Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 18
17


Notas iniciais do capítulo

Demorei só um pouquinho dessa vez sqn

Tive que estudar três textos e fui arrastada para o carnaval - meus pés tão doendo até agora.

Espero que gostem :)



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Bella levantou-se da cama ainda nua e rapidamente vestiu um robe negro grande demais para o seu corpo pequeno. Era madrugada e estava atipicamente frio. Talvez fossem os Deuses lhe lembrando que nos próximos dias ela estaria indo em direção ao Norte. Ou talvez fosse um lembrete para outra coisa.

Ela virou-se e olhou para a cama. Gendry ainda dormia e apenas um fino lençol branco cobria a sua cintura.

No dia anterior ela acordou e quando seu irmão chegou correndo no seu quarto a abraçou por vários minutos, Mya partiu e os dois ficaram a sós. Naquele momento não havia Margaery Tyrell ou Robb Stark, eles fingiram que eram outras pessoas – como faziam antes –, ela era uma nobre de Volantis e ele um mercador de Lys.

– Você não parece um liseno. – Ela disse entre beijos. – Eles têm os cabelos claros como os Targaryen e são perfumados.

– Eu estou fedendo por acaso? – Gendry respondeu e ela riu. Quanto tempo fazia que eles não ficavam daquele jeito? Rindo sem se preocupar com o mundo lá fora? – Ninguém nunca me disse que as mulheres de Volantis são tão atrevidas.

Ele então agarrou sua cintura e a jogou contra o colchão.

Tinha sido bom. A noite seguiu e ninguém os interrompeu. Até aquele momento o mundo se resumia apenas a aquele quarto.

Mas a realidade volta. Ela sempre volta.

Bella sentou-se na cama apertando-se ao robe e tocou no braço de Gendry. Ele estava quente como o sol e ela gelada como a neve. A princesa riu com a ironia, outro lembrete? Eles sempre foram parecidos e ao mesmo tempo diferentes. Seu irmão tinha a constituição forte e imponente, um corpo cheio de músculos que causava medo em qualquer rapaz. Ela era menor e mais delicada, com lábios vermelhos desenhados para sorrisos e olhos que podiam esconder dezenas de segredos. Seu irmão sempre foi tão transparente.

Seu gêmeo se remexeu na cama e Bella se perguntou se não era uma boa idéia acordá-lo, logo o sol nasceria e seria difícil de explicar porque seu irmão estava nu em seu quarto.

– Acorde.

Ela o empurrou de leve sabendo que aquilo não seria suficiente. Nunca era.

– Vamos Gendry, é hora de ir.

Tudo o que recebeu em resposta foi um ruído.

– O futuro Rei não deveria dormir tão profundamente, não dizem que aqueles que carregam uma coroa têm o sono atormentado pelos lamentos de seus súditos? – Seus dedos passaram a acariciar os fios negros como carvão, ela sorriu. – Lembra-se daquele livro sobre os antigos Reis que o nosso avô nos deu? Ficamos uma tarde inteira lendo e você ficou fantasiando como seria montar um dragão. Lembra do que a mãe respondeu quando você disse que queria um dragão? Você tem o leão do seu lado, não precisa de um dragão.

– E eu respondi que um dragão era gigante, tinha asas e cuspia fogo, sendo assim era muito mais legal que um leão. – Ela olhou para o irmão que ainda tinha o rosto marcado pelo o sono, Gendry sorriu para ela e então colocou a mão encima da sua. – Você quer mesmo que eu vá embora?

Seus olhos brilharam em meio às sombras.

– Essa é uma pergunta bem estúpida.

Ele avançou contra ela reivindicando os seus lábios.

– Mas você precisa. – Disse quando conseguiu se separar. Ele suspirou.

– Podemos dizer que estávamos rezando ao Sete a noite toda, tio Renly diz isso e todo mundo acredita.

– Vamos dizer que estávamos ambos nus rezando aos Sete?

– Uma nova forma de reverenciar os Deuses, – ela fechou os olhos quando sentiu os lábios dele em seu pescoço. – Vamos dizer que nos entregamos de corpo e alma na oração.

Ela riu.

