Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai


Capítulo 22
O Fervor da Batalha


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

"Aoshi arregalou os olhos, fazendo-se de desentendido. Na certa, Kenshin procurava culpar-lhe da morte de sua esposa e, aparentemente, da irmã de Saitoh apenas para facilitar a luta que começariam dali a alguns segundos. Não sabia quem havia assassinado a jovem senhorita Kamiya, e nem que a bela Akira havia morrido. De qualquer maneira, apenas ignorou as palavras do Hitokiri, já que não faziam nenhuma diferença para ele. Se tais pensamentos ajudariam o Battousai a utilizar toda sua força contra ele, significaria que sua vitória seria realmente verdadeira, e ele finalmente alcançaria o titulo de mais forte.

— Já é hora, Himura... - Começou Aoshi. - Já é hora de decidirmos nossos futuros, como deveríamos ter feito, muitos anos atrás! - Comentou, com uma das kodachis já desembainhada."



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A postura inicial tomada por Aoshi alegrava Kenshin. Mais feliz a cada segundo que antecedia o início da batalha, Himura decidiu-se por esperar Aoshi dar o primeiro passo, e o outro não decepcionou.

À largas e velozes passadas, lançou-se na direção do ruivo, atacando-o prontamente com a kodachi desembainhada. O movimento veloz de Aoshi, que atacava com o braço direito a lateral esquerda do Hitokiri, foi bloqueado pela katana do rapaz, ainda dentro da baínha. O moreno alto sorriu confiante:

– Achei que, pelo menos, tentaria esquivar-se de mim, Himura.

– Adiei esta batalha por muito anos, Aoshi... Não pretendo agir defensivamente desta vez. - Retrucou o homem de cabelos vermelhos, enquanto puxava a outra espada com a mão direita e contra-atacava o movimento displicente de Aoshi.

O adversário, por sua vez, movimentou-se com velocidade extrema, buscando escapar do alcance da espadada desferida pelo rival. Kenshin golpeou o ar e, instintivamente, avançou na direção de Aoshi, buscando a outra espada que ainda encontrava-se embainhada na mão esquerda. O segundo golpe veio rápido, e foi prontamente defendido pela kodachi empunhada na mão direita de Aoshi. Novamente buscando o final da batalha, Kenshin atacou novamente com a espada que munia sua mão direita, atacando lateralmente a linha da cintura de seu alvo. Aoshi sorriu por uma fração de segundos e saltou, retirando a outra kodachi que ainda estava embainhada. Ainda no ar, curvou-se e golpeou com ambas as espadas, mirando Kenshin de cima para baixo.

Kenshin apressou-se em rolar para trás, deslizando sobre o chão cerca de três metros. Curvado e com a mão esquerda ainda apoiada ao chão, fitou Aoshi com os olhos brilhantes e dourados. O golpe de Aoshi atingiu com violência o chão de madeira, abrindo uma fenda mediana e revelando os alicerces metálicos do terceiro andar do prédio. Alguns segundos de silêncio mórbido se estenderam no recinto, Aoshi quebrou o silêncio:

– Quem diria que um velho espadachim como você ainda tivesse força e velocidade para esquivar de meus ataques... - Antes de continuar, o moreno guardou as kodachis novamente, esticando a coluna e ficando completamente ereto. - É claro que estamos apenas começando, Kenshin, mas esperava que já estivesse ofegante. O espírito assassino em você acabará destruindo seu corpo, meu amigo.

– Ainda se considera meu amigo, Aoshi? - O ruivo indagou, com o semblante mais sério que podia ostentar. - Amigos não assassinam as famílias dos outros... Não é?

Aoshi se fez de desentendido novamente. Aparentava não saber, sinceramente, do que o Hitokiri estava falando. Franziu a testa levemente e retrucou:

– Nunca, senhor Himura, em minha vida de espada, assassinei um inocente. Se matei algum de seus antigos companheiros, o julgava culpado por nossa condição de subjugados pelos almofadinhas.

– E que culpa a jovem Akira tinha?

Aoshi arregalou os orbes azulados e cerrou os dentes por um segundo:

– Akira está morta?

– Você acha que eu sou algum tipo de imbecil? Acha que me ceguei quando você assassinou os meus amigos em Kyoto?

– Não tive culpa alguma na morte de Akira. - Aoshi argumentou, aumentando um pouco o tom e ignorando a segunda sentença proferida pelo adversário. - Se a irmã de Saitoh está realmente morta, posso lhe assegurar que não morreu sob a espada de nenhum de meus homens!

– Estou cansado de tantas mentiras, Aoshi... Pagarás pela morte de Kaoru e de Akira, e de todas as outras crianças e inocentes que morreram na lâmina das suas espadas curtas.

Aoshi soltou os ombros. Ainda confuso sobre as acusações proferidas por Kenshin Himura, o moreno decidiu que não adiantaria argumentar.

– Sua sede por vingança é totalmente baseada em mentiras! Particularmente, se essas afirmações que você cospe contra mim te impulsionam a lutar com a seriedade que estou vendo, por mim tudo bem. Mas eu lhe asseguro, Himura, que não tive o mínimo envolvimento nesses assassinatos que me você está relatando! Saberás isso quando chegar no inferno, seu maldito! - Bradou o homem de olhos azuis, enquanto retirava as duas espadas de suas capas protetoras.

Kenshin cerrou os olhos. Se Aoshi realmente não sabia do que ele estava falando, quem teria assassinado as mulheres e crianças que ele conhecia, e por quem tinha tanto apresso? Antes que pudesse argumentar novamente, porém, Aoshi se posicionou flexionando os joelhos com leveza. As conversas teriam que continuar em outro momento, agora o ruivo precisava se manter vivo.

