Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 27
26


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui terminar esse capitulo.
Espero que gostem :)



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Ela passou à manhã inteira pelos campos admirando os cavalos. Em Porto Real não tinha tido tanta oportunidade de cavalgar e a Septã sempre esteve por lá lhe tolhendo as vontades. Sua mãe costumava contar que o casamento para uma mulher era como um fardo a ser enfrentado, que as moças estavam destinadas a serem vendidas para aqueles que pagassem mais. Mesmo com os conselhos de sua mãe ela cresceu com um coração romântico, ou parte dele ao menos. Ela gostava de pensar que seria uma das poucas garotas com sorte o suficiente para ter um destino diferente.

Harry era tudo o que as canções diziam, ou pelo menos se levassem em conta a aparência. Ele era bonito, simpático e gentil, mas também era autoconfiante demais, muitas vezes ele a enlouquecia com seus sorrisos convencidos e os dois acabavam em uma longa discussão. Harry também não tinha um passado muito limpo, quando chegou ao Vale ela logo soube da existência de uma garotinha chamada Alys, sua filha com uma plebéia. Mya tinha ficado irritada de inicio e quando escreveu os fatos a sua mãe a rainha foi clara ao dizer que ela deveria afastar a menina. A princesa tinha cogitado a idéia até que em uma tarde acabou ficando a sós com a pequena Alys, era difícil não gostar daquela coisinha pequena de bochechas gordas. Alys ficou, mas sua mãe partiu tão logo Mya pôs os olhos nela.

– Princesa. – Myranda Royce tinha uma voz animada e um sorriso caloroso. Seu cabelo escuro cheio de cachos sedosos lhe lembrava um pouco sua irmã Bella. A garota tinha sido mandada pelo seu pai no momento em que ele soube que uma princesa real residiria no Vale, Mya ficou agradecida, Randa era uma companhia agradável. – Creio que teremos companhia em breve.

– Quem? – Logo seus olhos capturaram os três cavaleiros que se aproximavam. Eles estavam a serviço da Senhora Anya Waynwood e pareciam nervosos. – O que será que querem?

– Talvez a velha os tenha mandado para checar o pequeno herdeiro. – Myranda riu, – mas pelas suas caras eu diria que é mais complicado.

Momentos depois Mya descobriu que de fato era muito mais complicado.

As noticias no Vale voaram e provavelmente uma boa quantidade de gente sabia sobre o seu tio estar preso no Ninho da Águia. Mya, assim que voltou para o castelo, encontrou Harry a esperando em seus aposentos.

– Você sabia?

– Eu tinha ouvido os rumores, mas não quis acreditar.

– Não quis acreditar? Meu tio está preso lá encima de ninguém se incomodou em me contar? – Sua voz alcançou um tom perigoso. – Com que direito Lyra Arryn fez isso?

– Ela diz que vosso tio foi o responsável pela a morte de Jon Arryn.

– Isso é ridículo! – Seu rosto ganhou uma tonalidade vermelha e ela agora parecia seus irmãos quando tinham um acesso de raiva. – Tio Tyrion jamais matou ninguém.

– Eu acredito em você. – Harry aproximou-se colocando a mão na sua barriga inchada. – Acalme-se, não deve ficar nervosa.

– Como não posso ficar nervosa? – Mya suspirou. – O que mais está escondendo?

Harry desviou o olhar e então se voltou para ela. Seus dois olhos azuis que sempre tinham um brilho divertido pareciam mais escuros agora.

– O que está acontecendo Harrold? Eu tenho certeza que meu avô não receberá essa afronta sem dizer nada.

– Ele não o fez. Existem relatos de ataques as Terras Fluviais. – Ela sentiu uma tontura e perdeu momentaneamente o equilibro. Harry a pegou e a deitou na cama.

– Tem certeza de que é meu avô?

– Relatos chegaram aos nossos ouvidos Mya, relatos de um grupo de salteadores liderados por alguém enorme que mais parece um monstro do que um homem. Eles queimaram uma vila e abateram todos os que tentaram fugir, mataram o gado e os agricultores, também são acusados de destruir plantações e estuprar as moças que encontram. – Um frio subiu pela sua espinha. Alguém enorme que mais para um monstro do que um homem. Um jovem sobrevivente chegou ao Vale para encontrar uma avó, ele diz que o tal líder é tão grande que o fez acreditar que nem todos os gigantes foram mortos.

Ela respirou fundo.

– E que provas existem de que são Lannister? Usavam mantos carmesim?

