Yin e Yang escrita por Park Sunhee


Capítulo 12
Telhado.


Notas iniciais do capítulo

Ei gente! Sei que demorei, mas faculdade é complicado, desculpem viu? Aproveitei o feriado e a folga dos trabalhos pra escrever mais um (o penúltimo) e aqui está. Espero que gostem e ele é um pouco maior que os demais.
Não esqueçam de comentar hein?! Beijão!



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Barry me fitou um tanto quanto assustado assim que voltou com toda sua velocidade, disse algo sobre ter deixado Cailtin no hospital sozinha por não ter opção e como se detestava por isso. Odiava saber que ela estava lá, mas pelo menos não permanecia sozinha machucada e jogada no chão frio que estivera antes. Entreguei Barry o papel e disse que precisávamos ir na livraria, que é onde a pista, obviamente, nos levava. Ele retirou outro papel de dentro da sua roupa vermelha e entregou em minhas mãos.

– Já fui lá, era um pouco óbvio.

Segurei o papel um pouco amaçado entre minhas mãos trêmulas.

Tenho que dizer que foi mais do que fácil essa, não?! Certo, outra pista neste jogo que adoramos irmãzinha.

Tic, Tac.

O relógio soa e bate às oito.

O preferido da criança é o que chamamos de biscoito.

E do homem inteligente tudo o que tiver solto.

Barry parecia completamente impaciente e o compreendia, também estava, mas não tanto quanto ele. Era compreensível que ele com toda sua velocidade estivesse ali, parado, sem nada a fazer a não ser pensar ou esperar uma resposta para onde deveria correr e ajudar os que realmente precisavam dele. Cocei meus olhos com as mãos fechadas, assim como uma criança faz quando sente sono, mas eu não estava com um pingo de sono e sim de pavor por não conseguir pensar em uma ideia sequer de onde ela queria nos levar daquela vez.

Rodava o papel levíssimo em meus dedos enquanto tentava achar a resposta para tal enigma. Mia sempre fora melhor do que qualquer um quando se tratava de mistério, não apenas por ela ser misteriosa e fechada como quase sempre foi, mas também, pelo fato de que se interessava extremamente por tudo o que envolvesse investigação: programas de televisão, livros e até mesmo casos reais. Uma vez, ela conseguiu com que o policial chefe de nosso bairro, um dia na sala do detetive com direito a observar seus pensamentos e ler os papeis que ele usava. Ela ficou louca de felicidade ao sair de casa naquele dia.

Sentia falta daquela minha irmã doce e inocente. Mas ela não voltaria mais e agora estava sem controle e precisávamos fazer algo para pará-la.

– Quebra-Cabeças – falei fitando Barry – pessoas inteligentes adoram quebra-cabeças.

– Não todos – Barry me fitava – e, de qualquer modo, não há nenhuma sala de diversão aqui, ou algo do tipo.

– Nada relacionado á relógios?

Barry balançou a cabeça negativamente sem me fitar.

– Você podia revistar todos os cômodos, Barry – opinei sem pensar – isso nos pouparia mais tempo ou nos faria perder mais?

– É um prédio muito extenso, mesmo com toda minha rapidez demoraria um tempo que não podemos perder – ele virou seu rosto para me olhar – precisamos pensar, Deb.

– Estou tentando – resmunguei olhando o bilhete mais uma vez em minhas mãos.

Mais um momento de silêncio. Aqueles momentos pensativos eram os mais frustrantes, pois tínhamos que fazer alguma coisa para salvar aqueles que nos importamos, mas sequer sabíamos por onde ir, para onde ir e como agir para que ficasse tudo bem. Barry não conseguia ficar parado em um único lugar e estava começando a ficar realmente preocupada com sua feição de pavor. Não o culparia se ele resolvesse correr sem falar nada apenas para se sentir melhor ou tentar achar algo por ali. Na verdade, estava quase desejando que isso acontecesse.

Nada de relógios, nada de quebra-cabeças, nada de diversão. Relia diversas vezes o bilhete e tinha ideias e pensamentos brilhantes, mas que, quando analisados uma segunda e terceira vez pareciam completamente banais e estúpidos.

