Escrito nas estrelas escrita por Bethane
Quando cheguei em casa o sol já esta se pondo no horizonte. Moramos em uma pequena casa na rua Lombard Street, é um lugar muito tranquilo. Aqui a facção da franqueza é responsáveis pelos aspectos legais e jurídicos da comunidade. Nossos " pais" são advogados.
Ao entrar em casa encontro a Sarah andando de um lado para outro com uma expressão preocupada no rosto.
– Onde você esteve? era para você esta de volta horas atrás!
– Na praia! me desculpe eu não queria preocupa-la.
– É só isso que você tem para me falar? desculpe?, eu pensei que tivesse acontecido algo com você! - ela esta praticamente gritando no meu ouvido agora.
– Eu perdi a noção das horas. Como foi seu teste? - pergunto tentando mudar de assunto.
– Abnegação! - ela responde.
– Você se sairá bem na amizade? - pergunto.
– As duas não são tão diferentes eu vou ficar bem.
Para que o nosso plano de fuga dê certo, precisamos ir para facções diferentes, ela precisa conseguir transporte e alimentos, e eu armas e informação.
– E o seu?
– Inconclusivo!
Ambas sabemos o que isso significa, ela se senta no sofá ao meu lado e me abraça.
– A audácia não é seguro pra você, talvez eu deva ir e não você. - ela diz.
– Já conversamos sobre isso. Prometi pra mamãe que cuidaria de você!
– Eu gostaria de poder me lembrar dela. - ela fala.
– Eu sei - digo.
A nossa mãe morreu alguns meses antes de sermos deixadas aqui, pelo menos a Sarah não tem que carregar a dor dessa perda.
– Você acha que o soro da memoria não teve efeito por você ser divergente?
– Talvez..... Não se esqueça do que combinamos, colocar os bilhetes dentro do folheto do sétimo banco, a direita na Grace Cathedral.
– Não vou me esquecer!
* * * *
A cerimônia de escolha não teve nada de diferente dos anos anteriores. Após nossas escolhas eu e a Sarah fomos sentar com nossas respectivas facções, e a medida que o auditório começou a esvaziar, eu segui o grupo da audácia para fora. Após uma corrida desenfreada, tivemos que escalar um complexo de vinte andares, apenas nos segurando em cordas. No topo o Quatro esta nos esperando, o prédio tinha um formato quadrado, e no meio havia uma abertura que ia até o chão em forma de circulo. No fundo havia uma enorme piscina com alguns pontos minúsculos nadando na água.
– Sejam todos bem vindos a audácia, meu nome é quatro e eu serei o instrutor de vocês pelos próximos dois meses. - ele começou - estão vendo aquela piscina lá embaixo? esta cheia de tubarões e é o único modo de vocês chegar lá em baixo. Quem não pular esta fora! quem será o primeiro?
Ele começa a olhar cada uma das vinte pessoas que estão na sua frente, e a maioria desvia o olhar. Então ele fixa seu olhar em mim.
– Que tal você? qual é seu nome? - ele só pode estar me zoando.
– Claire - eu falo automaticamente e só depois percebo o que fiz.
– Muito bem Claire, quer nos dar a honra de ser a primeira a pular? - Ele fala em tom de desafio.
– Esses tubarões foram alimentados hoje? - pergunto
– Você vai ter que pular pra descobrir! - ele diz com um sorriso nos lábios.
Subo na beirada do precipício e me preparo para pular.
– Se você quiser não precisa ser a primeira. - ele me provoca.
– Vá para o inferno! - digo e pulo,
Sinto o vento no meu rosto, vejo a piscina ficando cada vez mais perto. Posiciono meus braços acima da cabeça e me preparo para o impacto. Quando bato na água parece que o ar foi arrancado dos meus pulmões, a minha volta os tubarões nadam de um lado para outro. Alguém me ajuda a sair da água. Assim que o último membro da audácia sai da água vejo o Quatro sair de um elevador e caminhar na nossa direção.
– Todos aqui serão avaliados igualmente, não esperem que eu facilite pra vocês! - ele olha para uma loira de pernas longas e olhos verdes a sua esquerda, desde que encontramos o Quatro ela fez de tudo para chamar sua atenção.
– Não levará muito tempo para a Ashley fazê-lo mudar de ideia. - uma garota morena do meu lado comenta.
– E ele ainda vai pensar que a ideia foi dele. - falo
– Eu sou Cara Carson. - ela diz
– Claire!
– Eu sei nunca esquecemos o primeiro a pular.
