperando, dizia animada – Ele é o melhor cara que já conheci. Barry é um anjo, o melhor amigo que eu já tive e um irmão realmente para todas as horas. Quero muito que ele seja feliz!

Sorri ao terminar de passar o batom – Ele merece muito mais do que ser feliz. Ele é o melhor.

Ela sorriu assentindo em silêncio, perguntou um animado vamos apontando para a porta do banheiro e a acompanhei em silêncio até a mesa onde Barry estava com seu sorriso de sempre, mas não por minha causa e sim por Iris quem ia na frente e logo que me viu aumentou o sorriso de modo que não percebesse sua cara de bobo apaixonado ao olhá-la. Sorri de volta sentando-me a mesa e colocando o guardanapo no colo.

– Pedi vinho – ele disse assim que me ajeitei – espero que goste de tinto.

– É ótimo – sorri – obrigada.

Ele sorriu disfarçando um olhar para a mesa de Iris e Eddie. Apenas desviei meu olhar fazendo de conta que não estava vendo nada. Não tínhamos assunto e podíamos escutar as conversas dos dois que não passavam de coisas que tinham em comum. Barry e eu trocávamos olhares sorridentes, mas eu sabia que, mais uma vez, ele estava realmente atento ao que Iris dizia, por isso, se esforçava pessimamente para puxar algum assunto.

Dei um fraco sorriso quando vi o garçom todo elegante nos trazer uma garrafa de vinho tinto, ele disse algo sobre ser um dos melhores que possuíam e logo nos serviu nas taças límpidas e transparentes. O liquido vermelho preencheu mais da metade da taça e sorri quando ele deixou a garrafa na mesa para nos servimos quando bem entendêssemos.

Assim que saiu, Barry inclinou seu corpo um pouco para frente, tentando chegar mais perto possível seu rosto do meu, o fitei tirando a atenção do vinho na taça e ele sussurrou:

– Está tudo bem?

– Sim – assenti balançando a cabeça positivamente – não se preocupe.

Ele tornou a inclinar seu corpo encostando suas costas na cadeira – Espero que goste do vinho.

– Não faço muita questão – sorri pegando a taça – temos que cheirar ou algo assim?

Ele riu – Isso nos faz parecer chiques, certo?

– Não quero ser chique – dei uma fraca risada tomando um gole do vinho e logo balançando a cabeça positivamente – caramba, é ótimo!

Barry fitou Iris quem gargalhou na mesa ao lado sobre algo que Eddie disse – Que bom que gostou – voltou seu olhar para mim depois de um tempo.

Apenas sorri abaixando a cabeça até o prato de louça branca, ele ainda estava vazio e, honestamente, eu desejava que a comida chegasse logo para que comêssemos e, então, fossemos embora. Estava um pouco indelicado demais ficar perto de Barry com toda aquela apreciação e amor por Iris. Não que ele tivesse culpa, como eu disse, porém não estava sendo um ótimo encontro para mim, assim posso dizer.

Iris virou-se até nossa mesa dizendo como Barry era o melhor irmão que ela poderia querer ter, como ele ajudou a ela e Joe, depois da morte de seu mãe, a serem uma família novamente. Barry se mantinha sentado com um sorriso imenso no rosto enquanto eu sorria forçadamente escutando-a falar de Barry tão amavelmente quanto uma mãe fala de um filho.

Senti meu celular vibrar na bolsa e abaixei meu rosto, novamente, para verificar o que estava acontecendo. Peguei o celular em mãos e, após colocar a senha, vi que era uma mensagem de Jeff.

“A que horas posso te pegar?”

Olhei para Barry disfarçando, ele sorria enquanto contava alguma história engraçada sobre Iris e ele e me lançou um rápido olhar quando notou que estava olhando-o, sorri e logo abaixei a cabeça para o celular digitando.

“Você não tem que fazer isso, Jeff.”

Logo em seguida a resposta chegou, como se ele estivesse com o celular em mãos apenas me esperando.

“Já decidi sobre isso, Deb.”

“Certo.” Respondia enquanto olhava a hora na tela do celular “Dez horas, na porta da minha casa.”