– Deb – Barry me chamou – já sei.

Antes que tivesse tempo de falar algo, hesitar ou perguntar, Barry, mais uma vez, segurou minhas pernas e, rapidamente, passei os braços em volta de seu pescoço me certificando de que estava realmente segura. Soltei o bilhete no ar e antes que pudesse vê-lo atingir ao chão já estávamos em uma sala completamente escura com a porta aberta atrás de nós.

Barry acendeu as luzes no apagador atrás de mim e pude ver o número 0008 na porta azul claro com a maçaneta dourada. Olhei a minha frente e tudo o que conseguia ver eram milhares de peças pertencentes á alguma coisa que não sabia dizer se estava presente ali, ou não. Parecia um ferro velho, exceto pela parte em que, todas as peças ali pareciam limpas, brilhantes e extremamente valiosas para se jogar em um ferro velho qualquer.

– Sala número 0008 – Barry me fitou sem sorrir, apenas olhava á sua volta rapidamente procurando o que eu suspeitava ser a próxima dica – a sala de diversão do Cisco. Onde ele monta, testa e usa suas armas.

Fazia todo o sentido e, se eu estivesse sozinha, definitivamente jamais teria pensado nisso, afinal, não conheço Cisco nem os outros como Barry. Ele logo se deu a correr, e, rapidamente voltou-se pra mim com outro envelope em mãos. Desta vez, era um envelope azul, com um selo dourado prendendo a frente do envelope, meu nome e “The Flash” estavam escritos com a caligrafia de Mia.

– Aqui – Barry o estendeu até mim.

Dei um fraco sorriso e logo abri o envelope esperando logo por outro enigma. Mas não havia nada dentro do envelope além de uma chave embalada em um plástico transparente, retirei-o e peguei a chave levantando-a de modo que Barry também a visse. Em segundos, novamente como somente Barry conseguia fazer, ele pegou a chave de minhas mãos e saiu correndo pela mesma porta que entramos. Tive tempo de olhar à meu redor por alguns segundos antes que ele voltasse e me pegasse no colo pronto para correr mais uma vez. Segurei em volta de seu pescoço e então estávamos em frente á uma porta relativamente pequena perto de todas as outras do Laboratório.

– Não achei que devesse abrir sem você – ele disse me colocando no chão mais uma vez.

Balancei a cabeça positivamente e segurei na maçaneta olhando no olhos corajosos de Barry, olho estes que também me incentivavam a abrir a porta e acabar logo com o que fosse. Empurrei a porta azul para minha frente e nos deparamos com o telhado do laboratórios. Era maior do que realmente parecia e, extremamente, aberto. Desejava que ninguém estivesse perto demais das beiras, pois, mesmo longe estava me causando arrepios.

Barry segurou minha mão enquanto eu analisava a perigosa área do telhado. Virei meu rosto e toda minha atenção em sua direção e lá estava ele, com seu sorriso assustado, mas confortante. Desejei abraça-lo e nunca mais sair de seus braços, mas sequer tínhamos tempo para isso, tínhamos que salvar nossos amigos e, de uma vez por todas, parar Mia.

Antes mesmo que pudéssemos parar de nos olharmos e irmos procurá-los, escutamos palmas atrás de nós. Nos viramos bruscos e rapidamente para trás onde Mia estava como num passe de mágica, ela tinha um sorriso sarcástico nos lábios pintados de batom cor azul marinho. Ela segurava a minha máscara, a que Cisco tinha projetado junto com meu traje, na mão direita e um bastão fino de ferro na mão esquerda. Ela jogou em minha direção a máscara segurando o bastão nas duas enquanto o rodava majestosamente sem tirar seu sorriso do rosto.

– Por favor, ponha a máscara, irmãzinha – ela estava bem ao alto onde as caixas de água ficavam – o que é de um herói se tiver sua identidade revelada, não é, Flash?!

Barry nada disse e não movi meus olhos de Mia para ver a reação de Barry, apenas permaneci ali, em silêncio.

– Vocês dois tem uma química realmente legal – ela balançou a cabeça – é fácil fazer os homens caírem á seus pés, não é Deb?

Novamente o silêncio reinou entre nós.

