Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 26
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Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei um século - por motivos de provas e trabalhos -, mas espero que não tenham me abandonado.
Um breve aviso: Vocês vão perceber que passou um tempo considerável do ultimo capitulo para este. Alguns personagens vão estar um tanto mudados - coisa pouca. Vou tentar abordar o que aconteceu nesse meio tempo com cada um por meio de relatos e talvez flashbacks



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Cinco meses depois



Seus atuais aposentos eram quentes e aconchegantes. Ela nem mesmo sentia necessidade de acender a lareira. O castelo de Winterfell havia sido construído sobre as nascentes naturais de águas quentes que corriam pelas paredes como sangue corria em suas veias. Aprendeu em pouco tempo que esse era o motivo dos salões e quartos serem aquecidos, e dos jardins de vidro serem preenchidos por um agradável calor úmido. Também havia uma dúzia de lagoas fumegantes espalhadas pelos arredores, ela mesma havia visitado uma dessas junto com Robb e depois com Jeyne Poole.

– Isso pode salvar a vida de um homem no inverno. – Seu marido tinha lhe contado quando a levou pela a primeira vez. Os dois estavam protegidos pelas arvores ao redor e também pelas ordens de que ninguém deveria se aproximar. O único que poderia aparecer der repente era o lobo Vento Cinzento que dificilmente deixava o seu dono. – Mas no verão é apenas um bom modo de se aquecer nos dias frios.

– Em Porto Real não temos necessidade disso, todos os dias são quentes.

Bella havia se adaptado as rajadas de vento frio e a neve de verão que teimava em cair. Também tinha se habituando a ouvir a frase “O inverno está chegando” que eram as palavras do Stark, mas que, no entanto, pareciam ser ditas como um lema por todo o Norte. Os nortenhos eram um povo esquisito e expressivamente diferente dos lordes sulista com quem cresceu. Homens duros em uma terra dura, alguns seguiam a risca essa descrição, outros poderiam se passar pelo seu pai. Os Umber, por exemplo. Bella imaginava que o falecido Rei teria se dado bem com aqueles homens grandes e ruidosos.

Pai. Ela tinha deixado o luto fazia um tempo, mas só voltou a usar cores alegres agora, depois de cinco meses. Parte disso se devia ao fato de que o preto não a favorecia muito, assim como acontecia com sua mãe, a pele pálida tendia a destacar com o negro e a fazia parecer um cadáver. A outra razão eram os cochichos das mulheres e até dos homens sobre sua condição. Passou-se bastante tempo desde que Robb a tomou como esposa e em nenhum momento ela esteve perto de engravidar. Sua barriga continuava lisa e seu sangue continuava a descer.

Nos dois primeiros meses as damas diziam que era normal, que às vezes podia se demorar um pouco, mas agora os sussurros a seguiam pelos corredores de pedra. Alguns culpavam o luto por seu pai. A princesa tinha estado muito triste, era verdade, mas não se espera que uma filha fique triste pela a morte de seu pai? Idiotas, todos eles o eram. Mais idiotas ainda eram aqueles que diziam que ela não era capaz de agradar o marido na cama e por isso Robb não foi capaz de engravidá-la.

A primeira vez que ouviu tamanha asneira foi quando passeava com o pequeno Rickon, Osha, Jeyne Poole, Roslin Frey e Ryella Frey. O grupo estava perto dos canis onde o lobo do pequeno Stark foi preso depois de atacar um dos Walder Frey, o menino parecia bastante determinado a provar que Cão Felpudo não faria nada de mal. Bella foi uma das poucas a ficar ao lado do rapazinho – a verdade é que tinha gostado bastante de ver o animal mordendo a bunda do Frey.

– O que está dizendo? Ela é uma das mulheres mais bonitas que já pisaram por aqui.

– Mais é fria, ou pelo menos é o que estão dizendo. Nosso Senhor não consegue fazer seus deveres de homem e se continuar assim nunca terá um herdeiro. – Seu rosto ficou tão quente quanto brasa e a raiva explodiu dentro do seu peito. Ela ouviu Ryella Frey segurar o riso e também viu o rosto de Roslin aquecer e seus grandes olhos castanhos se virarem para ela.