Coloquei meu celular dentro da bolsa novamente e Barry me fitou ainda rindo de alguma história que tinham contado. Virou-se para frente quando Iris disse que comeria e Barry, sem jeito, disse que não queria atrapalhar. Ele perguntou se estava tudo bem e apenas assenti em silêncio balançando a cabeça positivamente.

O garçom chegou com nosso Charutos ao Molho Branco mais rápido que pensei, e, eu tinha que confessar que estava completamente satisfeita por isso. Jeff estaria em minha casa em uma hora e, por mais que fosse completamente doloroso dizer a Barry o que eu pretendia dizer, sabia que era mais que necessário.

Eddie e eu éramos os únicos que não falávamos, estávamos nos sentindo excluídos, sem dúvidas. Iris e Barry riam enquanto completavam a história um do outro de quando eram crianças, quando Barry caiu da escada ao estar correndo, quando Iris resolveu fazer o primeiro jantar para a família e queimou a lasanha, entre outras cosias que parecia nostalgicamente bom demais para eles. Mas não para Eddie e eu, ele estava na mesma situação do que, porém, apenas naquele momento. Ele sabia que Iris amava Barry como um irmão, mas eu não poderia, em hipótese alguma, afirmar o mesmo de Barry em relação á Iris.

A comida estava maravilhosa, não tinha como negar. Tudo o que leva molho branco me fascina em um nível máximo. Nunca tinha ido naquele restaurante e sequer ouvido falar, o preço não parecia ser baixo nem nada, porém, pelo modo como a comida estava deliciosa, creio que vale muito mais do que a pena.

Dei um sorriso ao garçom quem perguntou se queríamos sobremesa, eu disse que estava bem e que não queria, Barry acabou me acompanhando dizendo que também estava bem. Iris pediu sobremesa para ela e Eddie e ele apenas concordou mesmo não parecendo muito feliz com a situação de ficar ali conosco na mesa ao lado. Barry novamente parou de conversar com eles quando a sobremesa de Petit Gateou com canela chegou na mesa de Iris e Eddie e virou-se para mim sorridente perguntando se tinha gostado.

– Sim – respondi sorridente – recebi uma mensagem do Jeff.

– Ele está bem? – Barry ficou um pouco mais sério.

– Sim – balancei a cabeça positivamente – ele estará na minha casa ás dez horas.

Barry arqueou uma sobrancelha – Por quê?

– Você entenderá – sorri o fitando.

Ele estava completamente confuso – Está mesmo tudo bem?

– Ele me ajudará com algo, Barry. Nada demais. Não concordei com a ajuda dele, mas ele insistiu.

– O que está acontecendo?

Peguei meu celular na bolsa e vi que marcava dez e vinte – Na verdade, ele já está lá. Devíamos ir.

– Certo – ele olhou á nosso redor procurando o garçom e assim que o achou, levantou a mão direita o chamando – a conta, por favor.

– Sim senhor – ele disse indo calculá-la.

– Não estou entendendo – Barry novamente disse.

– Você entenderá Barry, não há nada com que se preocupar – sorri esticando minha mão por cima da mesa.

Ele pousou sua mão por cima da minha – Tem certeza?

– Sim, Bar – ainda sorria o fitando.

– Aqui senhor – o garçom entregou o valor da conta junto da caderneta.

Barry soltou minha mão e virei meu rosto para Iris quem olhava para nós. Ela deu um fraco sorriso sem graça e sorri de volta, brevemente, e logo mudando meu olhar de direção. Barry pegava a carteira e, no instante em que levantei minha bolsa para pagar minha parte, ele levantou seu olhar até mim dizendo que eu não deveria sequer pensar em pagar a conta ou a metade dela. Tentei debater, mas Barry logo pagou o valor inteiro ao garçom e, com seu sorriso largo, virou-se em minha direção.

– Não é justo – resmunguei.

– É sim – ele piscou.

– Certo, devíamos ir – falei ficando de pé.

– É – ele sussurrou me acompanhando.

Vi o olhar de Iris mais uma vez se mover até nós – Vocês já vão?

– Sim – Barry respondeu – Deb teve um imprevisto.

