Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai


Capítulo 12
Inimigo Declarado


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

"– Vamos, Battousai... Vamos ver do que você é capaz!

Kenshin acenou com a cabeça, demonstrando concordar com o desafio do espadachim. Depois bradou, com um sorriso desdenhoso estampado no rosto:

— Esta é a técnica suprema do estilo Hiten Mitsurugi... A 'Inspiração do Vôo Divino do Dragão'... AMAKAKERU RYU NO HIRAMEKI!"



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Kenshin lançou-se sobre o homem em uma velocidade que jamais havia sido sequer imaginada pelo alvo. A espada, ainda dentro da bainha, era pressionada fortemente pela mão de Kenshin e suas pernas lançavam-no em direção à seu oponente furiosamente. Quando o battousai já estava suficientemente perto, uma última e violenta impulsão foi aplicada com sua perna esquerda em direção aos céus e a katana que repousava dentro da bainha foi sacada violentamente em direção ao peito do inimigo.

Depois, enquanto o corpo de Kenshin girava no ar e tocava novamente o chão, o corpo do outro homem fora lançado a vários metros e parou ao atingir uma árvore que crescia no quintal do templo. A espada do homem, que havia sido colocada em frente ao mesmo na falha tentativa de parar o violentíssimo golpe do hitokiri, estava partida de forma oblíqua ao sentido da lâmina. O peito do homem havia sido aberto com uma violência e uma brutalidade que jamais havia sido presenciada pela jovem Akira, que permanecia estática observando o corpo mutilado do alvo de Kenshin.

A lâmina da espada de Kenshin, que havia facilmente decepado a espada do inimigo, adentrou no corpo do outro homem na altura do tórax e lhe abriu o peito até o ombro esquerdo. Já na metade do caminho, Kenshin havia atravessado totalmente o corpo do alvo mas a lâmina não havia perdido força ou se desviado de sua rota original. Da região centrímetros abaixo do peito esquerdo até o ombro do homem, agora era possível ver o gramado vermelho que estava sob o corpo sem vida do espadachim atingido. Seu olhar desesperado mantinha-se na face, demonstrando que o golpe recebido fora tão veloz que não deu ao oponente a menor chance de sequer fechar os olhos e orar aos deuses. A cena nausearia qualquer um, e não foi diferente com Akira.

A jovem sentiu-se enjoada e agachou próxima da parede que a protegia da batalha, devolvendo ao chão toda a comida que ainda estava em seu estômago. Tossiu duas ou três vezes e depois reergueu-se, limpando os lábios com a manga do kimono que vestia. Voltou seu olhar para Kenshin.

O rapaz estava parado exatamente onde pousara de seu "voo". Caído sobre seus joelhos, o ruivo não tirava os olhos do alvo por um segundo e nem mesmo piscava naquele momento. Era sabido que o movimento supremo do Hiten Mitsurugi era uma faca de dois gumes, e a chance do espadachim se ferir gravemente com ele era muito grande. Kenshin apoiava o braço esquerdo sobre a perna afim de tentar fazer o violento sangramento parar, mas ainda mantinha seus olhos dourados no alvo. Ele nunca havia presenciado a execução do golpe com uma verdadeira espada japonesa e, apesar de saber que o movimento não chegara perto da perfeição, não podia acreditar no estrago que ele pôde fazer no corpo do homem utilizado como alvo.

Uma fortíssima cãibra apoderou-se das pernas de Kenshin, que caiu lentamente ao chão rangendo os dentes e tremendo freneticamente.

– Oh não... Ele está em choque!! - Comentou consigo mesma a jovem doutora Akira, enquanto corria em socorro do espadachim que havia salvado-lhe da morte.

Colocou os braços sobre os ombros de Kenshin e os pressionou fortemente contra o chão enquanto bradava eufórica, encarando o homem caído:

– Senhor Himura! Kenshin! Me responda Kenshin! Acorde! Por favor não me deixe agora...

E como que atendendo ao pedido da jovem moça que já havia começado a chorar desesperada, Kenshin parou de se sacudir e foi abrindo os olhos lentamente.

– Ka... o... ru... - Gaguejou o espadachim enquanto delirava nos braços da médica que pressionava a coxa esquerda tentando estancar a hemorragia.

