– Estou vendo alguma coisa. - Comentou Brienne, enquanto apertava seus olhos azuis para enxergar algo ao longe. - Tem duas pessoas vindo.

Jaime se levantou para poder olhar também. Definitivamente, alguém vinha na direção que eles se encontravam, mas não poderia dizer quem.

– Está muito longe ainda para reconhecer alguma coisa. - Comentou Jaime.

– Sim, mas fique preparado para o caso de não serem eles. - Disse, enquanto pegava sua espada e a amarrava em sua cintura.

Jaime assentiu. Sempre precavida, pensou, rindo internamente. Pegou a Luminífera com sua mão boa e, com dificuldade, amarrou-a na cintura.

Os dois esperaram como estátuas, ambos com a mão no cabo de suas respectivas espadas, até que reconheceram o Cão vindo com a Sansa. Jaime pôde ouvir um suspiro aliviado de Brienne. A olhou de relance, sorrindo.

– Trouxe o Passarinho. - Disse Sandor. - E agora, me respondam: vocês queriam levá-la para algum lugar seguro, que porra de lugar é esse?

Todos ficaram em silêncio por alguns segundos. Sansa parecia atenta à qualquer movimento suspeito, e muito tensa. A loba que quebrou o silêncio:

– Isso é uma armadilha? Vocês vão me levar para a Rainha? - Olhou para Sandor, em busca de ajuda. - É isso, né? Vocês me enganaram!

Se preparou para fugir, mas Sandor logo a segurou pelos braços, prendendo-a no lugar, enquanto a mesma lutava para sair de perto do homem.

– Sansa! - Gritou Brienne. - Tem a minha palavra que não vamos te levar para a Rainha.

– E quem é você? - Perguntou, carrancuda.

Brienne se aproximou da garota, que ainda se debatia nos braços do homem.

– Eu fui juramentada à sua mãe, Catelyn Stark. Uma mulher muito forte e honrada. – Jaime percebeu que os olhos de Brienne estavam levemente umedecidos. - Ela ordenou-me levar Sor Jaime até Porto Real, como uma troca por você e por sua irmã, Arya. Mas ela morreu antes que eu pudesse chegar. Queria ter estado ao lado dela no casamento, ter morrido por ela. Sinto muito por ter falhado, Sansa, mas eu juro que não falharei com você.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Sansa, e a mesma agora não se debatia mais, então Sandor a soltou. Ela olhou para todos os três rostos, analisando-os. Ainda tem medo de nós, percebeu Jaime. E com razão.

– Eu... - Começou Sansa, hesitante. - Eu acredito em vocês. Quais são seus planos?

– Quando verem que a filha de Ned Stark está viva, os nortenhos se juntarão a nós. - Explicou Brienne. - Vamos te levar até a fortaleza dos Umber, com certeza ele irá protegê-la.

Jaime percebeu que havia um brilho nos olhos da loba, um brilho que não existia antes. Ela tem esperanças. Todos nós temos.

– Vamos te nomear Rainha do Norte, Sansa. Em breve Winterfell voltará a se erguer, e você voltará para casa. - Prometeu Jaime.

Ela olhou para Sandor, que estava sem expressão. Depois olhou para Brienne, e Jaime. Se permitiu dar um pequeno sorriso e assentiu com a cabeça.

– Precisamos marchar, então. Petyr vai encontrar o corpo de um guarda que Sandor matou. Ele vai suspeitar que eu fugi, e vai tomar providências contra isso.

– Sim, vamos continuar nosso caminho. - Concordou Brienne.

Brienne colocou Sansa no dorso do cavalo, e a mesma pretendia continuar a jornada a pé, quando Jaime interveio:

– Brienne, fique com o meu cavalo.

– Não me importo em andar. - Insistiu a dama de Tarth.

Jaime soltou uma praga e desceu do cavalo. Brienne bufou, olhou-a carrancuda e subiu no dorso do cavalo do leão, enquanto o mesmo e Sandor continuavam a jornada a pé.

– Tem uma estalagem aqui perto. Eu me lembro. - Recordou-se Sansa. - Podemos passar a próxima noite lá, e comprar dois cavalos. Assim vocês não precisarão andar por muito tempo.

– A quanto tempo é essa estalagem? - Perguntou Sandor. Sansa parecia concentrada para se lembrar.

– Talvez a um dia e meio daqui, se andarmos rápido.

Sandor bufou, e olhou de relance para Jaime. Essa viagem será cansativa, pensou. E continuaram o caminho.