– Não acho que alguém vá acreditar meu príncipe, – ela beijou sua testa, – devemos poupar a Septã de um ataque do coração.

– Nós podíamos fugir. – Gendry sussurrou com a testa colada na sua. Nos segundos seguintes o quarto caiu em um silencio profundo.

– Não podemos seu tolo. – Com as mãos ela delicadamente segurou o rosto do irmão o obrigando a encarar os seus olhos. Azuis como uma tempestade. – Não importa o que aconteça comigo, você é meu irmão querido e eu vou te amar para sempre.

Sempre, sempre e sempre.



Três dias depois Bella estava sentada no elevado real no salão da Rainha recebendo os mais diversos presentes. Nenhum presente se igualaria aos que Gendry e Margaery receberiam no dia do casamento real, mas ela não se importava. Queria que tudo acabasse logo.

– Esse é um amuleto vindo do outro lado de mar, dizem que ajuda a fertilidade. – A senhora Tanda depositou em suas mãos um pequeno colar verde.

Ela podia sentir a sua mãe torcendo o rosto ao seu lado.

– Obrigada. – Respondeu forçando um sorriso.

Depois dela foi à vez de Lorde Mance Tyrell se aproximar. O homem era gorducho e tinha bochechas vermelhas de cachorro, o que seria de Margaery com essas bochechas? Bella gostaria muito mais dela assim. O homem trazia um bracelete de ouro.

– Ofereço-lhe este belíssimo bracelete. – Bella o pegou e então notou gravuras esculpidas nele. Eram um lobo e um veado juntos cercados por minúsculas rosas. – Como pode ver, o bracelete celebra esta abençoada união entre Baratheon e Stark. – Abençoada, ela quis rir. Todos sabiam o que tinha acontecido da ultima vez que veados e lobos tentaram se cruzar.

– É lindo Lorde Mance, estou verdadeiramente agradecida. – Ela quis jogar o presente fora, mas sabia que não poderia.

Seu tio Tyrion se aproximou. Trazia um pesado livro nas mãos.

– Minha querida sobrinha, eu lhe dou este raríssimo exemplar, os contos dos Sete Reinos, lembro que era o seu predileto quando criança. – Pela a primeira vez a princesa sorriu de verdade.

– Obrigada tio. – O livro foi posto na sua frente e logo uma criada o pegou com cuidado para colocá-lo em um dos seus baús. – Toda a vez que eu ler lembrarei do senhor.

O homem saiu e foi à vez dos Martell.

Oberyn Martell trazia nas mãos uma caixa negra belamente esculpida, para ele a princesa reservou um sorriso agradável, o homem tinha salvado sua vida. Entretanto sua boa vontade durou até colocar os olhos em Arianne Martell. A herdeira de Dorne mais parecia um sino, as diversas pulseiras em seus longos braços cantavam à medida que ela andava, Bella revirou os olhos todas as vezes que a viu rindo e gracejando com alguém no salão. A dornesa tinha até jogado conversa para Gendry, entretanto Margaery logo chegou ao lado dele e aquela foi à única vez que Bella sentiu algo próximo de simpatia pela Tyrell.

– Em nome do meu irmão, príncipe Doran Martell de Dorne, eu trago este humilde presente. – O príncipe Oberyn se aproximou com um sorriso malicioso que quase fez suas bochechas adquirirem um tom rosado. Bella tinha ouvido diversas historias sobre o homem, em uma delas até Cerenna Lannister corou. – Espero que goste princesa.

– É muita gentileza senhor príncipe. – Ela pegou a caixa e a abriu com cuidado. Dentro havia um colar simples de ouro com um pingente de serpente vermelha. – O usarei em minha partida.

– Ficaríamos honrados princesa. – O homem respondeu.

A princesa Arianne tomou a palavra logo depois.

– Uma pena que vossa alteza se vá tão cedo, tenho certeza que seriamos grandes amigas.

Bella sorriu.

– Oh sim princesa, as melhores amigas.

Mentiu.

Os dorneses reverenciaram e partiram. Bella observou como os quadris de Arianne rebolavam ao andar – e como isso atraia a atenção de quase todos na corte –, aquela garota simplesmente a irritava.

