Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai


Capítulo 8
O Retorno do Espadachim Lendário


Notas iniciais do capítulo

No último Capítulo:

"– Ok Aoshi. Aceito seus termos. - Arrematou, enquanto se levantava degavar. - Empresto os punhos do Zanza e em troca recebo Saitoh todo para mim. Ele vai se arrepender por ter sido tão covarde com Kenshin e Kaoru!

Aoshi sorriu afirmativamente. O Zanza seria uma enorme contribuição para sua causa. Levantou-se também e pousou os braços sobre os ombros de Sanosuke, comentando:

— Vamos Zanza... Eu tenho um presente para você..."



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Escuro...
Alí era realmente muito escuro. Mesmo com os olhos abertos, ele não podia enxergar nada.

O ambiente era fétido também...
O cheiro pútrido do lugar nausearia o mais forte dos estômagos. Para ele, apenas o famíliar cheiro da morte.

Além disso tudo, havia o Tic-Tac...
Não era alto, mas era compassado e extremamente irritante. Cada Tic e cada Tac ecoava de forma amplificada, como se a fonte do incômodo barulho estivesse dentro de sua cabeça.

Há horas ele estava alí parado naquela mesmíssima posição. Suas pernas não se moviam de maneira nenhuma e isso o preocupava demais. Ele não tinha ideia de onde estava, só sabia que não gostava de estar ali.

O chão estava coberto por um lôdo gelado e pegajoso que cobria os seus pés e o fazia imaginar com mais vontade ainda onde estava. Tentou gritar mas a voz não saiu. Tentou mais uma vez mover seus membros, falhando novamente.

"Onde estou? Que cheiro horrível é este? Mas que diabos! E este maldito Tic-Tac que não para?!"

Estava começando a perder a paciência quando, ao longe, viu uma porta se abrir vagarosamente. A luz que entrava pela abertura na parede negra iluminou um pouco a sala onde ele estava, acalmando um pouco a curiosidade do rapaz. Mais duas portas se abriram. Uma à esquerda e uma à direita daquela que havia se aberto primeiro.

A luz que entrava pelas portas era forte e ofuscou seus olhos que já haviam se acostumado com o escuro total onde ele se encontrava anteriormente. Aos poucos ele foi se acostumando, também, com a pouca claridade que a sala havia adquirido e percebeu, ao longe, que três homens se aproximavam dele vindos da direção das portas. A luz que adentrava logo atrás deles impossibilitou a identificação imediata de seus novos companheiros de sala, mas ele sabia que logo logo iria encontrar os homens.

Os rapazes caminhavam lentamente, à passos largos e fortes. Seus passos era ritmados e, àquela altura, pareciam mais uma marcha de exército do que simples e amigáveis passos em direção a alguém que precisasse de ajuda. Ele tentou se mover mais uma vez e, como nas vezes anteriores, não obteve nenhum sucesso.

Conforme os homens vinham se aproximando, a claridade no salão aumentava. Após alguns passos, conseguiu-se perceber que os homens carregavam katanas nas mãos. Mais alguns passos e ele conseguiu ver a face de cada um deles.

Eram rostos de guerreiros. Ele já havia visto uma centena delas mas não lembrava daquelas em especial, de maneira nenhuma. Definitivamente não sabia quem eram aqueles espadachins, mas tinha certeza de suas intenções. Seu coração acelerava cada vez mais e a ansiedade passou a coordenar os seus pensamentos. Cada passo dos homens diminuía ainda mais qualquer chance que ele pudesse ter de contra-atacar aquilo que, de forma clara e totalmente previsível, lhe parecia a sua passagem para o mundo dos mortos.

A uns oito metros dele, os espadachins pararam e ficaram o encarando. Ele nunca havia se sentido tão odiado e tão desprezado pelos olhares de alguém na sua vida inteira. Começou a suar frio e seu coração batia tão forte que ele podia sentir o mesmo forçando os ossos de seu peito. Os homens firmaram as katanas em seus punhos de forma viril e ameaçadora. Naquele instante Uma lâmina brilhou em sua frente e ele a observou minuciosamente.

"Se ao menos pudesse me mover... Se eu pudesse chegar àquela Katana, esses três homens conheceriam o caminho para o inferno!"

Como uma chave que abre um grande e pesado cadeado, os pensamentos pareciam ter soltado os grilhões que o prendiam ao chão e ele recobrou seus movimentos. Obedecendo seu instinto, lançou-se violentamente em direção à espada que estava cravada exatamente na sua frente. Porém não pôde concluir sua trajetória pois sentiu-se preso novamente ao chão.