– Mas vocês estão quietinhos. Por que? Não achava que fossem tão tímidos – ela riu virando-se de costas para nós – eu, se fosse você Flash, não me atreveria á correr até aqui – ela virou apenas o rosto para nos olhar pelo canto dos olhos – minas e mais minas em lugares escondidos podem fazer com que seus amigos explodam em um passe de mágica.

– Onde eles estão? – Barry gritou inclinando seu rosto para frente.

– Não sei – ela deu de ombros – o que ganho em troca?

– Você deve estar brincando – Barry riu irritado.

– Ah, não, Flash – ela virou seu corpo mais uma vez – quero ser a única. E falo sério.

– Seu problema é comigo, Mia! – gritei, por fim, cansada de ficar em silêncio – deixe-os ir!

– Exatamente! – ela me fitava do alto, agachou-se acima e nós e colocou uma de suas mãos sobre o joelho – você é meu problema. Digo onde estão seus amigos, depois de te matar.

Senti meu corpo gelar. Era difícil ouvir minha própria irmã de sangue, quem convivi desde o útero, falar que queria me matar.

– Onde eles estão?! – Barry gritou irritado.

– Sem seus amigos gênios é um tanto quanto difícil descobrir por si só não é? – ela moveu seu olhar para Barry – bem, vamos lá Flash! Evolua! Pense!

Fitei Barry quem mantinha os olhos fixos no chão afogando-se em pensamentos. Mia não tirava os olhos de nós com um sorriso sarcástico nos lábios, apenas fitei Barry quem segurou meus braços.

– Deb, você tem que confiar em mim – ele sussurrava – tem um jeito de saber onde estão – ele lançou um rápido olhar para Mia – mas eu preciso sair daqui.

– Vai Barry – sussurrei o fitando – eu tomo conta dela, não se preocupa.

– Segredos! – ela gritou ficando em pé novamente, ambos olhamos em sua direção e ela sorria agora de braços cruzados – eu detesto cochichos.

– Barry – puxei seu rosto selando nossos lábios para um beijo de despedida. Não queria que fosse, claro, mas eu não sabia quais eram seus planos e muito menos como seria o desfecho de toda essa maluquice de Mia. Senti meu coração palpitar dentro do meu peito enquanto Barry me envolvia no beijo sem cessar ou pensar que estávamos em uma situação de perigo com Mia bem atrás de nós.

– Isso é tão lindo! – Mia gritou sarcástica como de costume o que nos fez quebrar o beijo.

– Por favor, toma cuidado – Barry sussurrou com seu rosto próximo ao meu – volto o mais rápido possível. Prometo.

– Você também – sussurrei o fitando nos olhos – cuidado, por favor.

– Sou o mestre da rapidez – ele riu um tanto quanto sem graça se soltando de mim.

Apenas sorri enquanto ele sumia e levantava a poeira e sujeira á meu redor. Independentemente do que ele tinha em mente eu sabia que daria certo, ou ele não sairia dali caso não tivesse realmente certeza do que estava fazendo, ficava feliz com o fato dele não ter me contado o que pretendia, pois, talvez, eu ficaria mais preocupada do não saber para onde ele estava indo ou o que ele faria.

– Ei! – Mia olhou na direção em que Barry desapareceu em menos de um segundo – Aonde você vai? Nem começou a diversão ainda!

– Cala essa boca e desce daí – disse olhando a máscara em minhas mãos – não é ele quem você quer ou os outros que você prendeu, é a mim.

– Me explica uma coisa – ela sentou-se na beirada do chão de concreto que segurava a caixa de água – como você se tornou tão insuportavelmente chata?

– Do mesmo jeito que você se tornou estupidamente imbecil – dei um sorriso a fitando, coloquei a máscara em volta de meus olhos – você não é sempre tão divertida? O que está acontecendo? Cadê a diversão irmãzona?!

Ela sorriu saltando do chão de concreto. Suas botas fizeram um barulho oco no chão e lá estava ela na minha frente com um sorriso vitorioso e uma expressão enigmática, a mesma de sempre, não me surpreendia. Ela segurava em uma das mãos o bastão de tamanho pequeno, mas não queria testar do que ele era capaz, afinal, era de ferro e ela sabia manuseá-lo bem o suficiente para causar um machucado realmente feio.

