Nebulosa Cristalis - Parte 1 escrita por Luccius


Capítulo 2
Capítulo 1: A Lua Crescente


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está um pouco estranho, na minha opinião. Acho que me forcei demais a escrever algo maior, mas não acho que consegui.



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"Ibrahim..." - Eu disse, segurando talvez, a coisa mais nojenta que tive de analisar durante todo o treinamento: Um besouro mais ou menos do tamanho do meu braço.
"Precisa de ajuda, Ushio?" - Respondeu ele, em um tom bem acolhedor. Mesmo com tamanha gentileza, a lerdeza de Ibrahim me irrita profundamente. É óbvio que eu precisava de ajuda. Como esse palerma ousa perguntar algo do tipo? Arremessei o besouro em cima dele, que se assustou e saiu correndo dando gritos bem comprometedores. Tudo gravado pelas câmeras de segurança, e passados para o meu computador pessoal. Cortesia de Natasha, que tem um conhecimento de computação tão invejável quanto seus volumosos seios...

"Patético." - Diz Natasha, com seu puxado sotaque Russo, enquanto ri, observando o corajoso Capitão Ibrahim esquecer de desligar o campo de força da porta, enfiando a cara em uma bela parede invisível a olho nu, enquanto tenta fugir de um besouro morto.

Nosso treinamento se seguiu por cinco semanas vivendo em um grande simulador criado pelo projeto. Eu particularmente, gostava muito das sessões antigravidade. Natasha preferia quando haviam testes de sobrevivência, e o Capitão amava quando ia pilotar naves no simulador. Com o tempo, eu consegui aprender com Natasha como fazer uma fogueira improvisada, e como abrir e limpar os animais. Tarefa nojenta, mas depois de um tempo você consegue acostumar. Ibrahim tentou me ensinar um pouco sobre pilotagem, mas parece que desistiu depois de eu explodir a nave antes da decolagem umas trinta vezes no simulador.

Apesar de estarmos juntos todo este tempo, Ibrahim e Natasha foram muito fechados comigo... Não consegui conhecer muito sobre eles. Não possuía nenhum entendimento além de que Natasha era, realmente, uma piranha, e que Ibrahim era mais estabanado que um bode num corpo de elefante. Não havia tempo para conversarmos, dormimos em quartos separados todo este tempo, e quando parávamos juntos, era para aprender, treinar e estudar. Pelos cantos, diziam que não iríamos aguentar até o fim do treinamento, e que a missão seria um fracasso. Diziam que a última esperança da humanidade de conhecer o espaço iria morrer junto conosco.

"Eu não sou um fracasso..." - Desabafei, enquanto chorava em frente a Ibrahim. Era a décima quarta vez que não conseguia ao menos decolar a maldita nave no simulador. Em meio a lágrimas e desespero, sinto seus dedos dançando pela minha cabeça, tal qual um dono afaga um cão. Não me importei. No fundo, eu realmente precisava de um afago.

"Você não é um fracasso, Ushio. Sabe quantas semanas treinando eu passei até conseguir ligar os motores sem explodir pela primeira vez?" - Eu mexi minha cabeça, sinalizando que não. - "Sete."

"Mas você é normal... Eu sou Ushio! Sorata Ushio, a menina mais inteligente do mundo!" - Eu disse, sem entender que minhas palavras abriram uma ferida antiga em Ibrahim. Aparentemente, em seu país, ser normal envolve criar gado. Ibrahim passou a infância lutando contra esta situação, com todos em sua volta o lembrando de sua normalidade, declarando que, pessoas normais não possuem o direito de sonhar... Ibrahim Al Azraf, o primeiro astronauta Árabe, quebrou esta regra. Em sua vã insignificância, o Capitão estudou, batalhou contra tudo que o pudesse impedir, e, por fim, conseguiu. Participou de uma missão de resgate na Colônia Lunar Internacional, ficando lá por seis meses, salvando a todos os afetados pela estranha doença que atingiu as colônias lunares, algumas décadas depois do Grande Desastre.

"Desculpe se minha normalidade te incomoda, Ushio. Eu apenas estava tentando dizer que você está indo muito bem para alguém que começou agora. " - Ele disse, enquanto eu me levantava e caminhava em direção ao meu quarto. Estava cansada e, realmente, não queria ouvir conversas de um Árabe metido a astronauta.

Deitei em minha cama, e, aos prantos, cochilei. Faltava apenas uma semana para a missão, e eu ainda não havia aprendido a pilotar uma maldita nave.


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