– Espada! - Brienne de Tarth gritou, antes que fosse tarde demais. Não conseguia suportar a ideia de Podrick morrendo por ela. Ele era só um menino. E mesmo Sor Hyle, também não o queria morto.

"Espada ou corda", Senhora Coração de Pedra havia dito. Brienne teria que escolher entre matar Jaime Lannister, ou morrer e levar duas vidas inocentes com ela.
Tinha dado o seu melhor para explicar à eles que Jaime Lannister havia dado a espada valiriana, "Cumpridora de Promessas" para Brienne afim de encontrar e proteger Sansa Stark, mas a Senhora não acreditava em nenhuma palavra que dizia.

– Cumpridora de Promessas? Eu a chamo de Quebradora de Promessas. Falsa amiga. - Ainda conseguia ouvi-la falando essas palavras vindas do fundo de sua garganta, que mal davam para entender, traduzidas por um jovem nortenho.

Brienne deu uma piscadela, afim de voltar para o mundo real, e decidiu em não se perder mais em seus pensamentos.

– O que aconteceu com seu rosto, garota?

Perguntou Jaime. Ou melhor, Regicida, pensou. Preciso vê-lo dessa maneira. Regicida, Quebrador de Promessas. Uma vez me disse que não se pode ser fiel sempre, que uma hora você tem que quebrar um voto ou outro. Eu não serei como ele.

– Me machucaram em um duelo. - Disse. Decidiu que só falaria o básico com Jaime, Regicida. Não queria dizer nada, com medo de que suas palavras a entregassem, ou que em algum momento perderia o juízo e fugiria com ele.

O Regicida não disse mais nada, parecia que tinha entendido o recado.

Brienne fechou os olhos por um instante e ouviu o barulho de um corvo. Os abriu subitamente, dando um pulo do dorso do cavalo. A Irmandade sem Bandeiras tinha alguns nortenhos que possuiam dons estranhos, dos quais a donzela de Tarth nunca havia acreditado. Troca-peles, Wargs. Pessoas que podem entrar na cabeça de animais. Depois que viu Catelyn Stark ressuscitar, acreditava em qualquer coisa.
Olhou para o corvo, e se assustou. Parecia que ele a estava olhando. Estão me observando, pensou. Nem se eu quisesse, poderia fugir. Tocou na pele de sua garganta, onde a corda havia estado, e estremeceu.

Não dormia a um dia e meio, estava fraca e com fome, mas focada em sua missão de levar Jaime até a Senhora Coração de Pedra. E depois disso, terei que matá-lo.

Olhou de relance para o Regicida, que parecia distraído com seus pensamentos, embora estivesse com uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas.

Ele salvou minha vida mais de uma vez, e eu terei que matá-lo. Oh, Jaime, você deveria ter me deixado para aquele maltido urso.

Jaime percebeu que ela o fitava, e rapidamente, a donzela de Tarth desviou o olhar.

– Sabe, eu acho que deveríamos descansar em alguma estalagem por perto. A quanto tempo não come? - Tirou de dentro do saco de mantimentos um pão duro, avançou um pouco o cavalo até ficar ao lado de Brienne, e entregou à ela. - Coma, por favor. Precisa estar com força quando for para matar o Cão de Caça.

Brienne pegou o pão e assentiu. Diria para eu ter forças se soubesse que eu vou matá-lo?, se perguntou. Desviou o olhar do de Jaime, nunca conseguia mantê-lo por muito tempo, não depois da promessa que fizera à Catelyn Stark.

– Obrigada, mas vamos continuar a caminho. Não podemos perder tempo em estalagens. - Disse com dificuldade, pois o ferimento na bochecha doía muito. Maldito Dentadas.

Isso pareceu enfurecer Jaime.

– E quando chegarmos lá, do que adianta você morrer na mão do Cão de Caça?

– Como você está lutando com a mão esquerda?

– Uma porcaria. - Admitir isso fez Jaime enrusbecer. Brienne sentiu um aperto no coração.

– Eu vou ficar bem, sor Jaime. Sansa Stark pode morrer pelo nosso atraso, portanto não quero perder tempo.

Parecia que havia ganhado essa discussão. Suspirou e fechou os olhos por alguns segundos, e dormiu em cima do cavalo. Teve um sono sem sonhos.