Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 5
Conflitos




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Eu estava deitada em uma cama na enfermaria há uma hora, quando voltei da inconsciência eu não me lembrava de muita coisa e a enfermeira que me atendeu não soube dar muitos detalhes do que havia acontecido depois do acidente. Eu queria saber o que aconteceu com a criança, mas seria muito perigoso se as pessoas soubessem realmente o que aconteceu. Eu só rezava para que o Quatro tivesse mantido isso para si mesmo, os lideres da audácia não entenderiam por que alguém que queria fazer parte dessa facção, arriscaria a vida para salvar um sem facção. Havia várias camas enfileiradas, separadas apenas por cortinas, o lugar estava quase vazio agora e eu agradecia pelo abençoado silêncio. Do outro lado a porta se abriu e entrou uma enfermeira acompanhado por duas pessoas, que eu reconheci como sendo o Gabriel e a Cara.

– Como você está se sentindo? - perguntou a enfermeira.

– Bem. - respondo

– Os resultados dos exames ficaram prontos. Você teve sorte, só alguns arranhões. vou assinar a sua alta e em alguns minutos você poderá ir.

– Obrigada!

A enfermeira sai e o Gabriel se senta na minha cama enquanto a Cara fica de pé.

– Você nos assustou. - O Gabriel diz.

– Eu sinto muito! - digo

– O Quatro disse que você foi atropelada por um carro que perdeu o controle. - A Cara fala.

– O que mais ele disse? - pergunto temendo a resposta.

– Nada! por que aconteceu algo mais?

Eu não tinha percebido até esse momento que estava prendendo a respiração. Quando eu ouço sua resposta uma onda de alivio passa pelo meu corpo.

– Não, o carro foi desviar do poste que caiu e perdeu o controle. Só isso.

– Vocês sabem como eu cheguei aqui?

– O quatro trouxe você de carro, depois que você foi examinada ele foi nos falar o que aconteceu, e nos liberou quando pedimos pra te ver. - enquanto o Gabriel falava eu notei um tom de irritação em sua voz, como se não tivesse sido tão fácil conseguir isso. Mas não consegui entender por que.

A verdade é que nessa última semana sempre que eu olhava lá estava ele por perto, ou era para pegar suco e bolo para mim, ou ele atraia a fúria do Quatro para si mesmo quando era para mim.

– Hoje ele está pior do que todos os outros dias, o pessoal tem medo até de respirar perto dele. - A Cara adiciona.

– Talvez o meu acidente o tenha aborrecido além da conta.

– Mas foi um acidente, não é como se você tivesse provocado deliberadamente.

– Que tal se você disser isso a ele Gabriel. - Eu digo sorrindo. Quando eu olho pra ele vejo que ele esta me encarando de um jeito estranho. - Nossa estou tão ruim assim?

– Ruim? por que? - ele pergunta.

– Você está me encarando de um jeito estranho.

– É que você fica tão linda sorrindo. - ele diz e seu rosto começa a ficar vermelho como um tomate. - não que você seja feia. O que eu quero dizer é que você é linda.....

– Esta bem, ela já entendeu! - A Cara o interrompe e eu percebo que ela esta um pouco irritada. Ela está com ciumes de mim percebo, isso é estranho, eu nunca havia pensado no Gabriel desse jeito.

– Obrigada Gabriel! mas devo discordar de você, eu tenho um rosto comum, não sou alta nem loira. - eu estou começando a ficar embaraçada com toda essa conversa.

– Eu sou obrigado a discordar de você! - afirma ele.

A Cara limpa a garganta para chamar nossa atenção, parado perto da porta está o Quatro com uma expressão de poucos amigos. Ele se aproxima e se dirige aos outros dois.

– Acredito que já viram que a Claire esta bem. Estão sendo esperados na sala de treinamento.

– Ela vai sair daqui em alguns minutos, queremos acompanha-la até o dormitório. - O Gabe fala.

– Podem ir, eu a levarei até lá. - Ele diz em tom firme, desafiando o Gabe a contradizê-lo.