– Você sabe que não. – Harry sorriu. – Não se preocupe, isso terá fim logo. Em breve Lady Lysa vai devolver Lorde Tyrion e uma briga desnecessária será evitada.

– Um Lannister sempre paga suas dividas. – Disse ela pensando no rosto inexpressivo do seu avô e em seus olhos que mais pareciam duas piscinas geladas. – Creio que não será assim tão simples.


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Edric segurou o braço de Sansa enquanto caminhavam em direção da grande mesa. Sua noiva era, sem duvida, uma das moças mais bonitas do salão, nem mesmo Margaery Tyrell ou Arianne Martell poderia vencê-la. A garota sorriu quando ele puxou a cadeira para que se sentasse e fez uma expressão de puro deleite quando uma criada ao seu mando trouxe meia dúzia de tortinhas de limão.

– Pedi para que fizessem especialmente para você milady.

– Muito obrigada meu príncipe.

– Edric. – A corrigiu.

– Oh, certo, Edric. – Ela deu uma delicada mordida na primeira torta e suspirou de prazer. – Está perfeito.

Ultimamente Edric tinha estado mais do que satisfeito em ficar apenas paparicando Sansa. Toda sua família alcançou um novo nível de irritabilidade. Seu irmão estava sempre mal humorado e nem mesmo sua noiva parecia ter muito efeito sobre ele, sua mãe estava furiosa desde que as noticias sobre seu tio chegaram a Porto Real, seu tio Jaime sumiu para junto de seu avô que foi acusado formalmente na ultima audiência presidida por Eddard Stark e seu irmão Joffrey só sabia comentar sobre carnificina – e quantos homens ele mataria caso entrasse em batalha. Sansa era como uma brisa fresca em meio disso.

O príncipe havia cogitado a idéia de levar a garota para Ponta Tempestade, longe de tudo aquilo. Contudo, antes do casamento isso seria inadmissível.

– Está vendo minha irmã em algum lugar?

– Arya? – Edric procurou pela a menina entre as pessoas, mas não encontrou. – Não a vejo, sinto muito.

– Talvez ela esteja com Edric Dayne. – Sansa caiu no riso. – Não é estranho que nós duas vamos nos casar com pessoas com mesmo nome?

– Um pouquinho.

– Arya tem sorte, mesmo que ela não saiba disso ainda. Edric é bom e gentil igual a você.

Ela teria dito mais alguma coisa se não fosse por seu irmão Joffrey que chegou der repente com aquele sorrisinho idiota. Edric teria mandado-o para longe caso sua mãe não estivesse com seus olhos de água sobre eles.

– Lady Sansa, me concederia essa dança? – Seu irmão perguntou galante fazendo Sansa corar. – Espero que meu irmão não se incomode.

– Eu... – Sansa o olhou como se pedisse por permissão, Edric suspirou e maneou a cabeça.

– Não vejo problema. – Mentiu.

– Então será um prazer príncipe Joffrey.

Ela levantou-se e saiu para perto dos outros casais onde Joff a conduziu. Edric observou a cena até que sua irmãzinha sentou-se ao seu lado parecendo irritada.

– O que aconteceu Cella?

– Eu estava dançando com Bran.

– E isso é ruim?

– Ele pisou no meu pé e depois me acusou de ter pisado no pé dele. – Edric riu, mas parou ao ver o olhar irritado da irmã.

– Tamanha afronta contra vossa honra não deve ser jamais esquecida.

– Não foi. Joguei vinho em sua cabeça e ele me chamou de medrosa e ameaçou mandar Verão me assustar. – Ela agarrou uma das tortinha de limão de Sansa e com uma mordida comeu metade. – O lobo tem melhores maneiras do que ele.

– Não fique irritada irmãzinha.

– Impossível. – Myrcella suspirou. – Onde está Gendry? Ele é a única razão dessa festa e não está aqui.

Depois de uma rápida olhada Edric constatou que sua irmã estava certa. Seu irmão era o único que tinha pedido por essas festas antes do casamento, Edric nunca soube que o mais velho tinha tanto gosto para festejos, talvez seja mais perecido com nosso pai do que pensa. Ele dizia que era tudo em honra de sua noiva e futura rainha, mas o rapaz suspeitava que Lady Margaery ficasse satisfeita com apenas uma festa, a do seu casamento.

Pensar no casamento real que aconteceria amanhã lhe dava sono.

– Ele deixou Margaery dançando com os outros rapazes e sumiu. – Myrcella declarou. – Mamãe não ficará satisfeita.

– Certamente.

– Por que não está dançando com Sansa?

Ele olhou para a ruiva e o irmão que agora rodopiavam pelo o salão. O loiro lhe dizia coisas e ela sorria abertamente.