Sorri – É.

– Ah, boa noite para vocês, então – Iris sorriu e ficou de pé vindo em minha direção, me abraçou logo em seguida e retribui enquanto ela falava – foi realmente bom te ver.

– Igualmente, Iris – a soltei logo em seguida com um sorriso nos lábios.

– Vê se não some novamente – ela brincou sentando-se novamente.

– Tentarei – ri em seguida.

– Até mais, Iris... – Barry fez uma breve pausa – E Eddie.

– Tchau Barry – ele olhou para mim com seu sorriso forçado – e Deb.

– Tchau Eddie – sorri e logo olhei para Iris – até mais.

Barry apenas sorriu e segurou minha mão enquanto saiamos do restaurante. Agradecemos ao recepcionista quem nos entregou um cartão dizendo que deveríamos voltar quando quiséssemos. Apenas sorrimos e fomos em direção ao mesmo beco em que chegamos. Barry me pegou no colo mais uma vez e dei um fraco sorriso em meio a escuridão. Ele esperou que eu passasse os braços em volta do seu pescoço e sussurrando um “vamos lá” saiu correndo do beco em direção á minha casa.

Sorri sentindo o vento em meu rosto, era mais automático do que parecia. Segurava firmemente em seu pescoço e ele em minha cintura. Fechei meus olhos sentindo o vento quando o mesmo parou, abri os olhos para ver se já tínhamos chegado e Barry sorriu me fitando enquanto sussurrava um “Já chegamos, Debbie”. Dei uma fraca risada e ele me colocou no chão, enquanto arrumava meu vestido escutei Barry dizer algo sobre Jeff, virei-me para trás e lá estava ele vindo em nossa direção.

Parei ao lado de Barry apenas aguardando que ele chegasse mais próximo e eu tentasse convencê-lo de que não havia necessidade de me levar até a estação de trem.

– Estava começando a me preocupar – ele disse rígido.

– Estava ocupada – soltei – Barry e Jeff, vocês já se conhecem.

– Ei, cara – Barry disse amigavelmente.

– Ei Barry – ele lançou um rápido olhar á ele – não vi vocês chegando.

– O táxi acabou de parar aqui – falei – não nos viu saindo dele?

– Não – ele balançou a cabeça suspeito.

– Precisa de óculos então – dei uma fraca risada e Barry me acompanhou, mas Jeff nada fez.

– Que horas pretende ir? – ele perguntou.

– Ir onde? – Barry perguntou.

– Olha, Jeff... Eu...

– Não vou deixa-la ir sozinha – ele me interrompeu.

– Eu preciso fazer isso sozinha.

– Fazer o que? – Barry virou seu rosto em minha direção – Deb, o que está acontecendo?

– Barry, eu...

– Ela vai partir, cara – Jeff me interrompeu.

– Você o que? – Barry agora estava sério me fitando.

– Jeff – o fitei – posso falar sozinha com Barry, por favor?

Ele deu de ombros indo até seu carro. Virei-me em direção á Barry e ele logo me fitou sem entender.

– Bar, eu...

– Você vai embora?

– Se você me deixar falar, eu posso explicar.

Ele se manteve em silêncio.

– Barry, eu não pertenço á Central City mais – comecei dando um fraco e breve sorriso – depois de tudo o que aconteceu eu notei que tenho um propósito bem maior para minha vida do que ficar aqui, tentando levar uma vida normal.

– Você tem a chance de escolher, Deb... Você tem a chance de ter uma vida normal, por que não ia querer isso?

– Porque sei que posso fazer mais, Barry – segurei sua mão entrelaçando nossos dedos – você também teve a escolha. Você podia ter levado uma vida normal, sem sair correndo por ai todos os dias salvando pessoas inocentes e detendo bandidos. E o que você escolheu? Salvar as pessoas, ajuda-las e acabar com o crime na sua cidade. Ou pelo menos tentar, Barry.

Ele apenas me fitava.

– Eu juro que te contaria depois do jantar, sozinhos, na minha casa. Mas Jeff – lancei um breve olhar para trás bufando – insiste que tem que me levar até a estação para que ele me veja indo embora bem e salva.