Ela sabia que a garota estaria rindo de sua desgraça por dentro.

– Bella... – A voz de Jeyne soou baixinha ao seu lado, a menina procurava por uma orientação do que deveria ser feito.

Bem, ela soube exatamente o que fazer. Primeiro apareceu para os homens e decorou seus rostos enquanto lhes lançava o mais doce dos sorrisos. Depois voltou para os seus aposentos onde esperou pelo seu marido aparecer, quando este fechou a porta foi atacado por ela sem nem ao menos ter tempo de se defender. Naquela altura o Stark já tinha percebido que Bella não era uma donzela rosada e inocente do Sul, ele já tinha aprendido uma coisa ou duas sobre sua pessoa – mesmo que ela soubesse esconder bem –, seu marido não ficou nenhum pouco surpreso quando ela tomou a liderança e também não pareceu desgostar nenhum pouco.

Naquele dia Bella o fez gritar o mais alto que pôde. Ela fez questão que a porcaria dos guardas e que qualquer um que passasse ouvisse o quão insatisfeito o senhor seu marido estava com ela.

Obviamente o homem estúpido que falou tal asneira recebeu seu devido castigo. Ninguém a desrespeitaria de tal maneira e sairia impune.

Talvez agora, com ela vestindo aquele vestido amarelo que tinha sido esquecido em seu baú, as pessoas parassem de pensar besteiras e lhe dessem algum tempo de descanso.

A porta de seu quarto abriu revelando Jeyne Poole. A garota se aproximou silenciosamente segurando algo entre seus finos dedos.

– O que é isso?

– Uma carta de vossa irmã no Vale.

Mya, aquilo trouxe um doce sorriso aos seus lábios. Quanto tempo fazia que não falava com ela?

– Vá buscar algo doce na cozinha querida Jeyne.

– O cozinheiro fez tortinhas de limão se lhe agradar. – Ela respondeu.

– Ótimo, traga-as suficiente para nós duas, espero que coma comigo hoje.

– Será um prazer.

E então a garota se foi e ela abriu a carta da irmã.



“Querida irmã, tenho ensaiado essa carta há algumas noites. Você bem sabe que eu nunca sei como escrever algo descente, você sempre foi muito melhor nisso do que eu, você, Edric e Cella. Estive pensando no que escrever até que ontem finalmente surgiu algo interessante e quando aconteceu você foi a primeira pessoa a quem pensei em contar. Sonhei com um menininho em meus braços, quando contei a Harry ele me disse que isso pode ser um sinal dos Deuses de que nosso bebê será um garoto. Eu não acredito nessas coisas, mas o sonho foi tão real que agora estou muito tentada a compartilhar da mesma animação de Harry.

Sobre sua preocupação na ultima carta, sim, eu e ele tivemos alguns problemas no inicio. Harry pode ser um pouco convencido demais e isso sempre acabava com alguma discussão, mas agora estamos em bons termos e sim, querida irmã, ele afastou completamente as antigas amantes. Eu fiz questão que elas estivessem bem longe de minha vista – e que nenhuma outra viesse a aparecer. A bastarda, por outro lado, não tive coragem de envia-la para longe. É uma menininha boa e agradável Bella e nasceu antes que eu me casasse com Harry. Mamãe provavelmente discorda de minha decisão, mas nenhuma menininha vai ser perigo algum para a herança dos meus filhos.

Você ficará feliz em saber que fiz uma amiga, seu nome é Myranda Royce. Ela tem o tipo de humor que você acharia interessante. Randa me lembra um pouco Cerenna.

Espero vê-la em breve. Venha em uma visita e traga o Stark.

Com amor, Mya da Casa Baratheon e Hardyng.”



Ela teria pegado um papel e uma pena para responder se não fosse por Jeyne Poole que tinha voltado com uma bandeja de tortinhas e uma criada logo atrás dela trazendo uma jarra de vinho e dois copos. Ambas sentaram-se na pequena mesa de madeira do seu quarto e permitiram que a criada servisse o vinho.

– Mais alguma coisa senhora?