– Ela se veste como uma prostituta. – Sua mãe comentou ao seu lado. – Esses homens idiotas, pensam apenas com a cabeça de baixo.

Ela concordou com a mãe e então pôs os olhos em seu pai. O Rei dançava em um canto escuro do salão enquanto apalpava uma criada que não devia ser mais velha do que ela, talvez faça outro bastardo hoje à noite, como a bebê que havia nascido há pouco tempo no bordel. Bella também notou Gendry observando a cena de longe com sua linda noiva ao seu lado, ele parecia tão irritado quanto ela.

Um bastardo pode ser concebido hoje à noite, mas provavelmente não chegará a nascer. Sua mãe é orgulhosa demais para deixar que o fruto de uma traição nascer no seu próprio teto.

– Este lugar está repleto de meretrizes, todas esperando o momento certo de dar o bote. – Sua mãe continuou logo depois de virar uma taça de vinho. – Deixe-me lhe dar um pouco de sabedoria feminina minha princesinha, meretrizes estão em todos os lugares, algumas são obvias como aquela princesa Martell, outras se armam com sorrisos e cortesias como a pequena rosa e ainda tem aquelas que exibem suas bochechas coradas e seus sorrisos tímidos, existem diversas abordagens e mascaras, mas no fundo são todas iguais, nobres ou plebéias, elas esperam apenas o momento certo para atacar. – A Rainha levantou o cálice e uma criada rapidamente encheu de vinho. – Tão venenosas como cobras.

Bella encarou a mãe sem saber ao certo o que responder.

– As cobras também vivem no Norte Bella, deve manter os dois olhos abertos. – Sua mãe olhou em direção do Rei, Bella revirou os olhos ao notar que seu pai tinha as mãos cheias com os seios fofos da criada. – Homem estúpido, o casamento é sempre um fardo para a mulher minha princesa, homens podem ser tão tolos quanto desejarem, mas nunca as mulheres, ser tola pode significar perder a cabeça. Entendeu?

Ela assentiu.

– Este é um mundo cruel para garotas indefesas. – Sua mãe cobriu suas mãos com as dela e sorriu. – Mas você não é uma garota indefesa. Minha princesinha sempre foi inteligente e esperta, sempre soube olhar através das mascaras.

Bella continuou calada.

– Você e Joffrey foram os que nasceram totalmente com sangue de leão, isso significa que mesmo não parecendo uma você é uma leoa. – Com os dedos a Rainha colocou uma mecha do seu cabelo negro atrás da orelha. – Lembra-se o que eu disse uma vez para você e Joffrey?

Sua mãe já havia dito muitas coisas para os dois, mas de alguma maneira Bella sabia sobre o que ela estava se referindo.

– Todos que não forem nós são os inimigos.

A Rainha sorriu como uma mãe orgulha.

– E você lembra o que eu perguntei logo depois?

– O que um leão faz com aqueles que ousam lhe desafiar?

– E o que você respondeu?

Ela lembrava. Joffrey tinha dito rapidamente que cortaria a cabeça de todos, mas Bella respondeu de uma forma diferente.

Ela cantou.

Mas agora a chuva chora no seu salão e ninguém está lá para ver


.


.




Jon dançou com varias durante o baile.

Sansa, Joy, Margaery, Mya, Arianne e até mesmo Cerenna Lannister. Teria dançado com a jovem Myrcella, mas seu irmão Bran tinha tomado para si a honra, os dois sumiram logo depois da segunda canção, provavelmente explorando o castelo – habito adquirido há pouco tempo –, Jon só esperava que a Rainha não ficasse sabendo que seu irmãozinho andava a ensinar uma das princesas a escalar.

– Onde está Arya? – Seu pai perguntou preocupado.

Ele estava agora sentado na mesa junto com seu pai, Sansa, Jeyne Poole e Joy. Como era quase certo que ele e Joy se casariam, Sansa achou por bem chamá-la para se sentar junto com os Stark.

Até a pergunta do pai sua irmã estava divagando sobre como iriam ser os supostos vários filhos que ele e Joy teriam.

– Sansa?

