Era uma tarde nublada quando uma pequena comitiva ostentando as torres Gêmeas dos Frey no brasão chegou a Winterfell. Com eles vinham a sua mãe, Catelyn Stark e Rodrick Cassel, montados em cavalos negros e vestindo pesados mantos com o símbolo dos Frey.

A carta que chegou ao Norte dizia que Lady Catelyn e seu cavaleiro Rodrick Cassel tinham sofrido um atentado ao redor das gêmeas e foram salvos por alguns dos filhos de Lorde Walder Frey. Robb tinha sido contra a viagem da sua mãe até o Vale, mas nada do que ele falou surtiu efeito. A senhora sua mãe tinha um talento único em convencer os outros a aderir o seu plano.

Esta mesma carta também comunicava que por ter salvado a vida da Senhora Stark, a mesma, como forma de agradecimento, se comprometeu a levar alguns dos descendentes de Lorde Walder Frey para Winterfell como protegidos. Dois meninos e três meninas.

Robb estava parado no pátio de Winterfell com Theon Greyjoy de um lado e seu irmão menor, o pequeno Rickon de outro. Osha, a selvagem que agora servia aos Stark, havia convencido o pequeno Rickon a cortar os cabelos antes da mãe chegar, ela foi a única que conseguiu tal proeza. O garoto sempre mordia as criadas que tentavam. Vento cinzento e Cão Felpudo tornaram-se inquietos no momento em que o primeiro Frey – um garoto imenso – desceu do cavalo.

– Quieto. – Robb ordenou.

Sua mãe tinha um curativo na mão e ele percebeu uma leve cicatriz no queixo. Entretanto, não era nada que tirasse sua beleza.

– Meu filho. – Ela quase correu até ele e o abraçou forte. – Rickon. – Ela então se abaixou e abraçou o mais novo. – Senti falta dos dois.

– Cadê os outros?

– Os outros?

– Jon, Bran, Sansa, Arya e o pai. A senhora não foi buscá-los?

Robb suspirou.

– Nossa mãe foi visitar a nossa tia no Vale. O pai, Bran, Jon e as meninas estão em Porto Real.

– E quando eles vão voltar?

Temo que nunca. Suas irmãs casariam e Robb achava difícil vê-las novamente, Bran se tornará cavaleiro como sempre quis, seu pai continuaria como Mão por tempo indeterminado e Jon... Jon poderia voltar, mas sua mãe jamais o aceitaria. E ele encontrou alguém, nas cartas o seu irmão mencionava uma garota chamada Joy, uma bastarda Lannister e também falou brevemente de outra garota, uma a quem ele não nomeou, mas que descreveu como sendo uma das moças mais bonitas em quem tinha posto os olhos. Nós dois poderíamos estar cortejando as garotas da corte, rindo das encrencas de Arya e protegendo Sansa e Bran. Às vezes Robb pensava em todas as aventuras que os irmãos descreviam nas cartas, desde as festas descritas por Sansa até as justas entre cavaleiros famosos escritos por Bran, e desejava ter ido também.

Mas tais momentos eram raros.

– Um dia meu filho, um dia.

Sua mãe se levantou e andou até os sulistas. Dois garotos e três meninas estavam de pé lado a lado.

– Esses são Walder e Walder Frey, - Theon deu uma risadinha ao seu lado por alguma piada que lhe tenha passado na cabeça, - Cersei Frey, Ryella Frey e Roslin Frey.

– Essas não têm cara de fuinha, aposto que o velho Frey escolheu as mais bonitas para não passar vergonha. – Robb quis bater na cabeça de Theon pelo o comentário, mas no fundo pensava a mesma coisa. Tinha imaginado três garotas feias, era o que todos falavam das meninas Frey, mas essas não eram feias.

Cersei Frey devia ter a idade de Arya, seus cabelos eram loiros e seus olhos castanhos, tinha o rosto salpicado de sardas e lábios pequenos e finos. Ryella Frey era provavelmente um ano ou dois mais velha que a pequena Cersei, ela tinha longos cabelos negros presos em uma trança e olhos verdes como esmeraldas. A terceira era provavelmente a mais bonita, Roslin Frey, pequena e de pele muito clara, tinha um rosto bonito com um nariz delicado, grandes olhos castanhos e um cabelo da mesma cor que descia solto até a sua cintura.