– Pode ir.

Quando ficaram sozinhas ela perguntou:

– O que falam de mim enquanto fico enfiada no quarto?

– Nada desrespeitoso princesa.

– Ora Jeyne, pensei que seria fraca comigo. – Seu tom era de brincadeira, mas suas palavras foram honestas.

– Bem princesa...

– Você pode usar o nome Bella e sabe bem disso. Não gosto de ficar repetindo Jeyne.

– Desculpe Bella. – Jeyne provou a primeira tortinha. – Ouvi um dos meninos dos cavalos dizer que Roslin Frey teria sido uma escolha melhor para esposa.

Oh, eles são corajosos.

– Lembra-se do seu rosto?

– Sim.

– Ótimo, a primeira coisa que fará amanhã será me mostrar quem teve tamanha ousadia.

Bella finalmente colocou uma tortinha na boca e acabou suspirando de prazer. Fazia um bom tempo que não colocava uma sobremesa na boca. Primeiro foi o período de luto e depois foi a simples falta de vontade.

– Algo a mais? Conte-me sobre Theon.

A menina corou como um tomate.

– Ele falou que quer casar comigo, mas eu não sei se devo acreditar. Eu não acho que minha posição seja compatível com a posição de um herdeiro. – Realmente não é, o pai de Theon provavelmente vai querer que ele se case com alguma moça nobre das Ilhas de Ferro quando chegar o tempo. – E não podemos esquecer de que estamos falando de Theon Greyjoy, não se passa um dia em que ele não flerte com alguma garota.

– Alguns homens gostam de flertar, é como um jogo, mas isso não quer dizer que ele vá fazer muito mais que isso. – Ela pensou em si própria em Porto Real, gracejar com alguns rapazes bonitos era um prazer seu. – O amor pode mudar o coração de um homem.

– Acha mesmo isso?

– Bem, minha irmã Myrcella parece acreditar nisso com todas as forças e sua amiga Sansa também, você não partilha da mesma opinião?

– Sim, quer dizer, costumava. Eu e Sansa sempre achávamos que a vida é uma canção.

– Eu tirei um pouco de suas noções românticas? Não é algo ruim, minha mãe sempre diz que o mundo é difícil, especialmente para garotas. Em todos os lugares machucam-se garotas. É bom aprender isso para não ser pega de surpresa.

– Winterfell é seguro. – Jeyne respondeu.

– Até quando?



.



.




Arya se amaldiçoou mil vezes pelo que tinha acontecido. Enquanto corria pelos corredores da Fortaleza Vermelha ela imaginava o que Sansa ou Bran diriam se soubesse, ou pior, o que seu pai e sua mãe pensariam dela? Provavelmente ficariam chocados e envergonhados.

Ela tinha prometido a si mesma que aquilo jamais aconteceria, tinha até dito a ele que cenas como aquela jamais se repetiriam novamente. Sua promessa durou uma semana e quatro dias. A Fortaleza Vermelha era grande, mas não tão grande assim e por mais que Arya tentasse evitar passar pelo seu caminho isso acabou acontecendo. Eles discutiram como sempre e então, depois de um momento de silêncio estranho, ela o beijou. Foi um gesto rápido, mas o bastante para fazer seu corpo tremer completamente. Eu que comecei e era isso que a enchia de horror.

Depois de ter feito o que fez Arya saiu correndo como uma menina de quatro anos.

Ao chegar à Torre da Mão ela se deparou com sua irmã Sansa entretendo algumas convidadas. Entre elas estava Margaery Tyrell e suas primas, a futura Rainha soltava risadinhas adoráveis para sua irmã que estava mais do que encantada. Ainda havia Cerenna Lannister que permanecia calada bebendo de seu cálice e também tinha a princesa dornesa Arianne e algumas de suas companheiras. A loba de Sansa, Lady, estava sentada aos pés de sua irmã esperando por afagos. As moças a notaram logo que imediatamente, mas antes que sua irmã pudesse lhe cumprimentar Margaery Tyrell se mostrou mais rápida.

– Lady Arya, que prazer vê-la.

