Oathkeeper escrita por Denise Miranda


Capítulo 30
Brienne




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– Olha, estou vendo a estalagem. - Disse Brienne, após aproximadamente dois dias de viagem, claramente desconfortável por estar andando a cavalo enquanto Jaime e Sandor andavam a pé.

– Está perto? - Perguntou Sandor, bufando.

– É... Temos que percorrer uma ponte antes de chegar até lá. - Disse a dama de Tarth, apertando seus olhos para poder enxergar melhor.

A aproximadamente cinco quilômetros havia um riacho, e uma ponte em cima do mesmo. Percorrendo ela, eles dariam dez passos e chegariam na estalagem.

Brienne se lembrou de quando Jaime era seu prisioneiro, o mesmo ainda tinha as duas mãos, e eles também tiveram que atravessar uma ponte. Assim que Sor Cleos Frey morreu, Jaime pegou a espada do mesmo para lutar com a dama de Tarth. A mesma deu um sorriso involuntário ao lembrar como o Lannister havia tomado uma surra. Vargo Hoat nos encontrou perto do rio brigando. Foi assim que nos capturou, lembrou a si mesma. E lembrou de como Sor Jaime gritou quando um dos Bravos Companheiros arrancou sua mão da espada. Seu sorriso se desvaneceu rapidamente do rosto.

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Sansa.

– Tem alguém nos seguindo! - Disse, atordoada. - Olhem!

Todos viraram a cabeça para trás e avistaram um exército de, no mínimo, vinte homens. Brienne segurou o cabo de sua espada e olhou de relance para Jaime e Sandor, os mesmos também estavam preparados para uma futura luta. Vinte contra três, isso é impossível.

– Jaime, suba aqui. - Puxou a mão do mesmo para subir no cavalo. - Sandor, suba no cavalo de Sansa.

– Os cavalos se cansarão mais rápido. - Comentou a loba.

– Não temos outra escolha. - Disse Brienne.

– Quer que a gente fuja como galinhas assustadas? - Rosnou Sandor.

– Como espera ganhar uma luta de três contra vinte, Cão? - Provocou Jaime, que tinha o mesmo pensamento que Brienne.

O mesmo bufou e subiu no cavalo. Sansa olhou de relance para o homem, e Brienne pôde perceber que a mesma corou levemente com Sandor tão perto dela. E então apertaram os passos dos cavalos, correndo o mais rápido que podiam.

– Isso só nos fará ganhar tempo. - Disse Jaime, perto do ouvido de Brienne, causando-a arrepios no momento mais inapropriado. - Não vamos poder fugir da luta.

– Talvez esteja certo. - Olhou para trás rapidamente, vendo que os homens estavam cada vez mais próximos, e gritando pragas, dizendo-os para parar.

– Não há como fugir. - Gritou Sandor. - Devemos lutar e morrer como homens. - Olhou de relance para Brienne antes de continuar - E mulher. - A dama revirou os olhos e apertou os passos do cavalo.

Chegaram na ponte, e Brienne parou o cavalo. Sansa viu e fez o mesmo. A garota estava com os olhos azuis arregalados e parecia apavorada. "Não deixem me pegar", seu olhar parecia dizer.

A Beleza de Tarth desceu do cavalo. Essa ponte é estreita, os homens não poderão lutar todos de uma vez caso contrário se atrapalharão, refletiu, analisando o espaço. Só cabe três de cada vez, no máximo quatro. Temos chances de sair vivos.

Os cavaleiros chegaram e pararam subitamente perto da ponte, um olhando para o outro. Pareciam começar a entender o que Brienne havia percebido, e então correram, com as espadas na mão, para cima de Sandor, Jaime e a dama.

– Sansa, fique atrás de nós no cavalo. - Gritou Brienne. - Se tudo der errado, corra.

A mesma assentiu, seu rosto estava pálido e seus olhos arregalados. Vou te proteger, criança. Não falharei com você como falhei com sua mãe, prometeu Brienne para si mesma.