Cruzei meus braços erguendo as sobrancelhas tentando realmente parecer tranquila. Eu não estava com medo, nunca a temi, nem agora no momento mais escuro de sua vida, apenas temia que ela me machucasse e com isso a machucassem. Por mais que soubesse o quanto ela merecia ir presa e ficar isolada tinha muito medo de como a prenderiam, afinal, ela está com o soro de Mirakuru, ela é forte o suficiente para derrubar algumas pessoas e, talvez, fosse necessário mais métodos além da cura e, jamais, me perdoaria se a visse realmente machucada.

Um grito surgiu de sua boca e logo me assustei quando a vi correndo em minha direção com o bastão erguido. Parecia, realmente, uma maníaca, mas não tive tempo algum de analisa-la já que tive que me desviar bruscamente quase caindo no chão quando o bastão passou tão próximo de meu braço direito que os pelos enrijeceram. Fechei minha mão esquerda dando um soco completamente fraco e desajeitado em seu ombro, ela sequer se mexeu, apenas virou seu rosto em minha direção sem tirar seu sorriso vitorioso e logo esticou seus braços me empurrando para trás, cai de bunda completamente de mal jeito sentindo dor, mas sequer tive tempo de lamentar.

Outro grito e, novamente, em minha direção ela vinha segurando o bastão pronto para cravá-lo em meu peito, rolei para o lado fazendo com que saísse faísca do chão tamanha a força usada para me atingir, em vão. A vi me fitar de canto de olho e logo levantei ficando de frente para ela mais uma vez.

Eu estava esquivando, sendo covarde, não lutando? Sim, estava. Mas o que eu, uma advogada normal, atingida pelo acelerador de partículas e com poderes podia fazer contra minha irmã, a qual tinha pena de machucar, que tinha Mirakuru em seu sangue e, aparentemente, sabia muito mais de artes marciais do que eu? A única coisa que tinha para me defender era o fogo e eu não queria machuca-la com ele, mesmo sabendo que poderia muito bem se esquivar e até mesmo, com seus poderes aquáticos, neutralizar-me.

E lá estavam eles.

Um jato de água me atingiu com extrema força que me fez voar na porta azul, agora fechada, a qual entramos e Barry saiu em pouquíssimo tempo. Senti meu corpo esfriar como era o normal quando ela me atingia, mas, em seguida senti-o esquentar de uma maneira tão brusca que tive então a noção de que a camada, que neutralizava as chances dela me atingir e me deixar desacordada – ou até mesmo morta –, estava em ação, pronta para me proteger quantas vezes fosse necessário.

Senti o fogo me dominar como sempre acontecia em momentos de adrenalina ou realmente necessários. Aquele era uma mescla de ambos momentos. Fechei meus olhos e sentindo o fogo subir por meu tórax logo os abri ainda respingando e sentada de bunda no chão, fiquei de pé completamente molhada, com os cabelos escorridos e os olhos ardendo, mas apenas lancei, assim como ela, uma rajada de fogo laranja e incandescente, acertando-a bem no peito fazendo com quem ela voasse para trás, mas ela não queimou-se com o fogo fazendo um escudo de água bem na sua frente, mas ele se desfez junto com meu fogo.

A fitei ainda com as mãos erguidas e ela, com se cabelo bagunçado, me fitou ofegante se levantando rapidamente do chão. Segurou seu bastão em ambas as mãos e veio correndo em minha direção, mais uma vez, como uma covarde, me desviei fazendo com que ela parasse instantaneamente na porta, mas sem se machucar. Puxei seu cabelo para trás fazendo com que ela cambaleasse, usei toda a força necessária para aplicar aquele golpe completamente baixo e logo joguei o fogo em seus mãos, em uma menor porcentagem que da outra vez, e ela logo largou o bastão dando passos para trás sentindo sua mão queimar realmente.

Havia sido mais rápida que ela.

