A ruiva nunca pensou que entraria naquele lugar, talvez pudesse ter uma imagem mental de como seria pela descrição dada por Marlene, mas não que ela mesma colocaria os pés na casa de Sirius Black. Estava de certa forma aliviada por ter encontrado os dois meninos no meio do trajeto que estava fazendo para chegar ao galpão, e levando em conta que a noite já estava caindo dentre os céus, eles acharam que seria melhor que fossem para algum lugar mais seguro do que a velha casa de madeira. Todos pensaram em vários locais onde pudessem falar sem interrupção, levando em conta que da última vez Remus havia descoberto onde eles estavam; ao final da discussão, concordaram que o amigo da ruiva não sabia onde se localizava a casa de Sirius.

– Seja bem vinda ao planeta Sirius. – o moreno disse enquanto abria a porta para que James e Lily entrassem.

A garota revirou os olhos e entrou com cuidado, sempre olhando para o chão, nunca se sabe o que pode se encontrar em casa de meninos. Lily sempre imaginara que casas de garotos se resumiam em roupas jogadas por todos os cômodos, comida de outro dia embaixo da cama e animais mortos espalhados pelos cantos; talvez estivesse vendo filmes demais. A casa de Sirius era bem diferente disto, na verdade, lembrava vagamente a casa da ruiva. Ela já ouvira Marlene tentando adivinhar como seria a casa de Sirius, nenhuma de suas teorias passavam perto do que realmente era (já que todas continham a frase “deve ter objetos sexuais pra todo canto”). Lily fizera uma careta, não queria saber qual seria seu fim quando a morena descobrisse que esteve na casa de Sirius antes dela.

– Okay, er... – a garota, que estava parada no meio da sala de estar, se virou para os dois meninos que ainda estavam perto da porta – Eu não posso me demorar muito.

– Vamos ser rápidos. – James disse entrando e se jogando na poltrona mais próxima, parecia estar acostumado a fazer isso.

– Como o Ligeirinho. – Sirius se jogou em outra poltrona enquanto James o encarava franzindo a testa.

– Ligeirinho?

– Um rato de desenho. – o garoto deu de ombros e voltou seu olhara para Lily – Sente-se, ruiva.

A garota se sentou lentamente em um sofá que ficava entre as poltronas dos garotos, ela se sentiu desconfortavelmente observada e pigarreou, fazendo com que os dois parassem de olhar para a mesma.

– E então? – ela perguntou enquanto se virava para encarar James, que já havia voltado a encará-la antes disso.

– Então o que? – Sirius e James falaram em uníssono.

– Como assim “o que?”? Sirius falou para me encontrar com vocês.

– Na verdade... – Sirius começou – Eu falei que você sabia pra onde ir.

– Ir encontrar vocês! – a ruiva olhou nervosa para o moreno, que por sua vez sorriu, achando graça na irritação da garota – Vocês entenderam o que eu quis dizer, desembuchem.

Os dois trocaram olhares, decidindo o que exatamente falar. Depois de alguns segundos medindo as palavras, James começou:

– O que você viu?

– A Leonor, como você falou que era pra fazer! – sua fala ainda demonstrava sinais de raiva – Por quê? Eu também não interpretei sua mensagem de forma correta?

– Não é isso. – ele olhou feio para Sirius, que continuava achando graça da situação – Você percebeu algo, certo?

– Que somos parecidas? Não dá para não notar. – os dois meninos trocaram olhares novamente – Mas que conexão que tenho com ela? Eu encontrei um homem por lá, ele disse que Leonor não tinha irmãos, eu não posso ser um tipo de parente ou coisa assim, é impossível.

– O impossível está se tornando possível ultimamente. – James passou as mãos pelo cabelo – Mas você está certa, não é um tipo de bisneta de algum irmão inexistente.

– Então...? – ela olhou para um para logo depois olhar para outro, tentando, talvez, intimidá-los para que contassem algo.

– Não teria graça se déssemos a resposta na bandeja para você. – disse Sirius sorrindo, recebendo um olhar repreensivo e, ao mesmo tempo, divertido de James.

– Não é bem assim. – o outro tentou esconder a risada que quase saiu de sua boca – Não podemos te contar com todas as letras, Lily. Você terá que descobrir por si mesma.

– Eu pensei que vocês fossem me ajudar a descobrir sei lá o que vocês querem que eu descubra. – ela revirou os olhos e jogou a cabeça para trás.

– E nós vamos; não podemos contar para ti... – James a encarou – Mas podemos te ajudar a chegar até as suas respostas.

– Como estivemos fazendo recentemente. – Sirius se espreguiçou – Nós te mandamos até King’s Boulevard.

– E até a galeria também. – os garotos sorriram um para o outro como se dissessem que metade do dever estava completo – Não damos as respostas, mas te levamos até onde você pode encontrá-las.

– Então... – Lily se levantou e encarou os dois – Vamos continuar brincando de caça ao tesouro por mais um tempo?

– Até que você saiba tudo. – quando James disse isso Lily se lembrou da briga que este tivera com Remus; James queria contar-lhe algo que Remus aparentava querer esconder. Ela se sentiu tentada a perguntar sobre isso, mas o garoto parecia ter lido sua face.

– Não se importe com aquilo. – o moreno deu de ombros – Mas não pode contar para Lupin que nos encontramos, entendido?

– “Sim, senhor”. – Sirius disse rindo, sendo acompanhado pelo amigo.

Lily se permitiu sorrir, queria continuar com aquilo, mesmo parecendo um pouco louco demais; afinal o que de ruim poderia acontecer com ela se aquilo fosse apenas uma brincadeira? Nada vinha na mente dela. Nada possível. E então as palavras de James ecoaram em sua cabeça, fazendo com que sentisse calafrios. “O impossível está se tornando possível ultimamente”.

– Lily? – a ruiva virou-se para James.

– Sim?

– Quer ir pra casa agora? – ele perguntou ainda com um sorriso no rosto – Ainda temos aula amanhã.

– Como esse cara consegue sorrir enquanto fala sobre escola? – Sirius murmurou divertido.

– É melhor eu ir mesmo. – ela disse indo em direção a porta.

– O planeta Sirius agradece sua preferência. – Sirius marchou até a porta e a abriu para que Lily passasse, a garota, por sua vez, ria baixo enquanto passava pelo menino.

– Ei Lily! – James a chamou e a mesma virou em direção a ele – Você nunca teve curiosidade de saber como que seus pais te acharam?

A caça ao tesouro não pode parar.