Desembainhou a Cumpridora de Promessas, e Sandor e Jaime também pegaram suas espadas, prontos para o ataque. A espada do Lannister brilhou, fazendo os cavaleiros que corriam na direção deles pararem momentaneamente, impressionados. Brienne pôde notar que Sandor ficou desconfortável com a espada de fogo de Jaime.

Então Brienne foi derrubando um por um. Cortou a garganta do primeiro que apareceu, e se virou para atacar o próximo. Sentiu a espada do inimigo bater em seu braço, porém o segundo ataque foi bloqueado, e a dama chutou as partes íntimas do homem, que quase caiu no chão, dando espaço para Brienne atacar e matá-lo. Conseguiu matar mais cinco homens, enquanto Jaime e Sandor faziam o mesmo.

Brienne parecia bêbada, como sempre que enfrentava uma grande batalha. Três contra vinte, até que não estamos indo mal, pensou. Esses homens são frescos em batalha, enquanto nós já estamos endurecidos faz tempo. A largura da ponte facilitou para eles. Em outro caso, todos já estariam mortos. Os deuses são bons quando querem.

Passou-se meia hora ou mais, a Beleza de Tarth não tinha certeza de quanto tempo ficaram lutando. Seu braço estava doendo, suor escorria pelo seu cabelo, olhos e pescoço, mas estava viva. Com alguns hematomas, mas o Estranho não veio buscá-la, e ela agradecia por isso.

E então, ela viu Jaime matar o último homem. Por alguns instantes, os dois se olharam, ofegantes. Não avistou Sandor em lugar nenhum, o perdeu no meio da batalha, mas ele não estava entre os mortos. Brienne respirou fundo e guardou sua espada, suas mãos tremiam pelo cansaço e pela adrenalina. Virou a cabeça para ver Sansa. Seus olhos de safira se arregalaram, e ela gritou:

– Sansa!

Mindinho estava com uma faca na garganta da loba, olhando-os.

– Deem mais um passo, e eu a mato.

De onde ele veio?, se perguntou. Brienne olhou de relance para Jaime, que estava paralisado e branco. Você teria coragem de matá-la?, quis perguntar, mas achou melhor não.

– Vocês nos deixarão ir embora, e ela não sofrerá nenhum arranhão.

– Fique calmo... - Começou Brienne, e Petyr apertou mais a faca contra a garganta de Sansa, e a dama pôde ver o brilho vermelho de sangue escorrendo lentamente pela pele branca da garota.

– Onde está aquele Cão que lutava com vocês?! - Gritou Mindinho. - Quero ver os três parados enquanto vou embora com Sansa.

– Estou aqui.

Disse Sandor, de alguma maneira estava atrás de Petyr, que rapidamente enfiou sua espada nas costas do mesmo. Brienne pôde ver que Mindinho arregalou seus olhos, mas era tarde demais. Sua vida já estava desvanecendo, seu olhar perdendo o brilho.

Mas, um segundo antes de cair no chão, tentou cortar a garganta de Sansa. A mesma gritou enquanto a faca fazia um corte profundo em sua pele da clavícula, errando por pouco o golpe que seria fatal para a menina Stark.

– Sansa! - Gritou Brienne, enquanto corria em direção da garota, pegando-a antes de cair no chão. A mesma chorava.

– Oh, eu fiquei com tanto medo! - Choramingou.

– Vamos para a estalagem rápido para cuidarmos do ferimento da garota loba. - Disse Sandor, sua voz fria, seu rosto sem expressão.

Sem dizer nada, tirou Sansa dos braços de Brienne, pegando-a no colo. Jaime e Brienne se olharam, e levaram seus cavalos até a estalagem, continuando o caminho a pé.

Chegaram na estalagem, e uma senhora com olhos bondosos foi cuidar de Sansa. Não havia nenhum Meistre por lá, Brienne pôde perceber, mas deram leite de papoula para as dores da garota, e fizeram um curativo caprichado.