Mais dois ou três minutos se passaram até que ele acordasse completamente. A médica sorriu ao ver que o paciente já havia recobrado a consciência e olhou fundo nos olhos dele, perdendo-se nos mesmos. Kenshin piscou lentamente e evitou o beijo virando a face no momento apropriado. A moça ruborizou nervosamente e pôs-se de pé caminhando em direção ao interior da casa:

– Fique aí pressionando a ferida na perna, senhor Himura. Volto em alguns instantes com uma faixa.

Porém, quando chegou próxima a abertura feita na parede e fez menção a entrar pela mesma, foi impedida por um par de braços largos que vinham de dentro do quarto. Ela deu mais dois ou três passos para trás e o dono dos braços movimentou-se para frente, aparecendo na fenda construída na parede e voltando-se para Kenshin.

– Himura, Kenshin... Hajime, Akira... Hoje deve ser meu dia de sorte. Venho até aqui para deixar uma mensagem ao irmão da doutora e encontro ninguém menos do que Battousai, O Retalhador!

Kenshin arregalou os olhos quando ouviu aquela voz. Rapidamente ergueu a face e observou o homem que o interpelava.

Era alto e moreno. Os braços brotavam de um kimono azul marinho sem mangas, e haviam ganhado muita massa muscular. O cabelo havia aumentado, e pendia solto sobre os ombros do homem. A face havia ganho uma cicatriz horripilante, mas os olhos eram inconfundíveis. Frios e distantes, azuis... Os mesmos olhos azuis que Kenshin já havia encontrado em batalha, se mostravam diante dele novamente após todos aqueles anos. O homem virou-se e voltou novamente de dentro do quarto com uma tigela de arroz, que degustava calmamente enquanto prosseguia com seu discurso:

– 'Amakakeru Ryu no Hirameki'... Você, meu caro Battousai, não me parece em um estado apropriado para um "voo" tão desgastante, não é mesmo? - Aoshi sorriu, enquanto terminava de mastigar o arroz. - Mesmo assim, foi realmente surpreendente ver o que o Hiten Mitsurugi pode fazer com uma espada de verdade... Em condiçõs normais, não tenho dúvidas de que o golpe teria partido o senhor Kaguya ao meio facilmente. Mas... Olhe para você agora. - Ele fez uma pequena pausa e colocou um pouco mais de arroz na boca com os hashis que segurava. Depois mastigou levianamente e engoliu, continuando. - Mmmm... Você está um lixo, Battousai! Neste exato momento eu não tenho dúvidas de que poderia vencê-lo facilmente com esses dois hashis. Mas não o farei.

Aoshi caminhou lentamente até o corpo desfalecido de Kaguya e o ergueu com um dos braços. Depois fitou Kenshin por mais alguns segundos e comentou:

– Sua presença no Templo Sugayra, ao lado da irmã de Saitoh, só pode significar uma coisa: Você aceitou a proposta do lobo! Neste caso... Senhor Himura... Nos encontraremos em uma oportunidade mais justa para nós dois, e então travaremos nossa luta até a morte. Uma morte limpa, uma morte honrada! Por enquanto, posso apenas lhe deixar meu profundo desejo de melhoras e uma pequena lembrancinha, para que se lembre de como foi este momento e de como ele poderia ter sido...

Dizendo isso, Aoshi atirou em Kenshin os dois hashis que ele utilizava para comer. Os objetos possuíam pontas metálicas muito afiadas, e Kenshin não teve tempo de se desviar dos pauzinhos, que atravessaram o ombro esquerdo do rapaz causando extrema dor e desconforto. Kenshin gemeu ao receber o golpe mas sabia que nada poderia fazer.

Concentrou-se apenas nas palavras de Aoshi:

"Sua presença no Templo de Sugoyra, ao lado da irmã de Saitoh, só pode significar uma coisa: Você aceitou a proposta do lobo..."

Então era esta a identidade do irmão de Akira, e que ela não queria me revelar? Que proposta era esta? Do que Aoshi estaria falando?

Ao longe, o som do galope de vários cavalos fez brotar um sorriso misterioso na face de Aoshi.

– Saitoh... Como sempre, o lobo está atrasado. Nos veremos novamente Himura... Sayonara, Hitokiri Battousai!

Dizendo isso, Aoshi deu as costas aos dois habitantes do templo, e partiu saltando por sobre o muro do templo. A menina correu em direção a Kenshin, que já começava a fraquejar novamente. Com os olhos cheios de lágrimas, a garota comentou com voz baixa e trêmula:

– Graças a Deus... Pensei que Aoshi fosse te matar... Não se preocupe Kenshin, você ficará bem... Você ficará bem...

CONTINUA!!!


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo:

O Novo Zanza



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