Garota Imperfeita escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 17
Quem sou eu?


Notas iniciais do capítulo

Repostaaandooo



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Sempre tive dificuldades pra escrever sobre mim. Sabe como é, dizer quem sou. E não é só porque é uma coisa muito pessoal, uma coisa que devia ser minha e não quero ter que compartilhar com ninguém.

Quero dizer, tem um pouco disso também. Se expor dessa forma, é algo que requer uma certa quantia de coragem. Pensa só, alguém lendo seu diário. Isso não é legal, é uma sensação horrível, de pânico e motivo pra chorar.

Mas o problema, lá no fundo, é que tem vezes nem sei quem sou. Eu tenho filmes, séries, livros e artistas favoritos. Porém, isso não constitui a minha personalidade, certo?

Okay, vamos lá. Tenho que fazer uma ficha sobre mim. O quão difícil isso é? Não é impossível. Me olhar no espelho e analisar minha aparência, sem problemas. Afinal, quem não gosta de observar de perto seus defeitos corporais?

Tudo bem, eu admito. Isso está mais difícil do que pensei. Dizem que ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos. Então por que razão a minha folha continua em branco?
A doutora Caitlin devia ser mais específica. Como assim personalidade? O que exatamente essa mulher quis com isso?

Indo para o básico, é de lá que tenho que começar. Só que...  Me deparei com uma pergunta intrigante. O que é personalidade mesmo?
Vejamos... personalidade. Que palavra hein. Tão simples, mas tão poderosa.

Pra mim, personalidade é aquilo que nos define. Não, isso faz parecer que somos uma mercadoria e algo fica nos catalogando. Melhor, personalidade é como nós mesmos nos definimos. Somos calmos? Quietos? Raivosos? Do que gostamos, o que queremos?

Eu sou Katherine Sanches. Na maior parte do tempo, não gosto do meu sobrenome, então uso o de algum personagem que gosto. Na outra parte do tempo, apenas ignoro ele.

Mudo com muita facilidade de humor, basta uma palavra pra me deixar irritada ou com a mão fechada em punho.

Não tenho certeza sobre o que as pessoas pensam quando olham pra mim. Acredito que minha mãe vê uma incógnita. Aliás, ela vive me dizendo coisas como "nem te reconheço mais" ou "nem sei a quem puxou. A mim não foi, não sou assim".

Ela diz que não é de ficar julgando, mas vive criticando o que faço ou deixo de fazer. Tem dias que me sinto num campo minado, como se estivesse pisando em ovos. Tenho que pensar bem no que estou falando, fazendo. Minha mãe parece prestar atenção em tudo de mim, só pra me jogar na cara. Sabe como é, usar de argumento e munição em brigas e discussões futuras.

Eu vou ter que me basear nas coisas que gosto mesmo, só assim pra me entender.

Sou aquela garota que não sabe ao certo o que quer da vida. Que é super indecisa, e que leva séculos pra sacar alguma coisa ou tomar uma mísera decisão.

Sou aquela garota que já fez merda, e que se arrepende de certas coisas. Algumas palavras que eu disse magoaram pessoas, e me arrependo amargamente delas. Tem aquelas coisas que eu não disse, e isso fez com que amigos se afastassem. Me arrependo de atos que fiz, mas sei que me arrependeria mais ainda por não fazer.

Sei que não posso voltar no tempo, e que todas essas coisas foram uma lição. Quem pode dizer se eu seria exatamente assim se tivesse feito de outra maneira?

Quero dizer, sei que não sou perfeita e que tenho meus problemas. Sério, sei que tenho muitas falhas e tenho muito pra aprender, pra concertar.

Porém, não posso dizer que me envergonho de mim mesma. Lógico que queremos ser melhores para as pessoas que amamos, melhores conosco. Mas do que adianta pensar tanto em como estou sendo vista pelos outros, se estou ignorando minha própria opinião? E do que adianta focar tanto num "e se", quando estaria fazendo algo mais produtivo mantendo os olhos abertos para fatos concretos?

Eu tenho essa luz dentro de mim, como todos os outros. E essa chama ainda se mantém acessa, e tenho medo dela se apagar.

Admito que tenho medo de me tornar uma adulta e começar a ver o mundo como os adultos veem. É uma visão sem alegria, sem tantas expextativas. Tragédia pra todo canto, quase sem esperanças.

Cada batida desse meu coração jovem significa um sonho. Tenho toda uma vida pela frente, mas quer saber? Não tenho pressa. Quero aproveitar cada momento, e fazer desses momentos algo inesquecível.

E eu vejo tantos adultos tristes, como se tivessem chegado ao fim da linha e não houvesse mais nenhum cenário bonito pra ver. Tudo são regras, tudo é rígido. Que mal faz tirar o pé do chão e viajar pelas nuvens um tiquinho?

O que eu quero dizer é, se é que estou dizendo alguma coisa, que ficar forçando por uma resposta não vai fazer com que ela apareça. Há momentos que você tem que partir pra voadora e resolver a questão no tapa, e tem momentos em que só se precisa de um instante para pensar.

Posso não saber ao certo quem eu sou, mas quem disse que preciso dessa resposta agora? Olha quantos anos terei pra pensar, refletir, analisar. Não dizem que a vida é um constante aprendizado, e que nunca aprendemos tudo?

Não achei meu objetivo ainda, mas não estou pronta pra concluir todos eles. Porque sinto que quando todas as minhas missões aqui na terra acabarem, será o momento em que irei dessa pra -assim espero- melhor.

Estou no começo de uma longa caminhada, e não tenho pressa. Ninguém pode me exigir respostas. Provavelmente vou mudar muito nos anos que vierem, e ainda darei risada do que estou escrevendo agora.

Mas essa chama, essa que me mantém com essa alegria no rosto, essa eu não quero que se apague. Essa eu não pernitirei que mexam. Trago desde a infância, e levarei até o túmulo.

Quem é Katherine? Uma incógnita não classificada. Mas pode ter certeza, é uma menina que não importa quantas vezes caia, ela vai se levantar. Do jeito dela, na velocidade dela.

Imagino que a doutora Caitlin não vá entender nada do que estou escrevendo, nem eu entendo ao certo. Só sei que estou tão inspirada que posso acabar escrevendo bem mais.


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Notas finais do capítulo

Sexta-feira tem capítulo novo o/



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