– Já estamos chegando? - Jaime perguntou, claramente impaciente.

Brienne está muito estranha. Tinha esse pensamento frequentemente, o que o deixava desconfortável.

– Sim. - Não disse nada mais, nada menos.

– Por que está falando tão pouco? - O Lannister se atreveu a perguntar.

Brienne o olhou de relance, novamente com aqueles olhos azuis congelados. Já a vi me fitando com desprezo, raiva e até com respeito, mas nunca dessa forma.

A donzela de Tarth desmontou de repente.

– Vamos dormir aqui por um momento. - Disse enquanto amarrava a corda do cavalo a uma árvore. - Pode ficar de vigia?

– Posso. - Dito isso, amarrou seu cavalo também.

Ambos sentaram, encostados em uma árvore, de frente para o outro. Brienne não o olhou nos olhos uma unica vez, e logo pareceu adormecer.

Jaime ficou atento a algum movimento suspeito, mas nada viu enquanto a donzela dormia. A fitou por alguns instantes, e a viu se remexendo desconfortávelmente. Parecia estar tendo um pesadelo.

O cavaleiro foi chegando perto de Brienne, devagar, e colocou a mão em seu pescoço. Estava suando. Olhou de perto o ferimento em sua bochecha, e viu que estava um tanto infeccionado. Parece uma mordida, pensou. Não, claro que não. Nenhum homem arrancaria o pedaço da bochecha de uma mulher.

Delicadamente, sacudiu o ombro de Brienne, e ela abriu os olhos no mesmo momento. Parecia assustada.

– Você está bem? - Jaime perguntou, preocupado.

A cavaleira o olhou rapidamente, e logo em seguida o respondeu, olhando para baixo:

– Só tive um pesadelo.

– Deu pra perceber. Brienne... - Jaime umedeceu os lábios para ganhar tempo enquanto processava as próximas palavras. - Olhe para mim. Por que você não olha para mim, Senhora?

A tratou da melhor maneira possível, para não enfurecer a garota. Ela o olhou nos olhos, e eles estavam de um azul muito profundo e triste. Definitivamente, Brienne está estranha. Está me escondendo alguma coisa.

Eles estavam muito perto, mas a mulher o empurrou para longe e levantou rapidamente.

– Desculpe se não estou carinhosa o suficiente, sor Jaime. - Respondeu ironicamente. - Estou apenas com dor na minha maldita bochecha que está infeccionada. E não durmo a um dia e meio.

– Pois então descanse, durma mais. - Jaime levou um odre de água na boca dela, que tomou sem reclamar.

– Já estou descansada, podemos continuar agora, ou quer deitar por alguns instantes?

Não saberia dizer se ela estava falando sério ou sarcasticamente.

– Não, estou bem. Podemos continuar nosso caminho.

Brienne sorriu ironicamente.

– Fico agradecida.

Montou em seu cavalo, e o Lannister fez o mesmo. Não conversaram o resto do trajeto.

Após mais ou menos duas horas, o cavalo de Brienne começou a reduzir o passo. Jaime viu que ela estava se direcionando à uma caverna.

– O que tem aí? - Brienne não respondeu. - Sansa está aí? - Continuou em silêncio.

Jaime parou o cavalo e esperou a garota amarrar o seu em uma árvore perto. Ele fez o mesmo. Parou na frente dela, a encarou e perguntou:

– Brienne, o que está acontecendo? Por que está tão calada?

Não obteve nenhuma resposta. Em vez disso, obteve um soco no estômago. O pegou de surpresa, e ele caiu no chão. Sentiu uma batida na cabeça, e apagou.

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Quando acordou, percebeu que alguém o estava carregando nas costas. Demorou alguns instantes para ver que esse alguém era Brienne.

– Por que você fez isso? - Perguntou numa voz embriagada, embora já soubesse a resposta. Seu estômago se apertou por um instante. - Isso foi uma armadilha, mas não para o Cão de Caça. Você vai me matar.

Brienne continuava carregando-o e não disse nenhuma palavra. Sua cabeça latejava, e ele percebeu que era inutil tentar conversar com a garota. Fechou os olhos e se permitiu ser entregue às sombras.