Jaime não se lembrava muito bem o que havia acontecido. Só se lembrava de como sua cabeça queimava de dor, de olhos cor de safira, de uma boca macia e rosada com uma ligeira cicatriz, e depois tudo ficou escuro.

Se viu em uma cabana muito familiar. Piscou os olhos inúmeras vezes, como se isso fosse ajudá-lo. Olhou ao redor, e reconheceu. Estava no acampamento em seu pequeno vilarejo, próximo a Correrrio. Como cheguei aqui?, se perguntou.

Tentou se levantar, mas sentiu uma dor aguda na perna, e viu que estava enfaixado. Então lembrou-se nitidamente da flecha atingindo seu cavalo, de estar caindo, do peso do animal em cima de sua perna direita e de Brienne o segurando. Lembrou-se também de acariciar o rosto da donzela, e de vê-la chorando antes de apagar completamente.

– Brienne! - Gritou, embora sua voz tenha saído fraca e rouca. - Alguém! - Gritou novamente, fazendo um pouco mais de força.

Dois guardas vieram imediatamente em seu encontro.

– Senhor Comandante. - Um deles falou. - Como está se sentindo?

Eu caí do meu cavalo e bati a cabeça, seus imprestáveis. Como acham que estou me sentindo?

– Estou muito melhor. Como eu cheguei aqui?

Os dois guardas se entreolharam.

– Uma mulher enorme e loira te trouxe nas costas, e te mandamos direto para o Meistre.

– A mulher se chama Brienne. - Jaime respondeu de imediato. - Onde ela está?

– Ela estava muito mal, Senhor. Colocamos ela em uma cabana, e logo depois do Meistre ter cuidado de você, mandamos a Senhora ter com ele.

– O que ela tem?

– Parece que estava com febre, além de ter um ferimento feio na bochecha.

Jaime sentiu seu estômago embrulhar.

– Onde ela está agora? Me leve até a cabana dela.

O guarda que estava respondendo todas as perguntas olhou para o outro de relance, e depois franziu a testa.

– O senhor precisa descansar.

– Eu preciso que me leve até a cabana da Brienne. - Respondeu rispidamente.

Nenhum dos dois guardas discutiram, e o ajudaram a se levantar. A dor que sentiu ao fazer o pequeno esforço percorreu por todo o seu corpo, e Jaime teve vontade de gritar. Em vez disso, mordeu a boca.

Não conseguiu conter uns gemidos de dor ao se levantar, mas se mostrou confiante e determinado. Os guardas o apoiaram em seus braços e o levaram até uma cabana recém montada para a donzela de Tarth.

– Agora podem ir. - Disse Jaime ao chegar na porta da cabana, e os guardas obedeceram, sem perguntas.

Abriu devagar o pano da cabana, e viu que estava tudo escuro, exceto por uma vela quase se apagando do lado do que parecia ser a cama da garota.

– Brienne? - Perguntou em tom baixo.

Demorou alguns segundos para obter uma resposta.

– Sor Jaime.

– Posso entrar?

– Sim. - Disse Brienne, em um tom muito baixo, que quase não pôde ser ouvido.

Jaime entrou mancando, e foi se acostumando aos poucos com o breu, até que conseguiu ver a silhueta da donzela. Sentou-se ao seu lado na cama e colocou a mão esquerda em sua testa.

– Você está fervendo. - Disse, preocupado.

– Parece que estou com um pouco de febre. - Ele a viu sorrindo timidamente. - Mas o Meistre me deu alguns remédios, disse que vou melhorar logo.

– Não podemos partir até você estar completamente bem.

– E você, Sor Jaime? - Brienne fez uma pausa antes de continuar. - Pensei que não chegaria a tempo de te salvar. Pensei que morreria em meus braços. Como Renly. - Fez mais uma pausa, e o Lannister a ouviu respirar profundamente antes de continuar. - Fiquei assustada.

Jaime, o homem que sempre tinha resposta para tudo, dessa vez não encontrou nenhuma.

– Posso dormir com você esta noite? - A pergunta simplesmente escapou dos seus lábios.

Brienne abriu ligeiramente a boca por um instante, parecia surpresa com a pergunta. Não me admira que esteja surpresa, Beleza de Tarth, pensou. Nem eu sei por que disse isso. Nunca me permiti ser vulnerável, nem na presença de Cersei. Mas Jaime sabia que com Brienne ele podia mostrar seu verdadeiro "eu".

– Sim. - Foi tudo que ela conseguiu dizer, mas Jaime ficou grato por isto.
A donzela de Tarth foi ligeiramente para o lado. A cama improvisada não chegava ao tamanho de uma cama de casal, mas era grande o suficiente.

Jaime deitou ao lado dela, mas de costas. Não conseguia encará-la. Sentiu o braço dela encostado em sua pele, e sentiu como estava quente. Se perguntou se isso seria apenas por causa da febre.

Sentiu que seu coração estava batendo mais rápido e, como se não conseguisse se controlar, se virou para encará-la.

Brienne de Tarth o fitava com seus olhos cor de safira. Seus olhos eram tão belos. O Lannister deu um sorriso torto.

– Jaime... - Começou a donzela. Ela levantou uma mão, hesitante. Jaime esperou para ver o que ela ia fazer, sentiu seu coração batendo cada vez mais rápido no peito.

Então ela acariciou seu rosto, e isso foi o bastante. Jaime segurou o rosto dela com a mão esquerda, e selou seus lábios, começando um beijo.

Brienne correspondeu e dessa vez, parecia menos tímida. Deslizou suas mãos pelas costas de Jaime, e foi descendo até chegar na barriga. Ele sentiu um arrepio por todo o corpo, e percebeu que a desejava.

Sem conseguir se conter, Jaime pegou na coxa de Brienne com a mão boa, e percebeu que a mesma estava de calção. Desamarrou-o devagar, querendo tocá-la entre as pernas.

Mordeu o lábio inferior da donzela, e viu que ela estremeceu. Deu um sorriso malicioso, e voltou a beijá-la.

Quando Jaime estava prestes a tocá-la, a donzela de Tarth afastou sua mão.

– Não. - Disse, ofegante.

– Não?

– Eu quero. - Admitir isso fez com que Brienne ficasse rosada. - Mas não hoje.

Jaime assentiu. Acariciou seu cabelo, e a mesma sorriu.

– Boa noite, Sor Jaime.

– Boa noite, Beleza de Tarth.

Deu um sorriso cansado e fechou os olhos.