A Senhora Margaery era tão bonita quanto Sansa e ainda mais encantadora, sempre apresentava sua melhor aparência e vestia apenas vestidos bonitos que adornavam seu corpo com perfeição. Septã Mordane falava muito bem dela, sempre tinha uma dúzia de elogios para a futura Rainha e adorava comparar seus bons modos com os dela. Arya devia responder e cumprimentá-la, Sansa ficaria horrorizada se ela fizesse qualquer coisa que não fosse isso.

Você tem quatorze anos Arya Stark, é capaz de agir como uma garota crescida.

Mas ela não o fez.

As lagrimas se acumularam em seus olhos e ela saiu correndo em direção do seu quarto. Antes de se afastar ela ainda conseguiu ouvir sua irmã dizer:

– Mil desculpas Lady Margaery, minha irmã tem os modos de um ferreiro.

Arya se trancou em seu quarto e agradeceu aos Deuses quando viu sua loba Nymeria a esperando debaixo da cama. A loba levantou-se em um pulo e correu até ela, a garota se abaixou e afagou suas orelhas enquanto recebia lambidas por todo o rosto.

– Aconteceu de novo Nymeria. – Confidenciou ao animal sabendo que dessa maneira seu segredo jamais seria revelado. – E fui eu quem fiz.

Nymeria a encarou com seus olhos dourados como se a encorajasse a continuar.

– Estou parecendo uma personagem daquelas canções ridículas que Sansa tanto gosta. – Reclamou enquanto se arrastava até a parede mais próxima com o intuito de escorar as costas. Nymeria a seguiu e deitou a cabeça em seu colo. – Ele disse que não queria mais casar.

A batida na porta a assustou. Ela ficou em pé rapidamente, mas hesitou em abrir, podia ser Septã Mordane ou mesmo Sansa pronta para reclamar de seu comportamento perante as outras garotas. Ou pode ser papai dizendo que viu tudo e que está decepcionado. Arya respirou fundo e abriu a porta, notou, com certo alivio, que não se tratava nem da Septã, nem de Sansa ou mesmo de seu pai.

– Senhora Arya, posso entrar?

A Princesa dornesa perguntou com um sorriso amável. Arya se afastou e deixou que ela viesse. A mulher era bonita como todas as princesas deviam ser, tinha longos cabelos escuros com vários cachos, uma pele morena que combinava com seu vestido vermelho e olhos castanhos que pareciam saber de tudo.

– Estou nesse lugar há tanto tempo e nunca tive a oportunidade de conhecê-la direito. – A princesa sentou-se em sua cama e olhou para sua loba. – Essa é a famosa Nymeria?

– Sim.

– Um belo nome, eu tenho uma prima que também é Nymeria, em Dorne nós costumamos chamá-la de Nym. – Arianne suspirou. – Eu queria estar em casa, este casamento já devia ter acontecido há muito tempo, infelizmente a tragédia não permitiu... Porto Real é um lugar interessante, mas Dorne é minha casa. Você sente falta da sua casa?

Ela pensou em Winterfell e em todas as suas boas lembranças.

– Sim.

– Eu soube que luta com espadas.

Arya corou imaginando que Sansa tinha lhe dito isso. Ela não sabe, disse a si mesma. Seu pai havia guardado segredo sobre Syrio.

– Aqui, uma moça lutando não é muito bem visto, mas em Dorne não ligamos para isso. Minhas primas, por exemplo, nasceram com a habilidade do pai para o manejo de diversas armas. – Arya tinha ouvido que os dorneses eram um povo estranho, mas olhando para a princesa de perto, eles pareciam incrivelmente legais. – Eu aposto que você seria muito feliz em Dorne.

– Acha mesmo? – Perguntou.

– Acho.

Arianne sorriu.

– A Senhora é de longe a pessoa mais interessante que conheci por aqui. Quem sabe nós não podemos convencer seu pai para lhe permitir uma visita até Lançassolar? Gostaria de conhecer minha terra?

– Eu adoraria.




