A Âncora escrita por Nice Chick


Capítulo 2
O primeiro erro




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No final de semana Mathew me convidou para uma festa na casa de um tal de André, mas recusei já que Laura vinha me visitar. Era a primeira vez em 3 meses que iria vê-la. Sentia falta de seu abraço e suas doces palavras para me consolar. Finalmente ela viria. Eram duas da tarde quando a campainha tocou.

– Oii – disse ela animada. Da minha boa não saiu nada, só um sorriso bobo enquanto a abraçava. E, sim, ela é tudo pra mim.

– Oi – disse eu feliz.

Depois de botarmos o papo em dia, estávamos vendo um filme quando Mathew bateu na porta.

Atendi meio surpresa e antes mesmo de dar oi, Laura, que é muito intrometida, veio conversar com ele. Admito que ver minha amiga loira dos olhos azuis e corpo perfeito conversar com ele meio que me irritou. Não estávamos namorando ou nada, e ele não gosta de mim, mas odiaria ver eles juntos. A preocupação acabou quando me chamaram na conversa.

– Joanne porque nunca falou de mim para seus amigos? – disse ela meio triste. Confesso que com toda a mudança e a nova escola realmente não havia falado de Laura nos últimos meses.

– Desculpa – respondi com um sorriso sem graça.

– Bem, já que ela não falou de mim, o que me decepciona – disse ela fingindo chorar – eu mesma falo. Meu nome é Laura, tenho 18 anos e moro em NYC. Estou em Long Island para visitar minha suposta melhor amiga, Joanne Laurens.

– Muito prazer. Se você se apresentou, acho que também devo me apresentar. Meu nome é Mathew Adams, tenho 17 anos e moro em Long Island. Sou o rei de LIHS e sou muito bonito.

– Ok, vamos parar com a conversa agora. Mathew o que você está fazendo aqui?

– Vim lhe ver é claro

– Por quê?

– Porque sim – disse ele irritado. Ficara surpreso com a minha pergunta e eu feliz com sua resposta.

Ficamos o resto do dia assistindo filme e conversando.

No dia seguinte Mathew nos chamou para uma festa na piscina na casa de alguém. A festa era as três da tarde então logo depois do almoço fomos nós arrumar. Claro que demoramos muito para subir, já que minha mãe queria saber tudo sobre a vida dela. Parecia até que estava com mais saudades que eu. Quando finalmente subimos experimentamos uns quinhentos biquínis até que Laura criou coragem e perguntou:

– Você gosta dele, não gosta?

– Ele quem?

– O Mathew é claro!

As perguntas de Laura sempre me intrigavam. Seu olhar me comia e me transformava em ansiedade. Tudo que me perguntava me causava a sensação de que mesmo se mentisse ela iria saber, mas é sempre bom tentar.

– Não, ele é só um amigo – ao disser essas palavras até eu mesma percebi a mentira. Gostar de Mathew podia ser assustador, mas era verdade.

– Sei – disse ela como se pudesse ler meus pensamentos.

Depois de séculos escolhendo roupas fomos para a festa. Laura, por ser uma menina considerada linda logo se enturmou. A deixei com Sophia e fui atrás de Mathew. O encontrei no píer como sempre. Para variar estava fumando algo com Philipe. Sentei ao seu lado enquanto Mathew acendia um para mim.

– Não, obrigado – disse com firmeza. Afinal sou meio que contra drogas, mas ele insistiu.

– Vai pega, um baseado não mata ninguém – disse Mathew sorrindo. Infelizmente eu aceitei.

Depois de alguns baseados entrelaçados a gargalhadas os sons começaram a desaparecer. Pessoas a sumir. De repente o cenário mudou. Não me encontra mais no píer fumando com Mathew. Estava em um campo.

Papoulas.

O perfume das flores era intoxicante, penetrava a alma com a maior facilidade.

Nada parecia incomodar a não ser uma imagem no horizonte distante. Aparentava ser uma mulher, mas ao me aproximar a forma se transformava.

Uma criatura identificável. Era possível reconhecer os grandes olhos amarelos e os dentes afiados.

Minha percepção foi interrompida quando a fera partiu em uma caminhada lenta, mas ao mesmo tempo agitada. A única reação possível era segui-la.

A manhã seguinte parecia chegar como um furacão. A fumaça ainda ardia meus olhos quando me levantei e fui para a escola.

Logo que cheguei vi Mathew. Ele estava discutindo com Philipe. Esperei que terminassem de quase se matar com palavras e fui atrás de Mathew.

– Oi – disse eu, mas nenhuma resposta recebi.

E foi assim o resto do dia. Quando já tinha perdido a paciência chamei Sophia.

– O que que eu fiz?

– O pior possível – disse Sophia com cara de brava.

– Como assim? –perguntei, mas infelizmente Sophia me respondeu com a mesma expressão em seu rosto.

– Você deu em cima do Philipe...

As palavras de Sophia penetraram nos meus ouvidos como furadeiras. De repente a noite passada me voltou em flashbacks. Não podia acreditar que tinha me envolvido com Philipe, o melhor amigo de Mathew.

Depois de muitos baseados eu e Philipe pulamos no mar e começamos a nadar. Mathew falou que ia buscar comida e foi embora. No momento que saiu Philipe me beijou. Não era proibido tentar e a loucura me dominou. Nossos corpos abraçados ferviam a água salgada com beijos e pegadas. Obviamente Mathew apareceu minutos depois. Não me lembro de sua expressão, mas sua face ardia de ciúme. Laura de nada sabia, pois antes que qualquer um pode-se suspeitar, sai da água e fui atrás de Mathew, mas o perdi em algum lugar na multidão. Ela havia ido embora nesta manhã e sentia o tanto que a necessitava agora.

Dias se passaram e minhas tentativas desesperadas de pedir desculpas não adiantaram. Mathew achava que nem toda aquela bebida e drogas justificavam algo como isso. Depois de uma semana desisti. Não aguentava mais aquele olhar de raiva que substituía o olhar de felicidade que ele mostrava antigamente.

– Tudo bem! – disse aos berros – se amá-lo não é suficiente o transformo em ódio!

Minhas palavras lhe causaram espanto e ele se virou para mim, mas desta vez sorrindo.

– Você me ama? – suas palavras caíram como tijolos em mim. Não havia percebido o que tinha feito até o momento, então nada respondi. O silêncio calmante entre nós fazia com que cada vez mais as palavras sumissem na minha boca.


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