Desta vez, ao contrário da outra, apenas suas pernas haviam parado. Era como se suas pernas tivessem sido agarradas por algo ou por alguém. Olhou rapidamente para o chão afim de confirmar a suposição. Estava terrivelmente correto. Deitados no chão frio e lamacento que cobria todo o salão, haviam centenas de corpos mutilados. Alguns dos corpos se amontoavam próximos a ele e eram estes que, de forma inacreditável, seguravam ferozmente suas pernas e o impediam de prosseguir.

Os corpos que o seguravam não eram como os outros. De certa forma ele sabia que todos os corpos naquela sala haviam sido mutilados por ele, mas estes que o seguravam no chão foram prontamente identificados. Ele esfregou seus olhos para garantir que não estava imaginando tudo aquilo.

Abriu-os receosamente e confirmou outra infeliz suposição. Os cadáveres jogados à seus pés e que o impediam de prosseguir em direção a seus oponentes eram os corpos de Kaoru, Tsubame, Yahiko, Sanosuke, Megumi e dele próprio. Ao ver os corpos de seus amigos e o seu próprio o impedindo de lutar, ele percebeu que não haviam motivos para tentar qualquer defesa.

Desistiu de resistir à força que os cadáveres faziam para que ele não se movesse a aceitou seu destino. Imaginou que aquilo deveria ser algum tipo de vingança. Lutou tanto durante tanto e tempo mas, no final, fora derrotado por seus próprios crimes. Abaixou seu olhar e fitou o corpo de Kaoru mais uma vez. Ela tinha um olhar sereno e não demonstrava qualquer sentimento negativo como raiva ou indignação.

Os três homens que o fitavam apareceram repentinamente a meio metro dele. O espadachim da direita e o da esquerda atacaram ele ao mesmo tempo, cada um em um ombro. As katanas lhe atravessaram os ombros e o peso dos homens que se debruçavam sobre ele o fez cair para traz.

O chão era macio e as espadas que lhe haviam atravessado os ombros cravaram nele e o prenderam no chão. O mais estranho naquele cenário todo eram suas sensações. Ele não sentia nenhum tipo de dor ou vontade de reagir, assim como não se sentia atacado de forma cruel ou vigorosa demais. Os ataques eram limpos, diretos e não demonstravam nenhum tipo de rancor. O Terceiro espadachim, aquele que daria o fim ao seu prolongado sofrimento, se aproximou calmamente.

Ele tinha um olhar triste. Olhos castanhos e a face coberta do sangue de outrém. Ele já havia visto aquela face em algum lugar, apenas não se lembrava de onde. O rapaz esticou seu braço direito e apontou a ponta da lâmina em direção ao coração de seu alvo. Calmamente deu meio passo a frente e cravou lentamente a espada no peito para o qual ela era apontada.

– É o fim Himura... Aquele que vive pela espada, deve morrer pela espada... Seja a espada de um inimigo, de um aliado, ou a sua própria. Não importa o que você faça para mudar seu destino, ele foi selado no dia em que você pôs fim à vida de sua primeira vítima. Lembre-se disso: No fim, quem lhe matou foi você mesmo...

As palavras eram bem espaçadas e chegavam calmamente aos ouvidos de Kenshin.

Kenshin engoliu em seco. Havia finalmente se lembrado de onde conhecia aquele rosto. Era o seu rosto... Era o rosto de Shinta, o rapaz que ele enterrou junto com todos os mercadores que compunham sua família. O rapaz que saiu de cena e deu lugar a Kenshin Himura, discípulo de Seijuuro Hiko e mestre na técnica do battou. O rapaz inocente que se viu forçado a ser transformar no Hitokiri Battousai.

Seus olhos se fecharam lentamente enquanto ele repetia para si mesmo, com um sorriso tímido nos lábios:

– No fim, quem me matou fui eu mesmo... Ele tem razão...

Ele estava lá, deitado no meio de outra centenas corpos com uma katana firmemente cravada no peito. O grande Kenshin Himura, morto por seu espírito inocente que fora ajudado por aqueles a quem considerava amigos.

Espírito Inocente...Amigos... Conceitos realmente abstratos, pelo menos para ele... Pelo menos depois daquela tenebrosa visão...

CONTINUA!!!


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo:

O Despertar do Hitokiri



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