Quando a noite caiu Arya precisou sair de seu quarto e ir jantar com sua família. Bran estava contando tudo sobre sua tarde com os rapazes da corte, ele passou o dia treinando com Sor Loras Tyrell e até imitou um golpe que aprendeu. Ela engoliu a inveja que sentiu e se contentou em encarar sua comida. Sansa não estava presente, ela foi convidada pela a Rainha a comer com ela e seus filhos nos aposentos reais. Pelo menos uma coisa boa. Lady havia ficado para trás e agora dormia tranquila ao lado de Verão.

Quando Bran terminou de comer seu pai ordenou que ele fosse para o quarto e vários dos homens presentes seguiram seu exemplo. Arya também tinha terminado sua refeição e se levantou pronta para ir dormir, mas seu pai a parou com sua voz profunda.

– Fique Arya, eu tenho algo para falar com você. – Ela voltou a se sentar um pouco nervosa. Suas mãos tremeram pensando se o pai sabia sobre seus beijos com Gendry.

– Fiz algo errado?

Septã Mordane veio e ficou ao seu lado. Ela sorria de um modo assustador.

– Não menina. – A mulher respondeu.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não exatamente. – Seu pai a olhou como se pensasse com cuidado nas próximas palavras. – Sua mãe me escreveu há um tempo atrás demonstrando preocupação sobre sua... Sua situação.

– Que situação?

– Ele está falando que você já tem quatorze anos, é uma moça florida e até o momento não foi prometida a ninguém. – Arya corou com as palavras da Septã e assim que a compreensão chegou ela sentiu a raiva se apoderar dela.

– Não!

– Arya, se acalme.

– Eu não vou casar! Eu não vou ser uma Senhora de algum castelo como Sansa!

– Ouça o seu pai menina.

– Edric Dayne é um bom rapaz.

– Bastante bonito e educado. – Ajudou a Septã Mordane. – Ele será um ótimo marido para você.

– Eu não quero pai, por favor.

– É o dever de toda mulher...

– Septã Mordane, deixe-nos, por favor. – A mulher se levantou e depois de um gesto de cabeça saiu.

Ao ficarem sozinhos o seu pai recomeçou a falar:

– Sua mãe queria que eu escolhesse um rapaz entre meus vassalos, mas eu penso que em Dorne você seria mais feliz. Eu a vi treinando com esse rapaz semanas atrás, ele não pareceu ofendido ou chateado por perder por você.

– Ele não ficou. – Aquilo era verdade. Edric acabou caindo no chão e sua reação foi rir e dizer que ela lutava bravamente.

– Edric não tentará domá-la como muitos outros homens e em Dorne você terá uma liberdade que não existe em outros lugares dos Sete Reinos.

Arya suspirou.

– Quando casei com sua mãe eu não a conhecia Arya, mas hoje eu a amo com todo o meu coração. Você pode achar que isso é uma péssima ideia agora, mas no futuro pode descobrir que isso será uma coisa boa.

Seu pai pegou sua mão.

– Prometa que vai conhecê-lo Arya, prometa que vai tentar.

– Tudo bem pai, eu prometo.



.



.




O dia já começou estressante.

Sua mãe adentrou em seus aposentos com fúria em seus olhos. Gendry já tinha visto sua mãe furiosa, mas desde que seu pai morreu ela não tinha tido um acesso de raiva, nem mesmo quando ele ignorou seu conselho de tirar Eddard Stark da posição de Mão e colocar seu avô Tywin Lannister no lugar.

Gendry já imaginava do que aquilo se tratava.

– Com que direito àquela mulher se atreve a colocar as mãos no meu sangue? No nosso sangue. – Ela exigiu saber. – Onde está a Mão do Rei quando se é preciso dele?

– Já o mandei chamar mãe.

– Não duvide nem por um segundo que Lorde Stark não sabia disso. Aquela sua esposa é também uma Tully, irmã daquela mulher louca. – Sua mãe suavizou a voz e se aproximou colocando ambas as mãos em seus ombros. – Meu filho, você é Rei, mas ainda é jovem. Eu entendo que goste daquele homem, mas não deve confiar nele Gendry, não quando ele ameaça a segurança da sua família.

– Não há nenhuma prova de que Lorde Eddard sabia sobre as ações de Lysa Arryn.

