A garota ruiva estava sentada no chão de seu quarto conversando com Marlene, tinha uma hora que havia deixado a casa de Remus. A maçã que ele lhe dera não ajudara a desfazer aquele sentimento estranho que ela sentia, nem um demorado banho havia ajudado. Ela tinha ligado para Dorcas, uma outra melhor amiga sua; era bem mais calma e centrada que Marlene, fazia mais o tipo de Remus, mas não chegava a ser tão centrada quanto ele. A loira tinha uma imaginação fértil, e isso fazia com que Lily gostasse dela (e com que pudesse contar a ela as coisas que sentia, o que normalmente acabava com Dorcas falando alguma coisa sobre sensitivos sobrenaturais).

Marlene, que parecia se encaixar mais nessa coisa de sensitivo, deve ter tido alguma visão de Lily ligando para Dorcas, pois 8 minutos antes da loira chegar a morena estava batendo a sua porta. As duas se davam bem, Marlene e Dorcas, com Lily formavam um (estranho) trio.

– Sabe Lily, eu acho que você está andando demais com aquela turma gótica da escola. – murmurou Marlene enquanto comia alguns dos morangos que Dorcas havia levado para a casa da ruiva – Eles devem ter feito algum ritual com a sua foto no meio, agora você está com essa coisa de frio na barriga; fica de olho, daqui alguns dias algo pode sair daí de dentro, como aquelas lesmas de filmes.

– Ou um Sea Slug. – opinou Dorcas.

– Ou isso que ela disse, seja lá o que for. – Marlene deu de ombros – Ou pode ser apenas uma ressaca, eu já tive uma dessas também;

– Eu não acho que seja o caso, Lene. – disse Dorcas e Lily assentiu, não era a ressaca, ela sabia – Eu ainda acho que vocês devem reconsiderar minha hipótese de Lily ter algum tipo de poder, se ela sentiu essa coisa é porque algo ruim está vindo.

– O inverno. – disse Lily sorrindo, tirando risadas baixas de Marlene e um olhar repreensivo de Dorcas – Desculpe, continue.

– Você tem que começar a reparar para podermos tirar uma conclusão. – a loira disse pegando um morango – Como, por exemplo, quando começou a sentir?

– Quando eu acordei hoje. – a ruiva tentou relacionar todas as vezes que havia se sentido assim, não havia nada de comum em nenhuma das ocasiões.

– E na noite anterior ela tinha ido à minha festa e tomado todas, então ressaca, caso encerrado. – Marlene disse pegando um objeto aleatório jogado no chão e batendo no chão como em uma espécie de tribunal improvisado.

– Não sei não, eu sempre senti uma força estranha vinda de Lily. – Dorcas comentou e Lily arregalou os olhos.

– Por que nunca me contou que eu te passo vibrações estranhas? – Lily estava com uma voz esganiçada, o que fez Marlene colocar as mãos nos ouvidos e revirar os olhos.

– Vibrações estranhas. – debochou a mesma.

– Ah Lily, não é nada demais, um monte de gente que eu conheço me faz me sentir assim. – Dorcas falou rápido, como se tivesse sido um erro tocar no assunto – Veja, sabe aquele seu amiguinho bonitinho?

– Remus? – Marlene sorriu com a língua entre os dentes e Lily soltou uma risada.

– É, esse mesmo. – Dorcas abaixou o rosto por alguns segundos, antes de voltar com o rosto um pouco mais vermelho do que de costume – Eu também sinto essa força quando estou andando perto dele.

– E quando que você fica andando perto dele, Dorquinhas? – perguntou Marlene, se segurando para não rir.

– Pare com isso, Marlene. Somos da mesma escola, nos esbarramos sempre. – Dorcas se levantou do chão e foi se deitar na cama de Lily.

– Você deve planejar metade disso, te conheço Dorcas. – Marlene sorriu e se levantou também, sendo seguida por Lily.

– Mas falando em romances... – Dorcas começou com um sorriso malvado estampado no rosto – Como vai aquele garoto que você ta de olho há anos?

– Eu não estou de olho nele há anos, são só alguns meses. – retrucou a morena enquanto se sentava de um lado de Dorcas, enquanto Lily ocupava o outro – Mas e você, ruiva? Faz tempo que não te vejo caindo em cima dos machos.

A mesma revirou os olhos e balançou a cabeça levemente em forma de reprovação, ela nunca fora de “cair em cima dos machos”, claro, já tivera alguns namorados, mas nada como Marlene e a infinidade de garotos que andavam atrás dela. Dorcas também não era nenhuma Lene da vida, mas havia tido mais homens que Lily, havia parado recentemente com os garotos depois que conheceu Remus. A ruiva e a morena sempre tentavam empurrar a loira pra cima do garoto, tentativas totalmente frustradas, uma vez que Remus fosse de certa forma tímido, e Dorcas fosse mil vezes pior que ele.

– Fiquei sabendo que chegou um garoto novo na cidade, eu o vi esses dias. – Dorcas comentou depois de alguns momentos de silencio – Um garoto novo BONITO na cidade.

– Não brinca. – aquelas palavras foram o suficiente para chamar a atenção de Marlene, que após ter sido rejeitada por Sirius Black, não estava em seus melhores dias.

– É, mas esse não é pra você, é pra Lily. – Dorcas sorriu maliciosa.

– Ah, só porque é gato. – Lene revirou os olhos e logo depois os fechou.

– Que nada, primeiramente, eu passei por ele esses dias e senti a vibração, Lily. – Dorcas olhou para a ruiva de esguelha – Talvez seja o par perfeito.

– Se todos com que você tivesse sentido essa coisa fossem o par perfeito dela... – começou Marlene – Então o seu homem também estaria nesse meio.

– E em segundo lugar... – Dorcas fingiu não escutar o comentário de Marlene – Fiquei sabendo que ele está procurando uma ruiva.

– Procurando uma ruiva? – a morena começou a rir – Como você sabe disso?

– Meu pai disse que ele se encontrou com o garoto porque ele precisava de um quarto no hotel. – Lily se virou completamente para Dorcas para ouvi-la melhor – E ele disse que estava procurando uma ruiva.

– Isso é uma coisa um pouco estranha para se falar para alguém que você não conhece. – disse Lily – Ele deve ser louco.

– Não mais que você. – Marlene sorriu para a amiga, que deu um tapa em seu braço.

– Eu acho que ele estava procurando alguma pessoa ruiva que ele já conheça. – Lily estava tentando crer no melhor para o garoto.

– Meu pai falou que ele não disse nenhum nome, só falou sobre procurar uma ruiva. – Dorcas deu de ombro – Você deveria tentar falar com ele.

– É claro. – murmurou Lily – “Oi, sei que não nos conhecemos, mas eu gostaria de ser sua ruiva”. Fala sério, Dorcas.

– Seria engraçado. – Lene disse – Qual o nome dele?

– James... James alguma coisa. – Dorcas se virou para Lily – Ele é bem bonitinho.

– Tanto faz. – Lily deu de ombros e se deitou na cama. Sabia que uma hora ou outra suas amigas iriam empurrar-la para cima do garoto, assim como ela e Marlene faziam com Dorcas. Talvez fosse algum tipo de vingança.