Fui correndo em sua direção com um impulso tão grande, tanto mental quando físico. Mesmo sem me importar se ela podia se desviar ou me bater fui em sua direção sem pensar duas vezes, ela logo se pôs em posição de briga e fiz com que o fogo dominasse minhas mãos jogando medianas bolas de fogo em sua direção, mas ela conseguia fazer um médio escudo aquático para todas elas. Abri meus braços e, assim como vi Barry fazer algumas vezes pela televisão, antes mesmo de saber que ele era o Flash, fechei meus braços apenas quando estavam certos em volta de sua cintura jogando-a diretamente no chão e caindo bruscamente por cima. Senti minha cabeça bater de encontro com seu nariz e desejei gritar, mas seria divertido demais para ela. Abri meus olhos já em cima dela e pude notar sua expressão de assustada com seu nariz quebrado, torto e já sujo de tanto sangue que, talvez, ela estivesse tendo uma hemorragia, mas não era médica para dizer com certeza.

Ela logo me empurrou para o lado e em um baque cai de costas no chão. Agora estava completamente ciente do que significava a força extrema dada pelo Mirakuru. Tossi sem ar com o corpo colado tão firmemente ao chão que não conseguia virar meu pescoço para nem um lado. Mia urrou de raiva e movi meus olhos em sua direção enquanto tentava recuperar o ar para meus pulmões, mas antes que pudesse recuperá-lo por completo ela segurou com tanta força em meu pescoço, com apenas uma mão, que me debati por puro instinto, mas quando notei que estava ficando mais sem ar ainda, já emersa do chão sendo sustentada apenas por suas mãos frias, parei de me mexer tentando puxar todo ar possível e impossível para meus pulmões.

– Você realmente pretende ser uma heroína deste jeito? Mesmo? – ela riu me fitando.

Nada respondi e se tentasse seria pior, mas ela não pareceu se importar muito já que continuou com a zombaria:

– Você é tão fraca, sempre fui a mais forte, Debs – ela sorriu certamente vitoriosa – e mesmo assim você sempre levava o mérito, caramba! Eu sempre tive inveja de você e, honestamente, depois que te machuquei fiquei com peninha de você, me afastei com medo de te machucar mais e mais, mas alguém me deu uma razão para não me sentir pior que você.

Levantei minhas mãos para a sua em meu pescoço tentando afrouxar sua mão nele, estava ficando sem ar e de nada estava adiantando me manter quieta e sem me mover. Mas de nada adiantaria me balançar e apavorar, por mais que já estivesse fora de controle e sem esperanças dentro de mim mesma. E sem ar, quase totalmente, aposto.

– Ted é o nome dele, se quer realmente saber, mas que seja – ela deu de ombros virando seu corpo, e o meu em sua mão, de frente para a escada – você pode muito bem ser imune á certos jatos de água, mas vamos ver se você pode, ou não, se afogar.

Ela me soltou fazendo com que eu tossisse e caísse como uma torrada no chão. Apoiei o peso de meus corpos em minhas mãos, mas meus braços estavam fracos o suficiente para conseguir manter o peso, tossi deixando meu corpo vencer e me joguei no chão com a visão embaçada.

– Não farei como o resto – ela deu um fraco sorriso – conferirei se está realmente morta e pisarei em cima do seu corpo com todo o desprezo que foi me dado a vida inteira – ela me fitou com um olhar tão raivoso que, por alguns segundos, pude sentir medo de morrer.

O ar não voltava aos meus pulmões rapidamente, não tanto quanto o necessário e sentia minha garganta arder pelo tanto que tossia compulsivamente. Antes que pudesse me concentrar em respirar pude vê-la levantando as mãos e fazendo com que, uma onda surgisse atrás de si. Não sabia dizer quantos metros tinha, mas menos de dez era impossível. Tentei me levantar rapidamente, mas o primeiro passo que dei com minhas pernas bambas, cai de joelhos tossindo mais uma vez.

Assim que olhei para trás a onda descia prestes a se quebrar e acabar comigo de uma vez por todas. Ela bateu bruscamente no chão de concreto do telhado e senti tudo á minha volta tremer, inclusive minhas pernas que estavam paradas e esticadas no chão por não terem forças o suficiente para se manterem de pé. A água passava por cima de Mia como se ela não estivesse ali, mas não tive tempo para olhar e muito menos observar ou procurar uma observação, apenas queria me salvar e então lembrei de Cisco e da máscara especial que ele tinha feito para caso como estes, antes mesmo de apertar o botão, ou me situar de onde ele estava a água chegou com toda força me jogando com extrema violência para trás.