Oh, meu pobre irmãozinho. – Gendry quase riu com aquelas palavras. O ódio que sua mãe tinha pelo seu tio era de conhecimento geral. – Ela ofendeu nosso nome...

Sua mãe teria continuado se a porta não tivesse sido aberta por Lorde Eddard Stark. A mulher lançou um olhar perigoso para o homem.

– Sabe por que está aqui Lorde Eddard? – A voz da sua mãe era gelada.

– Sei.

O homem tinha uma expressão séria.

– Sua cunhada raptou o meu irmão! – Ela elevou a voz. – Tyrion não fez nada para provocar isso.

– Não foi isso que eu ouvi.

– Lysa Arryn é uma mulher louca! – Sua mãe esbravejou apontando o dedo diretamente para o rosto de Lorde Stark. – Raptou o meu irmão e afastou o outro.

Calem-se. – Seu grito ecoou pelo o quarto e chamou a atenção de todos os presentes. – Lorde Stark, o que Lysa Arryn fez foi uma ofensa inadmissível. Eu não quero que isso se torne mais complicado do que já é. Ela é sua irmã segundo as leis do casamento, deve escutar suas palavras ou então as palavras da irmã.

– Meu querido filho, – sua mãe iniciou, – Lorde Varys ouviu sussurros de que Lady Catelyn Stark saiu de Winterfell, provavelmente indo em direção do Vale.

– Isso é bom, certo? – Ele odiou o modo como seu tom de voz o fez parecer um garoto confuso.

– Não se ela também difama o seu tio. Sua esposa também está metida nisso. – Sua mãe acusou.

– Catelyn não tem nenhuma responsabilidade pelos atos da irmã.

– Ora Stark, não me venha com essa conversa. Os laços do sangue são forte, todos nós temos responsabilidades pelos atos da nossa família.

– Já chega com essa discussão sem sentido. – Ele passou a mão pela a cabeça onde a coroa repousava. Aquilo nunca tinha pesado tanto. – Nós iremos trazer tio Tyrion de volta mãe, eu prometo, e Lorde Stark, fale com sua cunhada, coloque algum juízo em sua cabeça.

Os dois continuaram a encará-lo como se esperassem mais dele. Ninguém encarava o meu pai assim, mas também ninguém esperava muito do antigo Rei. Todos sabiam que ele era um bêbado que pouco se importava com política. Eles têm esperanças em mim e aquilo podia ser frustrante às vezes.

– Estou com dor de cabeça, Lorde Stark, pode presidir a audiência em meu lugar.

– Sim Vossa Graça.

O homem saiu e só sua mãe restou.

– Meu filho, este homem não é bom para ser sua Mão. Não vê que sua lealdade não pertence ao Rei?

– Nós todos somos ligados pelo casamento mãe.

– Um erro horrendo de seu pai, mandando minha linda Bella para aquele fim de mundo. – Fazia algum tempo que não pensava em Bella, mas como poderia? Com todos querendo algo dele? E também havia Arya, aquela garota tinha estado em sua mente mais do que poderia ser considerado saudável. – Não se esqueça Gendry, – sua mãe agora estava ao seu lado com seus olhos brilhando em ansiedade, – todos vão querer machucá-lo e enganá-lo, apenas sua família é leal.

– Mãe...

– Eu sempre estarei ao seu lado meu filho. Eu não deixarei ninguém machucá-lo. Nunca.



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Margaery não passou mais do que dez minutos ao lado de Gendry em seus aposentos. Ele havia reclamado de uma forte dor de cabeça e pedido com toda educação para ficar sozinho. Ela tinha saído como uma boa garota que era, mas não gostou nada disso. Ele ainda não está apaixonado, ela notou e aquilo a irritou profundamente. Nunca foi difícil ganhar o afeto dos homens.

Primeiro achou que a causa disso era Bella Baratheon e sua clara falta de apreço por sua pessoa, mas a princesa estava longe há bastante tempo e não havia nada que pudesse fazer do Norte. Dê-lhe tempo Margaery, sua avó tinha insistido, ele estará em suas mãos antes que perceba. Bem, ela seria Rainha de qualquer maneira, seus filhos reinariam no futuro. Haveria tempo para construir um laço forte com seu marido. Eles teriam a vida inteira.