– Ele se importa com você – ele sussurrou.

– Eu sei – voltei a olhar Barry em minha frente – mas, ás vezes, é muito. Eu disse que não precisava dele vir aqui, para me levar até lá, porque estava tudo sobre controle. Eu sei o que ele sente por mim, não sou tola, mas não sinto o mesmo por ele e queria sua companhia na estação e de mais ninguém – me encolhi um pouco sentindo vergonha do que estava falando – não há lugar para mim aqui, em Central City. Não onde eu realmente possa ser útil.

– Sim, há – Barry segurou meu rosto com delicadeza – em nossas vidas. Ajudando quando necessário, seja como advogada ou como heroína.

– Central City tem o Flash – sorri o fitando nos olhos – e eu sei, que ele é o melhor herói que uma cidade pode querer e ter. Starling City tem o Arqueiro, quem é o melhor vigilante que qualquer cidade poderia querer e, também, ter. Há outras cidades, Barry. Estas que necessitam de uma ajuda maior, e por que não levar o que aprendi com você para lá?

– Deb... É muito perigoso. Esta... Esta vida dupla não é nada do que parece.

– Sei que é perigoso, Barry. Mas não tenho nada mais a perder – sussurrava com um fraco sorriso – sei que sabe cuidar de si mesmo e que olhará as pessoas de Central City, incluindo Jeff, extremamente bem. Sei que protegerá todas elas e que trará a paz aqui. Eu não me sentiria bem, não seria capaz de viver uma vida tranquila, em paz, com a consciência limpa caso, sabendo que outras cidades precisam de ajuda, ficasse aqui, parada.

– Não posso perder você – ele sussurrou me fitando nos olhos – não de novo.

– Ah, Barry – sorri calmamente ainda o fitando – você não vai me perder. Nunca. Eu sou sua, mesmo fazendo de tudo para evitar isso – dei uma fraca risada e ele apenas sorriu me fitando, tirou suas mãos do meu rosto segurando minhas mãos na altura de nossos quadris – mesmo fugindo por anos, acabamos nos encontrando na situação mais delicada de minha vida, e você me ajudou de todas as maneiras inimagináveis. Eu – fiz uma breve pausa e logo respirei fundo soltando – amo você, Barry Allen.

– Deb...

– Não se atreva – fechei os olhos dando uma fraca risada e os abrindo logo em seguida – não tem porquê se explicar, Barry. Sei que eu não sou a mulher da sua vida. E, de verdade, não estou irritada, chateada, desapontada ou qualquer coisa dessas. Nós não escolhemos quem amamos, apenas... Acontece. E não se sinta culpado, nunca, por não me amar de volta. Sei que gosta de mim, nunca duvidei disso, mas seu coração pertence á uma única garota: Iris West. E isso nunca mudará.

– Eu sinto muito.

– Ah, pelo amor de Deus! – soltei nossas mãos erguendo os braços – o que acabei de dizer?

Ele riu – Desculpa mais uma vez.

– Cala a boca, Barry Allen! – ri tornando a fita-lo – não se desculpe por nada, nunca. Eu não tenho que te desculpar de nada neste mundo ou em qualquer outro – dei de ombros – vai saber se existe outros mundos, certo?

Ele riu – Provavelmente sim.

– Também acredito nessa hipótese – ri andando até ele – mas, mesmo, obrigada por tudo. E espero que compreenda o porquê de não poder ficar aqui mais. Sou uma advogada e, minha ética como ser humano é acreditar nas pessoas boas e inocentes, é tentar ajuda-las e dá-las uma vida melhor. Com todo esse poder, eu posso fazer isso além do tribunal.

– Entendo – ele sorriu – olhe para mim, quem sou para julgá-la ou até mesmo impedi-la?

– Não vai adiantar.

– Não mesmo – ele riu novamente segurando meu rosto.

Nos abraçamos. Senti seu corpo quente colado ao meu e seus braços longos me apertando contra seu corpo. Apenas fechei meus olhos sentindo aquele momento, aquele abraço, o qual, sem dúvidas, eu sabia que sentiria muita falta, mas aprenderia a viver se ele. Pelo menos constantemente.

