Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 17
16


Notas iniciais do capítulo

Eu pretendia colocar os Martell nesse cap, mas vai ter que ficar para o próximo.

Boa leitura :)



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Quando abriu os olhos sentiu o frio gelar os seus ossos. Ela estava deitada no chão cercada por uma densa neve branca. Não estava vestindo grossas peles como deveria, usava apenas um vestido adequado para o calor de Porto Real, suas sedas azuis de nada adiantavam ali. Com o apoio dos braços ela sentou-se e passou a observar o lugar. Era uma grande clareira, coberta de neve, tudo seria branco se não fosse o paredão de arvores que se esguia ao leste.

Onde, pelos sete infernos, ela estava?

Lembrava-se vagamente da sua casa, da comitiva dornesa e dos insultos na rua. As lembranças se diluíam como água, tentar revivê-las era como agarrar fumaça com as mãos. Nem os rostos dos seus familiares vinham à tona. Gendry. Mesmo o seu gêmeo era um borrão na sua mente, a única imagem perfeita que seu cérebro produzia eram os olhos, azuis como o mar. Mas aqueles olhos não eram necessariamente dele, podiam pertencer a qualquer um de seus outros irmãos – excluindo os mais novos – ou mesmo ao seu pai.

Eles tinham os mesmos olhos. Bella também os tinha, mas era a única que às vezes deixava escapar uma tonalidade verde.

– Bella. – Ouviu alguém chamar o seu nome. Olhou na direção da voz e viu um garoto, um homem, se aproximar a passos largos. Ele vestia pesadas vestes feitas para o inverno e ao seu lado um monstro, um lobo gigante, andava quieto. – Vamos Bella, você vai congelar aqui fora.

Ela levantou-se apressada sem entender.

– Eu pedi que cozinhasse a carne de carneiro que você tanto gosta.

– Quem é você? – Perguntou.

Um riso escapou dos lábios dele.

– Talvez a neve já tenha mexido com o seu juízo.

O homem pegou sua mão e der repente ela estava sentada em um banco de pedra observando um pátio gelado. Uma garota pequena e bonita conversava com o rapaz alto que a tirou da neve. Bella não gostava daquela menina, não gostava do seu sorrisinho simpático ou da suas covinhas quando sorria. A garota se afastou do rapaz e sorrindo andou na sua direção.

– Milady. – Cumprimentou corada.

Bella apenas a encarou com um olhar mais gelado do que o próprio inverno.

– Eu sinto muitíssimo pela sua perda. – A menina prosseguiu.

Que perda? Perguntou-se.

– Eles não estão mortos. – Respondeu sem nem ao menos saber o significado daquelas palavras.

– Claro que não. Desculpe-me.

Quem não está morto? Com essa pergunta ela viu tudo ao seu redor mudar novamente. Dessa vez estava em um salão desconhecido e novamente aquele homem estava lá, o lobo não está com ele.

– Escreva para ele, diga que esses termos são inaceitáveis, aquele... Ele não tem direito nenhum de pedir alguma coisa depois do que fez.

Sua cabeça doía.

– Eu posso escrever mil cartas, eu nunca vou convencê-lo de fazer o que você quer. – Ela respondeu. Colocou a mão na cabeça sem saber o que pensar. O está acontecendo? – Talvez aceitar os termos seja o melhor caminho. Você sabia o que estava fazendo quando começou isso.

– Ele é seu irmão Bella, talvez ele te escute.

Ele é seu irmão... Seu irmão...

Tudo mudou novamente. Dessa vez ela era apenas uma garotinha correndo em um campo aberto. Uma gargalhada atrás de si denunciou que alguém se aproximava.

– Eu vou pegar você. – Gendry gritou. Eles vestiam as mesmas cores, preto e dourado com um grande veado bordado no peito. – Pode desistir.

– Nunca.

E ela continuou correndo e correndo até que avistou uma grande arvore. Mya estava lá com Edric agarrando a sua mão. Os dois olhavam para um gato preto que subiu no galho mais alto. Quando se aproximou ela também notou Joff deitado sob um manto cochilando sem se importar como nada a sua volta.

– Pega ele. – Edric falou apontando o dedo para cima.

– Eu pego. – Gendry respondeu sorrindo.