– Joffrey já a tirou para dançar.

– Quando a musica acabar vá até ela e a tire de Joff, ninguém é ruim o suficiente para merecer passar a noite inteira em sua companhia.

– Não acho que ela esteja incomodada pela a dança.

Myrcella suspirou ao seu lado.

– Ele só está sendo legal agora porque Lorde Stark está logo ali o observando.

Ele teria retrucado caso não tivesse avistado seu irmão mais velho voltando ao salão discretamente. Edric notou de longe que ele parecia ofegante e cansado, quase como se tivesse travado uma batalha ou algo assim. Levantou-se depois de pedir licença à irmã e marchou até o mais velho. Atravessou o salão sem grandes problemas e parou na frente de Gendry.

– Está tudo bem?

– Sim.

– Você pode mentir melhor do que isso.

Gendry revirou os olhos irritado.

– Saia da minha frente, preciso beber alguma coisa.

Como ele não saiu, seu irmão o contornou e voltou a andar em direção da grande mesa. Edric o seguiu de perto. Um criado magrelo que ele tinha visto um par de vezes servindo a comitiva nortenha se aproximou com duas taças de vinho, Edric recusou, mas Gendry virou as duas e o mandou atrás de mais.

– Vai acabar bêbado e se envergonhando.

– Não comece.

Momentos depois o criado voltou com mais vinho.

– Fique perto de mim rapaz, quando eu precisar você traga mais. – Gendry ordenou, o rapaz engasgou em uma frase e seu irmão franziu a testa. – Diga.

– Fui designado para servir todos os filhos da rainha Vossa Graça.

– Joffrey está dançando, Tommen é muito novo e Myrcella não precisa de mais vinho do que já tomou. Estão aqui os únicos filhos que você precisa embebedar. – O tom do rei não deixava espaço para questionamentos, o criado assentiu nervosamente e passou a segui-los com a bandeja. Gendry, agora satisfeito, voltou a se dirigir a ele. – Eu mereço beber na véspera do meu casamento, é um direito adquirido depois de tantos problemas. Nossa mãe vive falando sobre o poder de uma coroa, tudo o que eu sinto é seu peso.

– Se uma coroa não pesa não é de verdade.

Gendry riu.

– Fala igual à Eddard Stark. – Ele circulou seus braços ao redor dos seus ombros e continuou. – Obviamente nenhum de vocês jamais usou uma coroa. Você não faz a mínima idéia de como está sendo incomodo usar isso em meio a tantos problemas. – Gendry terminou sua taça e virou-se para o criado. – Traga mais duas.

Ele saiu correndo.

– Tio Tyrion, os boatos sujos que andam correndo pela a cidade, a fúria da rainha, o casamento...

– O casamento? Você está para se juntar com uma das damas mais bonitas dos Sete Reinos e reclama? Existem destinos piores irmão.

Gendry sorriu um sorriso triste e abriu a boca para responder, no entanto o criado apareceu o a bandeja o interrompendo.

– Ótimo. Beba irmão.

– Muito obrigado, mas não.

O rei virou a primeira taça e depois tomou um longo gole da segunda.

– Vamos Edric, não é nada demais. – Revirando os olhos o príncipe decidiu beber. Ele terminou o que restava da taça.

– Satisfeito?

– Sim. Traga... Oras, onde está ele? – Gendry perguntou ao notar a ausência do criado, Edric olhou ao redor e conseguiu ver o vislumbre do rapaz saindo apressado por uma das saídas. – Ele fugiu?

Edric caiu na gargalhada e isso acabou tirando um sorriso alegre do irmão.


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Gendry tinha um olhar quase suplicante.

– Você não se casará com ele e eu não me casarei com Margaery. – Ele vinha dizendo essas coisas desde que os rumores sobre seu noivado com Edric Dayne se espalharam pela a corte. Nada havia sido de fato anunciado, mas seu pai já dava o acordo como certo, mesmo Sansa parecia ter certeza de que ela seria a futura senhora Dayne.

Arya e Edric passaram bastante tempo juntos desde então, às vezes treinando no pátio – onde ela ganhou dele um par de vezes –, às vezes simplesmente caminhando enquanto ele lhe contava historias sobre Dorne. Ela sempre quis ser uma mulher guerreira como a antiga princesa Nymeria, havia dito isso ao seu pai, mas o homem respondeu que mesmo Nymeria casou-se com o príncipe Martell para selar a paz e juntos deram inicio a descendência de uma das maiores casas de Westeros. Casar nem sempre é a prisão que você faz parecer filha.