Não pretendia sumir da vida de Barry assim, de repente, ainda falaria com ele, viria até Central City sempre que me desse vontade ou ele e Flash precisassem de mim. Mas era uma coisa minha, eu tinha que seguir em frente e sabia que, para fazer isso, a oportunidade certa estava em Monument Point, uma cidade há 483 quilômetros de Starling City. Procurando em meu computador algumas das cidades mais violentas, ultimamente, pude notar que Monument era uma delas, o que não é de se surpreender, afinal, com Oliver em Starling City não dando espaço para os ladrões, assaltantes e vilões eles, provavelmente, imigravam para outros locais, e Monument Point era um destes.

A passagem já estava comprada, fiz tudo sozinha porque não queria lidar com certos problemas antes de estar tudo certo. Sabia que Barry compreenderia e ter deixado para conta-lo daquela maneira, no meio da rua, com Jeff nos observando, de longe era o que eu realmente pretendia. Mas agora estava feito, e, apesar de Jeff estar ali e disposto a me levar até a estação, queria a presença de Barry ao meu lado.

– Você vem? – perguntei me soltando do abraço.

– Definitivamente.

Sorri segurando sua mão, dei um rápido beijo em seu rosto e logo fui até Jeff quem estava com os braços cruzados em cima do peito. Ele mantinha a expressão séria e, sem um mísero sorriso no rosto disse que tínhamos de pegar minhas malas. Dei uma fraca risada e o fitei abrindo o portão. Os chamei para entrar e ambos andaram até o elevador após dizerem um sonoro boa noite para o porteiro. Esperamos o elevador, que não demorou mais de um minuto para chegar ao térreo e subimos para o andar do meu apartamento.

Abri a porta e logo deixei a chave em cima do balcão que fazia parte da cozinha e da sala. Pedi a ajuda de Barry no meu quarto, com as malas e ele assentiu em silêncio coçando a nuca enquanto caminhava logo atrás de mim, Jeff jogou-se no sofá enquanto eu e Barry íamos para o quatro, ele me fitou sem entender quando notou que não havia nenhuma mala no chão, ou em cima da cama.

– Onde...

– Preciso que me prometa uma coisa – sussurrei.

– Claro.

– Preciso que me prometa que você monitorará minha irmã, todos os dias, em Lian Yu e me dará notícias diariamente.

– Claro, Deb.

– Por favor, eu ainda me importo com ela e não posso ter acesso á essas informações constantemente.

– Você não precisa me pedir mais de uma vez, ou implorar, Deb – ele sorriu – claro que te mantenho informada.

– Obrigada, Barry – abri a porta do meu guarda roupa pegando uma pequena mala de mão – e Jeff.

– Não entendi.

– Por favor, mantenha um olho nele – sussurrei olhando a porta – não sei o que houve, mas ele não é mais o mesmo.

– Ele só está assustado – Barry sorriu e balançou – mas com certeza, pode deixar.

Balancei a cabeça positivamente e, ao pegar minha mala pequena, Barry esticou sua mão como quem pedisse para leva-la. Apenas sorri cedendo e fechei a porta do guarda roupa lançando um último olhar ás roupas que deixava por ali. Eram roupas de festa, roupas inúteis que, sem dúvidas, eu não usaria em Monument Point, não tinha em mente, por lá, nada que envolvesse festas e baladas.

Fechei a porta do meu quarto indo em direção á Barry e Jeff os quais, agora, estavam parados próximos a porta da sala. Lancei um último olhar á meu apartamento e sem hesitar ou estremecer, disse para irmos embora. Tranquei a porta pelo lado de fora e descemos do elevador onde entreguei uma das chaves ao porteiro dizendo que, pela manhã, minha mãe viria pegá-la. Ele desejou boa viagem e disse algo educado de como sentiria falta de uma inquilina tão quieta e tranquila como eu. Agradeci e lhe dei um aceno de mão quando saímos da portaria.