Ela se lembrava daquele dia. Gendry acabou com um braço machucado depois da queda e Joffrey com a cara toda arranhada pelo o gato. Sua mãe tinha ficado uma fera e fez Gendry prometer que jamais se colocaria em risco de novo.

Na noite daquele dia todos os irmãos foram fadados a jantar nos aposentos da Rainha. Até mesmo o bebê Tommen estava lá com uma de suas amas de leite. Bella segurava Tommen enquanto Mya segurava Myrcella. Os mais velhos começaram a cantar uma musica e até mesmo Joffrey sorriu e cantou.

Um homem velho veio do mar, do mar, do mar

– Bella?

Ela abriu os olhos e seu corpo foi envolto pelo o ar quente de Porto Real. Não havia mais neve ou frio, nem lobos, apenas a sua cama e a sua irmã que segurava sua mão com força excessiva.

– Mya?

– Graças aos Deuses você acordou, todos ficarão felizes em saber.

Não teve tempo de sorrir, pois logo notou varias mulheres andando pelo seu quarto, pegando suas coisas e colocando em baús.

– O que está acontecendo? – Perguntou sentando-se na cama. Mya hesitou em responder.

– Nosso pai adiantou sua viagem e elas estão arrumando suas coisas.

Não.

– Calma... Calma... – Sua irmã a abraçou como uma mãe faria com um filho assustado. – Vá avisar a Rainha que minha irmã acordou e alguém avise Gendry também. – Ele não pode me mandar agora. – Vai ficar tudo bem... Eu aposto que você vai adorar Winterfell.

– Não é justo... Não é justo... – O mundo nunca era justo com as mulheres. – Mande-as sair.

– Bell...

– SAIAM – gritou – SAIAM AGORA.

As criadas pareciam em choque e não se mexeram. Ela ficou de pé no colchão e agarrou um jarro negro do criado mudo.

– SAIAM AGORA. - Gritou novamente arremessado o vaso em uma das mulheres. O objeto acabou acertando a parede.

As criadas saíram correndo aos gritos e Bella só se acalmou quando ouviu a porta ser fechada. Mya soltou um suspiro.

– Gritar não vai mudar nada.

– Não é justo. Não é justo. – Voltou a sentar-se, Mya pousou a mão no seu ombro com o intuito de acalmá-la. – Eu e Gendry éramos como unha e carne. Sempre juntos. Eu costumava achar que nós éramos iguais. Então um dia me colocaram em um vestido cheio de babados e me prenderam em uma sala com uma Septã e outra meia dúzia de garotas, eu tive que bordar até meus dedos doerem, depois eu precisei aprender a me curvar por que no fundo era isso que eu iria fazer a minha vida inteira, me curvar para o meu pai e depois para o meu marido.

“Gendry nunca precisou aprender a se curvar. Deram-lhe uma espada de madeira e lhe soltaram no pátio para correr e treinar. Ele podia brincar e se sujar de lama, ninguém diria que ele estava sendo indecoroso. O ensinaram a ser grande, o ensinaram que um dia todas as terras seriam suas. Seu desejo será lei, poderá ter a mulher que quiser e ninguém vai dizer nada sobre isso. Não é justo. Ele vai ter uma coroa e eu vou ser dada para o homem que nosso pai desejar. Nós nascemos iguais Mya, mas para ele foi reservada a liberdade enquanto para mim...”

– Não fale assim. Pelo o que falam de Robb Stark ele vai ser um bom marido.

– Esse não é ponto. Ele pode ser o melhor homem do mundo, mas continua não sendo justo. Eu não deveria ser obrigada a ir. – Bella sentiu os braços da irmã envolvendo seu corpo. – Eu deveria poder ficar.


.


.



Gendry tocou na mão de Margaery e forçou seu melhor sorriso.

– Você parece bem. – E ela parecia. O rubor voltou as suas bochechas e seus cachos haviam sido escovados e presos em um penteado tipicamente sulista. Margaery voltou a ser a rainha dos corações.

Uma das garotas mais bonitas da Fortaleza Vermelha.

Ainda assim, Gendry sentia que devia estar em outro lugar.