Seu pai estava confiante de que ela seria feliz em Dorne, Arya poderia vir a ser, mas havia um pequeno problema. Gendry Baratheon. O príncipe herdeiro tinha feito seu caminho até o seu coração, isso é tão... tão Sansa. Ela não era uma Lady como sua mãe e sua irmã, costumava dizer que jamais faria tal idiotice de se apaixonar por alguém, sua mãe costumava rir quando ouvia tal coisa e respondia que não se podia controlar essas coisas, que lá no fundo ela continuava uma jovem garota e que toda jovem está destinada a se apaixonar ao menos uma vez.

Arya pensou que poderia fugir de tal destino.

– Você se casará amanhã. – Ela respondeu.

– Eu darei um jeito... Eu tenho atrasado esse casamento o máximo que posso, estou tentando encontrar uma maneira de quebrar o acordo feito pelo meu pai sem causar a irá dos Tyrell.

– Você sabe que eles vão ficar irritados de qualquer maneira.

– Eu não me importo. Eu juro que encontrarei uma saída.

– Acho que devíamos simplesmente esquecer. – Arya suspirou derrotada. – Honestamente, isso nunca teve futuro. Devíamos voltar a nos odiar, eu estava bem quando nossas interações se limitavam a você sendo um completo estúpido.

Ele riu baixinho, mas não era uma risada alegre.

– Você era... Não, você é bastante teimosa Lady Arya. – Ele segurou suas mãos, parecia inseguro. Seria cômico se não fosse tão trágico, antes de se conhecerem melhor, ela jamais tomaria o príncipe por uma pessoa insegura. Gendry sempre pareceu cheio de si, mais forte do que qualquer outro rapaz da sua idade. O príncipe era ousado e tinha a fúria do pai, mas Arya aprendeu que ele também podia ser calmo, gentil e doce, Deuses, tenho que parar com isso antes que seja tarde. – Olhe, deixe-me fazer uma promessa.

– Não faça promessas que não vai cumprir.

– Escute-me milady. – Seus olhos azuis ficaram ainda mais profundos. – Eu irei encontrar uma forma de escapar desse matrimonio, eu darei o meu melhor para fazer isso. Contudo, caso eu falhe nessa missão, o que não tenho a intenção de fazer, eu prometo que não me aproximarei mais. Você pode casar-se com Edric se essa for sua vontade, pode ir para Dorne e construir sua família. Eu prometo que não levantarei um dedo para impedir, sua vontade será minha lei.

Ele parou por alguns instantes e continuou:

– Eu já conheço a dor de um amor impossível Lady Arya. Sobrevivi uma vez, posso fazê-lo de novo.

Ela pensou em perguntar novamente sobre a tal mulher que ele amou antes, mas então desistiu, que bem faria? O passado deveria permanecer no passado e mesmo hoje ela podia ver que aquele assunto não era uma ferida curada para o rapaz.

– Você deve voltar para o salão. – Disse.

– Eu voltarei, mas antes eu gostaria de um beijo.

Gendry não esperou por sua resposta. Ele puxou sua cintura e beijou seus lábios com intensidade. Ela correspondeu com o mesmo ardor. Quando se separaram seu peito doeu e a Stark quis puxá-lo de volta, mas sua razão a impediu. Gendry afastou-se ofegante e falou:

– Quando tudo isso estiver resolvido eu espero minha revanche.

Ela riu lembrando-se do dia em que os dois treinaram escondidos em um dos cômodos e ela conseguiu derrubá-lo por conta de sua distração.

– Você é um péssimo perdedor Vossa Graça.

– Minha senhora usou de modos sujos para me vencer na espada, eu tenho direito a minha revanche.

– Eu lhe colocarei no chão novamente.

– Nós veremos quanto a isso.

E então ele voltou para o salão e ela ficou um tempo escorada na parede com apenas as sombras lhe fazendo companhia. Fechou os olhos de desejou que Nymeria estivesse com ela, sua loba – e os de seus irmãos – foram colocados de volta ao canil, mas Gendry prometeu que eles ficariam livres em breve. Era hora de voltar, notou. Ajeitou o cabelo e virou-se para sair do corredor, contudo seu corpo congelou ao notar outra pessoa parada a poucos metros dela a encarando.

– Pensei que não iria me notar nunca. – Há quanto tempo ela está aqui? Pensou assustada. – Não se preocupe Lady Arya, não é como se eu não suspeitasse.

– Cerenna Lannister. – O nome foi pronunciado de forma cautelosa.

– Não faça essa cara, eu não sou nenhum monstro. – A garota riu. – Na verdade, sou uma simpatizante do amor.