Jeff parou ao lado de seu carro preto e chique e fitei Barry quem nos olhava sem entender. Ele não poderia me pegar no colo naquele momento e, simplesmente, sair correndo pelas ruas até a estação. Jeff não sabia sobre ele e seria arriscado demais conta-lo, não sabia direito o porquê, mas preferia não confiar tanto nele quanto antes.

– Posso pegar uma carona também? – Barry perguntou após compreender a situação.

– Claro – Jeff passava na frente do carro indo em direção á porta do motorista – sinta-se a vontade.

Barry apenas sorriu e, assim que entrou no carro, entrei sentando logo ao seu lado no banco de trás. Jeff nos fitou pelo retrovisor e sequer deu um sorriso, parecia chateado comigo e, especialmente, com o fato de Barry também estar presente na minha despedida.

O caminho inteiro – exatos quinze minutos – fomos em silêncio. Um silêncio tão mortal que preferiria uma música no carro para relaxar ou, até mesmo, uma discussão desnecessária. Passei parte do caminho com a cabeça deitada no ombro de Barry quem, deixou a mala do seu lado esquerdo e passou sua mão direita em volta da minha cintura de modo que me sentisse envolvida por ele.

O carro parou, por mais tempo que das vezes em que estávamos em sinal vermelho e, assim que virei meu rosto para olhar onde estávamos vi a estação e, provavelmente, o trem que pegaria ali, apenas esperando os passageiros embarcarem até o hora máxima. Jeff manteve as mãos no volante e, me fitando pelo espelho, perguntou:

– Você realmente tem certeza que quer ir embora? Ainda podemos dar meia volta.

Barry apertou sua mão na minha cintura como quem estivesse concordando.

Olhei rapidamente para Barry e em seguida fitei Jeff pelo mesmo espelho – Sim, tenho certeza. Será melhor para mim.

Ele assentiu abrindo a porta do carro. Sai do carro após respirar fundo e aguardei Barry quem estava com minha mala em mãos. O sinal sonoro tocou e logo uma voz feminina disse:

“Senhores passageiros do trem das onze horas p.m. favor encarregarem-se aos vagões. O trem fecha as portas em cinco minutos e parte em quinze. Senhores passageiros, favor encaminharem para os vagões. Trem das onze horas p.m. Rumo á Starling City.”

– Droga – sussurrei fitando ambos – agora é a hora em que me despeço.

– Starling City? – Barry perguntou.

– Sim – assenti pegando minha mala de sua mão – de lá pego o avião para Monument – virei-me para Jeff e fui andando em sua direção onde o abracei, ele me abraçou como resposta.

Sussurrou em meu ouvido – Por favor, não suma. Me dê noticias desta vez.

– Prometo que darei – falei sorrindo e o soltando – não se preocupe.

Ele apenas sorriu. Virei-me em direção á Barry e também o abracei. Ele também me abraçou forte como resposta e pude sentir sua respiração abafada em meu pescoço. Segurei as lágrimas que lutavam para escorrer de meus olhos e soltei-me de Barry também sorrindo.

– Obrigada, Barry. Você fez demais para mim, nunca, em toda minha vida, conseguirei agradecê-lo o suficiente.

– Você já o fez – ele segurou meu rosto selando nossos lábios rapidamente – adeus, Deb Genine.

– Adeus? – dei uma fraca risada andando até a porta do trem cinza, olhei para ambos e, com as lágrimas embaçando a vista lhes disse – Isso não é um adeus, queridos. Isso é apenas um até logo.


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Notas finais do capítulo

Isso não é um adeus e pode sim ser um até logo. Tenho umas ideias para a continuação da fic e, se a faculdade deixar, faço uma continuação. Não sei se será com o mesmo título, mas avisarei á todas vocês caso isso aconteça, não se preocupem.
Ah, gente, muito obrigada á todas vocês quem acompanharam, comentaram, compreenderam meus sumiços, recomendaram, se emocionaram e participaram da fic, saibam que, escrevi pra vocês todos esses capítulos. Muito obrigada mesmo, de todo meu coração. Sentirei muita falta de todos os comentários e, especialmente, de escrever a fic.
Meu mais sincero muito obrigada á todos!
Beijos e abraços! E até uma próxima!