Nebulosa Cristalis - Parte 1 escrita por Luccius


Capítulo 5
Capítulo 4: Todos os caminhos levam a Mecca




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"Não, Capitão, eu não faço idéia de para qual lado fica Mecca." - Ela falou, com aquele sotaque irritante, enquanto o olhava com desprezo. - "Eu nem ao menos sei o que é Mecca, Capitão. É um país?"

O humor de Natasha estava afiado naquela noite. Tínhamos um dia de folga para aproveitar, antes do lançamento. O Capitão resolveu tirar este tempo para rezar… Eu acho. Enquanto a piranha resolveu apenas piranhar pelos corredores, infernizando a tudo e a todos. Incluíndo a mim. Eu perdi a conta de quantas vezes eu apenas estava sentada olhando para o nada, quando ouvi:

"Treinando para quando morrer no espaço, pirralha?" - Ela dizia, enquanto afagava minha cabeça.

"Diferentemente de você, eu tenho um país inteiro esperando que eu volte. " - Eu respondia. De certa forma, era agradável observar sua cabeça abaixar, sem resposta. Eu finalmente havia descoberto o jeito de deixar a piranha sem palavras!

Segundo o dossiê, Natasha perdeu a família durante alguma guerra que ocorreu logo antes do Grande Desastre. Depois disto, começou a vagar por aí, fazendo um nome para si mesma. É de admirar que uma pessoa tão estúpida seja uma bióloga tão conhecida e respeitada, a ponto de ter sido chamada para o projeto junto comigo! Me dá raiva imaginar que ela é comparável a mim em capacidades…

"Capitão, já conseguiu encontrar sua namorada?" - Disse Natasha, mais uma vez, encarnando em cima de Ibrahim. A reação do capitão, dessa vez, foi menos passiva.

"Sim, o computador me disse que Mecca fica a Leste daqui. Mas, infelizmente, nem esta maravilhosa máquina consegue encontrar sua decência." - O capitão estava vermelho. Não sei se de raiva, ou de vergonha.

Foi quando Ibra.. O capitão… Terminou de falar, que Natasha avermelhou-se. Consegui ouvir perfeitamente o corte no ar, digno de uma espada forjada pelo grande Masamune. A marca no rosto de Ibrahim me fez rir. Rápidamente me levantei, e me pûs entre os dois, olhando irritada, mas sem conseguir segurar o riso, para Natasha.

"Você está louca?" - Gritei. - "Agredir o Capitão pode destruír a missão!"

"Louca é você, pirralha. Não se meta em assunto de gente grande!" - Retrucou Natasha, com as bochechas avermelhadas.

Os cabelos castanhos de Natasha estavam desarrumados, fazendo um contraste com o rosto, hora branco como a neve, hora vermelho. Olhei fixamente em seus olhos, com raiva. O esverdeado brilhava, e seu olhar não parecia agressivo como da última vez que tivemos algum embate. Seus olhos grandes e, assumo, belos, me traziam um enorme desconforto. Tal qual borboletas vivas passeando por minhas entranhas. Não queria mais olhar para aquela puta. Me virei e olhei para o Capitão, puxei-o pela mão e fomos até a enfermaria.

"Ushio…Não precisa…" - Ele disse, tentando tirar minha mão da mancha roxa.

"Fique quieto, Capitão. As unhas dela fizeram cortes na sua bochecha. Vou limpar tudo, aquela piranha deve ter doenças." - Respondi, rindo. - "Um, dois, três… Cinco dedinhos no seu rosto, Capitão!"

Eu e Ibrahim rimos. Passamos algum tempo ali juntos, conversando, enquanto eu passava alguns remédios e fazia um curativo. As unhas de Natasha eram enormes, e um dos cortes no rosto estava sangrando, o que me preocupou. Depois de algumas horas distraídos conversando, o Capitão foi para seus aposentos, rezar. E eu voltei para o meu quarto. Precisava descansar.

"Pois, não achas que passou muito tempo cuidando de um simples corte no rosto?" - Me interrompeu Natasha, logo no corredor.

"Não achas que não é da sua conta, piranha imunda?" - Respondi.

"Se você acha que não estou percebendo sua aproximação com Ibrahim, criança, você está sendo muito burra. Bajular o Capitão para conseguir regalias durante a missão não é um bom jeito de se trabalhar. Tenha o mínimo de responsabilidade!"

"Desencana, Natasha. Me deixe em paz." - Disse, enquanto corria para meu quarto e trancava a porta. Ouvi alguns passos, se distanciando cada vez mais.

"Patética." - Disse a voz quase inaudível do outro lado.

Eu tinha só mais um dia pela frente, antes da grande missão. Precisava acordar bem cedo. Tirei minhas roupas e me deitei. Lembrei dos domos de Osaka por algum tempo, dos jardins, das belas cerejeiras… Em instantes, meus olhos se fecharam, e sem perceber, dormi.


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