Sua irmã e Jeyne sorriram e se olharam como se fossem cúmplices de algum crime.

– O que vocês duas fizeram? – Foi à vez de Jon perguntar.

– Nada demais, juro.

Sansa respondeu animada.

– Por que será que isso fez minha preocupação crescer? – Seu pai tinha uma sombra de um sorriso nos lábios.

– Não foi nada demais, apenas pedi a Arya uma coisa e depois de tanto insistir ela concedeu.

Jon estava prestes a perguntar sobre esse tal pedido quando notou a princesa Bella Baratheon se aproximar da mesa com passos elegantes e decididos. Bella não tinha saído do elevado real uma vez sequer desde que a festa começou e Jon só olhou para ela um par de vezes. Ele queria se despedir, mas Gendry poderia não gostar.

O futuro Rei confessou depois de dias sem falar com o bastardo que o motivo de sua irritação era uma cena que presenciou. Ele viu o beijo, um gesto que não passou de um leve encontro de lábios, mas que tinha sido capaz de fazer seu rosto arder.

– Eu sinto muito Snow, eu conheço a irmã que tenho e sei que não é sua culpa, afinal, é tão claro como você está apaixonado por Joy. – Jon quis corrigir a ultima informação, mas julgou que não seria a decisão mais esperta. – Eu prezo sua amizade e como prova disso vou apoiar diante do meu pai sua união com minha prima.

Deuses.

Foi por causa do apoio de Gendry que ele estava praticamente noivo de Joy. Uma união que ele achou que teria tempo para construir, formar laços antes de jurar perante os Deuses, mas que agora estava cada vez mais próxima.

– Lorde Stark, Sansa, Jeyne, Joy… - A princesa cumprimentou todos na mesa. – Seria muito incomodo se eu roubasse Jon por uma canção? Juro que lhe trago de volta inteiro Joy.

A garota ao seu lado acenou positivamente e sorriu.

– Ótimo, venha Jon.

Péssima idéia. Ele tinha tido êxito em ficar longe dela, por que agora, tão perto de sua partida, ela decidiu fazer aquilo?

O Lobo Negro levantou-se e pegou a mão da princesa a conduzindo até a pista de dança. Uma canção romântica ecoava pelas paredes belamente esculpidas do salão e as sombras na parede pareciam dançar conforme o ritmo.

– Vou sentir falta de um amigo Jon Snow. - O tecido dourado do vestido da princesa parecia brilhar como uma estrela. – Mas talvez eu o veja no Norte mais cedo do que espero.

– Talvez.

Ele podia sentir o olhar de Gendry sobre os dois.

– Se os boatos que ouvi forem verdadeiros eu vou lhe esperar para uma visita. – Ela sorriu. – Você e sua senhora.

Jon pensava em algo para responder quando sentiu Bella travar nos seus braços. A garota abriu a boca involuntariamente e parecia genuinamente surpresa com alguma coisa.

– O que foi? – Logo notou que algumas outras pessoas também olhavam surpresos na mesma direção que Bella.

– Vire-se Jon, acho que você vai ter um grande susto.

Foi o que ele fez. Virou-se e olhou em direção do portão.

– Mas o que...

Banhada pela a luz do archote Arya entrou timidamente no salão. Aquela era a primeira vez que ele a via em um vestido tão elaborado. A seda azul mostrava um corpo de donzela, tudo o que o couro e lã grossa escondiam, seus cabelos foram escovados se tornando tão sedosos quanto os de Sansa e um coroa de flores azuis enfeitava sua cabeça. Sua irmãzinha parecia extremamente incomodada.

– Gendry estava certo afinal de contas.

– Certo por quê?

– Ele um dia me disse que sua irmã poderia ser uma bela donzela caso quisesse. – Ele disse isso? – Por questões obvias eu duvidei.

Jon procurou o príncipe herdeiro entre os casais na pista e o encontrou ao lado de Margaery. Ele parecia tão embasbacado quanto todo mundo.

Ah... E ele estava corando?



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Notas finais do capítulo

Outro cap onde eu estava prestes a colocar um PDV da Margaery, mas acabou não rolando ¬¬ ... Com fé esse PDV vai vir.

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