– Nos vemos depois. - a Cara diz e encaminha para a porta. Antes de sair o Gabe me dá um beijo na testa e a segue com uma expressão irritada no rosto.

Assim que a porta se fecha o Quatro se aproxima um pouco mais com os braços cruzados. Ele é muito bom em esconder suas emoções, sempre com aquele olhar gelado e expressão neutra no rosto. Mesmo assim percebo que ele esta tenso, a sua postura rígida e ereta como se estivesse pronto para atacar no menor sinal de perigo.

– Você foi muito imprudente hoje. - Ele fala me encarando.

– Fiquei sabendo! E a garota?

– Esta bem, Você absorveu o impacto da queda!

Ficamos em silêncio por alguns momentos.

– Obrigado pelo que você fez.

– Pelo que está me agradecendo? por não ter delatado você e aquela garota da amizade? por ainda não ter te entregado para a erudição? ou por não ter falado sobre o verdadeiro motivo do seu acidente? - A cada pergunta ele vai ficando cada vez mais bravo.

– Por tudo. - digo minha voz não passando de um sussurro mal articulado.

– Me dê um bom motivo para que eu não conte tudo o que eu sei!

– Você já teve muitas chances e não fez. Por que? - eu o respondo com uma pergunta.

Depois de algum tempo ele se senta na cama e fica olhando para as próprias mãos.

– Eu não sei, no inicio eu admirei a sua coragem, mas percebo que não tê-la entregado foi um erro. Você parece atrair problemas o tempo todo.

– Isso é um defeito de fabrica. Não consigo controlar. - eu começo a rir da sua expressão de descrença. - Olha eu prometo que vou ficar longe de problemas. Só me dá mais uma chance. Por favor.

Não acredito que implorar vá adiantar de algo, mas não custa nada. O que eu mais queria era estar bem longe desse lugar e de preferencia dele também. Não gosto da forma que me sinto quando ele está perto.

– Você é um enigma Claire.

– E você não é? - replico.

– Ponto pra você. .... Só mais uma chance, nada mais. Quer que eu a acompanhe até o dormitório?

– Não! - eu falei rápido demais, ele levanta uma sobrancelha. Eu não vou pro dormitório e como todos ainda estão treinando quero descansar no meu esconderijo.- Quero dizer não precisa, estou bem.

– Descanse o resto do dia, esteja no treinamento amanhã as 8 horas.

Ele se vira e sai pela porta sem nem dizer tchau, por algum motivo essa frieza me incomoda. Eu preciso organizar meus pensamentos.Eu esperava passar pela iniciação para conseguir um cargo na sala de controle e conseguir algo para me localizar como um mapa. Mas as coisas estão começando a se complicar e não posso me dar ao luxo de esperar tanto tempo e correr o risco de ser expulsa sem essas informações. Preciso da localização das armas e farei isso hoje a noite.

* * * *

O corredor está deserto, mas sei que tem gente na sala de controle monitorando as câmeras, então tento agir o mais natural possível. Quando chegamos para treinar tiro ao alvo dois dias antes, as armas já estavam lá. Foi impossível descobrir onde elas eram guardadas, quando eu segui a Carly ela foi em direção a parte do complexo onde nunca estive. Naquele dia tinha muita gente lá, então eu recuei. Hoje o lugar estava deserto. Eu continuei andando e no fim do corredor eu virei a direita assim como a Carly tinha feito. Mas quando eu virei eu dei de cara com um garoto que tinha por volta de uns 22 anos, Ele usava um crachás, mas não tinha o seu nome só escrito autorizado.

– O que você esta fazendo aqui? - ele começou. - Aqui só entra pessoas autorizadas.

Então ele aponta para o lugar em meu peito onde deveria estar o crachá, se eu tivesse um. Atrás do rapaz tinha uma única porta, em sua mão estava uma arma automática. Eu tinha que inventar uma mentira muito boa para sair dessa, ou então eu realmente estaria encrencada.


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