– Obrigada meu príncipe. – Respondeu sorrindo. – Os Deuses me protegeram daquela multidão e eu espero que tenham protegido vossa irmã também, – eles protegeram, mas não tão bem quanto protegeram Margaery. A Tyrell saiu sem nenhum arranhão. – Perguntei sobre sua irmã aos criados, disseram-me que ela estava bem.

Os olhos de Margaery mostravam compaixão. Gendry suspirou, seria tão mais fácil se ele simplesmente se apaixonasse por ela. Será uma boa Rainha, uma boa esposa e provavelmente uma boa mãe. A garota tinha tudo o que um rapaz poderia querer, mas ainda assim... Não é como se eu não gostasse dela, Gendry apenas não estava apaixonado. Você não precisa estar meu filho, sua mãe havia dito quando ele lhe contou, você é bom com ela e isso é mais do que a maioria das garotas ganham.

– Ela é bonita e agradável, – Seu tio Tyrion complementou a fala da sua mãe, – deixe seu coração aberto e quem sabe você não consegue construir algo com a Tyrell?

Margaery continuava a encará-lo, provavelmente esperando alguma resposta.

– Oh, sim, ela está apenas dormindo. – Ele não poderia abrir o coração agora, não com Bella acamada em seu quarto. Uma pontada atingiu seu peito fazendo seu sorriso vacilar.

Culpa.

Era como se ele a tivesse traindo.

– Você está bem meu príncipe? Acho que os eventos lhe atingiram mais do que quer admitir. – Margaery se aproximou e colocou os braços ao redor dos seus ombros. – Desabafar faz bem.

– Estou bem.

Mentiu.

– Pode confiar em mim.

– Eu... Acho que só estou preocupado com meus irmãos.

– É muito honrado da sua parte se preocupar tanto com os irmãos, principalmente no nosso mundo onde é tão comum ver traição dentro da própria família.

Margaery sorriu novamente e aproximou o rosto devagar. Seus narizes estavam prestes a se tocarem quando a porta abriu-se der repente e os dois olharam surpresos para a inesperada visitante.

– Oh, desculpe atrapalhar. – Cerenna sorriu. – Eu tenho um recado para o príncipe.

– Que recado?

– Nossa adorável Bella acordou e pelo o que eu soube está em um maravilhoso humor. – Gendry levantou-se da cama depressa. – Acho que tem haver com as criadas que vosso pai designou para arrumar os baús dela.

– Baús?

– Acho que não lhe contaram. Provavelmente ninguém queria interromper os dois pombinhos com assuntos corriqueiros. – Margaery também se levantou, parecia curiosa. – Nosso bom Rei decidiu que Bella deverá partir muito em breve para o Norte.

Ele sentiu o corpo gelar e o coração acelerar mais do que era possível. Não. Seu pai não podia fazer isso. Ele. Não. Podia.

Como um cometa Gendry saiu do quarto, mas não andou rápido o suficiente para fugir de Cerenna.

– Por que essa cara meu príncipe? – Ele parou e olhou para a prima. Ela agora estava séria, sem nenhum traço do sorriso de antes. – Não é como se você não soubesse que isso iria acontecer.

– Deixe-me.

– Ele será um bom marido, é o que dizem pelo menos, também ouvi que ele é um homem bastante apaixonado quando se trata dos assuntos da cama e Bella é uma garota bonita, muito em breve você terá um sobrinho Stark. Isso não é motivo para se celebrar? – Gendry respirou fundou e contou até dez, mas não funcionou, antes que percebesse ele estava com uma das mãos agarrada no pescoço de Cerenna prensando-a contra a parede. A Lannister não se assustou, na verdade, ela até sorriu. – Você deveria ser mais cuidadoso com suas reações primo, especialmente no corredor dos Tyrell.

Ela virou o rosto para o lado e Gendry a imitou, no fim do corredor ela viu uma jovem de cabelos castanhos os olhando suspeita. Logo a reconheceu como sendo uma das primas de Margaery.

Gendry se afastou de Cerenna como se a loira estivesse em chamas.

– Sinceramente Gendry, é hora de aprender que nem todo mundo nesse castelo é cego.



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Notas finais do capítulo

Quase escrevi um PDV com a Margaery, mas acabou que ficou o do Gendry mesmo. Entretanto, acho que escreverei um dela em breve.
E para todos que querem o Norte... Calma que ele ta chegando.

Beijos ;* ... Comentários?