Aoshi avançou violentamente contra Kenshin, golpeando com as duas kodachis cruzadas. O ruivo apressou-se em buscar a empunhadura de uma das katanas que trazia consigo e, apontando-a para cima e firmando a espada no pulso forte, pretendia defender o golpe despretensioso do adversário. Quando estava a alguns centímetros de distância do alvo, a imagem do atacante nublou-se em frente aos olhos de Kenshin, desaparecendo frações de segundos depois. O som da voz de Aoshi veio da direção da escada que conduzia ao segundo andar, exatamente atrás do espadachim de cabelos vermelhos:

– Lento! - Bradou o moreno. - O tempo deve ter lhe enferrujado, Himura... Ao contrário de mim, seus hábeis movimentos estão se tornando cada vez mais lentos...

Kenshin não podia acreditar em seus ouvidos. Não fazia ideia de como Aoshi havia passado por ele em uma velocidade tão grande. O kimono claro que vestia manchou-se de rubro na altura do ombro esquerdo pouco após o ruivo perceber que havia sido atingido por Aoshi. A dor, quase nula, que sentia no ombro não lhe incomodava. A espadada de Aoshi não causara desconforto físico significativo, mas saber que o adversário havia ficado ainda mais veloz do que antigamente preocupava bastante o homem de cabelos vermelhos. Não havia sequer conseguido acompanhar o movimento de seu adversário com os olhos.

Logo os seus, que sempre foram os orbes mais ágeis e analisadores de todo o Isshin Shishi. O fato de não conseguir acompanhar a velocidade de Aoshi deixava claro para Kenshin que a vitória naquela batalha estava seriamente comprometida. Seus pensamentos foram novamente interrompidos pelo moreno alto, cuja voz vinha ainda da direção das escadas:

– Sabe, Himura... Esperei por muitos anos para conseguir este momento. O dia em que você lutaria utilizando toda sua habilidade contra mim... - Aoshi calou por um segundo, continuando em um tom um pouco mais lento. - Infelizmente este que se ergue em minha frente não é o mesmo homem que eu vi partir um dos meus soldados em dois com a facilidade de quem corta um pedaço de papel. Não sei o que aconteceu com você nesses últimos dias, e nem o que se passará pela sua mente nesses seus últimos segundos de vida.

Kenshin continuava de costas para Aoshi, com os olhos atentos buscando uma ideia da posição de seu inimigo nos olhos desesperados de Yamagata, que observava tudo, prestes a despencar do trono vermelho para a morte. Não daria à Aoshi a certeza de que venceria a batalha se virando desesperado afim de localizar o veloz homem moreno. Virou-se, entretanto, calmamente e fitou Aoshi com seus ardentes olhos cor de âmbar. Ainda havia uma última carta na manga. Aoshi sorriu ao ver os olhos atentos de seu antigo inimigo faiscarem raivosos e violentos:

– Isso! - Gritou, enquanto balançava levemente a cabeça acenando positivamente para Kenshin. - São esses olhos que eu procuro... Olhos vivos, atentos, cheios de raiva e intenções assassinas. Podes morrer em paz agora, meu inimigo, pois já consegui o que vim buscar...

Dizendo isso, Aoshi arqueou o corpo levemente para a direita, desaparecendo novamente da visão de Kenshin. O Battousai correu o olhar bruscamente para a esquerda, a tempo de ver o corpo do rapaz alto transparecer-se e se posicionar novamente um pouco mais para a direita. Percorrendo toda a sala em um desenho circular ao redor de Kenshin, Aoshi foi aumentando gradativamente a velocidade. Sua voz soou aos ouvidos do Hitokiri vinda de todos os cantos da sala.

– Você já conhece essa técnica, não é mesmo Himura?

Kenshin não demorou para lembrar-se da técnica que, uma vez, quase o havia matado. Intercalando movimentos na velocidade de Deus com brevíssimos momentos de repouso, Aoshi parecia multiplicar-se na sala, dando a impressão de conseguir, sozinho, cercar seu adversário. A mesma técnica empregada muitos anos antes, quando Aoshi ainda trabalhava com Hannya, Shikijou e Hiotoko. Naquela oportunidade, Aoshi foi vencido pela velocidade superior de Himura, que defendeu os três golpes com a ponta da bainha de sua Sakabattou. Desta vez, porém, o mais veloz era Aoshi e Kenshin sabia que, mesmo que o outro tivesse que abandonar o movimento circular para atacar, não teria tempo suficiente para se defender ou contra-atacar. Não sabia de que posição na sala sairiam os golpes, mas tinha a plena certeza de que não poderia esboçar qualquer tipo de defesa, certamente. Arregalou os orbes dourados e, sacando a katana que ainda se encontrava na baínha, aguardaria o momento certo para revidar.

– Exatamente Himura... - Comentou Aoshi, ainda com a voz onipresente. - É a mesma técnica que lhe deu a primeira vitória de nossa história. Desta vez, porém, não deixarei as coisas tão fáceis para vocês...

Kenshin rangeu os dentes com violência, firmando as pernas com força contra o chão de madeira lustrada. Seria agora o momento decisivo da luta. A voz de Aoshi soou uma última vez vinda de todos os pontos da sala:

– Estilo Kodachi Nitou Ryu... Kaiten Kenbu... ROKUREN!

CONTINUA!!!


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo:

O Derradeiro Fim!



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