Até lá ela continuaria a ser a garota encantadora que todos conheciam.

– No que está pensando? – A outra garota perguntou sentando-se em sua cama.

Ela tinha mandado as primas saírem para que assim pudesse ficar sozinha, mas não demorou mais do que cinco minutos para chamar a garota.

– Nada em especial. – Respondeu. – No que você está pensando?

– Estou pensando no que devo vestir para o seu casamento.

– Vai ficar bonita no que escolher.

Aquilo era verdade. Cerenna Lannister podia ficar bonita em qualquer coisa que escolhesse. Talvez esse tenha sido o principal motivo de Margaery ter passado a chamar a garota frequentemente para seu quarto. Ela sempre gostou de coisas bonitas.

A Lannister se deitou a encarando com seus olhos verdes.

– Você continua com aquele bastardo dornês?

– Fala de Daemon? – A Lannister soltou uma risada. – Ele é bem bonito, não? Mas tem seu coração acorrentado em Arianne Martell, um amor sem muitas pretensões, eu receio.

– Ele é bastardo e ela é uma princesa. – Margaery disse o obvio. A garota se deitou ao lado de Cerenna com o rosto virado para a mesma e então perguntou: – Se o rapaz fosse bem nascido quem sabe não teria uma chance?

– Os Deuses podem ser maldosos e dar as duas partes nobreza e riqueza, mas ainda assim não permitir que fiquem juntos. – Os olhos da garota se perderam em seu rosto, mas Margaery sentiu que ela estava vendo através dela.

– Então você já amou alguém que não pôde ter?

– Supondo que esse é um grande defeito meu, me afeiçoar a alguém que jamais será meu.

A futura rainha sorriu. Aquele lado sentimental e melancólico da garota era uma novidade, mas ela gostou. Margaery se inclinou e depositou um suave beijo nos lábios da outra e as duas acabaram aos risinhos.

– Falemos sobre algo mais alegre.

Ela decretou.



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Quando a Senhora Catelyn partiu de sua casa foi como se um peso tivesse sido retirado de suas costas. A mulher não se atreveu a passar mais do que dois dias no pequeno castelo que agora lhe pertencia. Ela foi educada e muito mais gentil do que costumava ser quando ele morava em Winterfell, mas mesmo assim Jon se sentia desconfortável a sua presença e ele sabia que Catelyn Stark sentia o mesmo. Joy foi a única a conseguir arrancar alguns verdadeiros sorrisos da mulher.

Jon se esforçou em ficar o mais longe possível, até mesmo no jantar ele preferia ir ter com seus homens e resolver qualquer mínimo problema que aparecesse.

Na ultima noite da Senhora Stark ele havia decidido visitar o modesto bosque sagrado que ficava nos fundos no castelo com uma lagoa de água fervente escondida entre as flores. Ele observava o represeiro quando sentiu alguém chegar por trás. Jon não precisou se virar para saber de quem se tratava.

– Jon. – A voz dela era gelada como o inverno.

Por educação ele se virou.

– Senhora Stark.

– Você tem uma adorável esposa. – Ela começou. – E muito em breve ela dará a luz e você poderá sentir a emoção de segurar seu primogênito nos braços. Nada pode se equiparar a isso.

– Espero ansioso por esse momento. – Suas palavras foram honestas. – Deseja rezar milady? Eu lhe darei licença.

Ele passou por ela, mas antes que pudesse sair ouviu sua voz novamente.

– Deve rezar também Jon, os Deuses lhe deram muito mais do que bastardos merecem. – Essas palavras não deveriam mais me machucar, no entanto machucaram, exatamente como faziam antes. A mulher suspirou antes de continuar. – O inverno está chegando e com ele virá os problemas, fará bem em se preparar para isso.

Ele observou as costas da mulher por alguns instantes antes de responder.

– Eu farei.



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Notas finais do capítulo

Comentários? Eles são sempre bem vindos :)
Desculpem pelos possíveis erros.
Beijos. ;*