– Vamos dizer que eu não tive escolha. - Ambas rimos. O Quatro para de falar e nos encara.
– Querem compartilhar a piada conosco? - ele pergunta sério.
– Nada especial, - respondo.
– Então sugiro que guarde suas piadas para você mesma!
– Sim senhor, capitão - ao meu lado algumas pessoas riem. Mas ele os silencia com um único olhar.
– Isso é pra todos, se quiserem permanecer aqui terão que levar as coisas mais a sério. - Seu tom é duro.
Qual é Quatro - eu começo - pra que levar a vida tão a sério? não vamos sair dela vivos mesmo!
A minha volta todos começam a rir e eu percebo que fui um pouco longe demais.
– Todos vocês acompanhem a Carly, ela vai mostrar onde vocês vão dormir. - eu começo a seguir os outros mas ele segura o meu braço, - Você vem comigo, Agora!
A minha mente grita a palavra Divergente, eu e minha boca grande. Seguimos por um corredor e subimos algumas escadas. Depois de alguns minutos ele destranca uma porta e me empurra para dentro. O lugar parece uma suíte, mas sem o luxo, apenas com uma cama, uma cômoda e um criado mudo. As janelas vão do chão ao teto e uma porta que deve ser um banheiro.
– Nunca mais me provoque como fez a pouco! - ele me encara com o rosto vermelho de raiva.
– Foi só para descontrair você é muito sério. - eu digo
– Não posso mudar o que sou!
– Ótimo, mas isso não significa que as outras pessoas tem que ser igual a você, o que eu quero dizer é que nos sabemos o quanto isso é importante, e que não será fácil. Mas não precisamos de mais pressão do que já temos.
Sei que estou falando muito, mas não consigo não dizer o que penso, talvez seja um pouco da influência da franqueza em mim.
– Isso aqui não é um acampamento de férias, são vidas que estão em jogo. Vocês precisam estar preparados.
– Quando as coisas tem que acontecer não importa o quanto preparado você esta!
– Você quer dizer que não serve para nada se preparar? - ele pergunta como se me achasse louca.
– Não foi isso que eu disse, é só que tem coisas que você não pode controlar. Como a morte por exemplo.
Eu gostaria muito de ter feito algo pela minha mãe, mas não consegui.
– Você já perdeu alguém?
– Sim...., e você já perdeu alguém importante para você? - pergunto
– Eu acho que sim - eu não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas não pergunto mais nada. - Você pode ir agora!
Eu me encaminho para a porta, e paro com a mão na maçaneta.
– Sabe eu não sou tão agressiva assim, você parece despertar o que há de pior em mim.
– É pra eu me sentir culpado? - ele ri sem humor
– Não, eu sinto muito. Uma trégua?
– Acho que é só você não me provocar. - ele fala
– E você sair do meu caminho! acho que pode dar certo. Outra coisa eu não sei onde é o dormitório.
– Aproveita para explorar por ai enquanto procura.
Ele parece contente com a perspectiva de eu me perder. Saio pela porta e volto por onde viemos. Afinal não foi difícil encontrar o dormitório, só precisei fazer algumas perguntas. O lugar mais parecia um pequeno galpão com várias camas enfileiradas dos dois lados, mas o mais estranho era que todos os vinte iniciados estavam lá dentro, alguns até mesmo trocando de roupa. Havia apenas uma cama próxima a porta todas as outras já estavam ocupadas. Eu me sentei na beirada da dela e olhei horrorizada para tudo aquilo, a Cara estava vindo minha direção.
– Serio mesmo? vamos dormir todos junto? - pergunto
– Parece que sim. - ela me responde.
– Você nem viu os banheiros ainda. - na cama ao lado um garoto diz com um sorriso de covinhas, ele é moreno de olhos verdes e muito alto. - Meu nome é Gabriel, Gabe para os amigos.
– Oi eu sou Claire e ela é Cara. - eu repondo ainda observando o garoto, ele é bem bonito. - Quer dizer que os banheiros são....
Eu não consigo terminar a frase, a minha expressão deve ser cômica por que o Gabriel e a Cara começam a rir.
– Legal - Digo apenas.
Não sei como eu vou sair dessa, depois do ataque que sofri a seis anos atrás e quase ter sido violentada eu não consigo ficar perto de muitas pessoas, eu desconfio de todos os homens. Mas dormir no mesmo ambiente isso é demais, já estou prevendo noites sem conseguir dormir dominada pelo pânico.
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