A Âncora escrita por Nice Chick


Capítulo 1
O início




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Mudança.

Odeio mudar.

Estava feliz da vida vivendo no centro, mas minha mãe e meu padrasto acharam que o subúrbio era melhor para meu desenvolvimento, apesar de já ter 17 anos. Justo agora que tinha começado a ter vida social. Amo festas. Onde vou arranjar vodka agora? Sei que estou parecendo meio maluca, mas não sou, só gosto de algumas bebidas e só fico bêbada em festas as vezes.

Minha melhor amiga, Laura, queria mudar comigo e quase convenceu seus pais a vir, mas a chata da irmã tinha que fazer uma cena e implorar para os pais, falando que ia sentir saudades, só para eles falassem não. Laura também tem 17, cabelos loiros, olhos azuis e um corpão perfeito. Às vezes até fico irritada com o tanto que ela é bonita. Mesmo não mudando, Laura prometeu que viria me visitar todo final de semana.

Aparentemente apresentações são importantes, então devo fazer uma. Meu nome é Joanne. Nascida no Brooklyn, NYC, estou com 17 anos e mudando para Long Island com meus pais e meu irmão Josh. Infelizmente. Não sei por que, mas além de estar saindo da melhor cidade do mundo ainda estamos nos mudando para uma casa antiga. Odeio casa antiga. Elas têm cheiro de mofo e 1950. Essa, particularmente, é desse jeito vezes cem. Os armários de todos os cômodos fedem e estão cheios de tralhas dos antigos moradores. O chão parece estar se partindo no meio toda vez que alguém o pisa.

Amanha já começo a nova escola. Mesmo depois de ter mostrado toda a empolgação possível para ficar e ajudar a terminar de arrumar as coisas, minha mãe insistiu que eu fosse.

Primeiro dia de aula é sempre estranho

Tipo muito estranho

Cheguei 15 minutos antes de a aula começar e me sentei no fundo. Antes mesmo de poder colocar meus fones uma menina veio correndo na minha direção.

– Oi, meu nome é Hillary. E você deve ser Joanne – disse ela.

– Oi. Sim sou eu mesmo – disse, assentindo com a cabeça.

Não gostei dela. Uma menina vestida praticamente com uma burca muçulmana e com voz de esquilo. Num primeiro momento podia jurar que ela tinha errado o caminho para o convento.

– Sou a representante de turma. Esse é seu horário – disse ela me entregando um pedaço de papel – Espero que sejamos grandes amigas!

Eu realmente esperava que não, porque não acho que aguentaria ela nem por mais um minuto, mas mesmo assim respondi.

– Ok, também espero que sejamos amigas! – foi uma resposta idiota, mas não liguei.

A aula ia começar e ainda estava morrendo de sono. Matemática. Uma professora gorda e reta entrou na sala com aquela cara de quem só esta ali porque precisa pagar as prestações do carro novo. Seu nome só aumentava as chances de minha teoria estar certa. Aline. Meu Deus, quem chama Aline?!?

Quando ela estava entrando um menino veio correndo pela porta e se sentou ao meu lado.

– Atrasado de novo Mathew?

– Sim professora...

Mathew era bonito. Cabelos castanhos, olhos verdes, corpo sarado. Apesar de acha-lo bonito me pareceu metido.

– Oi novata – disse ele sorrindo.

– Oi veterano – respondi

– Eu sou o Mathew. O rei de Long Island High School.

Como pode se ver estava certa. Metido, metido a besta.

Conversamos muito durante a aula, já que a demônia (como Mathew chama nossa professora de matemática) não sabe dar aula. Quando o sinal finalmente bateu, fomos almoçar.

Só naquele momento percebi como Mathew era popular. Na cafeteria sentamos na maior mesa e em alguns segundos, esta já estava cheia. Pessoas altas, baixas, bonitas, feias, magras. Rapidamente fui apresentada a todos. Philipe e Sofia eram os melhores amigos de Mathew. Sophia foi a que realmente gostei. Ela era meiga, mas controladora ao mesmo tempo. A mais popular do grupo, Sofia era rica e bonita, deixava todos na palma de sua mão. Sofia era latina e engraçada, já tinha 18 anos apesar de parecer 16.

Philipe era bonito. Mais que Mathew em alguns momentos. Cabelos loiros dourados e olhos azuis. Divertido e carinhoso, Philipe me chamou atenção. Diferente de Sofia, ele não era rico. Não tinha todos na palma de sua mão, mas pelo menos metade das meninas babava por ele.

– Joanne, quer ir a praia com a gente depois da aula? – perguntou Philipe, com um sorriso maroto na cara.

– Tudo bem

– Você tem namorado? – fiquei meio surpreso com a pergunta, mas respondi mesmo assim.

– Não.

– Quem sabe a gente pode... – antes de terminar Mathew o interrompeu.

– Pode parar por ai Philipe!

– O que? – eu disse – está com ciúmes?

Todo constrangido na frente de seus milhares de amigos, Mathew fez cara feia e se defendeu.

– Claro que não!

Ainda discutimos o assunto por muito tempo, mas mesmo assim Mathew não deu o braço a torcer. Depois do horário de almoço tivemos aula de geografia, ciências e história. No final da aula fomos para praia.

As praias de Long Island não são conhecidas por sua beleza, mas naquele dia a que fomos me fez sentir como se estivesse no paraíso. Sofia estava dividindo um cigarro com Philipe enquanto eu e Mathew conversávamos.

– Esta gostando de Long Island?

– Até agora me parece um bom lugar, mas nunca melhor que New York.

– Como se em New York você tivesse algum amigo como eu.

– Então somos só amigos, hein? – brinquei

– Isso depende de você meu amor, mas vou ter que checar minha agenda. – disse Mathew rindo. Brigamos um pouco por causa disso enquanto riamos sem parar.

– Quer nadar? – como não tinha biquíni somente respondi.

– Não.

– Por quê? – disse Mathew triste.

– Não tenho biquíni.

– E dai? Nada pelada!

– Ate parece que vou nadar pelada com um menino que mal conheço – respondi rindo. Mathew virou para Sophia e Philipe e disse.

– Pessoal, vocês querem nadar?

– Claro – responderam os dois quase sincronizados enquanto tiravam a roupa. Em minutos Sofia entrava de calcinha e sutiã no mar junto a Philipe somente de cueca.

– Você não vem? – disse Mathew enquanto tirava a roupa. Seu corpo era lindo e me senti animada depois que ele estava só de cueca.

– Pode ser.

Mal tinha tirava a blusa e o short Mathew me pegou nos seus braços e saiu correndo em direção ao mar. Nadamos ate escurecer depois fomos para uma festa na casa de um menino chamado Jake.

No dia seguinte acordei com minha mãe aos berros. Ainda estava com a roupa do dia anterior e minha cabeça estava explodindo. Quando desci para tomar café a luz do sol parecia me queimar e minha mãe ainda fez questão de gritar na minha cabeça como tinha chegado tarde e cheirando vodka.

Obviamente foi minha primeira ressaca em Long Island. Da noite passada nada lembrava. A única coisa que me vinha em mente era olhos.

Um par de olhos amarelos.

Olhos que brilhavam ao luar.


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