Jaime pagou três quartos na estalagem: um para ele, um para Sandor, e um para Brienne e Sansa. A Beleza de Tarth achou que a garota se sentiria mais segura se não dormisse sozinha, ainda mais depois do dia que teve. Jaime protestara um pouco, mas também concordou que Brienne deveria passar a noite com Sansa, e não com ele.

Brienne entrou no quarto, iluminado apenas por uma vela. Conseguia ver a silhueta de Sansa em uma das camas, encolhida. Brienne andou devagar até a cama desocupada, e deitou, olhando para a garota Stark.

– Petyr cuidou de mim por muito tempo. - Disse Sansa, após alguns minutos de pleno silêncio. Fitava o chão e sua voz estava quase um sussurro. - Ele amava minha mãe. Nunca pensei que ele tentaria me matar, e... - Sua voz falhou e Brienne viu uma lágrima escorrendo pela face da menina. - Não importa. - Disse, agora seu tom estava mais forte e olhou nos olhos de Brienne, havia algo sombrio neles. - Ele está morto agora.

– Sim. - Brienne concordou. - Não se preocupe, Senhora Sansa. Ele está morto, e não poderá te machucar mais.

– Você me lembra minha irmã. - Comentou Sansa, um meio sorriso começou a aparecer em seus lábios. - Ela sonhava em ser uma cavaleira. Gostava de brigar com os garotos. Não levava jeito para danças e nem para bordados. - Parou por alguns segundos, e seu sorriso sumiu. - Agora deve estar morta. - Completou.

– Não se pode perder as esperanças.

– Arya deixou Sandor para morrer, e ficou sozinha por aí. Uma garotinha. Com certeza está morta.

– Ela deve saber se defender.

– Sandor me disse que ela tinha uma espada que se chamava Agulha. - Recordou Sansa.

Brienne suspirou. Eu nunca fui boa com palavras. Não consegui confortar sua mãe quando soube que seus filhos Bran e Rickon haviam morrido. Não conseguirei confortar Sansa também, se lamentou.

– Eu sei como é perder irmãos. - Começou Brienne, desajeitada. - Meus dois irmãos morreram quando pequenos, e só eu sobrei para o meu pai. Uma garota que não sabia se comportar como uma, que não queria se casar e ser esposa de um Senhor, e ter pequenos Senhores e Senhoras. E também não posso ser um cavaleiro, participar de justas e batalhas, carregar o nome da minha família e deixar meu pai orgulhoso. Mas sempre fui forte, de todas as maneiras. E existem outras mulheres como eu. - Mordeu o lábio antes de continuar, olhando nos olhos de Sansa. São iguais o da mãe.– Senhora Catelyn era uma mulher forte. Eu sei que fez filhas fortes também. Você foi uma delas, e Arya também. Não perca as esperanças. Nunca.

– Não estou perdendo as esperanças. - Protestou Sansa. - Estou sendo racional. Todos meus irmãos estão mortos.

– Nem todos. - Interrompeu Brienne. - Quando fui capturada por Stannis, seus homens me levaram até a muralha. Seu meio irmão Jon Snow me ajudou a escapar, mas só porque disse que estava em uma missão para te resgatar.

Ouvir isso fez com que lágrimas escorressem pelo rosto de Sansa. Brienne se levantou subitamente, indo em direção à cama da mesma, e sentou ao seu lado. A Beleza de Tarth nunca foi carinhosa, e nunca teve jeito em tocar as pessoas, mas mesmo assim, levou seu polegar até o rosto de Sansa, secando suas lágrimas. Arya está viva, quis dizer, mesmo sem ter certeza. Só que infelizmente não cabe a mim o poder de achá-la.

Após alguns minutos, Sansa adormeceu nos braços de Brienne, e ela se lembrou de como era ter uma irmãzinha de novo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem, por favor ^-^