Os dois rapazes nem de longe tinham a aparência agradável das meninas. O primeiro Walder era grande e gordo com um rosto estranho, seus olhos pareciam pequenos demais e seu cabelo era como uma tigela de sopa. O outro Walder era pequeno, com os cabelos arrepiados e um rosto de raposa, talvez não fosse tão feio quanto o outro Frey, na verdade, ele tinha uma aparência comum, nem uma beleza digna de nota, nem uma feiúra de revirar os olhos. Apenas comum.

– Nem pense nisso. – Sussurrou para Theon ao notar o olhar dele para Roslin.

– Não é o que você está pensando Stark. – Respondeu revirando os olhos.

– Ela é filha de um grande senhor Theon, não uma prostituta da Vila do Inverno.

– O velho Walder não notaria se uma filha dele perdesse a donzelice. De qualquer maneira não estou interessado, ela não faz o meu tipo. – Ele ainda olhava para ela, mas até Robb precisou admitir que havia um brilho diferente no olhar dele. Não era malicia ou mesmo paixão...

Era um brilho de tristeza. Melancolia?

– Aquela Roslin... Lembra um pouco Jeyne não é?

Robb estranhou aquela pergunta.

– Jeyne? Que Jeyne é essa? – Não me lembro de nenhuma puta chamada Jeyne.

– Deixe para lá.

Naquela noite sua mãe foi até ele depois do jantar. Catelyn Stark trazia um semblante impossível de ser desvendado.

– Minha irmã me disse algumas coisas preocupantes. – Ela sentou-se ao seu lado fazendo com que a luz da lua que ultrapassava a janela banhasse o seu rosto. – Ela teme que os Lannister tirem do seu filho o Vale.

– Não podem fazer isso. Ele é filho legitimo de Jon Arryn.

– Se você o visse Robb... – Sua mãe suspirou, – uma comitiva do Vale está em Porto Real, entre eles o segundo na linha de sucessão ao Ninho da águia, um rapaz esbelto, forte e saudável. Lysa teme que ele trame algo contra o pequeno Robert.

– Meu pai e o Rei foram amigos de Jon Arryn, jamais permitiriam tal coisa.

– O seu pai não permitira, mas o Rei, quem sabe se ele não está na influencia dos Lannister. Lysa diz que eles mataram Jon porque ele descobriu um terrível segredo, algo ligado aos Lannister. Os leões são orgulhosos e ambiciosos meu filho, temo pela a segurança do seu pai, de Bran e das meninas.

Robb observou a feição preocupada da mãe. Queria dizer que ficaria tudo bem, mas como poderia? Ele mesmo tinha os mesmos medos.

– Eu vou me casar com um desses leões.

– A princesa Bella será uma boa esposa. Dizem que é bonita como uma flor.

– Eu nunca nem a conheci.

– Vai conhecer em breve. – Catelyn beijou os seus cabelos e sorriu. – Ela já deveria ter sido mandada para cá, vocês dois já tem idade de casar e de conceber um herdeiro. Escreverei para o seu pai perguntando por isso.

– Mãe...

– Eu não conhecia o seu pai quando me casei com ele, entrei naquele Septo para jurar fidelidade eterna a um completo desconhecido. Eu e Ned construímos o nosso amor, dia após dia, ano após ano, você também fará isso com sua esposa meu filho. Um dia estará cercado por filhos e feliz ao lado da sua mulher, você vai ver.

– Você acha mesmo?

– Eu tenho certeza Robb.

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Ele estava tendo outro de seus sonhos. Dessa vez começou com uma lembrança, sua irmã estava sendo arrastada pelos mercadores em direção do navio e seus sobrinhos chorando nos braços de um homem que mais parecia um gigante.

Depois a imagem mudou e ele viu o corpo dos gêmeos boiando no esgoto seguindo em direção da queda que os levaria para o mar e então para o esquecimento. Não haviam nem completado um ano. Eles tinham o sorriso dela, seriam bons meninos caso tivessem tido a chance de viver.

Maldita.

A maldita tinha mandado matá-los, eles não passavam de bebês. Sua irmã teve um destino ainda pior, vendida como escrava, ela poderia estar viva naquele mesmo momento, trabalhando forçada em algum lugar ou mesmo servindo a algum homem.

Ela vai provar do próprio veneno Gemma. Eu prometo.

É só o começo.