Garota Imperfeita escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 18
Reflexões Temporais


Notas iniciais do capítulo

São 5 da manhã e eu acabei de acordar. Não sei que horas ou que dias vocês irão ler isso, mas quero que saibam que agradeço você, leitor, por ter chegado até aqui



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A internet finalmente apareceu, e eu não podia estar mais feliz. Foi uma sensação incrível, como se alguém que eu amasse tivesse voltado de uma longa viagem.

Passei bem dizer o dia todo sentada no sofá, checando todas as minhas atualizações e vendo o que perdi nesses longos dias, e só tirei os olhos da tela do celular e computador pra olhar a tela da televisão.

Mais ou menos uma hora atrás, resolvi beber um copo d'água e dar uma passadinha no banheiro, pra aliviar a bexiga. Uma coisa levou a outra, e de repente eu estava fora de casa, sentada na entrada.

Fiquei sentada, sabe, sentindo aquele ar fresco e os raios de sol, o clima estava perfeito. Olhei pra cima, para o céu, e ele estava tão bonito e tão azul. Eu devia fazer isso mais vezes, ficar desse jeito.

Dica da GI para todas as garotas que um dia irão ler isso : saiam um pouco de casa pra fazer isso, tomar um ar.

Naqueles minutos em que fiquei ali, tomando aquele ar gostoso e admirando as nuvens, me lembrei de uma coisa que aconteceu a séculos. Não sei quantos anos eu tinha, acho que estava na quinta série.

Estava sentada na janela de um antigo quarto meu, fazendo exatamente isso que acabei de fazer, só tomando um ar. E me lembro de ter pensado :

"Um dia, estarei fazendo isso. Parada, admirando o céu e tudo ao meu redor. Ainda sou pequena, mas um dia, olhando pra cima, me darei conta do quanto as coisas mudaram, e do quanto evoluí. E sei que lá no fundo, ainda serei eu"

Não foi exatamente assim, claro, minha memória não é lá essas coisas. Só que realmente percebi o quanto as coisas mudaram e mesmo assim, meio que ainda reconheço quem sou.

Pensar tanto naquele lance de personalidade foi insuportável, exigiu um esforço imenso da minha parte. Porém, vejo certos detalhes com mais clareza. Vejo que o tempo mudou as pessoas, mudou todo o meu cenário, mas sempre deixa algo pra você.

Não moro mais naquela casa de infância; depois dela foram mais umas quatro. Meus vizinhos são outros. Não ouço mais aquelas músicas de ARROCHA, que a vizinha do lado colocava todo o santo dia no último volume pra geral ouvir. Não vejo aqueles garotos correndo pela rua de terra, sem parar. E em pensar que um dia, eu era parte daquele grupo. Fazendo bolinhos de terra e brincando de escolinha.

Os meus amigos são outros, do que adianta negar? Vinícius foi o primeiro melhor amigo que tive, mas ele mora em outro estado. Tentei dar continuidade a nossa amizade, já se passaram uns seis anos. Não tenho mais assunto com ele, nada, e não saberia dizer quem ele é hoje. Duvido que ele conseguiria dizer algo sobre mim.

Enterrei uma cápsula do tempo numa casa antiga, e nunca vou conseguir ler o que escrevi. Devo ter feito 10 pedidos, não me lembro de todos. Saúde pra minha família, um celular. Não importa mais, isso ficou no passado. Talvez eu fizesse pedidos diferentes hoje, exceto sobre esses dois que lembro.

Top 5 : Pedidos

1) Saúde e felicidade para os membros da minha família.

2) Um celular novo, porque o meu ta um desastre.

3) Conseguir acompanhar todas as séries que quero, e me manter atualizada com eles.

4) Criar um blog, quem sabe?

5) Me dar bem na nova escola.

Sim, eu mudei bastante. Mas a garota que vê o tamanho do significado de olhar para o céu continua aqui, mesmo que esteja adormecida.

E minha família está aqui, do meu lado, aconteça o que acontecer. Faça chuva ou faça sol, sempre aqui.

Pra que se prender ao passado? É importante relembrar, mas e o aqui e o agora?

É bem capaz de eu fazer outra capsula do tempo, e talvez mandar uma mensagem ao meu ex melhor amigo. Posso até tentar conversar com a Bianca, ela não está muito longe.

Sim, sei que vou mudar mais ainda. Depois dessas férias, poderei começar de novo, e ser quem eu quiser. Posso mudar meu estilo, escolher o lugar em que me sentarei na sala de aula. Posso escolher quem vai ser minhas novas companhias, e poderei fazer amigos.

Vou me nostalgiar lembrando da minha antiga escola, tanto com as histórias que tive quando as que poderia ter tido. Me lembrarei daquelas pessoas, e das situações em que me meti.

Amadurecer pode ser isso, seguir em frente, mas sem esquecer do passado.

Escrever nesse diário pode não ter sido ideia minha, no fim das contas, e nem sempre é fácil colocar todos os meus pensamentos e minhas opiniões. O medo de que alguém possa ler e que eu seja mal interpretada é muito forte.

Por que somos assim? O que queremos? O que vamos ser? O ano novo está chegando, um novo recomeço vem aí.

Vai ser um novo ano pra mim, em todos os sentidos da palavra. E é o meu penúltimo ano na escola, e isso tem que significar alguma coisa.

A minha internet voltou, e acho que aprendi uma lição com essa distância dela : é necessário equilibrar o mundo virtual do real. Sentir mais a natureza pode ser uma boa, o que não significa que virarei um bicho do mato.

Blogs, RPG's, vídeos no youtube, meus amigos do mundo online, estou voltando pra tudo isso. Mas não vou deixar de me concentrar em outras coisas.

Espairecer, essa é a palavra de que preciso. Amanhã irei ter uma consulta com a doutora Caitlin, onde entregarei minha ficha, e provavelmente terei que ficar falando sobre aquilo, mesmo que já tenha superado o assunto.

Ainda espero pela chamada de vídeo com o doutor Mitchell, meio que... não sei, ele era legal.

Acho que por hoje é só, queria apenas deixar registrado esse tanto de pensamentos desorganizados. Estou bem feliz, mesmo que não pareça, e pronta pra passar por essa nova porta.


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