Senti minhas costas bater em algo, mas sequer senti a dor enquanto ficava, novamente, sem ar – mais do que já estava. Rodando embaixo da imensidão de água estiquei meu braço trêmulo até a máscara e apertei o botão com toda a força que consegui. Deixei meu corpo livre, sem tentar me debater ou nadar, apenas deixei que a correnteza me levasse para onde quer que fosse.

A máscara abriu em volta de meu rosto e encheu-se de água em volta de meu nariz e boca, ainda estava sem ar e logo percebi que, em um passe de mágica, ela se esvaziava de modo que nem uma gota de água entrasse pelo mesmo compartimento que a água saia. Respirei tão afobada e bruscamente que mal notei o resto. Tentava mexer os braços para nadar, mas o ar era mais importante, naquele momento, para mim. Novamente, tossi enquanto a correnteza me levava violentamente para algum lugar que eu sequer sabia. Enquanto puxava o ar para meus pulmões senti-me bater bruscamente em algo tão duro e rígido quanto ferro. Virei-me tonta em direção ao que bloqueava a minha passagem e da água e, nada mais era, do que a porta de vidro do último andar dos Laboratórios S.T.A.R. a porta automática havia sido desativada e não entendia o porquê. Olhei á meu redor e pude ver, perto da escada, o gerador de luz do telhado – e isso incluía as luzes e as portas automáticas – completamente danificado pela água, os fios estavam caídos e não sabia como não tinha acontecido um curto circuito ali e em como eu não estava morta pela eletricidade naquele momento. Mas estava super satisfeita por não ter acontecido.

A porta abriria apenas pelo outro lado.

Tentava socar a porta de vidro, mas era inútil já que, debaixo da água a força diminuía drasticamente, força esta que eu mal tinha normalmente, que diria embaixo da água. Tentei fazer com que o fogo dominasse minhas mãos, mas não era forte o suficiente para se manter aceso ou queimando emerso pela água. Parecia tudo tão estupidamente calculado que a água sequer fazia força no vidro de modo que o quebrasse, definitivamente cada miligrama de água fora calculado antes dela me jogar ali.

Sequer pensava em puxar ar o suficiente para meus pulmões, afinal, sabe-se-lá quanto tempo eu ficaria ali e não tinha um tanque de oxigênio comigo para me manter extremamente segura, então, não queria arriscar. Enquanto tentava quebrar o vidro e sair daquela imensidão de água sentia meu corpo esquentar por causa do escudo de anulação, não estava desmaiada, mas não tinha muito tempo de vida – e ar – e por isso precisava arrumar uma solução o mais rápido possível.

Pude ver a porta abrir e um raios á meu redor, mas não bati bruscamente no chão junto com a água que ia embora pelo último andar do Laboratório. Com os olhos arregalados pude ver Barry me segurando em seus braços em frente ao elevador que era há metros de distância da escada onde, até meio segundo atrás, eu estava presa com água até o teto.

Barry puxou minha máscara bruscamente e a jogou ao lado de seus pés sem me soltar de seus braços. Puxei o ar com tanto pavor e pressa que, mais uma vez, me fez tossir de modo que minha garganta ardesse pavorosamente.

– Deb – ele parecia apavorado – respire, só respire.

O fitava tentando respirar, mas parecia mais difícil que da última vez há minutos.

– Devagar, só... Respire.

Senti a normalidade do meu ar no instante em que a água chegou aos pés de Barry molhando as botas vermelhas de seu traje. Ele me fitou aliviado e logo deu um beijo em minha testa, estava um pouco perdida com toda a situação, mas pelo menos respirando e tudo graças a Barry. Se ele não tivesse aparecido naquele momento, não sei o que seria de mim.

– Tô bem, Barry – disse ainda ofegante.

– Você tem certeza? – ele perguntou me soltando.

Balancei a cabeça o fitando – Muito obrigada.