– Eu...

– Acalme-se menina, parece que vai ter um treco aqui mesmo. – A loira se aproximou ainda sorrindo. – Você não é a única a ter segredos em Porto Real, ficaria chocada com o que as pessoas andam fazendo quando ninguém está olhando. Entretanto existem segredos mais mortais do que outros, o seu, pelo o que posso ver, seria capaz de manchar não só sua reputação como o da sua família para sempre.

– Ninguém sabe!

– Eu sei e certamente mais alguém sabe, no entanto, as pessoas que importam não sabem e isso é o que conta. Os dois pombinhos até souberam guardar seus sentimentos, devo dizer que são poucos os jovens apaixonados capazes de tal ato.

Cerenna olhou ao redor.

– Estamos sozinhas agora, mas você devia saber que ninguém nunca está realmente sozinho por aqui. As paredes têm olhos e ouvidos. – Arya tremeu, mas logo voltou a si. Você é uma Stark de Winterfell, você não deve temer essas coisas. – Acho que ouvi os mais velhos comentando que você se parece com sua tia Lyanna.

– Papai me disse isso uma vez.

– Lembra-se do que aconteceu com ela?

Sua resposta foi um olhar duro.

– Lyanna apaixonou-se por um príncipe que pertencia à outra e Robert Baratheon fez uma guerra. Milhares de inocentes morreram no conflito e você deve saber o que se deu com Elia Martell e seus filhos.

Sim, ela sabia dessa parte da historia.

– É bastante romântico se você pensar pelo lado das canções e historias, uma guerra por amor com um fim trágico, o tipo de coisa que faria sua irmã suspirar, certo?

– Sim.

– Mas na pratica não deve ser muito bom, perder aqueles que você ama é um preço alto demais por uma canção. – A mais velha lhe envolveu em seus braços e acariciou sua cabeça. – Seja esperta Arya Stark, ganhará mais se o fizer.

– Eu sou esperta.

– Nenhuma pessoa jovem, seja garoto ou garota, é realmente esperta. Falo por experiência própria.

– Você é?

– Esperta? Gosto de pensar que sim, mas para falar a verdade eu devo ser a maior de todas as tolas dos Sete Reinos.

A Lannister riu, mas seus olhos tinham um brilho nostálgico. Arya poderia perguntar mais sobre aquilo, mas decidiu ficar quieta.

– Guardarei o seu segredo Arya Stark, mas agora devemos retornar ao baile.

Quando voltou ela rapidamente encontrou Gendry rindo ao lado de seu irmão Edric. Logo depois começou a procurar pelos seus irmãos, Bran não estava em nenhum lugar visível e Sansa deslizava pelo salão junto com Joffrey Baratheon. Cerenna ainda tinha o braço enlaçado no seu quando a musica mudou e uma melodia animada encheu o salão.

– Suas festas são animadas. – A princesa Arianne comentou se aproximando com um sorriso.

– Você devia ter visto o torneio da Mão. – Cerenna respondeu. – Foi formidável.

– Lady Arya, um prazer revê-la.

– Igualmente princesa.

– Belo vestido princesa Arianne, vejo que decidiu optar pela decência. – Arya olhou atônica para Cerenna, aquela certamente não era a forma apropriada de se dirigir a uma princesa dornesa.

Ela tinha ouvido que os Martell tinham o sangue quente e um temperamento volátil.

Contudo, a resposta da princesa Arianne foi uma risada.

– Que tipo de mulher eu seria se ofuscasse Margaery?

– Acha-se capaz de tal ato?

– Obviamente. – A dornesa respondeu.

Arya teria se colocado entre as duas caso um grito feminino não tivesse feito todo o salão parar. A musica ainda tocava, mas ninguém estava prestando atenção. Todos os olhos focaram nos dois príncipes que estavam sangrando pelo nariz.

Gendry foi o primeiro a cair e logo depois foi seguido pelo o irmão. Em algum lugar do salão a rainha gritou desesperada pelo meistre e instantes depois ela viu sua irmã se ajoelhar aos prantos ao lado do corpo do noivo, Margaery a seguiu com os olhos também vermelhos. Cersei Lannister gritou novamente enquanto corria em direção dos filhos. Ela gritou, gritou e gritou...

Arya estava gelada ao lado de Cerenna.

No segundo seguinte todo o salão entrou no caos.



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Notas finais do capítulo

Só lembrando que houve um pulo no tempo de cinco meses no ultimo capítulo. Agora vou poder colocar fogo em tudo kkk
Comentários são sempre bem vindos :)
Beijos ;*