Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 4
O Acidente




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Faz uma semana que estou na audácia e até agora a minha trégua com o Quatro parece estar funcionando. A Ashley tem tomado muito o seu tempo, com truques para chamar a sua atenção. Por um lado isso é bom, posso me concentrar na minha missão sem ele por perto para me vigiar. A semana foi bem agitada com treinamento de luta e tiro ao alvo. Mas o problema mesmo foi os quatro primeiros dias que eu não consegui dormir. Ficava andando pelo complexo a noite esperando o amanhecer. Sem saber por que eu sempre acabava perto do quarto do Quatro, foi assim que eu descobri um apartamento ao lado do dele com problemas de encanamento. Desde então eu saio do dormitório depois que todos dormem e vou pra lá tentar dormir, sempre volto antes que todos acordem e até agora esta dando tudo certo. Hoje o Quatro vai nos levar para correr, estou feliz pois vamos sair um pouco, aqui nunca temos tempo para lazer.

– Onde será que vamos correr? praia talvez? - o Gabe pergunta sentado na cama a minha frente.

– Eu adoraria correr pela ponte Golden Gate! - digo

– Por que?

– Eu acho a vista linda. - respondo

– Dizem que o pessoal da audácia adoram escalar ela. - A Cara fala enquanto senta na minha cama.

– Vamos! - ouço o Quatro gritar.

– Será que algum dia ele vai relaxar um pouco? - pergunto.

– Se eu estivesse no lugar dele, acho que eu também seria assim.- A cara fala

– Por que?

– Ele sofreu um acidente alguns meses atrás e perdeu a memória. Deve ser muito duro passar por algo assim.

Eu olho para o Quatro do outro lado. Eu não sei como é perder a memória, mas posso ao menos tentar entendê-lo e pegar leve.

– É melhor ir antes que ele fale de novo, não estou a fim de uma enquadrada. - falo e nos três nos dirigimos para fora.

No final das contas não corremos nem na praia nem na ponte Golden Gate, mas pelas ruas da cidade. Assim como nos treinamentos anteriores eu tentei passar despercebida, sendo sempre uma das últimas. Estávamos correndo pela rua Mason St. no bairro de North Beach quando vejo um caminhão da amizade parado descarregando alimentos. Eu a reconheço imediatamente, vou diminuindo a corrida quando passo pelo caminhão. Eu viro a direita Green St. e entro em uma pequena viela. Poucos minutos depois a Sarah aparece.

– Oi, você esta bem? - pergunto.

– Sim, mas você parece péssima. O que houve? - ela parece preocupada.

– Nada de mais, só um pouco de insônia.

– Muita gente dormindo no mesmo lugar? na amizade é a mesma coisa! como você esta se virando?

– Encontrei um lugar tranquilo. - repondo.

Atrás de mim ouço passos, quando viro dou de cara com o Quatro.

– Não vai me apresentar sua amiga? - ele pergunta

– Quem é ele? - a Sarah me pergunta.

– Meu instrutor! - respondo amaldiçoando mentalmente até o último fio de cabelo dele.

– E então? - ele continua nos encarando.

– É melhor você ir agora. - se eu bem a conheço, ela não vai obedecer sem pestanejar. - Não se preocupe vai ficar tudo bem.

– Mas... - ela começa mas eu a corto.

– Acho que o instrutor dela vai querer saber onde ela esteve.

– Vá, Agora! - o meu tom não permite discussão. Eu me coloco entre a Sarah e o Quatro, assim que ela desaparece na esquina eu me viro pra ele.

– Escute aqui Quatro, não se meta com ela ou eu acabo com você. Eu não costumo fazer ameaças vazias.

– Você não esta em posição de fazer ameaças! o instrutor aqui sou eu! - ele da um passo em minha direção, mas eu não recuo.

– Não me interessa quem você é! esteja avisado.

– Você esta brincando com fogo! Eu posso entrega-la ou expulsa-la por indisciplina, e adivinha onde você vai parar. - ele esta chegando cada vez mais perto.

– Não tenho medo de me tornar uma sem facção, se quer me assustar vai ter que fazer melhor do que isso. - Estamos muito próximos agora, o suficiente para eu ver o quanto profundo é o azul dos seus olhos, a boca carnuda. Observa-lo me deixa nervosa, como se mil borboletas estivessem dançando no meu estômago.

– Você é muito rebelde, ninguém te controla. Isso ainda vai te matar.

– Pense no lado bom, assim você estará livre de mim. - replico.

Me viro e saio correndo por onde vim, não me importo de jogar tudo para o alto para proteger a Sarah e não vai ser um instrutor que vai me intimidar. Sei que não vou conseguir acompanhar os outros então paro de correr. A minha frente tem alguns trabalhadores fazendo uma reforma e um guindaste esta erguendo um poste de concreto que balançar muito. Do outro lado da rua vejo uma garotinha sem facção brincado, isso me faz lembrar de quando eu e a Sarah éramos criança, não tínhamos noção de como a vida pode ser injusta. Sem me dar conta caminho em direção a ela. Lá do auto ouço um grito, que é abafado pelo som de um carro em alta velocidade.

– Cuidado! - sei que não é pra mim, mas me viro.

O poste de concreto despenca de uma altura de seis metro. Tudo acontece muito rápido, o poste cai no chão com um estrondo e sai rolando, o carro que estava vindo desvia, mas perde o controle. Eu não tenho tempo para pensar, corro em direção a garota, eu a pego um pouco antes do carro atingir a lateral do meu corpo e nos duas sair rolando pelo asfalto.

Tudo doí, a cabeça, o corpo e eu estou atordoada, percebo vagamente quando alguém tira a garotinha dos meus braços, em seguida sinto mãos fortes me segurando e alguém falando comigo, mas não consigo processar o que estão dizendo. No momento o que eu mais quero é fechar os olhos e dormir para ver se a dor na cabeça desaparece. Sinto uma escuridão me puxando lentamente e caio na inconsciência.


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