– Tentei ser o mais rápido possível.

– Foi o suficiente – sorri escorando na parede.

– Deb... Você está mesmo bem?

– Sim, Barry – disse endireitando meu corpo – ela descerá...

– Mia? – perguntou.

– Sim – falei – ela disse que verificaria se estava viva, então...

– Irmãzinha! – escutamos o grito agudo bem ao fim do corredor – sei que está ai!

Barry se moveu ao meu lado e segurei seu pulso o fitando, ele virou seu rosto para me olhar sem entender.

– Vá buscar o antidoto.

– Não vou deixar você sozinha mais uma vez.

– Você tá perdendo tempo – falei dando uma pequena tossida e logo gritando – estou aqui, irmã!

– Droga Deb – ele resmungou e, rapidamente, selou seus lábios aos meus correndo na direção oposta onde Mia vinha completamente irritada. Ainda mantinha-me escorada na parede sentindo dor nas costelas e com uma pequena dor de cabeça causada pela falta de ar. Pude notar a silhueta de Mia cada vez mais próxima e maior, soltei-me da parede sem retirar as mãos da costela e a vi correr em minha direção.

– Você vai desejar estar morta!

Antes que pudesse me desviar ou ter algum reflexo joguei apenas meu corpo para o lado da parede, mas mesmo assim ela me acertou com tanto violência quanto a água. Bati bruscamente com as costas na parede resistente do fim do corredor e senti o sangue escorrer pela minha nuca. Estava sangrando. Não sabia onde nem o quanto, mas não me sentia bem o suficiente para dizer á mim mesma que estava tudo bem.

Tentei me levantar, mas a dor, tanto nas costelas quanto na cabeça, fora maior e ali fiquei, sentada no chão com as costas na parede enquanto sentia o sangue escorrer e via Mia andar lentamente em minha direção. Novamente sua mão foi parar em meu pescoço, mas desta vez ela apertava de modo que eu perdia o ar tão rapidamente que estaria morta em segundos. Me perguntava onde estava Barry e sentia tudo rodar á meu redor, fixei meus olhos em Mia. Levantei meus braços lentamente até sua mão, mais ama vez tentando me soltar, mas estava começando a perder, não só as esperanças de sobreviver, mas também de salvá-la. A dor em minha costela aumentou, quando, novamente, emersa do chão ela me enforcava sem remorso algum.

Fechei meus olhos e usei toda minha força – que não era muita – para concentrar-me em fazer com que minhas mãos ficassem em chamas e, com uma esperança muito fraca, fizesse ela recuar por causa da queimadura. Minhas mãos foram esquentando aos poucos e o ar já me faltava por completo, mas ainda conseguia ter sentido de algumas coisas, como a audição. Podia ouvir a respiração ansiosa de Mia e o barulho do elevador se abrindo.

Abri meus olhos quando o que estava ouvindo começou a fazer real sentido e vi Oliver saindo do elevador com Barry á seu lado – por décimos de segundos – e tudo fora tão rápido quanto a minha força de vontade de queimar a mão de Mia de modo irreparável. Ela me soltou com um grito agudo e virou-se em direção á Oliver. Tossindo mais uma vez, tentava recuperar não só o ar, mas também os sentidos. Oliver estava sem camisa e com seu arco apontado na direção de Mia.

– Não... – falei com a voz falha enquanto sentia os braços de Barry a meu redor. Sei que ele estava ali há muito tempo, mas comecei a sentir seu traje em minha pele apenas naquele momento em que, ao invés de respirar, tentava gritar para Oliver não machuca-la com suas flechas afiadas.

Duas flechas atingiram-na diretamente peito e tudo o que fiz foi me debater nos braços de Barry com metade do corpo jogado no chão sem movimentar. Mia caiu ao chão com tanta força que o chão branco de mármore do último andar rachou com tamanho impacto, fitei Oliver com os olhos cheios de água e em seguida olhei para Mia desacordada no chão, mas estava demais para prosseguir. Sem ar e com dores imensuráveis fechei os olhos sem ver mais nada a seguir.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gente, que coisa não? Será que Oliver matou Mia? Será que Deb está bem? Veremos no próximo e último capítulo. Beijão!