Minha mãe decidiu se mudar. Jâ que eu iria ter que mudar de escola de qualquer jeito, não só eu quanto meus irmãos, ela não viu nenhum empecilho nisso.

No começo, tenho que confessar, não levei muito a sério não. Quero dizer, sem ofensas, minha mãe vem falando de se mudar para o interior faz, tipo, uns três anos. Então aparece coisas empacotadas, e ela jogando uns trecos fora, e um desespero foi creecendo dentro de mim.

Por mais que eu não seja a melhor amiga da Bianca, vou sentor falta das maluquices dela. Assim, eu tenho lembranças delas e das coisas que a dita já me meteu.

E tem as conversas com a Arianne, a garota que poderia ter sido minha amiga num futuro alternativo, a gente tava quase se entendendo.

Eu tenho pensado em muita coisa, e sei que preciso escrever isso pra não me esquecer. É essa sensação, esse buraquinho que se abriu em mim e por mais que eu tente, não consigo fechar.

Parece idiota, eu sei, mas eu nunca mais vou poder ver aquele carteiro. Engraçado, ele sabia meu nome, e eu não sabia o dele. E nunca mais vou ter a chance de perguntar, porque estou me mudando hoje.

Tem a velha safada, una senhora de uns quarenta e todos que tem uma pequena mercearia. Ela vive roubando dinheiro dos clientes, tem que ser esperto com ela e conferir o troco. Às vezes, eu chegava lâ pra comprar uma garrafa de refrigerante, perguntava o preço e ela dizia :

– Depende. Quanto você tem?

O preço do refri dela muda mais do que a música que está no topo das paradas musicais.

Tinha o senhor da papelaria, que sempre me dava um troco a mais. E eu sempre voltava pra devolver, ne, porque sou honesta.

Tem a padaria, cujo café da manhã e lanche da tarde eu evitava comprar ali. Eu já vi mosquitos voando dentro daquelas prateleiras, obrigado mas eu só comprava mesmo era o leite ali. Em compensação, a maioria dos funcionários eram extremamente educados e simpáticos.

Vou sentir falta de andar por aquelas ruas, de ver aquelas pessoas. Será que os donos de estabelecimentos vão sentir minha falta?

Tipo, o cara dos salgados, eu ia lâ comprar salgado quase todos os dias. Como ele vai saber que eu me mudei? Quando vai perceber que perdeu uma cliente fiel?

E vem a escola, o mais terrìvel de todos. Sei que eu reclamo de boa parte dos professores e dos alunos, mas veja bem, eu sou obrigada a olhar pra cara deles quase todos os dias. Vejo mais essas pessoas do que certos parentes meus.

E os meus amigos? Duvido que eu vá conseguir manter contato com todos eles. Quero dizer, com algumas pessoas, não dá pra conversar por redes sociais. Só tem assuntos quando estamos frente a frente.

E pensando melhor nisso, acho que ter amigos virtuais é bem melhor. Quero dizer, sei que tem o risco deles serem sequestradores, aliciadores ou algo pior, e que não dá pra eu ver eles, mas poxa... Posso mudar de continente, eles ainda vão continuar ali.

Enfim, só espero que tudo dê certo.

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Como eu pude pensar, nem que por um segundo, que as coisas poderiam dar certo? Sabendo que EU sou EU, alguma coisa errada tinha qur acontecer.

Pra começar, eu fiquei sabendo que vou passar um mês sem internet, porque parece que pra instalar o sinal na casa nova, vamos ter que passar por uma lista de espera e um monte de outra coisa. E sabem o que isso significa?

COMO PODEM FAZER ISSO COMIGO??? COMIGO, CARA? POR QUE EU???

Eu NECESSITO de internet pra sobreviver. Eu sou aquele tipo que qualquer coisinha, tenho que sair pesquisando no google. Como vou ouvir música, falar com meus amigos, ver as notìcias e tudo mais? Alguém me coloque numa clìnica de reabilitação para viciados, por favor?

Pra piorar, a televisão sô vai ser ser instalada depois do fim de semana, o que significa que eu não vou ter nada pra fazer. NADA.

Ta chovendo, estou presa em uma estação de trem, com frio, com sono e com tédio. Isso porque nós temos que esperar meu padrasto chegar, jâ que só ele sabe a onde é a nossa nova casa, e ele estâ ajudando na mudança dos móveis.

Tudo o que eu queria era um tiquinho de âgua. Um copo de suco natural, um guaraná. E levantar minha bunda dessa cadeira dura. Só que se eu levantar pra fazer o que eu realmente queria, que era cantar e dançar, minha mãe provavelmente brigaria comigo.

Me sinto como Eustáquio quando ele chegou em Nárnia, totalmente perdida e reclamando de tudo. A diferença é que não estou em um navio do Príncipe Caspian, e nem tenho meu diário aqui, deixei na minha mochila. Tudo o que tenho é uma folha amassada e um lápis de cor preto.

Eu poderia estar jogando Amor Doce, reclamando no twitter, deitada na minha cama olhando para as paredes, assistindo Blindspot ou Limitless. Mas enfim, é isso ne.

Essa transportadora que está fazendo nossa mudança é lenta demais, e eu estou aqui, esperando eles acabarem. Que merda.

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Finalmente conheci minha casa nova, e não sei bem o que pensar. É mais pequena do que a anterior, e é bem organizada. Parece até um apartamento, sabe?

Mamãe está reclamando com a transportadora pelo telefone, porque eles demoraram muito pra fazer essa mudança. Espero que ela brigue com os caras da internet também. Trinta dias? Que povo é esse?

Sim, eu vou continuar reclamando, porque eu quero internet. Eu criaria un blog reinvindincando meus direitos, mas NÃO DÁ PRA CRIAR UM BLOG SEM INTERNET !!!

Amanhã mesmo, vou procurar algum estabelecimento com Wi-Fi aberto e vou acampar lá.

Depois de tudo isso, sabe o que eu mereço? Encontrar um boy magia enquanto eu ando nessas novas ruas.

Melhor, na nova escola que eu for estudar. Espero que tenha um super gatinho por lá, e que ele e eu comecemos uma história digna dos livros. Pelo amor de tudo, destino, não faça eu entrar numa sala que só tenha funkeiros.

E ainda estou morrendo de sono, eveu queria dormir, mas quero tomar um banho. Só que não instalaram o chuveiro. E eu estou com fome, e amei ter comido salgadinho o dia inteiro, só que cara, eu preciso de proteínas, quero arroz com cenoura e omelete com queijo.

QUERO INTERNET!!

Ai minha nossa, agora que parei pra pensar numa coisa. E o meu psicólogo?