Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 61
Capítulo 61 - Distraído




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Minha pergunta não queria dizer muito, eu apenas estava ficando com muito frio.

Anne concordou com a cabeça, levantei-me e a ajudei a erguer-se, subimos a escada e abri a porta de meu quarto.

Ela olhou as paredes e os moveis, não senti-me incomodado com os olhos curiosos que avistaram meus quadros que estavam num canto do quarto. Nunca achei muito aceitável pendurar meus próprios quadros, cada um deles passava uma coisa e não tinha porque o dono daqueles sentimentos achar alguma beleza em meio aquelas cores. Nada ali me dizia algo importante a ponto de ter vontade de vê-los sempre que olhasse para minhas paredes.

Anne encarou-me como se pedisse permissão para tirar os quadros daquele canto, fui para seu lado ajuda-la.

Achei que seria justo; ela abriu-se mostrou o que pensava e quem era eu iria mostrar meus sentimentos transformados em formas, ia mostrar cada cor, cada parte de mim, cada miragem que tive.

Anne sentou no chão tirando tudo que cobria as telas e analisando cada uma delas, mas uma em especial a tela que pintei no dia em que não estava tão frio, e que os pássaros ainda estavam nas arvores e as flores ainda não tinham morrido.

As cores naquela tela eram fortes e as formas lembravam pétalas, a tela poderia ser interpretada até por algo mais alegre, mas não era exatamente isso que eu sentia naquele dia, talvez fosse o que eu queria sentir. Mostrar através de cores e formas nunca seria algo exato, talvez Anne nunca soubesse o que sinto de verdade, talvez nem eu saiba o que sinto de verdade...

Os olhos acinzentados permaneceram presos na tela, mas logo foi passando de uma para a outra, migrando para as telas e por fim voltaram-se para mim.

Eu estava distraído de mais observando-a, ela era muito mais interessante do que minhas telas.

_Sebastian, o que eu vou te dizer pode parecer algo muito bobo, egocêntrico e até superficial...Mas por mais pedante que possa parecer, eu adoraria ter um para mim._ Ela falou e eu pude captar o receio em sua voz, diria até que aquilo era vergonha, mas não conseguia entender um bom motivo para ela estar envergonhada.

_Não sabe o quanto ouvir isso me deixa presunçoso._ Comentei sorrindo vendo-a encarar-me._ Farei um especialmente para você.

_ Obrigada._ Anne falou voltando a olhar os quadros.

Depois de algum tempo sua atenção continuou migrando por todo o quarto, cada detalhe ali; os livros, os cedes e todos os outros quadros escondidos atrás do armário, eles não escaparam do olhar curioso. Entretanto Anne fez algo que eu não fiz, ela esperou por meu consentimento, por um olhar que dissesse que aquela não era uma área privada, algum gesto que não a impedisse de ariar alguma gaveta.

Anne mesmo estando curiosa não se permitia invadir o meu espaço, mesmo sabendo que se eu estivesse em seu lugar não hesitaria em vasculhar seus pertences.

“Isso tem tudo para deixar alguém culpado”, pensei olhando-a colocando os pinceis no que ela devia pensar que eram “ordem”, ela parecia muito concentrada neles.

_Quer comer alguma coisa?_ Perguntei procurando qualquer coisa para fazer que me fizesse parar de olha-la.

_Não. _ Ela disse e levantou-se me seguindo.

_Onde estão seus pais?_ Ela indagou encostando-se a pia em quanto eu procurava qualquer coisa doce na geladeira.

“Talvez seja o remédio... Antes quase não sentia vontade de comer, troquei o remédio e agora me apetite despertou depois de tanto tempo adormecido”, refleti pegando tudo que era fácil de comer e que não precisava ser aquecido.

_Estão viajando._ Respondi um pouco distraído.

Anne deixou seus olhos em fendas, fazendo com que aparecessem ruguinhas nos cantos de seus olhos, apoiou o cotovelo na pia e pareceu estar pensando em algo muito importante.

_Quer dizer que somos adolescentes, irresponsáveis, numa casa enorme, com uma geladeira cheia e sozinhos?_ Ela perguntou sorrindo de uma forma um tanto quanto teatral.

_Acho que sim..._ Comentei alheiamente em quanto fazia sanduiches que não eram nem parecidos com os da senhora Hill, mas eram os meus sanduiches que serviam só para serem bons, não eram nada saudáveis.

_Mas confiam em você a ponto de irem viajar e te deixar em casa?

Havia duvida e surpresa na voz da Anne, e isso me fez parar o que eu estava fazendo para encara-la.

_Não diria que é confiança, mas uma certa “ingenuidade” da parte deles.

Ela ergueu uma sobrancelha em sinal de duvida, mas eu estava ocupado colocando todos s sanduiches num prato e servindo dois copos de suco, mesmo ela tendo dito que não queria eu já tinha percebido que ela estava comendo os ingredientes antes que terminasse os sanduiches.

_Pega seu suco, prefere ir para o tapete ou voltar para o quarto?_ Indaguei ansioso para que ela dissesse para irmos para o tapete, sempre tive vontade de acabar sujando a porcaria daquele tapete horrendo.

_Vamos subir._ Ela falou indo na frente.


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